Governo americano envia missão ao Brasil para discutir economia verde
O enviado climático dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou que uma missão do Departamento de Estado americano vai ao Brasil neste sábado (23) para se reunir com 25 empresários. Na agenda, estão tecnologias e energia verde.
Segundo Kerry, eles vão “conhecer as pessoas e escutá-las”. O americano teve uma agenda bilateral na tarde desta segunda (18) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, às margens da Assembleia-Geral da ONU, que acontece nesta semana em Nova York.
O ministro ainda participou na manhã desta segunda do evento Brasil em Foco, que reúne investidores, políticos e empresários, na Bolsa de Valores de Nova York, para lançar os chamados títulos verdes.
Depois da reunião nesta tarde, que foi fechada, os dois participaram de um evento que integra a Semana do Clima, que ocorre paralelamente ao encontro anual das Nações Unidas.
“O que eu conversei com o John Kerry antes de vir para cá foi que nós tínhamos que abrir espaço para que nossas empresas pudessem fazer mais parcerias, porque nem tudo interessa produzir nos Estados Unidos”, disse Haddad.
O ministro apontou por exemplo, que o Brasil tem uma matriz energética verde, diferentemente do México, e que assim os EUA poderiam substituir parte da manufatura que vem do país pela brasileira.
“Nós não podemos deixar uma potência como os Estados Unidos de costas para o Brasil, quando a eles interessa uma aproximação e a nós também”, disse. “O Brasil está com uma legislação absolutamente adequada. Nós podemos tanto exportar essa energia limpa para países dependentes de combustível fóssil, como usar internamente para produzir manufatura verde”.
Haddad afirmou que vai acompanhar o presidente Lula (PT) na reunião bilateral que o petista terá com o presidente americano, Joe Biden, na quarta (20).
“Nós temos que apresentar para o presidente Biden o início de uma conversa para que possamos nos encaixar no IRS [Inflation Reduction Act, legislação americana para incentivo à economia verde]”, disse.
A expectativa do governo brasileiro é captar R$ 10 bilhões, valor considerado pequeno pelo ministro da Fazenda. “O Brasil tem condições de captar muito recurso no exterior porque tem a melhor matriz energética do mundo. Temos condições de dobrar a energia limpa em um prazo inferior a dez anos”, afirmou a investidores.
O ministro da Fazenda disse que tem a expectativa de que o Plano de Transformação Ecológica do Brasil seja mais do que uma proposta para exportar energia sustentável e se torne a base para uma nova onda de industrialização do país.
“Não precisamos nos resignar à condição de exportador de energia limpa, que é o que o mundo gostaria que fizéssemos. Nós entendemos que boa parte dessa energia limpa deve ser consumida no Brasil para manufaturar produtos verdes. Esse é nosso objetivo último”.
A aposta é que, ao dobrar a produção energética sustentável, o país possa exportar não só a energia propriamente dita, como também produtos manufaturados de maior valor agregado, gerados a partir da economia verde.
O ministro da Fazenda ainda disse no evento que o setor agrícola brasileiro é moderno e interessado em fazer investimentos que promovam ganhos ambientais, mas enfatizou que ainda há muito trabalho a ser feito na pecuária.
“Essa agenda da agricultura moderna está na nossa política. Eu vejo disposição do setor [agronegócio] em fazer”, disse Haddad. “O agro sabe que se essa agenda não for endereçada, ele vai perder o mercado internacional. Temos que fazer grande trabalho no caso da pecuária”.
Em Nova York desde domingo, Haddad se reuniu com mais de 60 fundos de investimento e afirmou que a receptividade foi positiva.
Fernanda Perrin/Tatiana Sendin/Folhapress
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