Irã pede ao setor petrolífero que se prepare para ataque dos EUA

Foto: Hamed Malekpour/Wikimedia Commons
Foto: Hamed Malekpour/Wikimedia Commons
O ministro iraniano do Petróleo, Biyan Zangané, pediu neste domingo (29) a todas as empresas e instalações do setor petrolífero do país que estejam em estado “totalmente alerta” face a um possível ataque físico ou cibernético dos Estados Unidos.

Zangané, que recentemente supervisionou a segurança de várias refinarias, ordenou que todas “as medidas administrativas, técnicas e operacionais necessárias para proteger as instalações” sejam adotadas de imediato.

As declarações do ministro iraniano foram feitas na sequência da ponderação que os Estados Unidos admitiram estar fazendo sobre a possibilidade de realizar um ataque seletivo contra o Irã que, entre opções, inclua ataques cibernéticos contra refinarias e outras instalações do setor de energia.

A avaliação dos Estados Unidos surge como represália pelos ataques, em 14 de setembro, contra duas instalações da companhia de petróleo saudita Aramco, pelas quais os EUA e a Arábia Saudita responsabilizam o Irã, embora o governo iraniano negue qualquer envolvimento.

Biyan Zangané disse ser necessário estar preparado para “enfrentar situações de emergência e minimizar qualquer dano, quer nas instalações, quer dos habitantes” da área, informou a agência oficial iraniana de notícias.

Escalada de tensão

A tensão entre o Irã e os Estados Unidos tem aumentado desde o ano passado, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o país do acordo nuclear de 2015 e impôs novamente sanções ao Irã.

O acordo de 2015, concluído após vários anos de esforços diplomáticos, prevê uma limitação do programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais contra o país.

No entanto, em maio de 2018, os Estados Unidos decidiram retirar-se unilateralmente do acordo e restabeleceram sanções punitivas contra o Irã, impedindo a recuperação econômica pretendida pelo país.

Um ano depois, em maio de 2019, e após ter aguardado sem sucesso que as outras partes do acordo – França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China e União Europeia – ajudassem o país a contornar as novas sanções norte-americanas, o Irã anunciou que ia alterar progressivamente alguns dos compromissos assumidos.

No início de julho, o governo iraniano anunciou o aumento do limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido para 4,5%, ultrapassando o máximo autorizado pelo acordo (3,67%).

O chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Yavad Zarif, garantiu, numa entrevista dada ontem (28) à estação norte-americana NBC, que os Estados Unidos “começaram uma guerra cibernética”, garantindo, sem fornecer detalhes, que instalações nucleares foram atacadas “de uma maneira muito perigosa e irresponsável, que poderia ter matado milhões de pessoas”.

*Emissora pública de televisão de Portugal

Senado acata sugestão popular que libera uso medicinal da cannabis

Divulgação/Anvisa
A liberação da maconha para uso medicinal deu um pequeno, mas importante passo na última semana no Senado. Em meio a muita polêmica, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) acatou, na quinta-feira (26), uma sugestão legislativa (SUG 6/2016) sobre uso da cannabis medicinal e do cânhamo industrial – variante da cannabis com menor concentração de tetraidrocanabinol e sem ação psicoativa relevante. A proposta vai tramitar como projeto de lei na Casa.

Uma espécie de marco regulatório para o uso medicinal dessas substâncias foi sugerido pela Rede Brasileira de Redução de Danos e Direitos Humanos (Reduc). O documento enviado pela entidade ao Senado detalhava, em 133 artigos, normas procedimentais e regulamentares sobre métodos de pesquisa, produção, registro, rotulagem, padronização, certificação, licenciamento, comercialização, circulação, tributação, publicidade, inspeção, controle e fiscalização da maconha medicinal e do cânhamo.

Apesar do voto favorável à sugestão, o relator, senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), apresentou uma nova redação à proposta, muito mais sucinta. Segundo Vieira, o texto mais enxuto tornará mais fácil contornar problemas de inconstitucionalidade e injuridicidade da redação original, principalmente sobre competências e atribuições de órgãos do Poder Executivo, que não devem ser definidas pelo Congresso.

