Saiba o que Mauro Cid revelou e o que escondeu em novo depoimento ao STF
Nesta quinta-feira, 21, a revista Veja divulgou os áudios de Cid, que falava com um interlocutor desconhecido sobre a delação premiada que fechou com a PF em setembro. Em uma das gravações, o tenente-coronel afirmou que os investigadores “não queriam saber a verdade” sobre a tentativa de golpe de Estado e que Alexandre de Moraes seria “a lei”. “Ele prende, ele solta quando ele ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse o ex-ajudante de ordens.
A seguir, veja o que o militar contou e o que escondeu em seu novo interrogatório:
As besteiras e o desabafo do coronel
Ao STF, Mauro Cid negou que tivesse sofrido pressão por parte da PF ou
do Judiciário para realizar uma delação premiada. Segundo ele, os áudios
com ataques aos investigadores foram um mero desabafo de “quem quer
chutar a porta e acaba falando besteira”. O tenente-coronel disse também
que a conversa era “privada, informal, particular e sem o intuito de
ser exposta pela revista”.
“É um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteira. Genérico, todo mundo, acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas. Em razão da situação que está vivendo, foi um desabafo. É um desserviço que a Veja faz ao inquérito, a minha família, ás minhas filhas”, diz um trecho do depoimento.
Mauro Cid não se lembra do interlocutor
O coronel do Exército foi questionado sobre quem era a pessoa com que
ele conversou e reclamou da atuação dos investigadores do inquérito que
apura tentativa de golpe. Mauro Cid desconversou. Alegou que não se
lembrava. Disse que só anda conversando com pessoas mais próximas,
incluindo parentes. O oficial afirmou que “está recluso, praticamente em
casa, não tem vida social e não trabalha. Não lembra para quem falou
essas frases de desabafo, num momento ruim. Não conseguiu ainda
identificar quem foi essa pessoa. Não acredita que alguém do núcleo
próximo tenha contato com a imprensa. Possivelmente a conversa teria
ocorrido por telefone. Provavelmente celular”, declarou
Cid admitiu ressentimento com Bolsonaro
Em um dos áudios divulgados pela Veja, Cid revelou ter um ressentimento
de Bolsonaro por ter sido o único que ficou “fudido” após o início das
investigações contra o ex-presidente. O tenente-coronel disse que o
ex-chefe do Executivo ficou “milionário” a partir de transferências
feitas via Pix por apoiadores, enquanto ele teve a carreira no Exército e
a vida financeira prejudicada
Segundo Cid, enquanto Bolsonaro enriqueceu através das transferências e os outros generais investigados pela tentativa de golpe estão na reserva das Forças Armadas, ele está com a “carreira desabando”. O ex-ajudante de ordens afirmou também que os seus amigos o tratam como “um leproso, com medo de se prejudicar”. “Quer ter a vida de volta. Está enclausurado. A imprensa sempre fica indo atrás. Está agoniado. Engordou mais de 10 quilos. O áudio é um desabafo. Acredita que as pessoas deviam o estar apoiando e dando sustentação”, diz outro trecho do depoimento.
Em outra gravação, o tenente-coronel diz que Bolsonaro e outros investigados terão penas acima de 100 anos de prisão. Cid também cita os presos pelos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023, chamando-os de “bagrinhos” que foram condenados a 17 anos pelo STF.
Segundo Cid, ele se assusta com as sentenças que estão sendo feitas contra os envolvidos nos atos golpistas e “imagina a pena que os mais altos vão pegar”.
Moraes tira sigilo para não pairar dúvida
Nesta sexta, 22, o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo do novo
depoimento de Cid. No despacho, o magistrado justificou que o fazia
para não deixar dúvidas de que o militar não foi forçado a fazer delação
premiada. “Diante da necessidade de afastar qualquer dúvida sobre a
legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro
César Barbosa Cid, que confirmou integralmente os termos anteriores de
suas declarações”, escreveu o ministro do STF.
Assim que deixou o STF, Cid foi preso pela PF e levado para um quartel da Polícia do Exército, onde ficou encarcerado entre maio e setembro do ano passado. O tenente-coronel foi detido pela primeira vez durante a Operação Venire, que investigou fraudes em cartões de vacina de Bolsonaro e da sua filha Laura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente esta matéria.