'Gêmea' de jogador de futebol esquartejado diz que camisa ficou na cama: 'tinha jogo no outro dia'
A avó, pacientemente, deixou o meião, shorts e a camisa passada em cima da cama. Nas próximas horas, o neto que saiu para se divertir retornaria para descansar e seguir para mais um jogo, em Sete Quedas, a 472 km de Campo Grande. Só que as horas se estenderam demais e a agonia deu lugar ao que a família ainda custa a acreditar: Hugo Vinicius Skulny Pedrosa, de 19 anos, foi vítima de um crime brutal, jamais imaginado e desejado e para um jovem cheio de sonhos e com a carreira promissora no mundo do futebol.
"É igual ela [vó] falou. O Hugo saiu e ela deixou tudo pronto para ele voltar e aí logo teria o jogo no domingo. A vó deixou a roupa toda pronta e passada na cama. A camisa, o meião, o shorts, tudo. No outro dia, ele teria o jogo. Só que aí aconteceu e a gente ainda fica sem acreditar na crueldade. Eu quero justiça no caso do meu irmão", afirmou ao Jornal Midiamax a estudante Layza Dutra Pedrosa, de 19 anos.
Nascida em uma diferença de 40 dias, Layza diz que ela e Hugo sempre brincavam que eram gêmeos, principalmente por conta da semelhança física. "Tem até um vídeo nosso. Eu estava olhando aqui agorinha. A gente se divertindo e eu brincando, chamando ele de gêmeo", comentou, ressaltando que ela e Hugo eram irmãos apenas por parte de pai.
Segundo Layza, o pai deles foi trabalhar no Pará, há cerca de dois anos, porém, faleceu vítima de um acidente de trânsito. Desde então, a jovem ficou morando em Tacuru, enquanto Hugo permaneceu morando com a avó, em Sete Quedas, sendo um excelente neto e companheiro para a idosa.
Jogador tinha tatuagem do pai e isso ajudou no reconhecimento
"As cidades são vizinhas, então, a gente estava sempre junto. Umas duas vezes por semana, no mínimo, a gente se encontrava. O Hugo até tinha uma tatuagem do nosso pai. Foi até parte do reconhecimento do corpo dele. Ele tinha muito amor por esse pai, pela mãe dele também. Era um bom garoto, não tem nada de ruim para falar dele, só coisas boas mesmo. Hugo tinha muitos sonhos na carreira do futebol e se dedicava bastante", ressaltou Layza.
Conforme a jovem, dois dias antes do crime, ela e Hugo haviam se encontrado. "Ele estava muito feliz porque ia tirar a CNH [Carteira Nacional de Habilitação] e ficou me perguntando como foi, porque eu tirei recentemente. Ele também ia trabalhar em uma madeireira, estava me falando deste emprego e também estava cursando educação física. Fui fazer a unha em Sete Quedas e aproveitei pra gente se ver e conversamos bastante", disse.
'Chamou ele na maldade', diz irmã sobre ex de Hugo
De acordo com Layza, o namorado dela também joga futebol e isso os aproximou ainda mais os irmãos. "Meu namorado também joga bola e sempre que tinha campeonato a gente se encontrava, ou em Sete Quedas ou em Tacuru. Eu conhecia a Rubia [Joice de Oliver Luvisetto, 21 anos], já saí com ela várias vezes e o Danilo [Alves Vieira da Silva, 19 anos] também. Eu jamais imaginava isso e acredito que a Rubia chamou meu irmão para ir até a casa dela e lá dar de cara com o Danilo. Ela podia até não imaginar toda esta situação, mas, chamou ele na maldade", opinou.
Sobre a relação do Hugo com a avó, com quem ele morava atualmente, Layza define a idosa como sendo uma "vozinha muito apegada ao neto". "Agora ficamos assim, com algo sem explicação. Todos nós queremos Justiça", finalizou.Delegada diz que pessoas podem estar 'ocultando provas'
Nesta quinta-feira (6) a delegada Lucélia Constantino, responsável pelo inquérito policial, conversou com exclusividade com o Jornal Midiamax. Segundo ela, as investigações ainda estão em andamento e dezenas de testemunhas já foram ouvidas, além de diligências, perícias e busca e apreensão de instrumentos que podem ter sido usados no assassinato.
"Ainda estamos aguardando alguns resultados periciais e amanhã, durante coletiva de imprensa, vamos falar da dinâmica, de como ocorreu o crime e várias coisas que já foram esclarecidas pela polícia. Estamos a caminho da elucidação do caso. A Rubia está presa e o outro suspeito está foragido, com mandado de prisão em aberto", afirmou a delegada.
Até o momento, a delegada diz que a investigação evoluiu no sentido de verificar os últimos passos da vítima, bem como dos suspeitos e até de outras pessoas que podem estar ocultando provas. Lucélia ainda fala que a população de Sete Quedas realmente ficou chocada com a brutalidade do crime.
"Tem um ano e meio que estou trabalhando e as pessoas realmente se mostram chocadas, já que não houve qualquer tipo de crime violento ou nesta proporção, então, a sociedade está muito assustada. A vítima nasceu aqui, então, existe muita revolta com a situação também e de como ele foi morto e encontrado. Só que nós estamos empenhando todos os esforços policiais, com ajuda da perícia, Corpo de Bombeiros e até a prefeitura da cidade dando total apoio, ou seja, todas as autoridades competentes estão auxiliando e a nossa preocupação ocorre até da avó ficar doente, porque o Hugo morava com ela", finalizou a delegada.
Veja a delegada falando sobre o assunto:
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Por:Midiamax
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