Petro vai na contramão de Lula e diz ter ‘graves dúvidas’ sobre vitória de Maduro na Venezuelaa
“Convido o governo venezuelano a permitir que as eleições terminem em paz, permitindo um escrutínio transparente com a contagem de votos, atas e com observação de todas as forças políticas de seu país, além da observação internacional profissional”, escreveu o Petro na plataforma X.
A declaração destoa da feita por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na véspera. Em entrevista a um canal afiliado à TV Globo na manhã desta terça, o presidente brasileiro disse não ver nada de anormal em relação à contestada reeleição de Maduro e descreveu a situação como “um processo” em curso.
Na madrugada de segunda, o CNE afirmou que, com 80% das urnas apuradas, Maduro teria obtido 51,2% votos, enquanto González teria apoio de 44,2% —diferença que tornaria a vitória do líder irreversível, segundo o regime.
O resultado divulgado pelo órgão motivou protestos, e milhares de opositores saíram às ruas do país para reivindicar a vitória do opositor Edmundo González Urrutia.
“As graves dúvidas que cercam o processo eleitoral venezuelano podem levar seu povo a uma profunda polarização violenta, com consequências graves”, afirmou Petro, que até agora havia evitado se pronunciar diretamente sobre as eleições.
Na terça (30), Petro discutiu a situação da Venezuela a portas fechadas em um conselho de ministros. Nesse dia, o chanceler colombiano Gilberto Murillo insistiu que as autoridades do país divulgassem as atas do pleito que teriam dado a vitória a Maduro.
Às denúncias de fraude da oposição se somam pedidos de vários países, como Estados Unidos e Brasil, para que seja feita uma recontagem transparente dos votos.
O governo da Colômbia é um dos principais aliados do regime venezuelano na América Latina. Petro, o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, pediu “um acordo entre governo e oposição que permita o máximo respeito à força que perdeu as eleições”.
O presidente colombiano também pediu ao governo dos EUA que pare com as sanções econômicas contra a Venezuela, pois as considera uma “medida desumana que só traz mais fome e mais violência”.
Também nesta quarta, os ministros das Relações Exteriores do G7, grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo, pediram em nota a divulgação, por parte da Venezuela, de “resultados eleitorais detalhados com total transparência”. Assinam o documento Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
O governo Lula, historicamente aliado do regime chavista, demorou a reconhecer a vitória de Maduro e pediu a divulgação das atas. Antes das eleições venezuelanas, o Brasil viu sua relação com o regime de venezuelano se estremecer. Depois de receber o ditador com honras de chefe de Estado em maio de 2023, o brasileiro mudou o tom no ano seguinte.
Em março, pela primeira vez, o governo brasileiro criticou o bloqueio à candidatura de Corina Yoris, escolhida pela principal força de oposição no país. Posteriormente, Lula conversou com Maduro por telefone em junho, destacando a importância de observadores internacionais no pleito, após o chavismo ter revogado um convite à União Europeia para enviar uma missão de observação eleitoral.
Nos dias que antecederam a votação, Lula reagiu à declaração de Maduro sobre a possibilidade de “um banho de sangue” em caso de derrota. Em resposta, Maduro ironizou o presidente brasileiro, sugerindo que “quem se assustou que tome um chá de camomila”.
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