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Ipiaú: Cronograma de Vacinação

Amanhã é mais um dia D de vacinação contra a raiva. A campanha que começou na semana passada vai até o dia 02 de outubro. Toda sexta-feira tem o Dia D de Vacinação seguindo a programação abaixo.



Boletim Covid da Secretaria de Saúde de Ipiaú de 27 de agosto confirma 10 novos casos de coronavirus


A Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 27 de agosto, temos 5.617 casos registrados como suspeitos, sendo 1.725 casos confirmados, dentre estes, são 1.666 pessoas RECUPERADAS, 28 estão em isolamento social, 06 estão internadas e 25 foram a óbito. 3.868 casos foram descartados e 24 pessoas aguardam resultado de exame. Nesse momento, temos 35 casos ativos. 
Hoje tivemos um óbito em decorrênca da covid-19. A paciente era idosa, portadora de diabetes e com doença oncológica. Ela estava internada em UTI, em Salvador. 

Obs: Dados da testagem dos profissionais e alunos das Escolas Estaduais foram contabilizados neste boletim em 03/07.

Use máscara, evite aglomeração e higienize as mãos com água e sabão sempre que puder . 

Prefeitura de Ipiaú

Caixa inicia amanhã Ciclo 2 de pagamentos do auxílio emergencial

@Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Caixa inicia nesta sexta-feira (28) o Ciclo 2 de pagamentos das parcelas do Auxílio Emergencial. Os créditos começam pelos beneficiários nascidos em janeiro. Ao todo, cerca de 4 milhões de brasileiros vão receber o benefício e já poderão movimentar os recursos por meio do aplicativo Caixa Tem. Com ele é possível pagar boletos e fazer compras na internet e nas maquininhas em mais de 1 milhão de estabelecimentos comerciais.

Neste ciclo, também foram incluídos os trabalhadores que fizeram o cadastro nas agências dos Correios entre 2 de junho e 8 de julho e aqueles que fizeram a contestação pelo site da Caixa ou pelo aplicativo App Caixa | Auxilio Emergencial de 3 de julho a 16 de agosto e foram considerados elegíveis. Outro grupo é o de beneficiários que tenham recebido a primeira parcela em meses anteriores, mas tenham tido o pagamento reavaliado em agosto. 

O calendário de pagamentos do Auxílio Emergencial é organizado em ciclos de crédito em conta Poupança Social Digital e saque em espécie. Os beneficiários recebem a parcela a que têm direito no período de acordo com o mês de nascimento. 

Aqueles que tiveram os pagamentos retidos vão receber todas as parcelas a que têm direito de uma só vez, dentro do Ciclo 2, que começa nesta sexta-feira (28) e vai até 27 de outubro. 

Já os trabalhadores que optaram por realizar o cadastro nos Correios e aqueles que contestaram vão receber a primeira parcela também nesta sexta-feira (28), dentro do Ciclo 2. As parcelas P2 e P3 serão pagas no Ciclo 3 e as parcelas P4 e P5, no Ciclo 4. 

Até o momento, já foram pagos R$ 179 bilhões para 66,9 milhões de pessoas. Foram realizados 254,2 milhões de pagamentos. O site auxilio.caixa.gov.br recebeu 1,66 bilhão de visitas e a central exclusiva 111 registra cerca de 463 milhões de ligações. 

O aplicativo Caixa|Auxílio Emergencial teve 115,4 milhões de downloads e o aplicativo Caixa Tem, para movimentação da poupança digital, ultrapassa 215 milhões de downloads.
Por Agência Brasil - Brasília

Rui entrega sistema de esgotamento sanitário de Baixa Grande, com investimento de R$ 17 milhões

Fotos: Carol Garcia/GOVBA

A população de Baixa Grande, na região do Piemonte da Chapada Diamantina, agora passa a contar com sistema de esgotamento sanitário. O governador Rui Costa esteve no município nesta quinta-feira (27), quando realizou a inauguração da estação de tratamento de esgoto que irá atender os mais de 16 mil habitantes da cidade.
Fotos: Carol Garcia/GOVBA

