Bancada do PT diz que Juscelino desgasta o governo, mas apoio de Lira impede saída
Foto: Zack/ Ministério das Comunicações |
Deputados e senadores que integram as bancadas do PT no Congresso defendem que a permanência do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), no primeiro escalão do governo é prejudicial para a imagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta criar da sua gestão.
Sem se expor, esses parlamentares argumentam que o enquadramento de Juscelino por suas práticas irregulares deveria partir dos demais ministros do governo e dos integrantes do Palácio do Planalto. Um senador chegou a se referir ao ministro das Comunicações como um “estorvo” para Lula, mas que passa incólume na Esplanada dos Ministérios.
Uma série de reportagens do jornal O Estado de São Paulo revelou que o ministro já usou emendas parlamentares para asfaltar sua fazenda no Maranhão e viajou de avião da Forças Aérea Brasileira (FAB) para participar de leilão de cavalos. Nesta quarta-feira, 29, o jornal revelou que Juscelino concedeu 31 retransmissoras de televisão para um mesmo empresário da sua base política no Maranhão.
Nenhuma outra emissora no País teve tantos pedidos do mesmo tipo atendidos neste ano, aponta levantamento exclusivo do Estadão. Todos foram aprovados a jato, num período entre cinco e oito meses. Na prática, as autorizações concedidas pelo ministro aumentam a influência da emissora no Maranhão, ampliam o valor comercial da empresa e permitem maior arrecadação com publicidade.
Entre os petistas, o mais novo episódio do “caso Juscelino” atesta que os movimentos do ministro à frente da pasta das Comunicações não são “republicanos”. Senadores do PT apontam o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como o fiador do ministro no primeiro escalão do governo. Eles argumentam que o deputado é hoje o principal motivo para Juscelino ainda não ter sido demitido.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, foi uma das poucas petistas que defendeu publicamente o afastamento de Juscelino do Ministério. Em março deste ano, a parlamentar argumentou que a saída do ministro evitaria “o constrangimento de parte a parte”. Interlocutores de Gleisi afirmaram à reportagem que ela ainda mantém a mesma posição em relação ao ministro.
Apesar das queixas, os parlamentares do partido do presidente Lula afirmam que o Planalto ainda não sinalizou se Juscelino poderá ser substituído numa eventual reforma ministerial que se projeta para o ano que vem.
Weslley Galzo/Estadão
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria.