Otto Alencar quer indicar o filho para a vaga de Antonio Honorato no TCE
Foto: Política Livre/Arquivo |
Antes, o nome cotado para cadeira era o do deputado federal licenciado e atual secretário estadual de Infraestrutura, Sérgio Brito (PSD), a quem Otto Alencar já comunicou sobre a mudança nos planos. Com isso, Sérgio retomou os contatos com lideranças ligadas a ele no interior informando que será candidato à reeleição.
Otto já recebeu o sinal verde do governador para a indicação do filho ao TCE. Os três se reuniram nesta quinta-feira (23), no Centro Administrativo da Bahia (CAB). O acordo tem o aval do senador Jaques Wagner. Entretanto, o deputado do PSD está resistente ao plano, pois não deseja se aposentar tão cedo da política e prefere concorrer à reeleição em 2026.
Entre as fontes ouvidas pelo Política Livre, uma delas, próxima de Otto, que é presidente do PSD na Bahia, afirmou que o senador, hoje com 77 anos, não será candidato à reeleição em 2030. Antes de se aposentar da política, ele quer deixar a vida do filho, que também é empresário, “arrumada”.
“Todo mundo sabe, principalmente o senador, que o deputado Otto Filho não tem nem de longe o mesmo traquejo para a política que o pai. E o senador não faz a menor questão de ter um herdeiro político de sangue ao sair de cena. Ele nunca teve essa preocupação, ou essa vaidade, ao contrário do senador Angelo Coronel (PSD)”, declarou a fonte.
Acordo com Wagner
Durante a eleição do ex-deputado estadual petista Paulo Rangel para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), em março de 2024, em vaga que pertencia à Assembleia Legislativa, Otto e Wagner fizeram um acordo de que a próxima indicação aberta para uma das cortes seria feita pelo PSD.
Antes de Rangel e no início do governo Jerônimo, a ex-primeira-dama Aline Peixoto já havia sido eleita conselheira por articulação do marido, o ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), em vaga que também pertencia à Assembleia. Otto articulou a favor da indicação, que contou ainda com uma soma de esforços do Executivo e do presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD), para convencer os parlamentares.
Desde então, e conforme entendimento firmado entre os caciques petistas e Otto, o nome da preferência do senador para a próxima cadeira era o de Sérgio Brito, que não desejava concorrer a outra eleição. O cenário, no entanto, mudou, o que pegou muitos aliados do governo de surpresa. Até porque Otto Filho, apontado como o herdeiro do espólio político do pai, tem apenas 47 anos.
Vale lembrar que há uma cadeira vaga no TCE, a do ex-conselheiro Pedro Lino, falecido em setembro do ano passado. Só que a vaga pertence aos auditores fiscais, que obtiveram uma decisão judicial para impedir que o substituto fosse escolhido livremente pelo governador, como chegou a ser cogitado.
Já no TCM, a próxima cadeira a ficar vaga por motivo de aposentadoria compulsória é a do conselheiro Mário Negromonte, que se afasta também em julho deste ano. Nesse caso, o substituto deve ser escolhido pelo governador entre um dos membros do Ministério Público de Contas.
A próxima cadeira no TCM preenchida por escolha política, pertencente à Assembleia, é a do conselheiro Francisco de Souza Andrade Netto, atual presidente da Corte, que se aposenta em agosto de 2026. Esta, no entanto, estaria reservada para Adolfo Menezes (PSD), caso ele seja afastado da presidência por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) após ser reeleito no próximo dia 3 de fevereiro, por se tratar da segunda recondução consecutiva.
Últimos “carlistas”
Antonio Honorato é o último “carlista” do TCE, ou seja, o derradeiro conselheiro ainda em atividade que foi indicado antes dos governos petistas. O “padrinho” de Honorato é o ex-governador César Borges, que o escolheu em 2000. No TCM, o único remanescente do carlismo é Francisco de Souza Andrade Netto.
O próprio Otto Alencar já foi conselheiro do TCM, indicado em 2004 no governo Paulo Souto. Em 2010, em um movimento inédito no plano nacional, deixou a Corte para retornar à política e ser ser vice na chapa à reeleição do então governador Jaques Wagner.
Os tribunais de contas são vistos como aposentadorias de luxo pelos políticos porque os cargos de conselheiro são vitalícios. Eles só deixam a cadeira aos 75 anos. Além do salário de R$ 37.589,95, os conselheiros têm direito a nomear assessores e a outras regalias, a exemplo de carro com motorista.
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