Deolane volta a ser presa após descumprir medidas cautelares
Advogada e influenciadora havia sido solta na segunda-feira (9) para cumprir prisão domiciliar |
Segundo a Polícia Civil, a nova prisão aconteceu “em razão do descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça para a concessão de sua prisão domiciliar”.
Deolane havia deixado a cadeia na Colônia Penal Feminina do Recife na segunda-feira (9) após o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, do TJ-PE (Tribunal de Justiça de Pernambuco), conceder prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica à empresária.
Deolane deixou a cadeia em meio a dezenas de apoiadores que estavam em frente à unidade prisional no bairro da Iputinga, zona oeste do Recife. Ela respondeu a perguntas de jornalistas no local.
Na decisão que concedeu a prisão domiciliar, o desembargador disse que Deolane “não deve se manifestar em redes sociais, imprensa e assemelhados”.
Deolane fez críticas à prisão inicial ao deixar o presídio na segunda-feira.
“Isso é uma prisão criminosa. Abuso de autoridade do estado de Pernambuco”, disse Deolane, repetidas vezes, após sair da unidade prisional. “Não há nenhuma prova sequer, não tem uma prova contra mim. Prisão cheia de abuso de autoridade a todos por parte do delegado Paulo Gondim”, acrescentou.
A mãe dela, Solange Alves, teve pedido de liberdade negado pelo magistrado e segue presa na Colônia Penal. Ao ser perguntada sobre a manutenção da prisão da mãe, Deolane afirmou que não pode comentar sobre o processo. “Fui calada pelo Tribunal de Justiça”, disse, antes de entrar em um carro que a levou após sair do presídio.
Deolane também agradeceu aos apoiadores que ficaram na frente do presídio. “Agradeço a todos, não vão se arrepender”. Dezenas de pessoas ficaram no local diariamente desde a quarta-feira (4), quando a influenciadora foi presa. A movimentação se intensificou pela manhã, após uma das irmãs de Deolane, Dayane Bezerra, anunciar por meio das redes sociais que a advogada sairia da cadeia. Quando ela saiu da prisão, o público comemorou a saída e soltou inclusive fogos de artifício.
De acordo com a decisão judicial, Deolane deveria permanecer sem contato com outros investigados e ficar em endereço residencial, inclusive nos finais de semana e feriados. Ela é investigada por suspeita de envolvimento em uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro e que teria movimentado quase R$ 3 bilhões.
Para soltar Deolane, o desembargador disse que ela é “primária, possui bons antecedentes” e que “seu trabalho é o sustento da sua família, bem como é mãe de uma criança com oito anos de idade”.
“Inclusive, esta circunstância é de extrema relevância a partir do momento em que o Supremo Tribunal Federal, em decisão histórica, concedeu habeas corpus coletivo para para determinar a substituição da prisão preventiva por domiciliar de gestantes, lactantes e mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, em todo o território nacional”, escreveu o magistrado, em referência a uma decisão de 2018 da Segunda Turma do STF.
Em mensagem escrita na prisão e divulgada em suas redes sociais no domingo (8), antes da decisão da prisão domiciliar agora revogada, Deolane havia reafirmado que que é inocente e que não há “uma prova sequer” contra ela.
“Olha eu aqui de novo, tá demorando, né?”, disse ela no início da carta, em que agradece o apoio de seus seguidores e afirma que, como “operadora do direito”, aguarda os prazos da Justiça —ela é advogada.
Deolane e a mãe foram presas na na operação Integration, deflagrada na capital pernambucana e em outros quatro estados.
A investigação foi iniciada em abril de 2023, para identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro.
Conforme o inquérito, a suposta quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias.
Um Lamborghini Urus ostentado nas redes sociais foi central para a prisão da influenciadora. O carro de luxo, comprado no segundo semestre de 2023, pertencia anteriormente à empresa Esportes da Sorte, apontada como principal agente no esquema investigado.
O Lamborghini, adquirido através de sua empresa Bezerra Publicidade e Comunicação LTDA por R$ 4 milhões, foi revendido pouco tempo depois, o que foi visto pelos investigadores como indício de lavagem de dinheiro.
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