Ciro quebra silêncio de sete meses, critica Lula e Bolsonaro e diz que Brasil não tem plano

Após se manter afastado de debates políticos desde a derrota na eleição de outubro, o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) retomou o tom crítico ao presidente Lula (PT) da época da campanha em evento nesta sexta-feira (12) em Portugal.

Em uma palestra na Universidade de Lisboa, o ex-candidato, derrotado em sua quarta tentativa de chegar ao Planalto, também desferiu ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “imbecil”, um “despreparado absoluto” e um “ladrãozinho vulgar”.

Ciro criticou no evento o teto de gastos e o arcabouço fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que ele afirmou estar “completamente entregue à banqueirada”, e disse que o país não possui mais projeto para nada.

“O Brasil não tem projeto para nada. O Bolsonaro é uma tragédia, mas, meu amor, cadê o projeto anterior que a gente tinha e não tem mais? Não tem mais projeto para nada.”

Ele ainda afirmou que o atual presidente é o responsável pelo que chamou de reacionarismo no país, e que não possui compromisso com a mudança. Criticou a possível indicação do advogado Cristiano Zanin ao STF (Supremo Tribunal Federal) e a liberação das emendas para aliados no Congresso Nacional.

Também repetiu declarações da época da campanha, como a respeito da anulação das condenações de Lula pelo Supremo, em 2021. “Caramba, o Lula foi parar na cadeia. Será possível que não aprendemos nada ou nós acreditamos que o Lula foi inocentado? Ele não foi inocentado. O Lula teve direito a presunção de inocência restaurada, é diferente de ser inocentado num julgamento, por quê? Porque o processo devido legal ele nunca teve, e eu denunciei na mesma hora”.

Apesar das afirmações, o ex-presidenciável disse que, diferentemente de Bolsonaro, pode conversar com o petista sobre os problemas do Brasil. “Com Lula eu saio para tomar uma cerveja para dizer essas verdades todas para ele. Com Bolsonaro, eu não saio”, ressaltou.

Ciro tentou se posicionar como uma opção de terceira via no pleito passado, mas terminou o primeiro turno em quarto lugar, com 3% dos votos válidos. Foi um crítico duro de Lula e do PT durante a campanha eleitoral do ano passado e declarou um tímido apoio ao petista no segundo turno, afirmando “seguir a orientação do partido”.

O PDT, hoje, contempla a base do atual presidente, e possui um ministério, o de Carlos Lupi, da Previdência.

Em 15 de abril, fez uma aparição pública durante evento do PDT no Ceará, quando restringiu sua fala ao contexto local e defendeu que José Sarto dispute novamente a Prefeitura de Fortaleza em 2024.

Nas redes sociais, não tem se manifestado sobre temas do governo federal desde a época da campanha.

Matheus Tupina/Folhapress

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