Formação de chapa antecipada do Governo para 2026 pode “entrar água”, afirma Lúcio Vieira Lima

Presidente de honra do MDB da Bahia, o ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima, avaliou como precipitadas as discussões em torno da formação da chapa majoritária de 2026.

Em reação às constantes entrevistas à imprensa em que o senador Jaques Wagner (PT) defende uma chapa puro-sangue com “três governadores”, sendo ele e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), disputando as duas vagas ao Senado e o governador Jerônimo Rodrigues (PT) à reeleição, Lúcio Vieira Lima frisou que “respeita muito a declaração de Jaques Wagner”, mas que isso “não quer dizer que ele concorde”.

Em entrevista a este Política Livre, na última semana, na sede do partido, em Salvador, Lúcio classificou como prejudicial a antecipação do debate. No cenário aventado por Wagner, o senador Angelo Coronel (PSD) seria alijado do direito de concorrer à reeleição para “ceder” a cadeira a Rui Costa. Para ele seria oferecida a cadeira de vice-governador, que está sob a cota do MDB e é ocupada por Geraldo Jr.

“A chapa é de 2026, nós estamos em 2025. Jerônimo foi anunciado quando? Antes de Jerônimo ia ser Wagner governador, depois ia ser João Leão, ia ser Otto e terminou sendo Jerônimo. Por aí a gente já tira como uma formação de chapa antecipada por ‘entrar água’. Feito ‘na boca da botija’, falando no linguajar baiano, deu no que deu, teve quatro candidatos antes de chegar a Jerônimo, imagine agora”, contextualizou.

Lúcio Vieira Lima também lembrou ter aprendido com o próprio Jaques Wagner “que política a gente faz somando, não dividindo”. E questionou: “que soma é essa com três governadores?”. Ainda de acordo com Lúcio, Jerônimo Rodrigues venceu a eleição em 2022 por uma diferença de 400 mil votos, “não foi nadando de braçada” e, sim, num somatório de esforços que inclui não apenas a força do PT como, também, o empenho dos partidos aliados.

“O que elege cargo majoritário é voto. Os votos de Jerônimo foram os votos de Rui e os votos de Wagner que apoiaram. Tanto é que Jerônimo iniciou a campanha com 3%, o máximo que dizem é 6%, com os votos de Wagner, com os votos de Rui e com os votos dos aliados. A vitória foi de 400 mil votos, não foi nadando de braçada. Foram 400 mil votos que contaram com o tempo do MDB e de todos os partidos aliançados”, disse.

Sobre a derrota acachapante de Geraldo Jr na disputa pela Prefeitura de Salvador nas eleições de outubro, motivo que na avaliação dos petistas justificaria a saída dele da cadeira de vice-governador, Lúcio Vieira Lima foi categórico ao afirmar que “a aliança não funcionou porque foi da boca para fora e não houve engajamento dos partidos”. Ele ainda alertou sobre o risco de “fazer mudanças a toda hora na chapa”, pois isso denota “uma certeza de vitória”.

“Os votos de Rui já vão ser os de Jerônimo. E os votos que Jerônimo precisa [para se reeleger] serão os votos dos outros partidos. As pessoas vão votar nele porque as lideranças dos outros partidos vão pedir. Então, tem que tomar cuidado com isso para que não repita o que aconteceu com ACM Neto, que se achava com 74% [das intenções de votos nas pesquisas]. Ficou demorando para anunciar a chapa e quando anunciou parecia aquela brincadeira de criança de ‘tira a cadeira de um e o outro senta quando um não tá’, como fizeram com José Ronaldo, Marcelo Nilo e Félix Mendonça. Todos eles eram candidatos e no final terminou a empresária Ana Coelho [candidata a vice-governadora] e Cacá, porque antes era Leão para o Senado, e mudou para Cacá”, reiterou.

Carine Andrade

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