O Governo do Estado investiu R$ 17 milhões na obra que conta com mais de 3.100 ligações domiciliares. "É sempre importante dizer que saneamento significa saúde e cuidado com o meio ambiente. Essa obra vai absorver a demanda de esgotamento da cidade, dando mais qualidade de vida aos moradores. Além disso, fizemos uma obra de reforço do sistema de água, no valor de R$ 8 milhões, porque aqui na região existe uma escassez considerável. Todas essas ações fortalecem o objetivo do Programa Água Para Todos. Estamos cumprindo o nosso compromisso de oferecer uma vida melhor aos baianos", destacou o governador.

Para o sistema entrar em funcionamento foram implantados mais de 28 mil metros de rede coletora, 613 metros de interceptor, 2 Estações Elevatórias, 2.487 metros de linha de recalque e gravidade, estação de tratamento, 11.750 metros de ramais prediais, 1.869 unidades de ligações intradomiciliares.

O presidente da Embasa, Rogério Cedraz, explicou que a obra representa um importante investimento na saúde da população. “ Com essa obra, toda a população de Baixa Grande será atendida. As ligações estão todas prontas e agora os moradores irão realizar a ligação de suas casas à nossa rede. É um investimento na qualidade de vida e saúde dos moradores”.

Mais entregas

Durante o evento, Rui Costa também realizou a entrega simbólica da ampliação do Sistema Integrado de Abastecimento de Água (SIAA) de Itaberaba, Baixa Grande, Macajuba e Rui Barbosa.

Visita

A agenda do governador no município foi finalizada com visita à Escola Estadual Nuclear de Baixa Grande e ao Colégio Estadual José Ribeiro Pamponet.

Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia

Internet de alta velocidade vai revolucionar a pesquisa no interior da Bahia

Imagem ilustrativa
Internet em alta velocidade para beneficiar estudantes, professores e pesquisadores de toda a Bahia. Esse é o objetivo do Governo do Estado, que, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), estão implantando uma infovia para educação, pesquisa e inovação, em diversas regiões do estado, por meio do Programa Veredas Novas, que visa o atendimento em banda larga, no interior dos estados. Dois campus da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Paulo Afonso, já foram conectados neste mês de agosto com circuitos de 1 Gb/s. Os circuitos são essenciais para integrar a rede da universidade com a comunidade acadêmica mundial, o que possibilita desenvolver pesquisas científicas em prol da sociedade e mostrar para o mundo os trabalhos que são produzidos localmente.

A Secretária da Secti, Adélia Pinheiro, destaca a importância da parceria com a RNP para levar internet de qualidade aos quatro cantos da Bahia onde houver um Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT). “Os novos circuitos instalados pela RNP estão substituindo os de apenas 20 Mb/s de velocidade. Com esta ação, o campus da Uneb passa a contar com uma velocidade 50 vezes maior que a atual, aliando qualidade à redução do custo mensal de manutenção. Com este trabalho de interiorização, potencializaremos as pesquisas existentes na região, pois conectamos também em Paulo Afonso os campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e do Instituto Federal da Bahia (Ifba), além de mostrar para o Brasil e para o mundo o empenho de nossas pesquisadoras e pesquisadores”, disse ao lembrar que outras regiões do estado serão beneficiadas, como é o caso, por exemplo, do Oeste da Bahia. 

Enquanto os circuitos já entraram em produção e a Uneb realiza as últimas tratativas para o melhor aproveitamento do serviço em sua sede, o professor Bruno Leite reitera que a conexão vem para mudar para melhor a realidade da comunidade acadêmica local. “Essa banda larga possibilita e potencializa a interiorização do ensino, pesquisa e extensão, gratuita e de qualidade. Paulo Afonso, por exemplo, é um dos Campi onde o Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal oferece vagas de Mestrado Acadêmico no município e região. Além da diminuição do custo para a universidade, a conexão representa um aumento significativo na velocidade da internet, viabilizando o pleno desenvolvimento das atividades de ensino e pesquisa realizadas no departamento”, destaca.

