Tarcísio, Caiado, Pacheco, Barroso, Toffoli, Juscelino, Gonet, Péricles, Palmeira: a farra de homenagens de Natal na Assembleia
A “farra” de homenagens aprovadas vai beneficiar, por exemplo, dois governadores: o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que receberão a Comenda Dois de Julho, maior honraria da Assembleia – os projetos são dos deputados Robinho (União) e de Sandro Régis (União), respectivamente. A mesma honraria será entregue ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), graças a projeto do deputado Angelo Coronel Filho, que é do mesmo partido.
Tem um monte de gente importante na República que vai receber o título de cidadão baiano, começando por dois ministros do governo Lula e dois do Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros das Comunicações, Juscelino Filho (União), e do Turismo, Celso Sabino (União), serão agraciados por iniciativa do deputado Marcinho Oliveira (União) – o primeiro foi indiciado em julho pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção e organização criminosa.
Do STF, a honraria vai ser entregue a Luís Roberto Barroso e a Dias Toffoli, por meio de projetos apresentados por Angelo Coronel Filho e pelo deputado Niltinho (PP). O procurador-geral de Justiça do Brasil, Paulo Gonet, é outro que vai ganhar cidadania na boa terra graças ao projeto de resolução do deputado Alex da Piatã (PSD), também aprovado em plenário.
A relação dos novos baianos inclui ainda autoridades federais de menor envergadura, como o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Fábio Pessoal da Silva Nunes, homenagem proposta pelo deputado Zó do Sertão (PCdoB).
A cidadania também vai chegar a personalidades de fora da política. Líder do governo na Assembleia, o deputado Rosemberg Pinto (PT) assegurou a honraria para o ator Marcos Palmeira. Já o deputado Luciano Simões Filho (MDB), que gosta de pagode, aprovou o projeto que concede o título ao cantor Péricles. O deputado Marcelinho Veiga (União) foi mais modesto e preferiu homenagear Cristiana Gutierrez, presidente da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador.
De esposa para marido
Há diversos outros nomes na lista dos homenageados para a entrega da cidadania ou da Comenda Dois de Julho, a exemplo ex-presidente da Embasa Leonardo Góes, que vai assumir uma diretoria na Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA); a jornalista Wanda Chase; o desembargador federal Carlos Pires Brandão; o secretário estadual do Meio Ambiente, Eduardo Sodré (enteado do senador Jaques Wagner, do PT) e o ex-prefeito de Juazeiro Joseph Bandeira (PSB).
Também figuram na lista de homenageados, para citar mais alguns, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o presidente do Avante na Bahia, Ronaldo Carletto, o deputado estadual Felipe Duarte (PP) e o ex-deputado estadual Heraldo Rocha (União). Houve, ainda, a aprovação de uma comenda póstuma para Sérgio Freire Carvalho Tourinho, fundador Hospital Aliança.
Uma curiosidade marcou a tramitação projeto da Comenda Dois de Julho para o prefeito de Alagoinhas, Joaquim Neto (PSD). A proposta havia sido originalmente apresentada pela esposa do parlamentar, a deputada Ludmilla Fiscina (PV), mas a Mesa Diretora da Assembleia decidiu mudar o autor para tentar dar um caráter de seriedade à honraria, como revelou a coluna Radar do Poder. Com isso, quem assinou o texto foi Alex da Piatã, só que Ludmilla acabou sendo a relatora em plenário.
Ironia de AdolfoA “farra” dos títulos e das comendas chegou a ser ironizada, em plenário, pelo próprio presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD), na sessão da última terça. “Vamos ter que esticar o ano e duplicar os dias para entregar tanta honraria. E cada uma tem custos para a Casa”, disse.
Quase todos os projetos de resolução foram aprovados por unanimidade. Uma das exceções foi para a Comenda Dois de Julho a Tarcísio de Freitas, que teve os votos contrários dos deputados Hilton Coelho (PSOL), Marcelino Galo (PT), José Raimundo (PT) e Robinson Almeida (PCdoB).Para tentar moralizar a aprovação das honrarias, a Assembleia modificou, este ano, o rito de tramitação dos projetos. Agora, antes de seguir para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, as propostas passam antes pelo crivo da Mesa Diretora, o que aparentemente não mudou muita coisa.
Há duas semanas, inclusive, o colegiado rejeitou a entrega do título de cidadão baiano ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), proposta de autoria do deputado bolsonarista Diego Castro (PL).
Oficialmente, cada um dos 63 deputados tem direito a apresentar anualmente um projeto de resolução de título de um de comenda, mas a regra não é seguida à risca.
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