Brasil suspende exportação de carne de aves para quatro países após caso de doença no RS
A suspensão atende um acordo bilateral entre os países, seguindo certificados sanitários internacionais. De acordo com o ministério, a proibição será válida para carnes de aves, carnes frescas de aves e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal, matéria-prima de aves para fins opterápicos, preparados de carne e produtos não tratados derivados de sangue.
No mesmo comunicado, a pasta divulgou suspensões para outras 38 nações, mas com uma abrangência menor.
Em 28 países e mais a União Europeia e a União Econômica Euroasiática, a exportação de produtos foi proibida apenas de fabricantes do Rio Grande do Sul.
O ministério informou que essa interrupção envolve carne fresca, resfriada ou congelada de aves; ovos e ovoprodutos; carnes, produtos cárneos e miúdos de aves; farinha de aves, suínos e de ruminantes; cabeças e pés; gorduras de aves; embutidos cozidos, curados e salgados; produtos cárneos processados e termoprocessados; e matéria-prima e produtos para alimentação animal.
Veja quais são os países que terão a suspensão de exportação apenas de produtos do Rio Grande do Sul
- África do Sul
- Albânia
- Arábia Saudita
- Bolívia
- Cazaquistão
- Chile
- Cuba
- Egito
- Filipinas
- Geórgia
- Hong Kong
- Índia
- Jordânia
- Kosovo
- Macedônia
- Mianmar
- Montenegro
- Paraguai
- Polinésia Francesa
- Reino Unido
- República Dominicana
- Sri Lanka
- Tailândia
- Taiwan
- Ucrânia
- Uruguai
- Vanuatu
- Vietnã
O ministério também divulgou que a exportação para dez países (Canadá, Coreia do Sul, Israel, Japão, Marrocos, Maurício, Namíbia, Paquistão, Tadjiquistão e Timor Leste) será suspensa de empresas que estejam em um raio de 50 km do foco da doença.
De acordo com a pasta, a lista é revisada diariamente e as ações estão sendo tomadas para erradicar o foco. Mais cedo, o ministério havia declarado estado de emergência zoossanitária no Rio Grande do Sul.
O QUE É A DOENÇA DE NEWCASTLE
A doença de Newcastle (DNC) é uma enfermidade viral que atinge aves domésticas e silvestres, provocando sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça nos animais. É comum que os animais apresentarem andar cambaleante e consumirem menos água e alimentos.
O caso foi registrado num estabelecimento de avicultura comercial em Anta Gorda (a 186 quilômetros de Porto Alegre), que foi interditado e proibido de movimentar as aves.
A portaria do ministério terá validade de 90 dias e prevê um pacote de medidas para erradicar o foco, que incluem a eliminação e destruição das aves, a desinfecção do local em que houve confirmação da doença, uma investigação num raio de dez quilômetros da granja e a adoção de barreiras sanitárias.
Nesta quinta-feira (18), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que não há nenhum vestígio de outros animais doentes na granja ou na região de Anta Gorda e que os países compradores de carnes de aves do Brasil estão sendo comunicados sobre o foco registrado.
“Hoje o Brasil representa quase 40% da carne de frango consumida no mundo e cada país tem um protocolo. Tem país que regionaliza no raio de 50 quilômetros, de 10 quilômetros, que fecha o estado ou que fecha o país”, afirmou o ministro ao chegar a Porto Alegre, onde já tinha agenda prevista.
Segundo o ministério, o Rio Grande do Sul é o terceiro estado com mais exportações de carne de frango neste ano, com 354 mil toneladas, que geraram US$ 630 milhões. A China, que teve suspensão total, é o terceiro maior mercado, com 32 mil toneladas. Emirados Árabes Unidos (48 mil toneladas) e Arábia Saudita (39 mil toneladas) estão na frente.
HÁ RISCO NO CONSUMO?
Fávaro disse que não há risco para os consumidores. “Esta não é uma zoonose transmissível, então não precisa ter nenhum receio de continuar consumindo carne de frango, ovos, nada disso.”
A doença é causada pela infecção de um vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1, virulento em aves de produção comercial. Como ataca o sistema respiratório, pode chegar a ser confundida com gripe aviária. Em humanos, pode causar conjuntivite transitória, segundo uma ficha técnica do ministério.
No ano passado, o registro de casos silvestres de gripe aviária no país também gerou decreto de emergência zoossanitária, como foi o caso do Paraná, por exemplo.
De acordo com o ministério, a confirmação foi informada às 16h de quarta-feira (17) pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, referência internacional para o diagnóstico da doença de Newcastle.
A confirmação da doença provocou queda nas ações de empresas do setor e gerou manifestações de entidades ligadas à avicultura.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e a Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura) informaram que estão acompanhando e dando suporte às ações do ministério e da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul à amostra positiva para a doença na granja.
“As autoridades federais e do estado agiram rapidamente na identificação do caso com interdição da granja, garantindo que não houvesse saída de aves. Os protocolos oficiais estabelecidos para a mitigação da situação pontual foram acionados e o entorno segue monitorado”, informaram as associações em comunicado conjunto.
O Rio Grande do Sul iniciou nesta quinta um plano de ação para conter o foco da doença, por meio da Secretaria da Agricultura.
Além da investigação num raio de dez quilômetros do foco da doença, foi traçado um outro perímetro de vigilância, num raio de três quilômetros.
Nesse raio menor, há 75 propriedades rurais sendo inspecionadas. No maior, há outras 801. A secretaria prevê barreiras de desinfecção e bloqueio, além de desvios, nesse perímetro de três quilômetros. As barreiras terão apoio da Brigada Militar.
Os últimos registros da doença no país ocorreram há 18 anos, também no Rio Grande do Sul e em outros dois estados —Amazonas e Mato Grosso— e fizeram com que países suspendessem as importações de aves vivas do Brasil à época.
Naquele ano, 17 casos foram detectados em aves de uma pequena propriedade rural de Vale Real (a 90 quilômetros de Porto Alegre), que não atendia frigoríficos nem integrava a cadeia produtiva da indústria.
Antes dos casos registrados em 2006, o Brasil tinha confirmado casos da doença de Newcastle em abril de 2001, depois de ela ter existido no país por mais de cinco décadas.
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