Por que Jerônimo é disparado melhor candidato do que Rui em 2026, por Raul Monteiro*

Governador Jerônimo Rodrigues discursa ao lado de Rui Costa
Um levantamento interno sobre a sucessão estadual realizado na semana passada por dois petistas interessados em analisar ‘o futuro’ mostrou que não será fácil, numa emergência, eventualmente substituir o governador Jerônimo Rodrigues pelo ministro Rui Costa (Casa Civil) como candidato ao governo em 2026. Vira e mexe, a hipótese é aventada em setores do governo e do PT ante um suposto desencanto de Jerônimo pela gestão, o que, segundo aliados, estaria repercutindo nos índices de aprovação ao governo, números que, se piorarem por ocasião da disputa, poderiam levar à proposta de troca de um pelo outro para que o PT não perca o poder no Estado.

Por essa análise, Rui seria o oposto de Jerônimo. Mais administrador do que político, enquanto foi governador não desgrudava dos dados sobre o governo, os decorava, dormia pouco, vivia cobrando os colaboradores de maneira ininterrupta, em geral de forma ríspida, e só viajava para agendas estritamente necessárias. Além disso, soube usar a comunicação em seu favor, demarcando claramente seu período em relação ao do correligionário Jaques Wagner, que o fez seu sucessor, e cunhando a marca de gestor abnegado e apressado em oposição ao antecessor, o “Correria”, com a qual a sociedade passou a identificá-lo, premiando-o, ao final, com a reeleição.

É claro que a trajetória acabou colocando Rui, entre os petistas, como uma referência de sucesso e popularidade, motivo porque, nos últimos meses, passou a ser lembrado para o caso de uma dificuldade eleitoral de Jerônimo se transformar num verdadeiro impasse para sua reeleição, em prejuízo do grupo. Mas a pesquisa que os petistas mandaram fazer em segredo desmonta a tese de que o hoje ministro pode, na eventualidade de uma necessidade emergencial, aparecer como um salvador da pátria petista. Na verdade, apesar de também ter identificado certo declínio nos índices de aprovação de Jerônimo, os números mostram um dado interessante.

É ele, o governador da Bahia, que permanece, nos dias atuais, como referência de popularidade no PT para o eleitorado baiano. Ainda que Jerônimo não possa, neste momento, bater no peio e dizer que é um exemplo de liderança popular, capaz de levar a reeleição com a mão nas costas, é ele que aparece com os melhores índices para a empreitada, se colocado ao lado do próprio Rui e dos senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD), considerados, cada um na sua seara, os caciques do governismo estadual no momento. O que significa que, se continuar assim, não haverá argumento capaz de retirá-lo da disputa em favor de Rui e muito menos dos demais.

Os petistas que fizeram a radiografia do cenário estadual e o repassaram, sob o compromisso de sigilo absoluto, para este colunista alegam que pretendiam, com o investimento, saber a posição de cada um dos quatro na fila do pão para ajudar o grupo nos arranjos para 2026. Assim como para poderem colaborar, com conhecimento de causa, com a estratégia de reeleição de Jerônimo, para quem, desde já, recomendam que passe a equilibrar as atividades externas, junto ao povo, em tese responsáveis pela simpatia com que é visto, com a aridez do gabinete. Um detalhe curioso: apesar do apelo, não houve jeito de mostrarem os números sobre ACM Neto.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*

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