A PEC inclui um trecho na Constituição Federal para criminalizar quem
tiver o porte e posse de qualquer droga. Ainda que haja uma
diferenciação de penas entre traficante e usuário, caso a proposta seja
aprovada no Congresso Nacional, o usuário infrator que for pego, mesmo
que com uma quantidade mínima, terá que fazer tratamento contra
dependência e cumprir penas alternativas à prisão.
No debate na CCJ, deputados da oposição acusaram governistas de
agirem em defesa do tráfico e do crime organização por se oporem à PEC.
Já os governistas rebateram dizendo que a proposta não trata de
descriminalização e que a visão de punir usuário não vai resolver o
problema das drogas.
“Não se trata, ao contrário de algumas afirmações falaciosas,
legalizar drogas ilícitas e sim constitucionalizar a penalização do
usuário, inclusive de consumo pessoal de drogas hoje proibidas”, disse
Chico Alencar (PSOL-RJ).
Neste momento, o Congresso e o STF têm visões diferentes em como
tratar o usuário de maconha. Na Corte, cinco ministros já disseram que
desejam descriminalizar a pessoa que tiver maconha para uso pessoal.
“Está na hora de dizer ao Supremo que esta Casa está legislando sim
sobre essa matéria em defesa da juventude brasileira”, afirmou Eli
Borges (PL-TO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica. “Considero
uma trapalhada do Congresso Nacional querer responder o Supremo Tribunal
Federal nesses termos”, respondeu Orlando Silva (PCdoB-SP).
A votação ainda não acabou no Supremo. Três outros juízes têm
entendimento contrário e faltam outros três julgarem. Enquanto isso, a
Câmara dos Deputados pretende disputar uma corrida contra o Supremo para
aprovar imediatamente sua proposta antes de os ministros terminarem a
votação.
O relator da PEC na CCJ da Câmara, deputado Ricardo Salles (PL-SP),
que pretendia impor regras mais duras a traficantes e usuários, não fez
alterações no texto do Senado para garantir uma aprovação mais rápida.
No Supremo, o ministro Dias Toffoli devolveu para julgamento o caso
que pode descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal. Cabe agora
ao presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, colocar matéria novamente
na pauta para votação. Além de Toffoli, ainda restam votar os ministros
Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Levy Teles/Estadão
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