Presidente aposta em viagens pelo Brasil contra queda de popularidade e para fortalecer alianças

O presidente Lula (PT) durante a reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte da

O presidente Lula (PT) começou nesta quinta-feira (6) a realizar as suas prometidas viagens pelo Brasil, na tentativa de reverter a tendência de queda na aprovação do seu governo e também de olho no fortalecimento de alianças políticas.

A nova fase de viagens, retomadas após se recuperar da intervenção cirúrgica na cabeça, terá a região Nordeste como um dos focos. Anteriormente considerando como berço do PT, a região foi onde a queda na aprovação do seu governo esteve mais acentuada.

Auxiliares palacianos, no entanto, minimizam essa escolha. Afirmam que é natural o Nordeste estar mais presente no roteiro, por ser a região com o maior número de estados. E que essa situação já havia ocorrido nos dois primeiros anos do mandato.

O primeiro destino do presidente em 2025 foi a cidade do Rio de Janeiro, comandada pelo aliado Eduardo Paes (PSD). Lula participou da reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte da capital fluminense.

Nesta sexta-feira (7), o presidente vai a Paramirim (BA) para cerimônia no âmbito do programa Água para Todos. Serão feitos anúncios relacionados à segurança hídrica na Bahia, estado também governado por um aliado, o correligionário petista Jerônimo Rodrigues.

Lula havia interrompido as suas viagens pelo país após ter batido a cabeça em uma queda no banheiro da residência oficial do Palácio da Alvorada. O presidente precisou passar por uma intervenção no cérebro, em dezembro. No início deste ano, o mandatário foi liberado para voos.

O início das viagens acontece no momento em que a aprovação do governo se tornou motivo de alerta no Palácio do Planalto. A avaliação negativa do governo atingiu 37%, segundo pesquisa Quaest, e pela primeira vez ultrapassou a aprovação (31%).

A intensificação das viagens também acontece após a chegada do novo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), o publicitário Sidônio Palmeira.

O novo ministro defende a ideia de que Lula representa um “produto” forte e precisa ser colocado em evidência, inclusive em entrevistas e na publicidade do governo. O próprio Lula também defendeu em reunião ministerial, no dia 20 de janeiro, “mais rua e menos palácio”.

Por isso, a comunicação do governo planeja eventos em que haja mais contato do presidente com a população. O objetivo também é usar as imagens em recortes nas redes sociais ou mesmo fazer repercutirem essas cenas na mídia tradicional.

Além disso, Lula tem pedido mais rua para seus apoiadores e aliados, para ir para o enfrentamento das ideias com o bolsonarismo. O objetivo seria comparar os dois anos de governo com a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em jantar com a bancada do PT da Câmara, na sexta-feira (31), o mandatário falou que “acabou o paz e amor” com os bolsonaristas.

A preocupação com o Nordeste tem relação com a queda na aprovação do governo na região. A popularidade da gestão caiu de 48% para 37%, ainda segundo a Quaest.

Além da Bahia, o presidente deve ir no fim do mês ao Ceará, para anúncios na área dos transportes. O Planalto, no entanto, ressalta que o presidente deve ter viajado para todas as regiões do país até o fim de fevereiro.

Auxiliares do presidente afirmam que o roteiro de viagens também está sendo programado com base na possibilidade de entregas de obras, inaugurações ou anúncios expressivos dos ministérios. Para isso as pastas estão sendo consultadas, para apresentar um panorama para a Casa Civil.

O presidente vem repetindo que 2025 será o “ano da colheita”. A perspectiva é que as entregas sejam na área de infraestrutura, em particular ligadas ao Novo PAC ou programas específicos, como o Minha Casa Minha Vida.

As viagens também devem ser usadas pelo presidente para estreitar alianças. Lula deve ir na próxima semana ao Amapá, estado do novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil).

A confirmação da viagem foi dada pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), que disse que o presidente vai inaugurar o Instituto Federal do Amapá Tartarugalzinho e visita ao parque aeroportuário.

Uma viagem à Paraíba, estado do presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos), também está no radar, segundo interlocutores, mas ainda não consta no cronograma. Auxiliares apontam que é preciso realizar um planejamento, com o levantamento de possíveis entregas no estado.

O presidente também deve ir na próxima semana a Belém, para anúncio de obras relacionada com o fato de que a cidade vai sediar a COP30 no segundo semestre. O estado é governador pelo aliado Helder Barbalho (MDB). O mandatário também deve ir ao Rio Grande do Sul.

Auxiliares de Lula têm afirmado que o cronograma de viagens será impactado com a tendência de melhor organização da área de comunicação, que vem intensificando a contratação de novas pesquisas, trackings e monitoramento das redes. Em particular as pesquisas de tracking estavam praticamente paradas no ano passado, antes das trocas na Secom.

Renato Machado/Folhapress

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