Com a nova redação, o projeto passa a ter apenas seis artigos que tratam dos produtos, dos processos e dos serviços relacionados à maconha medicinal e ao cânhamo industrial. Um deles submete a produção, a distribuição, o transporte e a comercialização da cannabis medicinal à vigilância sanitária, com monitoramento da cadeia produtiva e do mercado.

O texto prevê ainda que normas relacionadas ao plantio, à cultura e colheita do cânhamo industrial sejam de responsabilidade de uma autoridade agrícola do estado. Também devem ser fomentados pelo Poder Público o desenvolvimento científico e tecnológico sobre medicamentos derivados da cannabis e sobre a produção do cânhamo industrial. Segundo Vieira, a proposta não libera o plantio caseiro a famílias com pacientes de doenças nas quais está provada a ação terapêutica da cannabis.

A Mesa do Senado ainda vai numerar a proposta e definir por quais comissões o texto vai passar. Se avançar no Senado, ele terá de ser enviado à Câmara dos Deputados. Se, por um lado, a sugestão com uma proposta sobre uso medicinal avançou, outra sobre uso recreativo, apreciada há duas semanas pela comissão, foi arquivada pelos senadores.
Outro lado

Autor de um projeto de lei (PL 5.158/19) que prevê a distribuição do canabidiol (CBD) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas que não contempla outras substâncias medicinais produzidas a partir da maconha, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) defendeu que o assunto não pode ser tratado apenas com emoção, mas com responsabilidade. Girão destacou que a ciência tem demonstrado que, para algumas pessoas, a maconha medicinal causa a piora da saúde. O senador também apontou vícios de inconstitucionalidade e problemas de juridicidade para votar contra a SUG 6/2016, que, de acordo com ele, já está contemplada no ordenamento jurídico brasileiro.
Apoiada por vários senadores, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), usuária de um medicamento a base de cannabis, fez um apelo emocionado para que o senador não impedisse a votação da sugestão. Segundo ela, rejeitar a proposta seria virar as costas para as famílias que precisam da maconha medicinal e estão sofrendo. A parlamentar falou da própria situação.

“Se a gente aprovar um projeto permitindo só o canabidiol, o medicamento que eu tomo vai ser proibido. Isso vai fazer com que eu perca a minha força laboral. E, poxa, alguém aqui já me viu alucinando em algum canto do Congresso? Alguém aqui já me viu falando besteira? Alguém aqui tem algum senão quanto à minha dedicação, à minha seriedade no meu trabalho?”, questionou Mara.

Por Karine Melo – Repórter da Agência Brasil Brasília

GILDÁSIO E A BICICLETA BUMBA-BOI

(AS FOTOS- Caricatura produzida pelo artista plástico Jurnier Costa; Gildásio com uma das suas bicicletas; na festa do Bonfim.)
Corria o fatídico ano de 1964, tempo em que o Brasil mergulhava nas trevas do autoritarismo militar e o prefeito Euclides Neto ousava implantar o socialismo em Ipiaú, quando chegou, por estas bandas, um sujeito chamado Gildásio Batista Santos.

Vinha de lá da beira dos mangues de Camamú, com aquele jeito de que tinha planos de ficar. E ficou.
Fincou residência na Avenida São Salvador, perto de Léo Carpina, quase defronte a casa de seu Spinola, onde hoje funciona o Bar de Valtemir, e por ali permaneceu durante 18 anos.

Exercia a profissão de ferreiro, auxiliando seu pai, Antenor Batista Santos, em uma tenda na esquina da Praça Antonio Linhares com a Rua Celso Barreto. A freguesia não era de tudo farturenta, mais dava para tirar os trocados do gasto.

De vez em quando alguém levava uma bicicleta quebrada pra ele dá um jeito. E assim Gildásio foi pegando gosto pela coisa.

A fama de consertador de bicicletas se espalhou pela cidade e quando ele percebeu , já tava envolvido, até a alma, no negócio.

