Insatisfação de PMs é crescente

@DR
RECIFE, PE, PORTO ALEGRE, RS, SALVADOR, BA, E CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Assim que explodiu o motim de policiais militares no Ceará, movimento seguido pelo ferimento a bala do senador Cid Gomes (PDT-CE) quando tentava invadir um quartel com uma retroescavadeira, o presidente Jair Bolsonaro virou logo personagem central do debate.Ciro Gomes, por exemplo, acusou o presidente de estar diretamente ligado à reação dos PMs amotinados contra seu irmão no quartel da cidade de Sobral. "Quem estava na linha de frente lá era um vereador do Bolsonaro", disse o ex-presidenciável do PDT.Bolsonaro contestou a fala e chamou de "fim da picada" a tentativa de ligá-lo às agitações de policiais pelo país por melhores salários e planos de carreira.

O fato é que estados governados por aliados ao presidente, eleito para o Planalto com forte apoio de PMs, não estão imunes ao elevado nível de tensionamento nos quartéis brasileiros, que ficou mais visível após o motim no Ceará, que se desenrola nas últimas semanas.No quintal de governadores alinhados com o bolsonarismo, problemas como déficit salarial, condições precárias de trabalho e não cumprimento de acordos para pagamento de promoções têm minado supostas blindagens ideológicas e deixado os gestores locais em alerta.Um dos exemplos mais claros ocorre em Santa Catarina. 

Sob a administração de Carlos Moisés, bombeiro militar e filiado ao PSL (partido pelo qual Bolsonaro se elegeu), há um clima de grande insatisfação na Polícia Militar.Os militares pedem reposição inflacionária após seis anos sem reajuste e chegaram a interromper totalmente o trânsito em uma rodovia de Florianópolis. O protesto ocorreu em 30 de janeiro, antes do início do motim no Ceará.Na tarde de quinta-feira (27), 1.500 militares ergueram um cartão vermelho que representava o voto contrário à proposta do governo catarinense. Em assembleia, eles rejeitaram por unanimidade o reajuste de 17,5% pago em quatro etapas, entre março de 2020 e setembro de 2022.

João Carlos Pawlick, presidente da Aprasc (associação de praças de Santa Catarina), afirma que o alinhamento entre o governador e Bolsonaro não afeta o posicionamento da categoria.O dirigente diz, no entanto, que esperava "reconhecimento e mais valorização", já que Carlos Moisés, por ter carreira de bombeiro militar, "sentiu na pele" as mesmas condições.Em Rondônia, estado governado pelo coronel da reserva da Polícia Militar Marcos Rocha (também do PSL), existe a perspectiva de uma operação padrão –realização do serviço seguindo os procedimentos operacionais com rigor excessivo– a partir de abril.Há uma escalada no nível de tensão. 

Os policias prometem não sair às ruas, por exemplo, caso a viatura esteja com documento vencido ou o colete à prova de balas esteja fora da validade.Mesmo tendo "um dos seus" à frente do estado, a categoria diz que tenta discutir reajustes salariais com o governo desde o ano passado, mas não obteve sucesso nem sequer na abertura de uma mesa de negociação."Quem vive de promessa é santo. Há mais de um ano que tentamos negociar, mas o governo só vem com balela, papo furado", afirma Jesuíno Boabaid, presidente da Assfapom, associação que representa os praças da polícia e dos bombeiros de Rondônia.Boabaid, que liderou um motim de policiais no estado em 2011, diz que uma possível paralisação não está descartada pela categoria.

Segundo ele, há um ressentimento de parte da categoria com Bolsonaro, que apoiou a aprovação de benefícios para as Forças Armadas: "Os militares tiveram várias regalias e nós só tivemos prejuízo".No estado de Roraima, governado por Antonio Denarium, que já anunciou saída do PSL para ingressar na Aliança pelo Brasil, sigla que o presidente quer criar, a cobrança por parte dos policiais militares também existe. A categoria reivindica melhores condições de trabalho e reposição salarial.José Vicente da Silva Filho, consultor da área de segurança pública que já estudou paralisações históricas da PM em vários estados, diz que os movimentos não guardam relação com o posicionamento político-ideológico dos governadores. 