A cooperação técnica entre Secti e RNP visa conectar em alta velocidade diversas instituições de ensino e pesquisa, universidades e institutos tecnológicos no interior do país. Para o diretor-geral da RNP, Nelson Simões, a parceria em redes de pesquisa com a Secti-BA é tradicional e, nesse momento, essencial para a interiorização e sustentação da plataforma digital para ensino e pesquisa na Bahia. “Estamos juntos, governos, universidades e parceiros privados, concretizando uma inclusão que já se traduz em benefício para milhares de alunos, professores e pesquisadores e que, em longo prazo, nos manterá integrados no território e globalmente”, finalizou Simões.

Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia

Primeira fábrica de insulina do hemisfério Sul será construída na Bahia

Foto: A Tarde
Por unanimidade, deputados aprovaram nesta quinta-feira (27), a criação da Companhia Baiana de Insulina (Bahiainsulina), que integrará a estrutura da administração pública indireta, vinculada à Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). O próximo passo é a sanção pelo governador Rui Costa, tornando concreto, após três anos de planejamento, o projeto de construção da primeira fábrica de insulina do hemisfério Sul do planeta, com um investimento estimado em R$ 200 milhões, sendo 100% subsidiada pela iniciativa privada.

De acordo com o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, a Bahiainsulina representa um importante avanço para a construção de um polo biotecnológico para o fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde no Estado da Bahia e no Brasil. “A Bahiainsulina será o braço fabril da Bahiafarma para a produção de insulina para o SUS. O equipamento será o primeiro do país a produzir insulina e, quando em funcionamento, deixará de lado a necessidade de importação. A nova companhia poderá também comercializar o excedente de sua produção no mercado privado e mercado externo. A concretização desse projeto só foi possível com a liderança do governador Rui Costa, que criou as condições adequadas para essa realidade”, afirma Vilas-Boas.

A Bahiafarma é detentora da Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) de insulina humana e tem como desafio tecnológico nacionalizar a produção deste insumo essencial. Essa PDP garante que o Ministério da Saúde adquira da Bahiafarma 50% da demanda nacional do SU
Pelo menos 12 milhões de pessoas vivem com diabetes e necessitam da substância no país. A estimativa da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBE) é de que na Bahia 203.708 pessoas tenham a doença. Na capital são 13.323.

Além dos impactos positivos na área de saúde, no caso da economia baiana, a operação representa o desenvolvimento de um novo segmento industrial, com alta tecnologia. A fábrica prevê a geração de até 300 empregos diretos e mil indiretos.

Indústria nacional

No cenário mundial, três empresas detêm cerca de 80% do mercado, o que é um risco para quem é insulinodependente, tendo em vista as práticas de dumping para eliminar a concorrência, tabelamento internacional e, sempre que possível, elevação de preço da insulina.

O preço do frasco de insulina ao SUS chegou a cair de R$ 18 para R$ 9 com o anúncio da parceria com a Indar, laboratório ucraniano que fará a transferência de tecnologia. É importante ressaltar que a Indar cumpre com todas as exigências regulatórias brasileiras e nunca ocorreu quaisquer problemas registrados com a farmacovigilância. A Bahiafarma participa ativamente dos processos de transferência de tecnologia e de consolidação da produção nacional da insulina recombinante humana e seus derivados.

Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia

Homicídios de negros cresce 11,5% em 11 anos; outros grupos caem 12,9%

Foto: Fernando Frazão
De 2008 a 2018, cresceu o número de homicídios de pessoas negras no Brasil. O número chegou em 11,5%, já o de pessoas não negras caiu 12,9%, conforme divulgou na manhã desta quitna-feira (27) o Atlas de Violência 2020, que é produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea ) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

De acordo com o Atlas, o risco de ser vítima de homicídio no Brasil é 74% maior para homens negros e 64% maior para mulheres negras do que para os demais. Ainda conforme a pesquisa, no período entre 2008 e 2018, cerca de 628 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. Homens representam 91,8% desse total. Os crimes ocorreram com mais frequência aos finais de semana.

