Arrecadação federal em março é recorde para o mês, mas alta perde fôlego
.Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil |
O resultado inclui ganhos atípicos gerados pela taxação de fundos exclusivos de investimentos, detidos por brasileiros de alta renda (os chamados super-ricos).
O desempenho de março é recorde para o mês na série iniciada em 1995. Por outro lado, o ritmo de alta nas receitas desacelerou em relação a fevereiro, quando a expansão acima da inflação havia sido de 12,27%.
No acumulado do primeiro trimestre, a arrecadação federal chegou a R$ 657,8 bilhões, um avanço real de 8,36%. O resultado também é recorde para o período.
Segundo a Receita Federal, o desempenho de março pode ser explicado pelo comportamento positivo da produção industrial e da atividade dos setores de comércio e serviços.
Também tiveram papel relevante a retomada da tributação de PIS/Cofins sobre combustíveis (que estavam zerados em março de 2023) e a tributação dos fundos exclusivos.
No mês passado, o governo obteve uma receita extra de R$ 3,38 bilhões com a cobrança de Imposto de Renda sobre os fundos. Já a reoneração dos combustíveis evitou uma perda de R$ 3,75 bilhões.
Sem esses fatores atípicos, o crescimento real da arrecadação em março seria de 1,88%. No trimestre, a variação seria de 4,69%, já descontada a inflação.
O coordenador de Previsão e Análise da Receita Federal, Marcelo Gomide, afirmou que, embora a arrecadação de PIS/Cofins seja influenciada pela reoneração dos combustíveis, há indícios de melhora na atividade econômica.
“Não é só PIS/Cofins sobre combustíveis. A gente percebe pelo volume de vendas, pelo volume de serviços, e a gente tem PIS Cofins encabeçando a relação de tributos que mais cresceram no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2023”, afirmou.
O desempenho das receitas é uma variável central para o ministro Fernando Haddad (Fazenda), que busca zerar o déficit nas contas públicas em 2024. A meta exige do governo um esforço para que a arrecadação fique em patamar similar ao das despesas.
Na primeira avaliação do bimestre, divulgada em março, a equipe econômica apresentou uma estimativa de resultado primário dentro da meta fiscal, que tem como alvo central o déficit zero, mas permite uma flutuação até 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) para mais ou menos —o equivalente a R$ 28,9 bilhões.
Os dados oficiais indicam um déficit de R$ 9,3 bilhões, o equivalente a -0,1% do PIB. Embora pior do que o superávit de R$ 9,1 bilhões aprovado no Orçamento, o resultado segue dentro do intervalo de tolerância da meta.
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