Caixa registra recorde de afastamentos em 2022 puxado por adoecimento mental, diz estudo

Mais de 70% dos empregados que se licenciaram apresentaram problemas psicológicos adquiridos no trabalho

O número de funcionários afastados da Caixa Econômica Federal por acidente de trabalho em 2022 foi o maior já registrado desde 2012, aponta um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae).

Ao todo, 524 empregados tiveram que deixar seus postos temporariamente no ano passado. Antes disso, o maior pico ocorreu em 2013, com 464 afastamentos.

De acordo com o estudo, 75,4% dos empregados que tiveram que se licenciar em 2022 o fizeram por problemas de saúde mental e de comportamento adquiridos no ambiente de trabalho. O índice elevado acendeu um alerta na Fenae: em 2012, os afastamentos causados por questões psicológicas representavam apenas 39,4% dos casos.

A entidade ainda destaca que os episódios na Caixa ultrapassaram até mesmo o índice de adoecimento mental em toda a categoria bancária no ano passado, que foi de 57,1%, segundo dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O modelo de gestão do ex-presidente Pedro Guimarães, que pediu demissão após ser acusado de assédio sexual por funcionárias, é apontado pelo presidente da Fenae, Sergio Takemoto, como um dos possíveis motivos para o adoecimento mental expressivo. “A gestão de medo e assédio causou adoecimento e sofrimento entre os empregados”, afirma ele.

Segundo Takemoto, a mudança de gestão teria trazido uma maior abertura para discutir e melhorar as condições de trabalho, mas mudanças ainda precisam ser feitas. “A cobrança por metas abusivas ainda é um ponto crítico no banco, causando o adoecimento psicológico aos empregados”, diz. Procurada pela coluna, a Caixa não respondeu até a publicação deste texto.

As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo.

Folha de S. Paulo

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