O jeito foi montar uma pequena oficina, ao lado da sua casa, na Avenida.

A tarefa de consertar bikes aguçou a vontade de usá-las. Descobriu o prazer de pedalar. Percorria ruas, estradas, ia longe, até em outras cidades da região. Na maioria das vezes viajava sozinho, com seus sonhos e pensamentos.

Fazia manobras radicais, pedalava de costas, participava de competições, chamava a atenção de todos com sua Monark incrementada.

Nas pedaladas, inclinava o corpo à esquerda, num estilo todo seu. Assim de banda tirava onda.

A magrela era cheia de acessório: micro lâmpadas, três buzinas, quatro espelhos retrovisores, farol à dínamo, bagageiro enrolado com fitas plásticas. Sobre o pára-lama dianteiro uma imagem de São Jorge, de quem era devoto.

A cada dia ganhava um novo enfeite.

Em homenagem ao santo guerreiro colocou o nome de um dos seus filhos. Jorginho, como era conhecido o garoto, se tornou um grande percussionista e faleceu em acidente automobilístico.

Em dois casamentos Gildásio teve nove filhos. Com dona Iraci da Silva foram seis: Gildésio, Gilda, Jurandir, Gildádio Filho, Jorge e Lívia. Do segundo casamento, com dona Railda Pereira, vieram Antonio, Ramon e Geisa.

O mais velho desta prole: Antonio Pereira Santos, conhecido pelo apelido de Juninho, tem 22 anos e já ingressou no ensino superior, cursando a Faculdade de Engenharia Eletromecânica.

A criatividade de Gildásio rendeu à bake o apelido de “Bumba Boi”. Chamava atenção, contribuía para que seu dono ocupasse espaço no folclore ipiaúense e ganhasse fama no rol da presepada.

Com o dinheiro que faturou consertando bicicletas, Gildásio comprou um Jepp. Dirigia o veiculo com a mesma postura que pedalava a bicicleta. Paquerava de montão, curtia pra caramba.

Igual a Gildásio existem outras pessoas que adoram uma bicicleta enfeitada. Uma das fotos que ilustram este texto mostra um cidadão de Salvador com seu cobiçado objeto de desejo participando da festa da Lavagem da Igreja do Bonfim.

Tudo tem seu tempo. A juventude ficou pra traz, no passado, sendo visível apenas no retrovisor da recordação.

Hoje aos 77 anos de idade, Gildásio reside no final da Avenida Getúlio Vargas, trecho da Rua do Sapo, vizinho ao prédio do Reciclão, onde funcionou o primeiro laticínio de Ipiaú.

Está aposentado, torce pelo Flamengo e não perdeu a mania de pedalar. Três bicicletas fazem parte do seu patrimônio. Ainda se acha capaz de manobras radicais, mas a prudência recomenda que é melhor não se arriscar.

(AS FOTOS- Caricatura produzida pelo artista plástico Jurnier Costa; Gildásio com uma das suas bicicletas; na festa do Bonfim.)

Crômica de José Américo Castro

Aldo Rebelo: ‘Bolsonaro acertou ao falar da Amazônia desconhecida’

Foto: Ed Ferreira/Estadão
O presidente Jair Bolsonaro abordou corretamente em seu discurso na ONU, na semana passada, a existência de uma Amazônia desconhecida, tratada pelas ONGs como um paraíso intocável. A opinião não é de nenhum seguidor do presidente ou de um líder declarado de direita. É de Aldo Rebelo, ex-militante histórico do PCdoB que foi presidente da Câmara e ocupou os ministérios de Defesa, Esporte, Ciência e Tecnologia e articulação política nos governos do PT. Fora da vida política, ele é filiado hoje ao Solidariedade, que faz parte do Centrão no Congresso. Segundo Aldo, o ambientalismo pode carregar interesses legítimos, mas também pode ser o vetor para a interferência de países fortes sobre nações frágeis.

O sr. viu algum ponto positivo no discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU?

