Milei envia carta a Lula e afirma que irá à cúpula do G20 no Rio

Os presidentes Javier Milei e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm data para invariavelmente se encontrar: a cúpula do G20 no Rio de Janeiro em novembro. O líder argentino enviou uma carta ao brasileiro confirmando sua participação no evento sediado pelo Brasil.

No documento, o economista ultraliberal disse que está disposto a “contribuir com a presidência brasileira para o êxito da reunião” do grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo.

O jornal local La Nacion noticiou o envio da carta, e a informação foi confirmada à reportagem por interlocutores da diplomacia brasileira.

Javier Milei e Lula, críticos um ao outro, até aqui não tiveram nenhum encontro, ainda quando dividiram espaços diplomáticos em viagens. O argentino chegou a ir ao Brasil, mas para participar de um encontro liberal e ser ovacionado em Balneário Camboriú, sem contato com a Presidência.

À época, interlocutores dos dois governos temiam que o argentino subisse o tom e prejudicasse a relação bilateral ao potencialmente criticar Lula em solo brasileiro, o que, no entanto, não ocorreu.

Em outros fóruns diplomáticos, as diplomacias argentina e brasileira batem cabeça. É o caso dos encontros do Mercosul, nos quais a posição de Buenos Aires de reiteradamente barrar debates ligados a temas como gênero e desigualdade social e de pleitear uma espécie de reforma do bloco confrontam posições de Brasília.

Milei não compareceu à reunião de chefes de Estados do bloco que foi realizada em Assunção, capital do Paraguai, neste ano. Em seu lugar, enviou sua chanceler, a economista Diana Mondino. Na ocasião, Lula disse que o argentino era quem saía perdendo por não comparecer.

Ainda sobre o Mercosul, falas recentes de Lula deram a entender que há a chance de que o difícil acordo de livre-comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE) enfim saia do papel. Os argentinos também são entusiastas do acordo.

O encontro do G20 também é oportunidade para Milei estreitar outros laços, como com os Estados Unidos, que a Casa Rosada tomou como aliado primordial, e com a China de Xi Jinping. A despeito de críticas ao regime comunista, Javier Milei sabe da dependência econômica em relação à potência asiática. Sua chanceler já foi enviada ao país de Xi.

O ultraliberal já havia criticado Lula antes de ser eleito na Argentina, ao dizer que o petista era um corrupto e comunista, e que com ele não teria diálogo. A relação bilateral Brasil-Argentina falou mais alto, e as relações se mantiveram, mas não sem farpas públicas.

Milei voltou a chamar Lula de corrupto, e o brasileiro disse esperar uma retratação, que o argentino afirmou que não viria. O embaixador brasileiro na Argentina, Julio Bitelli, chegou a ser chamado por Brasília para conversas de avaliação sobre a relação bilateral.

Em recente evento da representação diplomática brasileira em Buenos Aires para celebrar a independência do país, estiveram presentes o chefe de gabinete de Milei, Guillermo Francos, e o secretário de Turismo, Ambiente e Esporte, Daniel Scioli, que já foi embaixador no Brasil.

Mayara Paixão/Folhapress

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