José Genoíno diz que Forças Armadas devem desculpas ao Brasil
Em entrevista à Agência Brasil, o assessor especial do Ministério da Defesa durante o governo Dilma, o ex-deputado federal e ex-presidente do PT, José Genoíno, acredita que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 ainda exigem reflexões e ações. Ele disse, também, que a Instituição Forças Armadas deve um pedido de desculpa ao país, pois teriam respaldado o movimento cujo estopim se deu com a vitória de Lula em 30 de outubro de 22.
“As Forças Armadas se comprometeram de maneira transparente, de maneira profunda, com a crise política que começou com a preparação do golpe [impeachment de Dilma Rousseff], a eleição do inominável Bolsonaro e os acontecimentos que marcaram os quatro anos do governo Bolsonaro”, disse.
Para ele, não há como separar o 8 de janeiro do que aconteceu antes, nos acampamentos, pronunciamentos, questionamento das urnas eletrônicas e “toda aquela articulação”. “Porque houve uma tentativa forte de ruptura democrática, de ruptura constitucional, e que tinha respaldo das Forças Armadas”, acrescentou Genoíno.
“As manifestações de 7 de setembro em 2021 e 2022, os pronunciamentos de autoridades militares, eles respaldaram aquele tipo de governo, aquele tipo de política, a destruição do país, a vergonha internacional do Brasil, a política em relação à Covid, a política em relação aos movimentos sociais, a política em relação ao Congresso, eles foram uma força de respaldo”, prosseguiu.
“Uma parte estava a fim de fazer aventura, outra parte temia não ter condições para segurar o resultado de um golpe e uma outra parte ficou omissa. Portanto, eu acho que a instituição Forças Armadas deve um pedido de desculpa ao país”, completou o ex-assessor do Ministério da Defesa.
Punições
Em relação às punições e sindicâncias que as Forças Armadas abriram contra militares que participaram de acampamentos ou do 8 de janeiro, Genoíno as considera “simbólicas”:
“São uma espécie de faz de conta. Eu acho que as Forças Armadas, não digo todas elas, mas principalmente alguns dos seus integrantes que tiveram papel destacado no 8 de janeiro continuam preservados. E eu acho que esse vai ser um dilema para o Supremo Tribunal Federal [STF]. Na medida em que o STF está punindo aqueles que depredaram os palácios, vai ficar só nesses aí? Ou vai também atingir quem, segundo o ministro Alexandre Moraes, tinha pretensões de matá-lo, tinha pretensões de prendê-lo?”.
O ex-presidente do PT também questionou outras situações. “E o 12 de dezembro? Aqueles atos de vandalismo em Brasília para destruir a sede da Polícia Federal. E os acampados que continuaram acampados? Isso tem que ser investigado, tem que ser relatado, tem que ser discutido”, declarou.
“Portanto, eu acho que o STF tem adotado posições positivas, por isso que eles são criticados pelo setor mais truculento da direita, mas não pode ficar só nos magrinhos. É necessário que haja uma investigação ampla para que o país conheça a extensão, a dimensão e quais as punições que devem se processar”, completou Genoíno.
Guerrilheiro durante a ditadura militar, José Genoíno é uma das referências do Partido dos Trabalhadores para assuntos militares. Após a redemocratização do Brasil, ele participou da fundação do PT, partido pelo qual foi eleito e reeleito sucessivas vezes como deputado federal. Ele renunciou ao cargo há 10 anos, em meio a denúncias de corrupção, às quais ele nega e teve condenação penal prescrita há quatro anos.
Com informações da Agência Brasil
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