Zelenski volta a pedir apoio a Lula e propõe reunião com latino-americanos no Brasil
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a pedir o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e propôs uma reunião no Brasil com líderes da América Latina para discutir a guerra no Leste Europeu.
“Ele [Lula] não pode vir ao meu país? Eu vou até ele”, disse Zelensky durante uma entrevista veiculada na noite desta quarta-feira (26) na GloboNews. “A América Latina é muito importante para mim, especialmente o Brasil. Se receber o convite, eu vou.”
O líder ucraniano disse que já convidou Lula para visitar Kiev e que, se a negativa do brasileiro for por uma questão de segurança, ele viria até o Brasil. “Se ele conseguir reunir os outros líderes da América Latina, podemos nos encontrar todos no Brasil, ou em qualquer outro lugar.”
Em maio, os líderes tiveram um impasse e não se reuniram durante a cúpula do G7, no Japão —após um pedido de Zelensky, Lula aceitou marcar um encontro, mas depois disse que seu homólogo não apareceu na hora combinada.
Amplamente apoiado por EUA e União Europeia, Zelenseky tenta conquistar países em desenvolvimento para respaldá-lo no conflito que se desenrola desde fevereiro do ano passado, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. O líder, porém, enfrenta obstáculos para ter sucesso com a estratégia.
Embora se apresente como mediador neutro no conflito na Ucrânia, Lula adotou por diversas vezes posições críticas a Kiev e ao Ocidente, chegando a afirmar que EUA e União Europeia estimulavam a guerra. Assim, foi visto por críticos como conivente com as ações russas.
O presidente brasileiro defende também a proposta da criação de uma espécie de “clube da paz” para o fim da Guerra da Ucrânia —um balaio que englobaria países como o Brasil, a China e a Indonésia. Segundo ele, as negociações deveriam ser conduzidas por um grupo semelhante ao G20, que reúne as maiores economias do mundo. A ideia, porém, não tem encontrado eco no exterior, e, na entrevista desta quarta, o presidente ucraniano negou novamente a proposta de um acordo para encerrar a guerra enquanto houver tropas russas em seu território.
Zelensky disse buscar no Brasil, entre outras sinalizações, apoio político e ajuda humanitária. “Não pretendo pedir a Lula que me dê armas”, afirmou o presidente. O envio de material bélico do Ocidente têm sido essencial para a Ucrânia se defender no conflito.
As posições do presidente brasileiro ecoam a histórica postura de neutralidade defendida pelo Itamaraty. Brasília apoiou na ONU declarações que condenam a invasão russa da Ucrânia, mas evita criticar abertamente Moscou, de quem importa fertilizantes e com quem compartilha fóruns internacionais como o Brics.
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