Para ele, no fim o que decide o nível de insatisfação nos quartéis é o bolso.O pesquisador afirma que, nos últimos 20 anos, ocorreram 52 motins da PM no Brasil. "Em todas elas, o que determina o movimento é exatamente como a tropa está sendo tratada. Não importa se o governador é aliado a Bolsonaro ou não", avalia.Na contramão desse raciocínio, no Paraná a proximidade do governador Ratinho Jr. (PSD) com pautas do governo Bolsonaro tem servido para amenizar o enfrentamento entre policiais e governo. As associações de praças e oficiais praticamente descartam paralisações da Polícia Militar local. 

Para o coronel Carlos Eduardo Rodrigues Assunção, presidente da Associação dos Oficiais Policiais e Bombeiros Militares do Paraná, a questão ideológica está presente na relação com o governo estadual, mas a atenção que o governante dispensa à categoria também tem peso."A valorização ou não do profissional é significativa nesse tipo de situação. Aqui vemos certo alinhamento com o governo federal e sentimos certa consideração para com a nossa classe, o que faz com que haja uma disposição", avalia. Ele relata ainda que, no ano passado, houve uma negociação em relação à data-base do funcionalismo estadual, mas a classe entendeu que o governo fez o que pôde.

 "Nem sempre as respostas são as ideais, mas estamos acreditando que são as possíveis", diz.Entre os praças, o discurso é parecido. Há negociações em torno da carga horária e equiparação salarial com profissionais da Polícia Civil, mas, segundo a associação, não há nenhum tipo de movimentação atual contra o governo."Já tivemos momentos muito piores. Atualmente, não há clima para explosão de forma abrupta", resume o 2º sargento Orelio Fontana Neto, presidente da Associação de Praças do Paraná.Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM) tem criado um nível de proximidade maior com os policiais do que os seus antecessores.

comum o governador ir a formaturas de PMs e prestigiar eventos da corporação. Logo no início do governo, Caiado extinguiu a figura do soldado de terceira classe, que ganhava R$ 1.500, e efetivou equiparação salarial.Em parceria com o governo federal, entregou no fim do ano passado 1.400 pistolas 9 milímetros, da marca Sig Sauer, e mais de 316 mil munições aos policiais militares de Goiás. O investimento total na aquisição de 2.600 armas foi de R$ 4,3 milhões.Mesmo assim, a tropa emite sinais de insatisfação. "Estamos lutando, a partir de 2020, por reposição salarial de dois anos e data-base de cinco anos que não é paga", diz o subtenente Luis Cláudio Coelho, presidente da Assego, associação que representa subtenentes e sargentos. "As questões partidárias pouco nos interessam. 

Nós não tratamos de alinhamento de governo estadual com governo federal. Queremos saber dos anseios da tropa", afirma. No Tocantins, o governador Mauro Carlesse (DEM), que adotou neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 e agora está bastante próximo de Bolsonaro, não negocia diretamente com os policiais militares."Há policiais que foram promovidos em abril de 2019, e o estado não consegue pagar as promoções", diz Milton Neto Coutinho Lima, que preside a associação local de subtenentes e sargentos. "A nossa cobrança é grande demais. A bomba a qualquer hora pode estourar. Aqui, o governador não nos recebe."Em Minas, Romeu Zema (Novo-MG) propôs reajuste de 42% para os policiais, medida que foi alvo de críticas de outras categorias do funcionalismo.

