Quadrilha de apostas driblou CBF e empresa de monitoramento

Pouco mais de um ano depois, o futebol brasileiro vive o seu maior escândalo de manipulação de resultados por apostadores desde 2005, quando foi escancara o que ficou conhecida como “máfia do apito”. Era esquema de apostas ilegais que tinha a participação do árbitro Edílson Pereira de Carvalho.

A Folha entrou em contato com a Sportadar e a CBF para entender por que a companhia, que acompanha apostas em todos os estaduais, torneios nacionais, Brasileiro sub-20 e de aspirantes, não percebeu apostas de altos valores em cartões amarelos, vermelhos e pênaltis cometidos propositalmente em jogos da Série A e B do ano passado, assim como em competições regionais de 2023. Questionou também se a Confederação foi informada caso qualquer problema tenha sido detectado.

A Sportradar respondeu que “por conta do contrato de confidencialidade com as entidades e empresas parceiras, dados específicos de jogos, ligas e atletas não são divulgados, até porque se uma investigação é aberta, as informações ficam sob segredo de justiça”.

A CBF informou que não comenta “sobre a metodologia utilizada pela Sportradar.” A Confederação sugeriu que a reportagem procurasse a empresa para os questionamentos.

“Quando a CBF recebe os dados considerados suspeitos pela Sportaradar, estes são encaminhados ao STJD [Superior Tribunal de Justiça Desportiva]”, completa a entidade.

Pessoas envolvidas no mercado de apostas disseram à reportagem que a Sportradar e concorrentes que fazem o serviço de monitoramento de apostas procuram, na verdade, mudanças repentinas de padrões. Como, por exemplo, se uma quantidade significativa de pessoas começa a colocar dinheiro em determinadas situações de uma partida de maneira incomum.

OS PRINCIPAIS NÚCLEOS DO ESQUEMA DAS APOSTAS

Os apostadores: eram cinco pessoas que faziam as apostas –seguindo o que foi combinado com jogadores– e coletavam os ganhos
Os investidores: três integrantes que bancavam o esquema
Os intermediadores: eram responsáveis por encontrar e cooptar os atletas
Fonte: MP-GO

Deflagrada em novembro de 2022, a operação Penalidade Máxima investiga grupo que fraudava apostas esportivas em jogos dos campeonatos brasileiros das séries A e B de 2022 e em estaduais de 2023. Nos autos do processo, mais de 50 jogadores são citados e 15 foram denunciados até agora. Quatro admitiram culpa e fizeram acordo de não persecução penal com o Ministério Público.

Folhapress

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