Bahia: transição energética, sustentabilidade e inclusão, por Jerônimo Rodrigues*
A tragédia que se abate sobre o Estado do Rio Grande do Sul é um exemplo marcante e doloroso da necessidade de agirmos imediatamente, de investirmos em uma economia sustentável, inclusiva e justa, focada em fontes renováveis de energia e matéria prima, na resiliência e adaptação de nossas cidades às novas condições climáticas, na recuperação de nossas áreas degradadas, na redução da nossa pegada de carbono e na inclusão econômica e social dos mais necessitados.
Agir no presente construindo um futuro melhor exige que invistamos cada vez mais em sustentabilidade, e há um aspecto desse contexto no qual a Bahia, assim como outros estados do Nordeste, se coloca cada vez mais em lugar de notoriedade: a transição energética. Impulsionado por sua rica fonte de energia solar e eólica, o estado lidera a transição energética do Brasil. Com 92,32% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis, destaca-se como modelo de sustentabilidade.
Os investimentos maciços que recebemos em novas usinas, uma infraestrutura de transmissão robusta e um ambiente favorável à inovação são bases desse sucesso. Com 326 parques eólicos em operação e 71 projetos de energia solar fotovoltaica, a capacidade instalada já é impressionante e continua a crescer. As projeções para 2024 indicam um crescimento significativo na matriz elétrica brasileira, com a Bahia contribuindo substancialmente. Além disso, o estado apoia investimentos em hidrogênio verde, promovendo um futuro mais sustentável e com menor impacto ambiental.
A evolução e o potencial também são regionais. Olhando para o Nordeste, que reúne grande parte do potencial nacional de fontes renováveis de energia, quase um terço da população brasileira – embora menos de 15% do PIB – diversos projetos de infraestrutura logística e elétrica estão em curso, criando novos meios para a produção e escoamento agrícola e industrial e aproveitamento da energia do sol e do vento.
O mundo percebe o quão promissores são o nosso estado e a nossa região Nordeste. Atraímos olhares e investimentos de países de diversos continentes. Despontamos como fortes candidatos a ser uma das principais regiões do planeta em potencial de produção de hidrogênio verde.
A conquista na melhoria da infraestrutura no Nordeste é também fruto da ação conjunta dos Estados da região através do Consórcio Nordeste, que reúne os governos dos noves Estados da região atuando de forma unida para a melhoria das condições de vida da população da região através da atração de investimentos e de articulação junto ao Governo Federal de políticas e investimentos público voltados à redução das desigualdades regionais.
Na energia eólica, a Bahia possui os melhores e mais eficientes ventos do país, de acordo com o próprio mercado, com potencial de geração de mais de uma vez e meia a capacidade total atual de energia elétrica do Brasil, enquanto na energia solar o potencial é seis vezes maior. Isso faz com que a Bahia tenha capacidade de gerar anualmente mais de 84 milhões de toneladas de hidrogênio verde, quantidade suficiente para atender grande parte da demanda mundial.
Todo esse potencial deve ser aproveitado para o desenvolvimento econômico sustentável, com inclusão social e redução das desigualdades. A estratégia da Bahia é, principalmente, agregar valor às suas fontes de energia e matéria prima renováveis, produzindo produtos químicos verdes ao redor do Estado. Sediamos o maior complexo químico integrado do Brasil e termos uma das maiores baías tropicais do mundo, com diversas unidades portuárias. Esse conjunto de condições permite que nos tornemos um importante centro de abastecimento e exportação de combustíveis renováveis do mundo.
O trabalho segue firme para que avancemos na direção de uma Bahia cada vez mais sustentável, com um governo presente, tornando a vida e o futuro de cada baiana e baiano ainda mais promissor.
*Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia.
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