 O estado vive uma das piores crises fiscais do país e os professores, que ainda não receberam o 13º, estão em greve.Em Mato Grosso, estado comandado por Mauro Mendes (DEM), os policiais pleiteiam reposição inflacionária, mas não há nenhuma previsão de paralisação ou outras formas de protesto.Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB), que se posiciona hoje como adversário político de Bolsonaro, anunciou em outubro um aumento salarial de 5% para as forças de segurança. A proposta ficou muito longe de atender às expectativas dos policiais.Os estados informaram, de maneira geral, que a precária situação fiscal dificulta a situação e que, na medida do possível, as negociações serão encaminhadas para que as reposições salariais sejam efetivadas. O governo de Rondônia foi procurado, mas não respondeu.

Petrobras reduz preços do diesel e da gasolina nas refinarias

@Agência Petrobras/Geraldo Falcão/Direitos Reservados
A Petrobras cortou em 5% o preço do diesel comum e em 4% o preço da gasolina nas refinarias. Os novos valores, anunciados ontem (28) pela estatal, passaram a valer hoje (29).

Os preços do diesel S500 para térmicas e do diesel marítimo caíram 5,1%. Já o diesel S10 para térmicas teve redução de 5,2% no seu valor.

A queda foi decidida em um cenário de desvalorização do petróleo no mercado mundial. Os contratos do petróleo Brent para abril estavam cotados a US$ 50,52 no fechamento do mercado ontem. Esse valor representa uma queda de 13,64% em uma semana.

O petróleo Brent é um tipo extraído principalmente do Mar do Norte e cotado na Bolsa de Valores de Londres. Ele é a referência no cálculo do valor de cerca de dois terços do petróleo mundial.

A desvalorização é influenciada pelo avanço dos casos de coronavírus pelo mundo, o que gera no mercado o receio de uma eventual desaceleração da economia mundial e, consequentemente, de uma menor demanda por combustíveis.

Por meio de suas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro destacou hoje a decisão da estatal brasileira. "Este ano, a Petrobras reduziu quatro vezes o valor dos combustíveis nas refinarias e este é o quinto anúncio. Seguimos fazendo nossa parte e trabalhando para melhorar a vida dos brasileiros", disse ele.

Preços nos postos

Apesar dos novos valores praticados nas refinarias, não há impacto imediato no preço final pago pelo consumidor nos postos de combustíveis. A variação, nesse caso, depende ainda de outros fatos como o consumo dos estoques armazenados, impostos, margens de revenda e percentual da mistura dos biocombustíveis.

Em virtude do feriado de carnaval, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) irá divulgar o novo Levantamento de Preços e de Margens de Comercialização de Combustíveis somente na próxima terça-feira (3).

Serão apresentados os resultados do período entre 23 e 29 de fevereiro, o que ainda não deverá mostrar reflexos da decisão da Petrobras.
Por Léo Rodrigues-Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
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Barreira de proteção é instalada ao redor de navio encalhado no MA

@Divulgação
Uma barreira de proteção com mais de mil metros foi colocada ao redor do navio Stellar Banner, que está encalhado a cerca de 100 quilômetros (km) da costa do Maranhão, informou hoje (29) o coordenador de atendimento a emergências ecológicas Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marcelo Amorim.

O navio, que saiu do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís, e iria para a China, encalhou com cerca de 275 mil toneladas de minério de ferro, além de quatro milhões de litros de combustível e óleo.

De acordo com Amorim, a medida faz parte de uma série de ações para evitar um desastre ambiental caso haja vazamento de óleo. Ontem (28), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) disse ter identificado durante um voo de inspeção uma mancha de óleo a 830 metros ao redor da embarcação.

"Todas as ações preventivas estão sendo planejadas e os recursos disponibilizados para que, se ocorrer um vazamento, as empresas possam dar a melhor resposta o mais rápido possível”, disse Amorim Durante coletiva para tratar das ações tomadas para evitar um vazamento de material.

O representante do Ibama disse que os 333 litros de óleo avistados são residuais e que uma vistoria constatou que os tanques da embarcação estão intactos, a casa de máquinas do navio está seca e os motores de geração de energia estão em funcionamento. Um novo voo para detectar possível novo vazamento será realizado na tarde deste sábado.

