Regra de Trump fez governo Biden ter 2º maior fluxo de expulsão de imigrantes do século
De 2020 a maio de 2023, 2,9 milhões de imigrantes foram expulsos dos Estados Unidos, 93% deles na gestão Biden. A base jurídica era a lei de poderes de emergência de saúde pública, conhecida como Título 42, que negava o direito ao pedido formal de asilo. O contexto era o da pandemia de Covid-19.
O pico foi em 2022, com mais de 1,1 milhão de expulsões sob a rubrica sanitária.
Considerando todas as vias de deportação, 2022 foi o quarto ano com mais casos no século 21. O ano com mais registros foi o de 2001, primeiro do mandato de George W. Bush, com 1,4 milhão de casos. O segundo e o terceiro ano foram 2004, com 1,3 milhão, e 2005, com 1,25 milhão.
A Folha analisou dados revisados desde 2001 dos relatórios anuais do Escritório de Estatísticas de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês). O levantamento considerou as deportações de imigrantes sem condenação criminal, regressos forçados (uma deportação mais ágil) e expulsões sob o Título 42.
Os números mostram como as diferentes formas de deportação de imigrantes em situação irregular constituem uma política que se mantém independentemente do partido no poder da Casa Branca.
Sob Bush filho predominou a política de regresso forçado, em que o imigrante autuado por agentes de fronteira é submetido a um trâmite legal mais rápido ou pode retornar voluntariamente. A partir de 2012, no primeiro governo Obama, preponderaram as deportações, em que há um processo judicial completo antes da remoção. Nesse quesito, o democrata foi quem mais deportou neste século.
As deportações foram a principal política também sob Trump. Embora em termos numéricos o contingente de deportados pelo republicano em seu primeiro governo (2017-2021) seja inferior ao período Obama, políticas como a de separar crianças imigrantes de suas famílias geraram comoção internacional.
Ao todo, foram 650 mil deportações e 307 mil regressos no governo Trump, que adotou o “Fique no México”, um programa que obrigava estrangeiros a esperar a resolução de seus processos migratórios fora do país, reativada neste mês.
Já no primeiro mandato de Obama (2009-2013), foram 879 mil deportações e 1,3 milhão de regressos. Em seu segundo governo (2013-2017), 883 mil e 415 mil, respectivamente.
Em 2020, o Título 42 foi usado para expulsar 206 mil imigrantes em situação irregular. Somada às outras políticas, 378 mil pessoas foram obrigadas a deixar o país, o maior registro de sua gestão.
No governo Biden, enquanto o quadro de expulsões chegou aos milhões, o de deportados pela via legal atingiu 24 mil, o mais baixo desde 2001, 7% a menos em relação ao registrado no último ano de Trump e 34% a menos em comparação ao último ano de Obama.
Porém, em 2024, após findarem as expulsões do Título 42, a situação se inverteu, com o total de regressos forçados superando o de deportados.
Doutor em sociologia pela Goldsmiths Universidade de Londres e pesquisador de imigração internacional e fronteiras, o professor Gustavo Dias afirma que, durante a gestão Biden, o que se viu foi uma política de controle feita nos países de origem ou trânsito.
Como exemplo, cita a exigência de visto para viajar ao México a partir de agosto de 2022 e o discurso feito na Guatemala pela vice-presidente Kamala Harris, em 2021, que desestimulou o fluxo de imigração em situação irregular. “Se você vier, será enviado de volta”, afirmou à época.
“Biden tinha a figura da Kamala, que estava percorrendo a América Latina e fazendo acordos, para fazer que chamo de externalizar fronteiras. Quando começa a corrida eleitoral, Trump volta a visitar o muro, e o próprio Biden muda o foco. Biden deportou muito mais do que o Trump, só que as deportações não ganharam essa espetacularização”, afirma Dias, que leciona na Universidade Estadual de Montes Claros, no norte de Minas.
Deportação por nacionalidade
Mexicanos, guatemaltecos e hondurenhos foram as nacionalidades com mais
expulsões sob o Título 42 e por meio de deportações. Colombianos,
venezuelanos e haitianos também figuravam entre os principais fluxos.
O Brasil foi o sétimo país em número de deportados dos EUA desde 2001, com 127,7 mil casos. O pico ocorreu em 2005, com quase 38 mil, mesmo número de venezuelanos expulsos do país em 2023.
Dias atribui esse fluxo ao cenário econômico do país no primeiro governo Lula, quando ainda não havia medidas de amplo impacto, e a migração parecia uma perspectiva atraente. Em 2005, a TV Globo exibiu a novela “América”, sobre imigrantes que tentavam cruzar a fronteira do país. À época, a emissora negou que a trama tenha estimulado fluxos de brasileiros.
O governo americano estima que ao menos 200 mil imigrantes entraram no país de maneira irregular desde o ano 2000, e mais da metade deles eram mexicanos, principal fluxo para o país, seguido de longe por nacionais de El Salvador, com 11 mil imigrantes, e Guatemala, com quase 10 mil. O total não inclui entradas de 2001 a 2004 e em 2021, por conta da pandemia.
De 2001 a 2023, o governo dos Estados Unidos concedeu residência permanente a mais de 23,7 milhões, em média cerca de um milhão por ano. O número de concessões tem caído desde o último ano do governo Obama.
Em termos de nacionalidades, países da América Latina e Ásia têm o maior número de residentes no período. A lista é liderada pelo México, com mais que o dobro de concessões que o segundo lugar, a Índia. A China aparece na sequência.
Biden é o presidente que menos concedeu residência a mexicanos nos últimos 24 anos. Ao mesmo tempo, nenhum outro presidente se aproxima da média concedida aos indianos.
Apesar da retórica agressiva contra latinos, Trump é o líder em residências permanentes para imigrantes de Cuba –em 2016, Obama foi o primeiro presidente a visitar o país desde 1928– e da República Dominicana. Já no governo Obama, a maior média anual foi para chineses.
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