Em 5 pontos, veja o que se sabe sobre a permanência de Bolsonaro na embaixada da Hungria
Quatro dias após as diligências em 8 de fevereiro, quando o ex-chefe de Estado teve seu passaporte retido pela PF, Bolsonaro dirigiu-se à missão oficial húngara, em Brasília, e lá permaneceu até a tarde do dia 14.
Bolsonaro já foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ataques às urnas eletrônicas e pelo uso político das comemorações de 7 de Setembro de 2022. Ainda, é alvo de outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.
Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.
Entenda a ida de Bolsonaro à embaixada húngara e seus desdobramentos até agora:
CERCO A BOLSONARO E PASSAPORTE RETIDO
O ex-presidente está sendo investigado no inquérito das milícias
digitais e em uma série de frentes, como a fraude em cartões de
vacinação, uma suposta trama golpista em que estaria envolvido para
impedir a posse de Lula (PT) e a venda de joias recebidas na Arábia
Saudita como presentes de Estado.
Em 8 de fevereiro, uma operação da PF realizou busca e apreensão na casa do ex-presidente para encontrar elementos sobre a trama golpista. Como resultado, ele teve seu passaporte retido, sendo impedido de sair do país enquanto as investigações não terminassem.
EX-PRESIDENTE NA EMBAIXADA
Quatro dias após ser impedido de deixar o país, Bolsonaro publicou vídeo
convocando seus apoiadores para ato em São Paulo, que ocorreu em 25 de
fevereiro, na avenida Paulista. Ele afirmou querer se defender de todas
as acusações, e no local, pediu anistia aos golpistas dos ataques de 8
de janeiro.
No mesmo dia, o político foi até a embaixada húngara no Brasil de carro e passou dois dias no local. Ele chegou por volta das 21h do dia 12 de fevereiro e permaneceu no local até a tarde do dia 14; lá, chegou a receber pessoas e até uma cafeteira do embaixador húngaro no país, Miklós Halmai.
O QUE DISSE BOLSONARO
O ex-mandatário admitiu a estadia na missão diplomática húngara e disse
frequentar embaixadas, mantendo relações com outros chefes de Estado.
“Frequento embaixadas pelo Brasil, converso com embaixadores. Tenho
passaporte retido, se não estaria com [os governadores] Tarcísio [de
Freitas] e [Ronaldo] Caiado em viagem a Israel”, completou.
A defesa afirmou ainda que Bolsonaro foi ao local apenas para manter contato com autoridades do país, e relembrou a relação do político com Viktor Orbán, a quem já chamou de “irmão”. O governo húngaro ainda ofereceu ajuda ao governo para reeleger o ex-presidente em 2022.
“Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações”, diz a nota.
REPERCUSSÕES DO CASO
Dentre os desdobramentos do caso está a decisão do ministro Alexandre de
Moraes, do STF, dando 48 horas para Bolsonaro explicar o motivo da
hospedagem na embaixada da Hungria.
A PF também investigará o episódio, que tem sido visto pelo governo brasileiro como uma forma de Orbán interferir em assuntos internos. O Ministério das Relações Exteriores convocou Miklós Halmai para explicações sobre o caso.
PERGUNTAS NÃO RESPONDIDAS
A principal lacuna do caso é a motivação pela qual Bolsonaro passou dois
dias na missão diplomática e se buscava livrar-se de um eventual pedido
de prisão ou tentar uma fuga —em tese, o ex-presidente não poderia ser
alvo de ordem de prisão estando na embaixada, já que convenções
diplomáticas tornam o local imune a autoridades nacionais.
Segundo investigadores, é cedo para dizer se houve uma tentativa de fuga, mas é preciso investigar o real motivo da estadia do político.
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