“O que foi detectado foram pouco mais de 300 litros do que chamamos de resíduos oleosos, esse material foi carregado quer seja pela chuva, quer pela água do mar e se encontra na superfície da água. É uma camada muito fina”, disse. “A melhor prática no mundo para esta situação se chama dispersão mecânica, que é quando se utiliza a própria embarcação para que o óleo se quebre em partes menores e seja mais fácil de ser naturalmente absorvido por bactérias que se alimentam do petróleo no mar”, acrescentou.

Durante a coletiva, o comandante do 4º Distrito Naval, vice-Almirante Nilton de Almeida Costa Neto disse que está em elaboração um plano para reflutuar o navio. A medida envolve, entre outras ações a retirada do óleo combustível que está nos porões da embarcação e parte do minério. Ainda não há uma data para a realização da operação, que está sendo construída em conjunto com a marinha, o Ibama a empresa Polaris, proprietária da embarcação e a Vale, que abasteceu o navio com o minério.

“A primeira carga que provavelmente vai sair é a de óleo para evitar qualquer tipo de contaminação e a parte do minério vai ser retirada conforme a necessidade para que o navio possa reflutuar, as vezes não há necessidade de se retirar todo o minério”, disse o comandante.

Duas embarcações da Marinha foram deslocadas para o local do incidente e ajudarão no levantamento de informações, entre elas sobre a densidade do banco de areia onde o Stellar está encalhado. Costa neto disse que outras quatro embarcações especializadas no atendimento a derramamento de óleo em plataformas de petróleo, chamadas de Oil Spill Recovery Vessel (OSRV), foram direcionadas para o local onde o navio está encalhado.

Elas também darão apoio de forma preventiva ao incidente. “Não vamos esperar que haja algum problema para que a gente coloque alguma situação, porque é muito longe e não teríamos como deslocar para lá e instalar barreira depois de ter começado um vazamento, tem correntes fortes”, disse o comandante. “Temos que tomar uma série de medidas para qualquer tipo de eventualidade”, acrescentou.

Um inquérito administrativo foi aberto para apurar as causas do acidente. A expectativa é que a análise das informações demore cerca de 90 dias. “Nenhum acidente desta monta se estipula uma causa de imediato. O inquérito vai levantar todos os dados técnicos e as oitivas com todos os envolvidos que tiveram algum tipo de participação no incidente”, disse.
Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Políticos da Amazônia usam vídeos para incentivar crimes ambientais e invasão de terras indígenas

Foto: Tiago Queirós/Estadão
Olhando para a câmera de vídeo e rodeado de madeireiros de Rorainópolis (RR), o senador Telmário Mota (PROS-RR) se dirige ao superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva, e vocifera: “Você vai pagar, eu vou pra cima de você”.

A declaração, de outubro, é uma reação à Operação Arquimedes, que desarticulou um esquema de extração ilegal de madeira na região amazônica. Foram apreendidos cerca de 400 contêineres no porto de Manaus, e cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em sete estados e no Distrito Federal. A PF não se manifestou sobre o ataque do senador.

Há décadas, políticos locais da região da Amazônia mantêm ligações com infratores ambientais, grileiros e invasores de terras indígenas. Com a ascensão de Jair Bolsonaro (sem partido), crítico das leis ambientais e da fiscalização feita pelo Ibama, alguns passaram a defender abertamente ações criminosas e a atacar agentes do Estado.

Levantamento da Folha mostra que, nos últimos meses, ao menos seis políticos com cargos públicos de quatro estados aparecem em vídeos apoiando ou realizando ações sem respaldo legal.

O caso mais recente é desta sexta-feira (28). Empunhando uma motosserra, o deputado estadual Jeferson Alves (PTB-RR) aparece destruindo a barreira usada para fechar a BR-174 (Manaus-Boa Vista) durante a noite, em trecho que corta a Terra Indígena (TI) Waimiri-Atroari.

