Ricardo Maia e aliados são acusados de negócios suspeitos no semiárido baiano
Segundo reportagem publicada na edição deste final de semana da revista Isto É, desde que assumiu o mandato, em fevereiro de 2023, o emedebista tem usado as verba de gabinete para custear despesas de locação de veículos, compra de combustíveis e divulgação cujos gastos são justificados com genéricos recibos repetidos mensalmente. Ele é acusado ainda de fazer negócios suspeitos com familiares.
De acordo com a reportagem, Ricardo Maia apresentou 14 recibos de locação de uma empresa, a RM Veículos Ltda, da cidade de Tucano, que não aluga carros. O município tem como prefeito o filho homônimo do parlamentar, que é postulante à reeleição.
O deputado também contratou uma empresa de marketing em Tucano, que, segundo a revista Isto É, só tem ele como cliente, e uma outra, a Pau Brasil, que aparece nos documentos da Receita Federal e Junta Comercial da Bahia com um endereço em Salvador, em um prédio comercial onde ninguém nunca ouviu falar da agência.
Próximo do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), Ricardo Maia, que responde processos nos órgãos de controle, disse à revista que negócios com parentes podem ser imorais, mas não ilegais. Este ano, o governo liberou para ele R$ 43 milhões de emendas impositivas e de bancada para o parlamentar, com as quais pretende eleger novos prefeitos para fortalecer aliados.
Um irmão do deputado, Zelito Maia (MDB), transferiu o domicílio eleitoral de Ribeira do Pombal, principal reduto eleitora da família, para concorrer à Prefeitura de Araci, também na região nordeste da Bahia. A transferência do domicílio, por sinal, é investigada pelo Ministério Público Eleitoral por suspeita de falsificação em um contrato de aluguel.
Em Ribeira do Pombal, o sucessor de Ricardo Maia, que foi prefeito, é Eriksson Silva (MDB), postulante à reeleição em outubro. Lá, o deputado também faz gastos de combustíveis no valor de R$ 12.700 mensais no Posto Canabrava, cujo dono, Antônio Wendel Pereira de Souza, agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), é seu cunhado e fornecedor da Prefeitura desde que o parlamentar era prefeito.
Eriksson é um dos investigados por suspeitas de desvios atribuídos à empresa Keq Construções Ltda, aberta em 2011, tendo como sócia sua esposa Aline Santos Silva. Só em 2014, o nome do prefeito aparece como procurador da Keq em transações bancárias e no depoimento de um ex-funcionário da empresa numa ação trabalhista, de acordo com a revista.
A publicação revela que a Prefeitura de Ribeira do Pombal mantém negócios suspeitos com a família de Ricardo Maia. O cunhado do parlamentar, por exemplo, é apontado como dono do posto que vende o combustível para a gestão. O sogro é apontado como fornecedor de alimentos e material de limpeza. Uma prima da madrasta do deputado, Ana Paula Solposto Nogueira, é pregoeira de Ribeira do Pombal, de Tucano e de Araci.
A mulher do deputado, Lackcelma Costa, é Secretária de Saúde na gestão do amigo Eriksson Silva, que também empregou como secretária de Educação a irmã do parlamentar, Vanessa Maia, casada com o policial dono do posto Canabrava.
Além disso, segundo a revista, Ricardo Maia responde a sete ações na Justiça Federal de Alagoinhas por suspeita de desvios de verbas federais para educação destinadas a Ribeira do Pombal, quando foi prefeito. Numa delas, é acusado de usar cerca de RF 11,5 milhões do Fundeb, do Ministério da Educação, para pagar honorários a um escritório de advocacia de Salvador que atuou num rumoroso caso de R$ 72 milhões em precatórios que o governo federal, por força de decisão judicial, repassou ao município e que deveriam ter sido usados integralmente na melhoria do ensino básico.
À Isto É, o deputado negou irregularidades na questão dos precatórias e afirmou que nas despesas do mandato segue recomendações da Câmara. Disse, ainda, que a Pau Brasil prestou serviços à Prefeitura e que as relações comerciais de parentes com o município “podem ser imorais, mas não ilegais”.
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