Sim. A abordagem da questão da Amazônia a partir de uma perspectiva que não é a das ONGs, que tratam a floresta como um santuário desantropizado. Ou seja, para essas pessoas, parece que não mora ninguém na Amazônia. E lá vive a população mais abandonada no Brasil, que são os índios e ribeirinhos, com a mais alta taxa de mortalidade e analfabetismo. Eu vi municípios sem médicos e que dependem da única instituição que esta lá presente: as Forças Armadas. O presidente abordou corretamente essa outra Amazônia praticamente desconhecida. Mas Bolsonaro assumiu uma posição muito defensiva no caso da Amazônia. Podia ser mais explicativa. Basta recorrer aos grandes intelectuais que abordaram a questão da Amazônia. Os ensaios do Euclydes da Cunha, o Josué de Castro com o livro Geografia da Fome e outros.

E os pontos negativos?

Como alguém chega na ONU e faz um discurso de defesa da soberania do seu País, mas interfere na soberania dos outros? Bolsonaro acha que ninguém pode se meter na Amazônia, mas pode se meter na Venezuela, Cuba e Argentina. É completamente incoerente. Absolutamente fora das tradições do Itamaraty, que é uma instituição que adquiriu respeito por mediar e resolver conflitos. Hoje, temos um Itamaraty especializado em criar conflitos. Onde não existe um conflito, o Itamaraty vai lá e cria. Até conflitos internos.

Como o sr. avalia as críticas externas sobre as queimadas na Amazônia? Isso interfere na soberania do Brasil?

Evidente que esse tema é um encontro de duas agendas em conflito. Uma é a preocupação com o meio ambiente no mundo inteiro, que é uma coisa legítima e verdadeira. Há problemas ambientais graves no mundo e provavelmente os mais graves não estejam nem no Brasil. Há outra questão que é o fato de a Amazônia sempre ter sido um ambiente de disputa. O Tratado de Tordesilhas não apareceu por acaso. Em 1492 as duas potências coloniais do mundo (Portugal e Espanha) já disputavam aquilo ali. Fizeram um tratado. As crônicas do século 19 registram a presença da Marinha americana no rio Amazonas.

Existe alguma aversão ao discurso ambiental nas Forças Armadas?

O ambientalismo contemporâneo é a face visível de muitos interesses. Um legítimo, de proteção do meio ambiente ameaçado pela degradação. Mas, ao mesmo tempo, como todas as bandeiras carregadas de generosidade, elas também servem a outros interesses. É como fazem com a democracia e a liberdade. Na época da União Soviética, queriam a democracia para protegê-la da ameaça totalitária, davam um golpe de Estado e colocavam um regime militar no poder. Um Videla, um Pinochet…Tudo isso em nome da democracia. A ironia da história, como diz um pensador americano, é querer o bem e produzir o mal.

O que isso tem a ver com a questão ambiental?

Na questão do meio ambiente, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore escreveu um livro chamado Terra em Balanço. Ele diz que, com o fim da União da Soviética, os EUA perderam sua grande bandeira de interferência na vida das outras nações. O meio ambiente passou a ser essa bandeira, que é humanitária, generosa. A luta pelo meio ambiente permite a interferência dos países fortes na vida e nos assuntos internos dos países mais frágeis. A esquerda, muitas vezes, embarca gratuitamente. Mas essa ameaça concreta não vem da esquerda, que se equivoca nessa agenda.

O que achou da parte do discurso do presidente Bolsonaro e do presidente Donald Trump que ataca o socialismo? Qual a estratégia por trás desse discurso?

Por parte do Trump, é o conflito com a China. A ameaça chinesa à hegemonia americana é iminente. O do presidente do Brasil se explica pela ignorância dos interesses nacionais.

Os Estados Unidos têm interesse na Amazônia?

Têm. Sempre tiveram. Aliás, foram os mais interessados. Eles consideram para efeito de política de defesa que a área de influência dos Estados Unidos se estende ao Caribe, quase na nossa fronteira. Eles criaram a 4.ª Frota. Sempre consideraram a América do Sul como área de interesse deles. Tem setores do governo que, na verdade, não separam a soberania brasileira da americana. É como se fosse uma soberania subordinada.

