Governo Lula decide não dar residência humanitária a palestinos

O governo Lula decidiu que não dará autorização de residência ou visto temporário para fins de acolhida humanitária a palestinos da Faixa de Gaza.

Ao chegar ao Brasil, em novembro, nacionais que viviam no território bombardeado por Israel pediram ao presidente que se empenhasse para que a medida fosse adotada. Pelas regras atuais, apenas palestinos que têm origem brasileira podem entrar no país.

O tema chegou a ser discutido internamente, no Ministério das Relações Exteriores. O argumento era o de que medida humanitária semelhante foi adotada em relação a cidadãos do Afeganistão em 2021, depois que o Talibã tomou o poder. Haitianos também tiveram as fronteiras brasileiras abertas depois do terremoto de 2010. Sírios receberam o mesmo benefício.

A decisão do governo, no entanto, foi a de manter as fronteiras fechadas aos palestinos, permitindo apenas a entrada dos que têm origem brasileira e querem escapar da guerra.

Diversas questões pesaram para isso. Em primeiro lugar, o Brasil até hoje enfrenta problemas estruturais para acolher os afegãos. Alguns deles ficaram por dois anos no aeroporto de Guarulhos sem ter para onde ir.

No caso dos haitianos, o visto humanitário permitiu que muitos deles usassem o Brasil apenas como ponto de passagem rumo à Europa. Houve problemas nos postos de fronteiras.

Na análise das autoridades brasileiras, a permissão para residência aos palestinos atrairia milhares, e até mesmo milhões, de pessoas. O Brasil teria problema inclusive para fazer a triagem de segurança exigida nesses momentos.

Palestinos brasileiros que desembarcaram no Brasil não perdem a esperança de que Lula determine o acolhimento humanitário dos cidadãos de Gaza.

Hasan Rabee, que voltou com a mulher, as duas filhas e a mãe para o Brasil, já enviou duas cartas ao presidente. Ele ainda tem oito familiares em Gaza que gostariam de viver no Brasil.

Mônica Bergamo/Folhapress

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