Falas de líderes mundiais na ONU começam nesta terça com Lula e Biden
Lula chegou aos EUA no último sábado (21). No domingo (22), fez um breve discurso na Cúpula do Futuro, uma iniciativa lançada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para tentar costurar compromissos dos governos em áreas como clima, inteligência artificial e governança global.
Na ocasião, Lula defendeu a reestruturação dos principais órgãos multilaterais para que eles reflitam a importância atual do chamado Sul Global, termo não oficial usado para se referir a nações em desenvolvimento. A fala fez menção à campanha histórica da diplomacia brasileira por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O presidente antecipou, dessa forma, aquele que deve ser um dos principais temas que vai abordar no seu discurso aos líderes mundiais reunidos na Assembleia-Geral nesta terça: a reforma dos mecanismos de governança global, incluindo a ONU.
Mas Lula também chega a Nova York com seu papel de líder regional pressionado pela onda de queimadas que assola o país —o presidente, que aspira tornar o Brasil um líder na discussão das mudanças climáticas, deve usar o exemplo dos incêndios para reforçar o argumento de que é preciso agir urgentemente em medidas relacionadas ao clima.
A ideia é elencar o caso brasileiro como mais um argumento para ações defendidas há muito pelo Brasil, entre elas a de que os países desenvolvidos devem concretizar antigas promessas e direcionar mais recursos para o enfrentamento ao aquecimento global.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também se pronuncia nesta terça-feira, logo após a fala de Lula. O discurso será o seu último na ONU e também um dos finais de seu mandato —o democrata desistiu da sua candidatura à reeleição em julho, e deixará o cargo em janeiro do próximo ano, não importa quem vença as eleições presidenciais dos EUA: a vice-presidente Kamala Harris ou o ex-presidente Donald Trump.
Segundo a imprensa americana, Biden deve utilizar o discurso como uma forma de mostrar força em um momento no qual o mundo político dos EUA já o considera um “pato manco”, ou seja, um presidente de saída sem muito poder de negociação.
O democrata deve abordar na fala as guerras da Ucrânia e na Faixa de Gaza, nas quais os EUA estão indiretamente envolvidos.
Biden sofre pressão do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, para que libere de forma irrestrita o uso de armas fornecidas por Washington contra alvos em território russo —Zelenski chegou aos EUA já no domingo para apresentar aos aliados americanos o que chama de um “plano de vitória” do seu país na guerra. Segundo ele, ataques dentro da Rússia são parte crucial desse plano. O ucraniano discursa na ONU na quarta-feira (24).
O presidente americano também deve falar sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, que completa um ano no próximo dia 7. Washington, que é o aliado mais importante de Tel Aviv, atua diplomaticamente para evitar uma escalada ainda maior do conflito —quase 500 pessoas morreram em bombardeios israelenses no Líbano nesta segunda-feira (23), e o governo Binyamin Netanyahu tem falado em uma “nova fase da guerra”, mirando agora o grupo armado libanês Hezbollah. O primeiro-ministro israelense deve se dirigir à Assembleia-Geral na sexta-feira (27).
Outros líderes mundiais que vão discursar nesta terça são o presidente da Turquia, Recep Erdogan, da Colômbia, Gustavo Petro, e da Argentina, Javier Milei, neste que será sua primeira fala à ONU desde que chegou ao poder em novembro do ano passado. Também falam os líderes de El Salvador, Nayib Bukele, Irã, Masoud Pezeshkian, Chile, Gabriel Boric, e Itália, Giorgia Meloni, entre outros.
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