A restrição de uso da estrada é feita pelos próprios indígenas desde 1997, quando o Exército, que cuidava desse controle, se retirou das duas barreiras. O objetivo é assegurar a tranquilidade das aldeias durante a noite e impedir atropelamentos da fauna. Há um ação em tramitação sobre a abertura ao tráfego nesse período na Justiça Federal.

“BANDIDOS E MALANDROS”
No Pará, o senador Zequinha Marinho (PSC) chamou de “servidores bandidos e malandros” os agentes do Ibama que atuam na fiscalização da Terra Indígena Ituna/Itatá, localizada perto de Altamira (PA).

Alvo de grileiros, é a terra indígena mais desmatada no ano passado em todo o Brasil. De 2018 a 2020, foram 112 km² desmatados (o equivalente a 71 parques Ibirapuera, em São Paulo), segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), da ONG Imazon, sediada em Belém.

Em fevereiro, Marinho gravou um novo vídeo. Desta vez, anunciava, após reunião com o Ministério Público Federal, que a fiscalização na terra indígena estava suspensa. O MPF, porém, desmentiu o senador.

No Acre, o governador Gladson Cameli (PP) foi filmado exortando moradores do município de Sena Madureira a não pagar multas ambientais emitidas pelo Imac (Instituto do Meio Ambiente do Acre) “porque quem está mandando agora sou eu”. O vídeo é de 31 de maio do ano passado.

Segundo levantamento do ISA (Instituto Socioambiental), houve em Sena Madureira 2.574 alertas de desmatamento nos meses de junho e julho, 225% a mais do que nos mesmos meses de 2018.

Para a ONG, há uma relação de causalidade entre a declaração do governador e o avanço sobre a floresta.

Ao justificar a declaração, Cameli afirmou na época que “antes, nossos produtores rurais viviam traumatizados pelos excessos cometidos nas gestões anteriores, que ultrapassavam a própria legislação.”

Em Rondônia, o deputado estadual Sargento Eyder Brasil (PSL) gravou um vídeo em que acusava o ICMBio, órgão de preservação ambiental, de desviar madeira em Espigão d’Oeste. “Esses bandidos, esses canalhas, eles só podem achar que rondoniense é tudo tobó [idiota]”, disse.

Coincidência ou não, algumas das regiões mencionadas pelos parlamentares registraram incidentes contra agentes ambientais. Em Espigão d’Oeste, um caminhão-tanque a serviço do Ibama foi queimado em julho. Em Rorainópolis, um madeireiro foi morto no início deste mês durante troca de tiros com a PM, que apoiava agentes do Ibama.

Já na terra indígena Ituna/Itatá, um antropólogo bolsonarista e ligado a Zequinha Marinho foi detido e algemado ao tentar impedir a fiscalização do Ibama, também neste mês.

Folha de S.Paulo

Nova política para o salário mínimo deve ser a primeira pauta-bomba

Foto: Gabriela Biló/Estadão
No momento em que o governo tenta fechar um acordo com o Congresso para viabilizar o Orçamento de 2020, ficou mais próximo o risco de parlamentares acionarem uma pauta-bomba com impacto direto nas contas públicas. O rastilho de pólvora que preocupa a equipe econômica leva a um dos temas mais sensíveis para o Palácio do Planalto: a política de valorização do salário mínimo.

O Estado apurou que o Congresso quer acelerar essa discussão nas próximas semanas. Fontes do governo informaram que a equipe econômica já procurou lideranças do Senado e da Câmara para “segurar” esse avanço que vem em várias frentes das duas Casas.

A principal delas se dá por meio de emendas que miram a Medida Provisória (MP) 919, que fixou o valor do salário mínimo em R$ 1.045,00 para 2020.

