Núcleo Palestina do PT critica fala de Mucio sobre veto a blindados de Israel e pede saída do ministro

O Núcleo Palestina do diretório municipal do PT (Partido dos Trabalhadores) em São Paulo elaborou uma nota em repúdio à fala do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, de que “questões ideológicas” teriam impedido uma licitação entre o governo brasileiro e Israel.

O grupo pede a saída do chefe da pasta da gestão Lula. Segundo o Núcleo Palestina, Mucio “reduz o genocídio em curso” a um “mero problema ideológico” e “fere a honra” das vítimas do confronto no Oriente Médio.

“O ministro além de causar espanto, pela crueldade das declarações, ainda fere frontalmente o seu Presidente da República que além de classificar a ação como genocídio, assinou a condenação de Israel na Corte Internacional de Justiça e não vem medindo esforços para isolar politicamente o Estado sionista”, afirma a nota.

“Para nós, esse ministro não representa o programa do governo eleito em 2022, motivo pelo qual entendemos que sua permanência no cargo não é mais viável”, diz ainda.

A frase de Mucio ocorreu em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) na terça-feira (8).

“A questão diplomática interfere na Defesa. Houve agora uma concorrência, uma licitação, venceram os judeus, o povo de Israel. Mas por questão da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar”, disse o ministro.

Ele se refere à batalha dentro do governo Lula sobre a compra do Exército de 36 obuseiros da empresa Elbit Systems, de Israel. Os opositores à aquisição argumentam que não é razoável o governo brasileiro comprar equipamentos militares de um país cuja ação militar na Faixa de Gaza é criticada pelo próprio presidente.

Eles defendem que a compra dos obuseiros, por quase R$ 1 bilhão, poderia financiar os ataques de Israel aos palestinos. A contratação está travada por decisão de Lula, aconselhado pelo assessor Celso Amorim e petistas.

No mesmo evento, Mucio também criticou a importação de potássio do Canadá. “Nós, por exemplo, importamos potássio do Canadá, quando nós temos a segunda maior reserva de potássio aqui. Mas por questão ideológica, a Constituição prevê, mas como está embaixo da terra dos índios, nós não podemos exportar, nós não podemos explorar o nosso potássio. A Defesa ficou órfã”, disse.

Mônica Bergamo, Folhapress

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