| | Foto: Reprodução/Instagra |
Os
protestos contra a contestada reeleição do ditador Nicolás Maduro, que
tomaram as ruas de diversas cidades da Venezuela nesta segunda-feira
(29), deixaram ao menos seis pessoas mortas, segundo a ONG Foro Penal, e
mais de 700 detidas, de acordo com o procurador-geral do regime.
A
entidade afirma que as mortes foram registradas em seis estados e
envolvem dois menores de idade —um de 15 anos e outro de 16. A
organização, que é especializada na defesa de presos políticos, não
explicou as circunstâncias das fatalidades.
Do lado do regime, o
ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse na noite de
segunda que 23 soldados das Forças Armadas foram feridos em confronto
com manifestantes.
Houve ainda centenas de prisões, de acordo
com a ditadura. Nesta terça, o procurador-geral da Venezuela, Tarek
William Saab, anunciou que 749 pessoas foram presas e alertou que o
número pode crescer nas próximas horas. Em um comunicado à imprensa, ele
afirmou ainda que o Ministério Público avalia acusações de resistência à
autoridade e terrorismo contra os detidos.
O anúncio acontece
um dia após Saab afirmar que convocar atos para contestar os resultados
oficiais pode render prisão. “Vimos com preocupação a falta de
reconhecimento do resultado por um setor radical com um longo histórico
de chamados à violência”, afirmou ele na segunda.
Nas últimas
horas, Saab passou a publicar nas redes sociais vídeos de confrontos nas
ruas e imagens de jovens detidos. O procurador-geral foi nomeado após
sua antecessora ser derrubada em 2017 pela Assembleia Nacional
Constituinte —órgão criado para, na prática, anular os poderes da
Assembleia Nacional, que tinha maioria opositora desde 2016.
Esse
pode ser o início de mais uma longa jornada de manifestações no país,
que vive múltiplas crises há mais de uma década. Liderados por María
Corina Machado, os críticos ao regime denunciam uma fraude no pleito de
domingo (28) e afirmam que a votação deu vitória para Edmundo González,
candidato que entrou no lugar da líder opositora, inabilitada
politicamente.
“Queremos anunciar a todos os venezuelanos e
todos os democratas do mundo: já temos como provar a verdade.
Conseguimos”, disse María Corina a jornalistas nesta segunda. “A
diferença foi enorme, em todos os estados da Venezuela”.
Horas
depois, eles divulgaram o que dizem ser 73% das atas das urnas
eletrônicas. No entanto, o sistema estava instável e não era possível
visualizá-las. “São milhões de cidadãos na Venezuela e no mundo que
querem ver que o seu voto conta. As equipes técnicas em breve
restabelecerão o acesso!”, publicou Machado na rede social X.
As
manifestações foram registradas em várias regiões da capital, e a
Guarda Nacional militarizada dispersou várias delas com gás lacrimogêneo
e tiros de bala de borracha. Também foram ouvidos disparos em alguns
bairros, e dois manifestantes derrubaram um enorme painel publicitário
com o rosto de Maduro.
O interior do país também registrou
protestos. No estado de Falcón, manifestantes contrários à declaração do
CNE derrubaram uma estátua de Hugo Chávez, antecessor de Maduro morto
em 2013.
A situação tem o potencial de escalar. Maduro afirma
que os protestos fazem parte de uma tentativa de golpe de Estado “de
caráter fascista e contrarrevolucionário”, e o regime convocou para
terça “uma grande marcha em direção a Miraflores”, o palácio
presidencial, “para defender a paz”.
Enquanto isso, Machado e
González convocaram “assembleias cidadãs” em diferentes cidades, sem dar
mais detalhes. Mas o embaixador, que conseguiu angariar popularidade
prometendo diálogo e uma transição pacífica, tentou marcar distância dos
protestos. “Há muita indignação e entendemos isso, mas temos que manter
a calma, a serenidade, até alcançarmos a vitória”, afirmou à imprensa.
FolhapressFoto: Reprodução/Instagram |
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