Demora de Lula sobre centrão ‘apavora’ ala política
A ala responsável pela articulação política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera que o presidente defina, na próxima semana, de que forma irá acomodar nomes do centrão na Esplanada dos Ministérios. Auxiliares do Palácio do Planalto relatam estar “apavorados” com a demora por uma decisão.
A expectativa é que o petista bata o martelo após retornar do Paraguai, onde acompanhará a posse do presidente eleito do país, Santiago Peña, na terça-feira (15). Caso contrário, é possível que a troca ministerial seja postergada para setembro —Lula tem uma série de viagens previstas ao longo deste mês, incluindo a ida à África do Sul para a cúpula do Brics.
A próxima semana é vista pela ala política como uma janela de oportunidade. O próprio presidente, no entanto, já teria repisado que em seu governo não se escolhe ministério nem a hora de entrada.
Apesar da protelação, integrantes do Planalto não vislumbram, neste momento, a possibilidade de o governo sofrer represálias do centrão por meio das votações do arcabouço fiscal e da reforma tributária.
Enquanto a primeira pode viabilizar novos recursos para emendas para o Congresso, a segunda pode ficar até dois meses no Senado por ser uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição).
Em junho deste ano, parlamentares procuraram o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para reivindicar R$ 10 bilhões extras em emendas ainda neste segundo semestre.
Em contrapartida, o governo afirma que esse quinhão poderá ser viabilizado caso o arcabouço fiscal seja aprovado, por meio de uma emenda que libera até R$ 40 bilhões para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Por esse raciocínio, o centrão teria mais a ganhar colaborando com a pauta do que se opondo.
Embora não tenha sinalizado quando tomará uma decisão sobre a acomodação do centrão, Lula já apresentou uma condição para que a mudança comece a ser colocada em prática: uma conversa com o presidente do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira (SP).
A ideia é saber até onde a bancada da sigla apoiará o governo em temas considerados prioritários, como nas áreas social, econômica, ecológica e de geração de empregos.
A tratativa ainda poderá servir para esclarecer que o governo não prevê embates em torno da pauta de costumes, que são caras ao Republicanos, que vive sob influência da Igreja Universal, e não devem ser propostas tão cedo.
Mônica Bergamo/Folhapress
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