No Senado, um projeto de lei do senador Eduardo Braga (MDB-AM) fixa uma nova política para o mínimo. Pelo projeto, os reajustes para a preservação do poder aquisitivo do salário devem refletir a expectativa de inflação anual contida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) mais a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, apurada pelo IBGE. Há uma articulação para esse projeto ser analisado já na próxima semana na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Braga, que é líder do MDB, também é autor de uma emenda à MP 919 que estabelece uma nova política que garante aumento real do salário mínimo até 2023. A proposta assegura a reposição das perdas inflacionárias acrescida da variação positiva do PIB per capita dos 24 meses que antecedam o reajuste.

Segundo Braga, não haverá crescimento econômico sem aumento de consumo e não haverá aumento de consumo sem uma política de valorização do salário mínimo.

Há outras ideias em pauta. O presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, também apresentou um emenda à MP 919 com uma proposta de valorização que altera a correção já em 2020. O deputado disse: “Se a MP vale desde já, a mudança na política tem de valer para este ano também”, afirmou.

O deputado informou que vai discutir, na próxima semana, a possibilidade de aprovar a emenda na MP. “Não fiz o cálculo do impacto, mas sei que é importante para os trabalhadores manter uma política de aumento de salário mínimo”, disse. Ele ressaltou que o País passou muitos anos com um salário mínimo vergonhoso em torno de US$ 55 e que para elevar o valor ao patamar de hoje, “deu muito trabalho”.

“Por isso, é importante termos uma política de aumento real do salário mínimo, que é um jeito de distribuir renda no Brasil. Há mais de 40 milhões de pessoas que vivem disso”, ponderou Paulinho.

Para um integrante da equipe econômica, a discussão da política do salário mínimo não é só de custo fiscal, mas também de impacto no emprego. O diagnóstico do Ministério da Economia é que, se elevar o salário mínimo com o atual nível de desemprego, haverá dificuldade de geração de postos formais, jogando os trabalhadores na informalidade, como já tem ocorrido na Região Nordeste. Além disso, como a informalidade é menos produtiva, seria criado um fosso entre as regiões, o que poderia se aprofundar ainda mais.

A preocupação com pautas-bomba entrou no radar com o acirramento dos ânimos com o Parlamento, depois que o presidente Jair Bolsonaro disparou de seu celular um vídeo convocando apoiadores a irem às ruas para defendê-lo contra o Congresso, como revelou o Estado. O episódio ajudou a colocar a pauta do governo em suspense e ampliou as incertezas em relação à agenda econômica.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é o mais cobrado pelas lideranças partidárias da Câmara e do Senado, que o acusam de ter descumprido o acordo do Orçamento impositivo, que amplia poderes dos parlamentares na destinação dos recursos para programas e ações do governo.

A política de valorização do mínimo terminou no ano passado. Ela considerava o reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais o PIB de dois anos anteriores. Para 2020, a proposta é apenas a reposição da inflação medida pelo INPC, sem aumento real.

Estadão

‘Não vou renunciar’, afirma Bolsonaro

Foto: Reprodução/Facebook
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (27), que está sob ataque de veículos de imprensa.

Segundo ele, a motivação é à diminuição de verbas do governo para publicidade. Bolsonaro afirmou ainda que não vai renunciar ao cargo. “Não vou renunciar ao meu mandato, não vou dar dinheiro para imprensa”, disse o presidente em sua transmissão ao vivo pelo Facebook. “Eu acredito que estou fazendo um trabalho bom, na medida que eu posso. Parece que não posso mudar nada”, afirmou.

O presidente pediu ainda que o Parlamento coloque em votação Medidas Provisórias (MPs) em pauta para não caducarem.

