Musk chama agência de ajuda externa dos EUA de criminosa e fala em fechá-la

O bilionário Elon Musk, que integra a gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou a Usaid, agência do país para o desenvolvimento internacional, de “organização criminosa” e disse que vai fechar o órgão. “É hora de ela morrer”, afirmou, neste domingo (2).

As afirmações estão na sua rede social, o X, onde o empresário mais rico do mundo tem feito diversas publicações sobre a agência nos últimos dias.

Em uma delas, Musk comenta um vídeo no qual a agência é acusada de estar envolvida “em trabalhos sujos da CIA” e na “censura da internet”. Em outro, sem apresentar provas, o bilionário pergunta a seus 215 milhões de seguidores: “Sabiam que a Usaid, usando seus impostos, financiou pesquisas de armas biológicas, incluindo a Covid-19, que matou milhões de pessoas?”.

Musk lidera o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), que, apesar do nome, não é um departamento propriamente dito, mas uma equipe dentro do governo. A iniciativa foi desenhada para buscar maneiras de cortar gastos federais.

Os limites da atuação do Doge tornam os planos incertos. Na manhã desta segunda (3), porém, o bilionário voltou a mencionar o fechamento da agência em um evento transmitido no X —decisão que teria sido aprovada pelo presidente americano. “Eu conversei com ele em detalhes, e ele concordou que deveríamos encerrar”, afirmou. “Então, estamos encerrando.”

No domingo, Trump afirmou a jornalistas que a agência é administrada por “lunáticos radicais”. No entanto, tergiversou ao falar sobre o fechamento do órgão. “Vamos tirá-los de lá e depois tomaremos uma decisão”, disse.

Parte da equipe de mais de 10 mil pessoas da Usaid já foi afastada. A gestão Trump suspendeu dezenas de altos funcionários da agência e emitiu ordens de paralisação de trabalho que levaram à demissão de centenas de contratados. Além disso, no sábado (1º), os dois principais funcionários de segurança da agência foram colocados em licença administrativa após recusarem a membros do Doge o acesso a sistemas internos, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

A medida faz parte da política conhecida como “América Primeiro” de Trump, que ordenou um congelamento global na maior parte da ajuda externa dos EUA, impactando grupos humanitários de todo o mundo. Hospitais de campanha em campos de refugiados na Tailândia e programas de medicamentos para quem sofre de doenças como o HIV estão entre as iniciativas em risco, que incluem organizações brasileiras.

No ano fiscal de 2023, a Usaid gastou cerca de US$ 38,1 bilhões (mais de R$ 222 bilhões) em serviços de saúde, assistência a desastres e outros programas, o que representa menos de 1% do orçamento federal.

Também nesta segunda, Musk afirmou que a redução de despesas nos EUA pode levar a um corte de US$ 1 trilhão do déficit dos EUA no próximo ano, sem dizer como teria chegado ao valor. Ele ainda afirmou, sem apresentar provas, que ” profissionais em fraude estrangeira” estariam roubando grandes somas se passando por cidadãos digitais do país.

As afirmações ocorrem após o controverso acesso de Musk ao sistema do Tesouro, que envia mais de US$ 6 trilhões por ano em pagamentos em nome de agências federais e contém informações pessoais de milhões de americanos que recebem pagamentos da Previdência Social, reembolsos de impostos e outros valores do governo.

O democrata Peter Welch, membro do Comitê de Finanças do Senado, pediu explicações sobre por que Musk teve acesso ao sistema de pagamentos. “É um abuso grosseiro de poder por parte de um burocrata não eleito e mostra que o dinheiro pode comprar poder na Casa Branca de Trump”, disse Welch em um comunicado.

Folhapress

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