Ciro Nogueira mantém pregação anti-Lula e mira a vice de Tarcísio ao Planalto
O senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), mantém pregação contrária ao presidente Lula (PT), contrariando expectativas de quem via nele um aliado em potencial do petista.
O motivo é que ele mira a vice em eventual chapa presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2026, segundo tem dito a aliados. O senador quer pegar a fatia do eleitorado de direita conservadora nos costumes e liberal na economia, um nicho que o bolsonarismo criou e explorou nas últimas eleições.
O dirigente do centrão foi ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) com Tarcísio —ele no comando do principal ministério, a Casa Civil, e seu colega na Infraestrutura.
Nogueira, Tarcísio e todos do campo da direita negam publicamente pretensões presidenciais, até por faltar muito tempo ainda para a disputa. O plano A, dizem sempre, ainda é Bolsonaro, apesar de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tê-lo declarado inelegível por mentiras e ataques ao sistema eleição.
Na prática, as discussões do espólio de Bolsonaro já começaram reservadamente. Nogueira é senador desde 2013, e seu segundo mandato se encerra na próxima disputa, em 2026.
A avaliação é a de que poderia ter um perfil complementar ao de Tarcísio, sendo do Nordeste e experiente na política.
O nome da também senadora do PP e ex-ministra de Bolsonaro, Tereza Cristina (MS), surge nas conversas da cúpula do partido como potencial para presidente até mesmo com a ex-primeira-dama Michelle de vice.
Nas redes sociais, quase diariamente, Nogueira tem feito publicações críticas ao governo Lula.
“É preciso reconhecer: Lula 3 não está cometendo nenhum erro novo. Só está errando os velhos erros, os erros de sempre. A coerência de Lula 3 é errar como Dilma e não acertar como Lula. Na verdade não existe Lula 3: há o governo Dil-la ou o governo Lul-ma. Aguenta, Brasil”, disse no último dia 13.
Ex-aliado do petista, Nogueira já chamou Bolsonaro de ‘fascista’ e disse que Lula foi melhor presidente do Brasil.
Um empecilho que o senador terá de driblar é a provável entrada do deputado André Fufuca (PP-MA) no governo Lula, o que fragiliza o discurso de oposição.
A interlocutores Nogueira credita a negociação para a entrada no primeiro escalão mais a uma negociação com o presidente da Câmara e correligionário, Arthur Lira (PP-AL).
Ex-aliado do petista, o senador também já deixou claro que não se reunirá com o presidente, ainda que tenha bom trânsito com seus articuladores políticos, como o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
Nogueira não participa diretamente das negociações, mas também não veta. O partido de 52 deputados sempre fez parte dos governos, de Lula a Bolsonaro.
Para se distanciar, Nogueira tem dito que Fufuca se afastaria de decisões partidárias, caso se tornasse ministro. O partido também deve levar a presidência da Caixa, para onde considera indicar a advogada e ex-deputada amiga de Lira, Margarete Coelho.
O objetivo dos três partidos que compuseram a coligação de Bolsonaro em 2022 —PL, PP e Republicanos— é se manter unidos até a próxima eleição. A dificuldade será no discurso de oposição, caso os dois tenham filiados na Esplanada.
Por isso, seus dirigentes dizem não se tratar de um “embarque” no governo e defendem ainda a independência da legenda, num gesto firme ainda ao bolsonarismo.
No caso do Republicanos, Tarcísio já disse que deixaria a legenda caso o deputado Sílvio Costa Filho (PE) embarcasse no governo Lula, como as negociações indicam. O presidente da legenda, Marcos Pereira, atua para garantir sua permanência na sigla.
Por outro lado, tanto o PL de Valdemar Costa Neto, quanto o PP gostariam de vê-lo entre os seus quadros. Na última semana, o partido de Nogueira filiou o secretário da Casa Civil de São Paulo, Arthur Lima, num evento com a presença de Lira.
Em outra frente, aliados do governador de São Paulo não descartam que ele possa deixar o Republicanos e ficar até mesmo sem partido até quando for mais próximo da eleição.
Interlocutores dizem que o que ele quer mesmo é disputar a reeleição ao Governo de São Paulo, mas que tudo dependerá, primeiro, se Bolsonaro se mantiver inelegível e como estará a avaliação de Lula até lá.
O ex-ministro de Infraestrutura só topará disputar se tiver chances reais de derrotar o petista ou um candidato sucessor.
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