Em discurso de Ano-Novo, Putin ignora Ucrânia; Zelenski fala em destruir Exército russo

Presidente da Rússia tem eleições pela frente em março, marcadas por forças de oposição e dissidências silenciadas
Com uma eleição pela frente em março, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez apenas uma referência velada à Ucrânia em seu discurso de Ano-Novo neste domingo (31). Já Volodimir Zelenski, líder ucraniano, falou em “destruir” o Exército russo.

“No ano que vem, o inimigo vai sofrer os estragos causados por nossos recursos domésticos”, afirmou Zelenski, em referência ao arsenal do país, que em 2024 será de um milhão de drones.

Já a fala de Vladimir Putin chamou atenção por contrastar com o tom empregado no ano passado, quando o russo apareceu ao lado de soldados mencionando a luta pela sobrevivência do país. Neste ano, porém, a mensagem gravada foi marcada por um discurso sobre união. Ela foi transmitida pouco antes da meia-noite em cada um dos 11 fusos da Rússia.

“Para todos que estão em um posto de combate, na linha de frente da luta pela verdade e justiça: vocês são nossos heróis, nossos corações estão com vocês. Temos orgulho de vocês, admiramos a coragem de vocês”, disse Putin, desta vez com o pano de fundo mais tradicional das paredes do Kremlin.

A Ucrânia não foi mencionada pelo nome, nem a operação militar especial, termo usado por Putin para se referir à guerra à qual deu início em fevereiro de 2022. Ele deu mais atenção à economia e à inflação, questões que têm ligações diretas com os eleitores.

Com forças de oposição e dissidências silenciadas, Putin deve, aos 71 anos, vencer mais uma eleição e se estender por 24 anos no poder.

“Já provamos mais de uma vez que podemos resolver os problemas mais difíceis e nunca recuaremos, porque não há força que possa nos dividir”, disse ele.

Não houve menção em seu discurso aos centenas de milhares de soldados russos que, estima-se, foram mortos e feridos, nem aos ataques que a Ucrânia realizou em território russo –como a incursão à cidade de Belgorod, a 34 km da fronteira, neste sábado (30).

A revolta liderada em junho por Ievguêni Prigojin, líder do grupo de mercenários Wagner que morreu em uma queda de avião, também foi ignorada no discurso.

Em vez disso, Putin procurou retratar a Rússia como um povo como unido, solidário e “firme na defesa de interesses nacionais, da liberdade e segurança, de nossos valores”.

“Trabalhar pelo bem comum uniu a sociedade”, disse ele. “Estamos unidos em pensamentos, trabalho e batalha, nos dias úteis e nas férias.”

Folha de S. Paulo, com informações da AFP e Reuters

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