Estadão







Sem aval para plantio, mercado da maconha medicinal no país prevê R$ 4,7 bi por ano

Foto: Divulgação
Na recepção, moças de jalecos brancos. Nos balcões, tubos de vidro com líquidos coloridos, em alusão a um ambiente de laboratório científico. Na plateia, empresários. Nada ali lembrava a estrela da noite: a maconha. No palco, porém, uma frase entregava o objetivo do evento empresarial realizado pelo Lide Futuro em agosto, em São Paulo, e patrocinado por farmacêuticas voltadas à maconha medicinal: “Cannabusiness: um mercado bilionário”. Sem uma legislação favorável ao plantio da maconha medicinal no Brasil e mesmo diante da desaprovação do Planalto sobre a proposta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de regular o tema, há empresários otimistas e já investindo neste setor no país. A estimativa de recursos a serem movimentados vai de R$ 1,1 bilhão a R$ 4,7 bilhões por ano, segundo estudo das empresas de dados do setor New Frontier e Green Hub.

A projeção mais entusiasta, que representa um valor equivalente a 6,5% do total do faturamento da indústria farmacêutica no país em 2017 (R$ 76 bilhões), está amparada numa estimativa de que o país tenha ao menos 3,9 milhões de pacientes que poderiam ser tratados com Cannabis. Desde 2014, pouco mais de 4.000 doentes foram autorizados pela Anvisa a importar produtos feitos de canabinoides para o tratamento de patologias como epilepsia, transtornos de ansiedade, depressão e esclerose múltipla. As substâncias autorizadas são o canabidiol (CBD) e tetraidrocanabinol (THC).

A importação é um processo lento e caro. A autorização tem levado até três meses e cada paciente gasta ao menos R$ 1.200 por mês. Até agora, só um remédio foi registrado para ser vendido no país, o Mevatyl (spray), para alívio de espasmos em pacientes com esclerose múltipla. Há 40 pessoas e uma associação de pacientes de João Pessoa (Paraíba) plantando Cannabis medicinal com autorização judicial. E há centenas de outras consumindo produtos do mercado clandestino, segundo a Folha apurou em grupos de pais nas redes sociais. “O Brasil possui grande potencial de mercado, não só para aplicações médicas domésticas mas também para expandir sua exportação para países incapazes de cultivar localmente”, diz Giadha Aguirre de Carcer, fundadora e CEO da New Frontier Data.

Para o presidente da empresa canadense Verdemed, José Bacellar, o negócio farmacêutico da Cannabis já existe e funciona no Brasil. Tanto que há um remédio registrado. “O que não está resolvido é o acesso à saúde. Para isso, tem que ter plantio, extração de óleo e purificação, para que os produtos se tornem baratos e acessíveis”, afirma. A empresa resolveu arriscar e neste ano comprou um laboratório em Vargem Grande Paulista (SP) por US$ 1 milhão. Por meio dele, deve registrar remédios no Brasil assim que sair a nova regulamentação. A empresa tem produção própria de Cannabis na Colômbia, de onde devem sair por ano mil litros de óleo da planta. No Canadá, ela tem dois produtos similares, o CDB 100 (para síndromes epiléticas) e o nabiximol (para esclerose múltipla).

A meta da empresa é expandir os negócios na América Latina, com investimentos de US$ 80 milhões até 2022. Metade disso depende de como vai caminhar o Brasil na questão regulatória. “Se não tiver lei de plantio de Cannabis, não tem onde gastar”, diz Bacellar. A Entourage Phytolab, de pesquisa e produção de medicamentos desenvolvidos a partir da Cannabis, é outro caso de empresa que não esperou a regulamentação da Anvisa para fazer investimentos. Criada em 2015, em Valinhos (SP), já aportou US$ 6 milhões no desenvolvimento de tecnologias de extração e preparo de matérias-primas da Cannabis e em estudos de eficácia e toxicidade pré-clínicos (em animais).


Folha de S.Paulo

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