Justiça absolve procurador que espancou a chefe

Demétrius Oliveira de Macedo

O juiz Raphael Ernane Neves, da 1ª Vara de Registro, no interior paulista, absolveu o procurador municipal Demétrius Oliveira de Macedo, que espancou a chefe Gabriela Samadello Monteiro dentro da Prefeitura de Registro em 20 junho de 2022. O magistrado reconheceu a inimputabilidade de Demétrius – quando um investigado não pode ser responsabilizado pelo crime cometido – após ele ser diagnosticado com esquizofrenia paranoide. Como medida de segurança, foi aplicada ao procurador uma internação em hospital de custódia por três anos.

As agressões cometidas por Demétrius se deram no dia 20 de junho de 2022 e foram registradas em vídeo. Ele derruba a procuradora-geral de Registro, dá socos e pontapés nela e ainda a chama de ‘vagabunda’ e ‘puta’. Outras servidoras tentaram conter o procurador. Uma delas acabou empurrada com violência contra uma porta.

Demétrius foi preso dias depois, localizado em uma clínica de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. No mesmo dia, ele foi denunciado pelo Ministério Público estadual por tentativa de feminicídio, injúria e coação no curso do processo.

Os promotores de Justiça Ronaldo Pereira Muniz e Daniel Porto Godinho da Silva denunciaram o procurador, narrando que ele, com ‘evidente intento homicida, tentou matar’ Gabriela, ‘por intermédio de violentos golpes desferidos principalmente contra a cabeça’ da chefe, ‘apenas não se consumando o delito por circunstâncias alheias à vontade do agente’.

Em março, peritos do Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo (Imesc) atestaram que o procurador apresenta quadro de esquizofrenia paranoide. O documento registra que a doença psiquiátrica que acomete Demétrius ‘prejudica sua capacidade crítica e pragmatismo’. “Tais sintomas que estavam presentes à época dos fatos permitem concluir que a capacidade de entendimento encontrava-se prejudicada, enquanto a capacidade de determinação restava abolida”, registra o texto.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ALBERTO ZACHARIAS TORON, QUE REPRESENTA A PROCURADORA ESPANCADA

“A absolvição do Procurador do Município de Registro que brutal e covardemente agrediu sua colega é, na verdade, o resultado do reconhecimento da sua inimputabilidade. Por isso, ele será submetido à internação em manicômio judiciário pelo prazo mínimo de 3 anos. Isso atende perfeitamente os reclamos da acusação e da própria vítima.

Pepita Ortega/Estadão Conteúdo

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