Exportações de carnes são recordes e superam as de soja no ano

As exportações brasileiras da agropecuária perderam ritmo neste bimestre em relação a igual período do ano passado, quando considerados os principais itens da balança comercial. Os embarques, que somaram US$ 22 bilhões, recuaram 4%. As importações, ao atingirem US$ 5,9 bilhões, tiveram aumento de 12%.

Olhando apenas para os nove produtos cujas alíquotas de importação o governo zerou (açúcar, azeite, biscoitos, café, carnes, milho, óleo de girassol, massas alimentícias e sardinha), a diferença entre exportações e importações é grande.

As receitas com as vendas externas desses nove produtos chegaram a US$ 7,86 bilhões de janeiro a fevereiro. Os gastos com importações ficaram em US$ 202 milhões, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Entre os cereais, os produtos que mais geram despesas nas importações são trigo e arroz, que não estão nessa lista. Apesar de dependente do trigo externo para o abastecimento interno, a importação e a exportação brasileira do cereal empatam em US$ 300 milhões neste primeiro bimestre.

Já a importação de arroz, ao somar US$ 87 milhões, supera a exportação de US$ 58 milhões no mesmo período. No milho, há um ganho nas exportações, que somam US$ 1,1 bilhão, enquanto as importações ficaram em apenas US$ 40 milhões.

A balança comercial de 2025 começa com uma novidade. As exportações de carnes lideram e superam as de soja. Segundo a Secex, as carnes renderam US$ 4 bilhões neste ano, acima dos US$ 3 bilhões da soja em grão.

Esse quadro terá mudanças a partir deste mês. A colheita da safra recorde de soja avança, e as exportações ganham mais ritmo. Neste primeiro bimestre, o Brasil colocou 7,5 milhões de toneladas de soja no mercado externo. Em janeiro e fevereiro de 2024, o volume havia sido de 9,5 milhões.

A balança comercial do agronegócio brasileiro rende mais divisas no café e nas carnes neste ano, mas perde espaço na soja e no açúcar. O grande destaque é o comportamento do café. As exportações dos dois primeiros meses do ano somaram US$ 2,4 bilhões, um valor nunca registrado antes para este período do ano e 59% acima do de janeiro e fevereiro de 2024.

A alta do café ocorre devido à forte aceleração dos preços no mercado externo, provocada por redução dos estoques mundiais, devido à quebra de safra no ano passado. A soja, ao contrário do café, vem com preços médios menores do que os dos anos anteriores.

A venda externa de carne bovina aumentou para 402 mil toneladas no bimestre, com rendimento de US$ 1,91 bilhão. A suína foi a 211 mil toneladas, e a de frango atingiu 911 mil.

Entre os nove produtos com alíquota zerada pelo governo, o azeite de oliva lidera as importações. Nos dois primeiros meses do ano, os gastos com as compras externas desse produto somaram US$ 78 milhões, vindo a seguir as carnes, com US$ 63 milhões. Os demais itens têm representatividade menor na lista das compras externas.

As importações de produtos agropecuários e de insumos continuam crescendo. A entrada de fertilizante subiu para 4,69 milhões de toneladas em janeiro e fevereiro, com custos de US$ 1,45 bilhão. A de agrotóxicos foi a 121 mil toneladas no bimestre, 21% a mais do que em 2024. Os gastos com esses produtos agroquímicos subiram para US$ 681 milhões.

Mauro Zafalon/Folhapress

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