O que está por trás da reunião de emergência da Europa sobre a Ucrânia

Líderes europeus se reúnem nesta segunda-feira (17), de olho na aproximação entre EUA e Rússia. Europa quer participar das negociações por paz e teme pela própria segurança. 

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Paris será palco de uma reunião de emergência com líderes europeus sobre a guerra na Ucrânia nesta segunda-feira (17). No radar estão conversas entre Estados Unidos e Rússia sobre um possível acordo para pôr fim ao conflito, que completará três anos no próximo dia 24.

Contexto: A reunião foi convocada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, diante dos últimos acontecimentos envolvendo o conflito:

Na quarta-feira (12), o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que conversou com o líder russo Vladimir Putin sobre a guerra na Ucrânia.
No mesmo dia, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou que é improvável que a Ucrânia recupere todo o território que controlava em 2014, quando a Crimeia foi anexada pela Rússia.
A Ucrânia e líderes europeus passaram a desconfiar que os Estados Unidos poderiam negociar um acordo de paz com a Rússia sem a participação do governo ucraniano.
Na quinta-feira (13), Trump declarou que a Ucrânia teria "um lugar à mesa" nas negociações para o fim do conflito.
O presidente americano também chegou a anunciar um encontro entre autoridades dos Estados Unidos, Ucrânia e Rússia na Alemanha, na sexta-feira (14). No entanto, o governo ucraniano afirmou que não conversaria com os russos antes de traçar um plano com seus aliados.

Temor europeu
: Os Estados Unidos sugeriram que a Europa poderia não ter um papel ativo nas negociações para o fim da guerra na Ucrânia, o que gerou preocupações entre os líderes europeus. Além disso, há receio de que um possível acordo favoreça a Rússia.

Especialistas militares europeus alertam que concessões excessivas a Moscou, como a entrega de territórios ucranianos, colocariam a segurança do continente em risco.
Dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), também causou incômodo o fato de Trump ter ligado para Putin sem antes discutir um plano de paz com os aliados europeus.
Ao mesmo tempo, reuniões anteriores da União Europeia revelaram divergências internas sobre a formulação de um plano coeso para conter Putin e garantir a segurança da Ucrânia.
Para tentar acalmar os ânimos, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou no domingo (16) que a Europa faria parte de quaisquer "negociações reais" para o fim da guerra.
Os EUA também enviaram um questionário às autoridades europeias perguntando, entre outros pontos, quantas tropas cada país poderia disponibilizar para garantir a implementação de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.

Interesses dos EUA: Trump condicionou a ajuda dos EUA à Ucrânia em troca de direitos sobre as chamadas "terras raras".
Essas regiões ucranianas possuem minerais valiosos, essenciais para a indústria eletrônica.
Entre os recursos encontrados nessas áreas estão manganês, urânio, titânio, lítio, minérios de zircônio, além de carvão, gás e petróleo.

Inicialmente, Zelensky havia elaborado um "plano da vitória" que permitia a exploração desses minerais por aliados em solo ucraniano.

Diante da aproximação entre Trump e Putin, o presidente ucraniano demonstrou preocupação. Em entrevista à rede americana NBC, Zelensky questionou se os minerais localizados em áreas da Ucrânia atualmente ocupadas pela Rússia seriam entregues a Putin em um eventual acordo.

Zelensky afirmou ainda que a Ucrânia recusou um acordo proposto pelos Estados Unidos sobre as terras raras, já que o governo Trump não forneceu as garantias de segurança necessárias.
Autoridades dos EUA e da Rússia devem se reunir na Arábia Saudita nos próximos dias para iniciar as negociações sobre o fim da guerra.

 Europa com Zelensky

Na sexta-feira (14), antes da convocação da reunião de emergência, Macron publicou uma mensagem nas redes sociais afirmando ter conversado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Ele também mencionou os esforços de Trump.

"Se o presidente Donald Trump puder realmente convencer o presidente Putin a parar a agressão contra a Ucrânia, isso é uma ótima notícia. Então, serão os ucranianos sozinhos que poderão conduzir as discussões para uma paz sólida e duradoura. Nós os ajudaremos nesse esforço", afirmou.

Macron também afirmou que a Europa precisa fortalecer a segurança coletiva do continente, tornando-se mais autônoma.

Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou neste domingo que está pronto para enviar tropas britânicas à Ucrânia como parte de uma missão de manutenção da paz no pós-guerra.

Segundo Starmer, a presença de tropas europeias na Ucrânia será essencial para impedir novas agressões de Putin.

Nesta segunda-feira, além de Macron e Starmer, outras autoridades europeias devem participar da reunião de emergência, como:

  • Olaf Scholz, chanceler da Alemanha;
  • Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália;
  • Mark Rutte, secretário-geral da Otan. 
  • Por Redação g1

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