Lira e Centrão se irritam com governo Lula por posse reservada de Silvinho e Fufuca
A decisão do governo de dar posse aos novos ministros André Fufuca (Esporte) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) de forma reservada irritou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários da Casa, apurou o Estadão/Broadcast. O Centrão queria uma cerimônia no Palácio do Planalto similar à que marcou a ida de Celso Sabino (União Brasil) para o Turismo, no início de agosto, e não apenas a transmissão de cargo nos ministérios, prevista no caso de Fufuca (PP) e “Silvinho” (Republicanos).
Um interlocutor de Lira disse à reportagem que o incômodo ocorre porque a posse foi fechada em uma sala, com apenas quatro pessoas. Na agenda desta quarta-feira, 13, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, constava apenas uma posse reservada de Fufuca e “Silvinho”, às 10h30, no Planalto. Além dos três, participariam Márcio França, que deixa o posto de ministro de Portos e Aeroportos para assumir a nova pasta voltada as pequenas e médias empresas.
No encontro, os novos ministros devem assinaram o termo de posse, oficializando a entrada na Esplanada — ou mudança de posto, no caso de França. Já as cerimônias de transmissão de cargo estão previstas para o período da tarde e, segundo a agenda, Lula não estará presente. O presidente terá reuniões no Palácio do Planalto. Aliados do petista chegaram a argumentar que ele não quer “festa” em meio à tragédia causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, mas não convenceram o Centrão, que chegou a sugerir o adiamento das posses.
O governo optou por uma participação discreta de Lula nos eventos de transmissão de cargo nos ministérios, postura que vem sendo adotada desde o anúncio dos novos ministros na semana passada. Na última quarta-feira, 6, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) confirmou, por nota, “Silvinho” e Fufuca no comando das pastas. No mesmo dia, foram divulgadas fotos dos novos indicados apenas com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Apesar de as imagens terem sido tiradas no Palácio da Alvorada, Lula não apareceu em nenhum registro.
Na segunda-feira, 11, o ministro da Secom, Paulo Pimenta, tentou afastar rumores em torno da ausência do presidente na imagem e disse que o chefe do Executivo terá “oportunidade de tirar bastante foto com os novos ministros”. De acordo com Pimenta, a ausência de foto oficial de Lula com os novos integrantes da Esplanada não tem motivação política.
“(O presidente) estava de roupa esporte, Padilha estava de terno, gravata, os dois ministros novos estavam de terno, gravata, bonitos, queriam fazer um registro daquele momento, e nós fizemos o registro”, declarou o ministro à CNN Brasil. “Não teve nenhuma motivação política, nenhuma motivação que não seja o fato que o presidente não estava, naquele momento, vestido de terno e gravata, que daria um ar mais solene para aquele registro.”
No caso de Sabino, por exemplo, o governo anunciou a mudança no Ministério do Turismo no meio de julho. Contudo, como o Congresso estava em recesso informal, optou-se pela realização da cerimônia apenas no início de agosto, na volta dos trabalhos legislativos, quando mais parlamentares poderiam comparecer ao evento. A posse ocorreu em cerimônia aberta no Palácio do Planalto.
O evento foi acompanhado em peso pelas lideranças da Câmara — Sabino, assim como Fufuca e “Silvinho”, era deputado até entrar na Esplanada dos Ministérios. Lula e Lira chegaram a conversar ao pé do ouvido durante a cerimônia, que foi vista como o auge do simbolismo da chegada do Centrão ao governo.
No início da semana, havia expectativa que “Silvinho” e Fufuca tomassem posse em uma mesma solenidade. Seria um desdobramento da estratégia que PP (partido de Fufuca) e Republicanos (sigla de Silvinho) adotaram na negociação com Lula pelos ministérios. As legendas do Centrão só toparam fechar o acordo se a entrada no governo ocorresse em bloco.
A ausência de Lula na posse de Silvinho e Fufuca representa mais um capítulo no desgaste da gestão com o Centrão. Um dos principais pontos que irritou os líderes do bloco foi a demora na negociação dos cargos, que chegou a mais de dois meses. Deputados também reclamam da articulação política e da demora na liberação de emendas.
Iander Porcella, Giordanna Neves e Sofia Aguiar/Estadão Conteúdo
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