Feminicídio

A pesquisa também apontou que, no mesmo período, uma mulher foi assassinada no Brasil a cada duas horas. O número de homicídios entre o grupo feminino aumentou em 12,4%. No mesmo período, a taxa de homicídios de mulheres negras também aumentou em 12,4% e baixou em 11,7% entre mulheres não negras. Ainda conforme a pesquisa, dos 57.956 homicídios registrados no Brasil em 2018, 75,7% deles eram de vítimas negras.

Pandemia nos cortiços de São Paulo e as mortes (in)visíveis em uma cidade que ninguém quer ver


É temerário que a pandemia do coronavírus seja utilizada para novas ações de criminalização, higienismo e interesse imobiliário

Em meio à pandemia do coronavírus, infelizmente, já era previsível que as maiores taxas de mortalidades para 100 mil habitantes pela Covid 19 se concentraria nos bairros mais pobres da região central e intermediária da cidade de São Paulo, onde há alta incidência de moradias precárias em cortiços. Os distritos do Pari, Belém, Brás e Santa Cecília têm o índice superior a 100 mortos/100 mil habitantes, enquanto que a média da cidade é 59 mortos/100 mil habitantes. Além do grave problema da desigualdade social e habitacional que atinge grande parcela da população na região central, a pandemia escancara, de forma cruel, uma alta taxa de letalidade; vale apontar que, no centro da cidade, há um grande número de pessoas em situação de rua que apresentam elevado risco de morte pela covid 19.

Por outro lado, os distritos da periferia, como Brasilândia, Sapopemba, Parelheiros e Grajaú, apresentam os maiores índices de contaminados e mortos pela pandemia, chegando a um índice cinco vezes maior, se comparado aos bairros de alto padrão.

Os cortiços na cidade de São Paulo

Embora precários, desde o final do 19 os cortiços destacam-se como a mais antiga alternativa habitacional dos trabalhadores na cidade de São Paulo. Sua exploração indevida sempre possibilitou lucros elevados aos intermediários que lucram cobrando aluguel de milhares de pessoas que se amontoam em imóveis degradados ou caindo aos pedaços; nesses espaços, há um único banheiro, tanque e chuveiro para dezenas de pessoas, cômodos insalubres e sem janelas, corredores estreitos e sufocantes.

Não há muitas informações sobre a realidade dos cortiços, mas há um importante levantamento realizado pela Fipe, em 1994, portanto, há mais de 25 anos, sobre cortiços na cidade de São Paulo que estimou a existência de 23.688 imóveis encortiçados que abrigavam 160.841 famílias, totalizando 595.110 pessoas, ou seja, 6,2% da população paulistana da época. Nessa pesquisa, foram encontradas famílias com média de 3,3 pessoas. Não há na base de dados do IBGE nem de outros institutos uma conceituação precisa dessa modalidade habitacional, impossibilitando que essa alternativa de moradia seja dimensionada nos recenseamentos.

Quando chamados para solucionar algum sério problema de saúde pública, historicamente, os órgãos públicos quase sempre transformaram os locais de moradia dos pobres e os cortiços em alvo de remoção ou expulsão.

Desde o início do século 20, sob alegação que essas moradias eram locais de propagação de surtos de doenças, a cidade de São Paulo passou por um processo de higienização e embelezamento, expulsando milhares de pessoas de moradias coletivas. São práticas higienistas recorrentes e muito conhecidas, como foi o caso da demolição dos edifícios São Vito e Mercúrio, em 2011, os quais foram estigmatizados pela imprensa como “cortiço vertical” ou “treme treme”. A demolição desses edifícios era parte do plano de reurbanização do Parque Dom Pedro II, e levou à expulsão de mais de mil famílias do local.

Outra tentativa de “modernização” por meio de práticas higienistas aconteceu a partir de 2017 – e ainda está em curso – com a implantação da Parceria Público e Privado (PPP) do Centro, em Campos Elíseos, região conhecida como “Cracolândia”. Nessa localidade, a Prefeitura agiu sem autorização legal e chegou a demolir paredes em cima dos moradores, ferindo e expulsando-os do local.

