Esquerda faz atos dispersos contra Bolsonaro sob distanciamento de Lula
Há manifestações programadas para 22 cidades no Brasil e no exterior. As da manhã foram esvaziadas, com baixa adesão, em capitais como Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Campo Grande e Recife. As duas principais são previstas para a tarde, em Salvador e em São Paulo.
Na capital mineira, participantes que foram ao ato na praça Afonso Arinos utilizavam camisetas vermelhas com inscrições como “sem anistia”.
Além do mote “ditadura nunca mais”, a defesa da Palestina em meio à guerra com Israel também é um dos temas dos atos.
Os manifestantes que se dirigiram à praça Santos Andrade, em Curitiba, portavam faixas como “democracia sempre” e “sem anistia para golpista”
Em Fortaleza, também com a participação de algumas dezenas de manifestantes, bandeiras do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de sindicatos e do PSOL foram agitadas durante a manhã.
Também houve atos em São Luís e na capital de Portugal, Lisboa, que repetiram o mote das manifestações realizadas em outras capitais.
O dia de mobilização pela democracia é organizado por partidos de esquerda, centrais sindicais e pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúnem entidades como MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CMP (Central de Movimentos Populares), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e UNE (União Nacional dos Estudantes).
O ato principal deste sábado será em Salvador, a partir das 15h, no Largo do Pelourinho, com a presença dos dirigentes de partidos e movimentos de esquerda, incluindo Gleisi Hoffmann, do PT. O evento terá um show de Ademario Coelho.
Como mostrou a Folha, o governo Lula (PT), porém, decidiu não se misturar às manifestações. O presidente não deve comparecer a nenhum dos atos pelo país e deve ficar em Brasília.
Os organizadores decidiram excluir a prisão de Bolsonaro das bandeiras da manifestação, embora um dos propósitos dos ato seja exigir a punição do ex-presidente e de seus apoiadores que invadiram os três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O argumento é o de que o direito de defesa e o devido processo legal têm que ser resguardados, assim como se reivindicava para Lula na Operação Lava Jato.
Ministros do PT e de outros partidos de esquerda evitam falar que há uma posição fechada ou mesmo uma orientação para se distanciarem dos atos. Por outro lado, afirmam que não irão comparecer por motivos variados, como compromissos familiares e doenças.
Para evitar desgaste com as Forças Armadas, Lula proibiu que ministérios realizassem críticas ou cerimônias em memória dos 60 anos do golpe militar, marca que será alcançada em 31 de março.
Enquanto isso, líderes dos movimentos de esquerda ressaltaram, ao longo da semana, a importância de lembrar a data para evitar que se repita. As entidades se dividem entre minimizar a postura do governo Lula ou criticar o presidente pelo veto.
O rechaço à anistia exposto nas ruas neste sábado ocorre depois que Bolsonaro reuniu milhares na avenida Paulista, no último dia 25, e fez um discurso no qual maneirou a conhecida agressividade contra o STF (Supremo Tribunal Federal), disse buscar a pacificação do país e pediu anistia aos presos pelo ataque golpista de 8 de janeiro de 2023.
Para evitar a comparação de públicos entre o ato bolsonarista e os protestos deste sábado, os organizadores buscaram evitar o mesmo padrão —escolheram o Largo São Francisco, em São Paulo, em vez da avenida Paulista, pulverizaram os eventos pelo país e concentraram esforços em Salvador, onde Lula teve mais de 70% dos votos contra Bolsonaro em 2022.
O distanciamento do governo, neste sentido, serve a vários propósitos. Além de não protagonizar a crítica à ditadura militar, o Palácio do Planalto evita compartilhar a responsabilidade em caso de eventual baixa adesão e busca se contrapor ao estilo de Bolsonaro, que, enquanto presidente, se empenhou em convocar apoiadores em atos de rua que miravam outros Poderes.
Com um ano e três meses de governo, Lula vê sua aprovação empatar tecnicamente com a rejeição no Datafolha. Consideram o trabalho do petista ótimo ou bom 35%, ante 33% que o avaliam como ruim ou péssimo e 30% como regular.
Em relação à pesquisa anterior, feita no começo de dezembro, as oscilações mostram um cenário negativo para o presidente.
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