Rússia diz que não perdoará rejeição dos EUA a vistos para jornalistas
O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse neste domingo (23) que Moscou não perdoará os Estados Unidos por negarem vistos a jornalistas que deveriam acompanhá-lo à sede das Nações Unidas no início desta semana.
“Não vamos esquecer, não vamos perdoar”, afirmou Lavrov, que presidirá as reuniões de segunda e terça-feira do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, onde fica a sede do órgão. Neste mês, a Rússia assume a Presidência do Conselho de Segurança da organização, que é alternada entre os membros —permanentes ou não— em ordem alfabética.
O ministro russo classificou a decisão de Washington de “estúpida” e “covarde”. “Um país que afirma ser o mais inteligente, o mais forte, o mais livre, se acovardou e fez algo estúpido”, afirmou Lavrov. Os EUA, continuou ele, “mostraram o quanto valem suas declarações de liberdade de expressão”.
O vice-ministro da pasta, Serguei Riabkov, afirmou que a negativa veio após a Rússia fazer contato com as autoridades dos EUA diversas vezes nos últimos dias. Ele criticou o que chamou de “método ultrajante e absolutamente inaceitável” e afirmou que os americanos fingem estar trabalhando para encontrar uma solução.
“Vamos encontrar maneiras de responder, para que os americanos se lembrem por muito tempo de que isso não se faz. E eles se lembrarão”, disse Riabkov.
Uma fonte diplomática citada pela agência de notícias russa Ria Novosti afirmou que não há dúvidas de que jornalistas americanos na Rússia vão sofrer todos os ‘incômodos e inconvenientes’, além de uma atitude semelhante por parte das autoridades do país.
O imbróglio acontece após, em março, o FSB (Serviço Federal de Segurança) da Rússia prender um repórter do jornal americano The Wall Street Journal sob a acusação, sem apresentação de provas, de espionar segredos militares para Washington.
Na última terça-feira (18), a Justiça russa negou um recurso apresentado pela defesa do americano Evan Gerchkovitch, 31, para que ele fosse libertado sob fiança. Com a negativa do tribunal, o repórter seguirá preso até pelo menos 29 de maio.
Ele foi o primeiro jornalista americano detido na Rússia por denúncias desse tipo desde o fim da Guerra Fria. A prisão gerou uma onda de comoção internacional, com organizações jornalísticas e de direitos humanos —algumas do Brasil, inclusive— pedindo que ele seja colocado em liberdade. O Wall Street Journal nega as acusações e já pediu uma “escalada diplomática e política”, além das expulsões do embaixador russo nos EUA e de todos os jornalistas russos.
Folha de S. Paulo
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