É temerário que a pandemia do coronavírus seja utilizada para novas ações de criminalização, higienismo e interesse imobiliário, ao invés de solução habitacional aos moradores de cortiços.

Apesar da incontestável precariedade, a realidade dos cortiços é pouco visível na metrópole por serem moradias unifamiliares adaptadas internamente para essa modalidade habitacional. Por trás de um pequeno portão discreto de acesso à rua, há corredores que levam a grandes cortiços que abrigam dezenas de domicílios. Ao contrário da favela, eles pouco se destacam na paisagem urbana, porque o alto adensamento e a precariedade estão invisibilizados.

Ainda que de forma pontual, as gestões municipais de Luíza Erundina (1989/1992) e Marta Suplicy (2001/2004) tiveram atendimento e construção de habitação de interesse social no próprio local do cortiço. Essas experiências apontaram que há alternativas para solucionar esse tipo de problema.

Morar nas áreas centrais

A história do centro da cidade de São Paulo está repleta de disputas entre os pobres que buscavam localização próxima do trabalho e o setor mais abastado que se enriqueceu às custas da valorização imobiliária e enobrecimento da região. A presença dos pobres no Centro sempre foi bastante conflituosa e entendida por gestores públicos e setores conservadores como fator de desvalorização imobiliária e desqualificação ambiental.

Contraditoriamente, o Centro é um território que atrai e expulsa os pobres por meio de projetos gentrificadores e higienistas, como se a retirada dos pobres da região central fosse sinônimo de prosperidade e desenvolvimento urbano. Essa perspectiva tira o foco da especulação imobiliária e da omissão do Estado, buscando construir uma ideologia preconceituosa que criminaliza a pobreza e estigmatiza os encortiçados como culpados pelos problemas de saúde pública na cidade.

A culpabilização é como uma mordaça que dificulta qualquer resistência ou forma de organização por direitos por parte dos implicados. Recentemente, com intuito de criminalizar a luta pelo direito à moradia digna dos trabalhadores de baixa renda no centro da cidade, um promotor de justiça chegou a propor a remoção de todas as ocupações da área central, sem exigir nenhuma contrapartida do Estado para efetivação do direito à moradia das famílias afetas pela ação.

Os trabalhadores de baixa renda costumam buscar moradias nas áreas centrais das cidades não apenas porque é onde se concentra a maioria dos trabalhos informais e formais, mas também para evitar grande dispêndio do salário, perda de horas no trajeto entre moradia e trabalho, além da proximidade de hospitais de tratamentos especializados e outros serviços de saúde. No entanto, devido à insuficiência da renda e por não conseguirem atender às exigências do mercado formal de locação de habitação, grande parte desses trabalhadores tem como única alternativa os cortiços.

Pesquisas acadêmicas e de órgãos públicos mostram que a moradia em cortiços possui em média cerca de 12 m² com a função de cozinha, sala e quarto, para uma composição familiar média de três pessoas.
Vale ressaltar que nos últimos anos surgiu uma nova modalidade de coabitação que combina “exploração de moradia com exploração de trabalho” que são as moradias encortiçadas, onde vivem imigrantes, destacadamente de origem boliviana; nesses locais, eles moram e trabalham em espaços restritos, submetidos a condições análogas ao trabalho escravo, especialmente no ramo de confecção.

Outra característica perversa que se destaca é a exploração da locação. Pesquisas revelaram que a locação habitacional mais cara por metro quadrado na cidade de São Paulo é a de cortiços. No mercado formal da locação habitacional, o valor mensal do aluguel corresponde a aproximadamente 0,6% do valor do imóvel, enquanto no mercado específico dos cortiços, o explorador lucra mensalmente até mais de 3% do valor do imóvel. Hoje um cômodo de 12 m² em um cortiço no Centro está em torno de R$ 900,00, correspondentemente ao valor próximo de R$ 75,00/m², enquanto, conforme o SECOVI, as locações de residências em abril de 2020, de 1 a 3 dormitórios, variavam entre os valores R$ 14,07/m² nos bairros populares e R$ 40,80/m² nos bairros de classe média alta; no Centro essa variação fica entre R$ 21,71 m² e R$ 31,59 m².