Bolsonaro citou a MP que criava a carteira digital de estudantes e outra que dispensava empresas da obrigatoriedade de publicar balanços em jornais. Ambas perderam a validade antes de serem votadas.
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‘Meta voto onde quiser’, diz prefeito de Teixeira de Freitas a pacientes; ouça

Foto: Reprodução
Prefeito de Teixeira de Freitas, Temóteo Brito (PP) foi gravado enquanto discutia com pacientes do hospital municipal da cidade, que fica no extremo sul do estado. A gravação, de 1,49 segundos, teria sido feita na tarde de quinta-feira (27), durante visita do gestor à unidade de saúde.
O áudio que circula nas redes sociais mostra o momento em que ao menos duas pacientes questionam Temóteo sobre a falta de alguns materiais, a exemplo de luvas, no hospital. O prefeito, então, afirma que as mulheres são “fuxiqueiras e mal agradecidas”.
Ele dispara: “Você meta seu voto onde quiser”, em resposta às afirmações das pacientes, que argumentam que “quando é pra estar nas portas pedindo voto” os políticos “sabem falar”.  Ao perceber que está sendo gravado, o prefeito começa, então, a se defender.
“Vocês estão mentindo, ela falou que está faltando uma coisa que não está faltando. Eu não estou pedindo voto de vocês, não, nem voto de vocês eu quero. As enfermeiras tratam ela bem”. As mulheres, contudo, reafirmam: “Você foi agressivo com suas palavras, ainda bem que gravei tudo”.
Ouça
                     
Por: Bahia.ba

Número de mortes nas estradas federais triplica no Carnaval de 2020

Foto: Divulgação/PRF
O número de mortes decorrentes de acidentes nas estradas federais que cortam a Bahia triplicou durante o Carnaval de 2020, comparado ao mesmo período do ano passado.

Segundo os dados da Operação Carnaval realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que teve início na sexta-feira (21) e terminou na noite de quarta-feira (26), foram registradas nove mortes, enquanto no ano passado apenas três óbitos foram contabilizados.

Outro dado que teve um aumento considerável foi o de número de acidentes nas rodovias baiana e multas por alcoolemia. Durante a folia deste ano, a PRF registrou 61 acidentes, comparado a 52 do ano passado. Desse total, 26 ocorrências foram graves e 89 pessoas ficaram feridas.

Já no teste do bafômetro, foram realizados 10.330 testes, com 328 casos de pessoas que dirigiram sob efeito de bebida alcoólica.

A Polícia Rodoviária Federal notificou 73 motociclistas sem capacete, 7 motoristas foram flagrados manuseando aparelho celular e 539 pessoas sem cinto de segurança, entre passageiros e condutores.

A operação teve como foco o combate a condutas como: excesso de velocidade, embriaguez ao volante e as ultrapassagens proibidas.

Durante os seis dias da operação, foram recuperados 27 veículos e 72 pessoas foram detidas por diversos crimes, além da apreensão de 09 armas de fogo e mais 75 munições e 4 mil comprimidos de ecstasy.

Bandeira tarifária segue verde em março; conta não terá cobrança extra

@Beth Santos/Secretaria Geral PR
A Agência Nacional de Energia Elétrica ( Aneel ) informou hoje (28) que manterá no mês de março a bandeira tarifária na cor verde, sem cobrança extra na conta do consumidor. A bandeira foi a mesma aplicada em fevereiro.

De acordo com a agência, a decisão de manter a bandeira na cor verde se deve a recuperação nos níveis dos reservatórios em virtude do volume razoável de chuvas no mês de fevereiro. 

"Em fevereiro, os principais reservatórios de hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) apresentaram recuperação de níveis em razão do volume de chuvas próximo ao padrão histórico do mês. A previsão para março é de manutenção dessa condição hidrológica favorável, o que aponta para um cenário com elevada participação das hidrelétricas no atendimento à demanda de energia do SIN, reduzindo a necessidade de acionamento do parque termelétrico", informou a Aneel.

Segundo a agência, o volume de chuvas refletiu-se na redução do preço da energia no mercado de curto prazo (PLD) e dos custos relacionados ao risco hidrológico (GSF). O PLD e o GSF são as duas variáveis que determinam a cor da bandeira a ser acionada.

Criado pela Aneel , o sistema de bandeiras tarifárias sinaliza o custo real da energia gerada, possibilitando aos consumidores o bom uso da energia elétrica. O funcionamento das bandeiras tarifárias tem três cores: verde, amarela ou vermelha (nos patamares 1 e 2), que indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração.

"Os recursos pagos pelos consumidores vão para uma conta específica e depois são repassados às distribuidoras de energia para compensar o custo extra da produção de energia em períodos de seca, informou a Aneel.O acréscimo cobrado na conta pelo acionamento da bandeira amarela passou é de R$ 1,34 a cada 100 kWh consumidos. Já a bandeira vermelha patamar 1, o valor a mais cobrado é de R$ 4,16 a cada 100 kWh e no patamar 2 da bandeira o valor é de R$ 6,24 por 100 kWh consumidos. A bandeira verde não tem cobrança extra.
Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília

CFM: médicos devem esclarecer sobre prevenção e tratamento do Covid-19

@Divulgação: Jose Damasceno (iocfiocruz)
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nesta sexta-feira (28) nota onde expressa preocupação diante do risco do aumento de casos pela contaminação com o novo coronavírus. A autarquia tem participado de reuniões no Ministério da Saúde para a elaboração do plano de contingência para o atendimento de prováveis vítimas.

O ministério informou nesta sexta-feira (28) que existem 182 casos considerados suspeitos de coronavírus no Brasil. Até agora, 71 casos já foram descartados e um caso confirmado em São Paulo. Dados atualizados da Organização Mundial da Saúde apontam para 82.294 casos de coronavírus em 46 países, deste total são 1.185 novos casos. Ao todo, 2.804 pessoas morreram em virtude da doença. A China é o país com maior incidência do coronavírus, com 78.630 casos confirmados e 2.747 mortes.

Entre as preocupações expressadas pelo CFM estava a necessidade de promoção de campanha de esclarecimento sobre a doença. Em entrevista coletiva realizada nesta sexta, o Ministério da Saúde também informou que começa hoje uma campanha publicitária para reduzir o risco de transmissão do novo coronavírus. Segundo a pasta, o foco da ação será nos hábitos de higiene e nas precauções sobre contato físico entre as pessoas. O custo previsto da ação é de R$ 10 milhões e será veiculado em Internet, rádio e televisão.
Médicos

O CFM ressalta na nota que os médicos brasileiros devem ajudar no esclarecimento da população sobre a prevenção e o tratamento da doença, “ajudando a evitar o pânico na população e, se necessário, agindo rápido no encaminhamento de casos suspeitos para observação e tratamento. Esse esforço vale para atendimentos realizados tanto na rede pública quanto privada”.

Os profissionais devem comunicar às autoridades competentes sobre a necessidade de ajustes em fluxos assistenciais ou de suprimento de exames, equipamentos, insumos, medicamentos ou mesmo de profissionais nas equipes de retaguarda, em caso de falta.
Cuidados

Segundo o CFM, medidas simples devem ser incorporadas à rotina das pessoas para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas:

- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.

- Se não houver água e sabão, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.

- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não higienizadas.

- Evitar contato próximo com pessoas doentes.

- Ficar em casa quando estiver doente.

- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.

- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

No caso dos profissionais da saúde, o CFM recomenda:

- Usar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

- Na realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias (intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro etc.) deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
Informações confiáveis

O Conselho ressalta ainda que a população deve compartilhar informações de fontes confiáveis, como as disponíveis em sites do Ministério da Saúde, de Secretarias de Saúde, de entidades de médicas e de veículos da imprensa reconhecidos pela sua credibilidade.

“Não devem ser repassadas notícias falsas, mesmo aquelas aparentemente cômicas e inofensivas. Nesse momento, o acesso à informação correta impede pânico e confusão, o que ajuda a salvar vidas e proteger a saúde”, afirma o CFM. 
Por Da Agência Brasil - Brasília

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