Israel mata outro dirigente do Hezbollah, e Líbano fala em 1 milhão de deslocados

O Exército de Israel matou neste sábado (28) Nabil Qauq, comandante da unidade de segurança do Hezbollah
O Exército de Israel matou neste sábado (28) Nabil Qauq, comandante da unidade de segurança do Hezbollah, em um ataque na periferia sul de Beirute. A morte, confirmada pela facção, é mais um golpe para a milícia libanesa dois dias após o assassinato de seu líder, Hassan Nasrallah.

Tel Aviv intensificou a ofensiva contra o Líbano na tentativa de devolver os 60 mil moradores do norte de Israel que deixaram as suas casas após o Hezbollah passar a atacar a região em solidariedade ao Hamas, em guerra com o Estado judeu na Faixa de Gaza há quase um ano.

Os bombardeios israelenses deixaram um rastro de destruição —o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou a jornalistas neste domingo que quase um milhão de pessoas, um quinto da população, poderia ter fugido das zonas de combate, e o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas disse ter lançado uma operação de emergência para fornecer alimentos aos afetados pelo conflito.

“Esse pode ser o maior deslocamento populacional na história do Líbano”, afirmou Mikati após uma reunião de emergência com seu gabinete. De acordo com o Ministério da Saúde libanês, em duas semanas, os ataques israelenses mataram mais de mil pessoas, incluindo 14 médicos mortos nos últimos dois dias, e feriram pelo menos 6.000.

O número ainda pode aumentar, dada a escalada da tensão na região.

Também neste domingo, Israel anunciou ter atacado dezenas de alvos do Hezbollah no Líbano, e duas pessoas da área de segurança afirmaram à agência de notícias Reuters que um dos bombardeios no vale do Bekaa matou Mohammad Dahrouj, combatente de outro grupo islâmico, o Jama’a Islamiya.

O Hezbollah, por sua vez, diz que continuará lutando contra Tel Aviv —a Marinha israelense afirmou que interceptou um projétil no Mar Vermelho e que outros oito caíram em áreas abertas.

Nos mega-ataques aéreos que mataram Nasrallah, na sexta (27), diversos outros líderes da facção também foram mortos, segundo Israel. Neste domingo, o Hezbollah recuperou o corpo dele do local do ataque, segundo a Reuters, e confirmou a morte de mais um deles, o comandante da frente sul, Ali Karaki.

“Nosso trabalho não acabou. Temos dias desafiadores à frente. A eliminação de Nasrallah é um passo necessário para mudar o balanço de poder no Oriente Médio”, disse o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, após desembarcar de viagem aos Estados Unidos para falar na Assembleia-Geral da ONU.

O cenário faz as perspectivas de um conflito mais amplo aumentarem —Israel mobilizou brigadas de reservistas e diz estar pronto para todas as opções, incluindo uma operação terrestre; já o Hezbollah afirma que cessará o fogo apenas quando a ofensiva de Tel Aviv em Gaza terminar.

Os esforços diplomáticos, por sua vez, vêm tendo pouco progresso, embora o ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary, tenha dito durante uma reunião de gabinete neste domingo que os esforços por uma trégua ainda estavam em andamento.

No Irã, que ajudou a criar o Hezbollah no início dos anos 1980, figuras de alto escalão lamentaram a morte de Abbas Nilforoushan, um membro sênior da Guarda Revolucionária iraniana, na explosão que matou também Nasrallah. O chanceler Abbas Araghchi disse em um comunicado que seu assassinato “não ficará sem resposta”.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, foi transferido para um local seguro após a morte de Nasrallah, disseram fontes à Reuters.

Folhapress

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