O alto comprometimento da renda familiar com as despesas dos aluguéis faz com que as famílias não tenham disponibilidade de recursos para as necessidades com Saúde e Educação. Há uma grande disparidade de situações vividas por moradores de cortiços do Centro, que pagam caro para morar mal, enquanto vê-se a existência de grande número de imóveis vazios ou abandonados aguardando valorização imobiliária. Isso expressa os interesses especulativos, isto é, a grande concentração imobiliária nas mãos de poucos proprietários, além dos casos de litígio judicial familiar.

Indignados com essas contradições, os movimentos de trabalhadores sem teto passaram a realizar de forma organizada ocupações de edifícios que não cumprem a sua função social e, que em geral, não pagam o IPTU. Diferentemente da grave situação dos cortiços, os edifícios ocupados pelos movimentos de moradia têm sido referência de inclusão social e de autogestão predial nesse momento da pandemia da Covid 19, na medida em que apresentam exemplos significativos de solidariedade de cuidados para evitar a contaminação e evitar a fome.

Isolamento social e cuidados essenciais

As características específicas dos cortiços impedem a adoção das recomendações dos especialistas da área da saúde. Com famílias de, em média, três pessoas dividindo cômodos de 12m², é impossível praticar o isolamento social necessário para se proteger da contaminação da Covid-19. Além da dificuldade imposta pelas características físicas, há dificuldade em manter o isolamento social porque uma parte do comércio e serviços públicos estão funcionando e as pessoas precisam trabalhar. Além de ineficiente por ter deixado milhões de pessoas sem acesso, a política de renda emergencial é insuficiente para que aluguel e subsistência sejam mantidos.

Com o agravamento do desemprego e da informalidade, aumentam as famílias que precisam de auxílio para moradia e alimentação e, com iniciativas públicas incipientes, a única alternativa é descumprir o isolamento. Sem espaço e sem renda, essa população fica totalmente exposta aos riscos da Covid-19.

A concentração das mortes por Covid-19 na região central está diretamente associada à precariedade da moradia. Se algum morador do cortiço se contamina, é questão de tempo para que todos os demais também se contaminem. Dado que há ausência de recursos e de estrutura para cumprir o isolamento, acessar serviços de saúde de qualidade e manter a alimentação, a possibilidade de cura é quase nula.


Benedito Roberto Barbosa – advogado do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos e da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, coordenador da Central de Movimentos Populares e doutorando e pesquisador do Laboratório de Justiça Territorial da UFABC ABC/LabJuta.

Juliana L Avanci – advogada e coordenadora do Programa Moradia Digna do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, conselheira Municipal de Habitação do Município de São Paulo e mestre em Planejamento e Gestão de Território pela UFABC.

Luiz T Kohara – membro da coordenação do Centro Gaspar Garcia de direitos Humanos, assessor do Centro de apoio e assessoria a Inciativas sociais (CAIS), colaborador da Rede BrCidades e doutor em Arquitetura e Urbanismo. Por: CartaCapitital

Covid: médico da CBF diz que protocolo do futebol pode ter mudanças

@Lucas Figeuiredo/CBF/Direitos Reservvados

O protocolo de saúde da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para realização dos campeonatos nacionais em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19) deverá sofrer novas alterações com o desenrolar das competições. Segundo o coordenador médico da entidade, Jorge Pagura, um balanço das três primeiras semanas de bola rolando será concluído após as partidas da última quarta-feira (26), que encerraram a quinta rodada da Série A.

“No protocolo, está colocado que ele pode ser modificado a qualquer momento. Então ele vai, sim, realmente sofrer modificações. A gente diz que ele é uma peça viva, é uma foto do momento. Mas ele pode ser modificado, sim, sempre para que melhoremos nosso controle, seja com evidências científicas muito bem pautadas ou até por alguma observação. Estamos avaliando diariamente tudo o que está acontecendo. E o que for necessário fazer para melhorar, nós vamos aprimorar esse protocolo quantas vezes forem necessárias”, afirma Pagura à Agência Brasil.

Os procedimentos já sofreram alterações em relação aos que antecediam os campeonatos. Após a primeira rodada das três divisões nacionais, o atraso na divulgação dos resultados dos exames do Goiás e os vários casos positivos em atletas relacionados para os jogos do fim de semana, levaram a CBF a estender os testes a todos os inscritos pelos clubes e definir novos prazos para envio dos diagnósticos: 24 horas para times mandantes, 12 horas antes da viagem no caso de visitantes. Além disso, por logística, as equipes passaram a poder optar por exames em laboratórios locais, ao invés do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, parceiro da confederação.

“Toda vez que é feito um protocolo, ele é pensado no maior número de pessoas que pode atender. À medida que as especificidades aparecem, esse protocolo pode ser adaptado”, avalia Raphael Einsfeld, médico do Esporte e coordenador do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo, à Agência Brasil.

Ele cita o caso em que quatro jogadores do Atlético-GO, que testaram positivo para o novo coronavírus, foram liberados para enfrentar o Flamengo no último dia 12. À Agência Brasil, o clube tinha informado que os atletas vinham sendo acompanhados, cumpriram a quarentena e não possuíam mais potencial de transmissão do vírus. A justificativa foi aceita pela CBF, baseada em uma normativa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do governo norte-americano, acatada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“O CDC puxa uma revisão sistemática [método de pesquisa que reúne as melhores evidências atuais ou disponíveis] de Oxford. Eles descobriram que, após o oitavo dia de infecção, no indivíduo que está assintomático, não há mais replicação viral, apesar de o PCR vir positivo. O PCR pode vir positivo por muito tempo, porque ele detecta o RNA [material genético] do vírus. Não necessariamente o vírus, mas parte dele”, explica Einsfeld.

Controle de casos

Há uma semana, na Câmara dos Deputados, Pagura apresentou dados sobre os testes realizados até aquele momento. Segundo ele, antes de os torneios nacionais começarem, foram aplicados 1,3 mil exames, com 74 resultados positivos (5,69%). Já nos dias que antecederam a terceira rodada, os quase 1,5 mil testes registraram 16 contaminações para o vírus (cerca de 1%). Clubes como o CSA, na Série B, e o Imperatriz, na Série C, tiveram partidas adiadas devido a casos acumulados no elenco. Os alagoanos chegaram a ter 20 atletas afastados com covid-19. Os maranhenses, 14.

“O número [de infectados] não surpreendeu porque a prevalência espelha, mais ou menos, o que acontece no país. O que nos surpreendeu é que mais de 50% desses casos positivos vieram de cinco clubes”, diz o médico da CBF.

“Os clubes vão se adaptando, os jogadores entendendo melhor esse momento, que afeta a todos. Hoje, os atletas são testados quase duas vezes por semana. A logística atual de realização dos testes, que é descentralizada, facilita muito o controle e evita que partidas sejam canceladas e uma série de transtornos, que podem acontecer. Porém, achamos que, com a revisão dos protocolos, isso será ajustado com o tempo”, sustenta o consultor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Carlos Starling, à 
Agência Brasil.

Os próximos torneios a serem abarcados pelo protocolo são as séries D masculina, que inicia em setembro, e a A2 feminina, que recomeça em outubro. As competições seguirão as diretrizes atuais, mas, devido à realidade das divisões, que reúnem times de menor estrutura e condições financeiras, algumas adaptações podem ser feitas. “Eventualmente, a pesquisa de antígeno viral ou os exames do tipo Lamp [coleta pela saliva] podem ser opções. Estamos avaliando e ajustando o protocolo de acordo com a caraterística das equipes, sem diminuir em nada o grau de segurança”, diz Starling.

Modelo próprio

O protocolo da CBF não é exatamente unânime. No último dia 11, o Sindicato dos Atletas de São Paulo (Sapesp) enviou ofício à entidade pedindo mudanças, ameaçando entrar com ação e paralisar os campeonatos. À Agência Brasil, o presidente do sindicato, Rinaldo Martorelli, citou como exemplos que, a seu ver, poderiam ser adaptados à realidade brasileira, o Campeonato Alemão, com isolamento das delegações por até sete dias antes de cada partida, e a NBA, liga de basquete norte-americana, que reuniu atletas e comissões técnicas em uma bolha na Disney, para término da temporada.

Os médicos ouvidos pela Agência Brasil veem dificuldade de aplicação dos modelos por aqui. “Cada time [de futebol] tem, pelo menos, 42 pessoas escaladas [para um jogo]. Viagens, como faz? Não tem como não isolar o jogador, ele irá ao aeroporto, pegará voo, encontrará outras pessoas. No estádio, há muito mais pessoas envolvidas. Para um estádio funcionar, precisa de umas 100 pessoas. E a gente está falando de um campeonato que vai até março”, pondera Einsfeld, da São Camilo. “Não valeria a pena do ponto de vista financeiro e mental, e não traria qualquer diferença ou benefício, dado que a gente está fazendo a testagem de todo mundo com segurança antes do jogo”, completa.

Starling, da SBI, pensa de forma semelhante. “Temos que achar nosso próprio modelo de retorno, ou tentativa de retorno a uma normalidade. Acho, sim, que a experiência que tem sido desenvolvida aqui pode servir para inúmeros outros países e continentes, como o africano ou o asiático. O registro epidemiológico, as análises estatísticas e o segmento das análises genéticas virais vão gerar uma série de trabalhos científicos para um case nacional. É a expectativa que temos”, conclui.
Por Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional - São Paulo

Caixa paga auxílio a beneficiários do Bolsa Família com NIS final 8

@Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Caixa segue hoje (27) com o pagamento da quinta parcela do auxílio emergencial para os beneficiários do programa Bolsa Família. A cada dia, o saque é liberado a um novo grupo conforme o final do Número de Identificação Social (NIS). Ao todo, 19,2 milhões de pessoas cadastradas no programa receberão o dinheiro até 31 de agosto.

O auxílio, com parcelas de R$ 600 (R$ 1,2 mil para mães solteiras), foi criado para reduzir os efeitos da crise econômica causada pela pandemia da covid-19.

Hoje, é a vez dos beneficiários com NIS final 8 que podem fazer o saque em espécie. Os primeiros a receber foram os beneficiários com NIS final 1, no último dia 18. Amanhã será a vez dos beneficiários com NIS final 9 e o pagamento termina com o NIS final 0, na próxima segunda-feira (31). Não há pagamentos nos finais de semana.

O recebimento do auxílio emergencial por esse público é feito da mesma forma que o benefício regular do Bolsa Família, utilizando o cartão nos canais de autoatendimento, unidades lotéricas e correspondentes Caixa Aqui ou por crédito na conta Caixa Fácil.

Demais beneficiários

Os demais beneficiários do auxílio emergencial, como os trabalhadores informais, recebem inicialmente o crédito do benefício na poupança social da Caixa, conforme calendário organizado por mês de nascimento. Pelo aplicativo Caixa Tem, é possível fazer compras online em estabelecimentos autorizados e pagar boletos.

O saque em dinheiro do benefício, em uma agência do banco, é autorizado posteriormente, de acordo com calendário definido pelo governo, considerando também o mês de nascimento do beneficiário. As transferências para outros bancos ou para contas na própria Caixa seguem o mesmo calendário de saque. Nesse caso, os recursos são transferidos automaticamente para as contas indicadas pelo beneficiário.

Hoje (27), a Caixa libera saques e transferências para beneficiários nascidos em julho.
Por Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Morre produtor musical Arnaldo Saccomani

Foto: SBT

 Morreu na madrugada desta quinta-feira (27) o produtor musical Arnaldo Saccomani. Ele tinha 71 anos, tinha diabetes e insuficiência renal. