Só quero que Lula cumpra o que me prometeu, diz CEO da Transnordestina
O presidente Lula disse publicamente que não faltaria dinheiro para a ferrovia. Por que o projeto emperrou novamente?
É preciso um decreto autorizando uma operação de R$ 3,6 bilhões com o FDNE [Fundo de Desenvolvimento do Nordeste]. Sem isso, a obra fica parada.
De quem é a culpa?
Isso [o decreto] estava parado no Ministério da Fazenda durante sete meses. Não tem cabimento o presidente da República prometer a liberação da obra e, por causa da burocracia, ela ficar parada. Lula pegou no meu braço [em visita à obra] e falou: ‘não faltarão recursos para a Transnordestina’. Eu só quero que se cumpra o que Lula me prometeu.
Que tipo de operação pendente é essa?
É um empréstimo para a Transnordestina que tem como avalista o grupo CSN. Se não pagar, dá vencimento da dívida lá na CSN.
A obra avançou muito. Foi com dinheiro de Steinbruch?
Ele já colocou R$ 4,2 bilhões, saídos do caixa da companhia, fora empréstimos. A CSN se comprometeu a colocar mais R$ 1,5 bilhão.
Mas Steinbruch deve ter renegociado dívidas para injetar dinheiro novo, não?
Ele alongou a dívida [o equivalente a R$ 1,5 bilhão] por cinco anos para finalizar a obra.
Nos projetos ferroviários de grande porte, como a Norte-Sul, o governo construiu a obra para que fosse licitada depois. Nesse projeto é o contrário. Mesmo assim, o governo terá alguma participação?
Metade desses R$ 3,6 bilhões a serem tomados com o FDNE é conversível em ações pelo governo.
A ferrovia foi modificada e um trecho foi cortado do projeto original no governo Jair Bolsonaro. No entanto, muitos investimentos já tinham sido feitos. Quanto devem receber de indenização por isso?
Cerca de R$ 4 bilhões, o equivalente a R$ 25 milhões por quilômetro já construído [em direção ao porto de Suape]. São cerca de 190 km ao todo. Mas há outras obras, até um túnel. Os valores ainda estão em discussão.
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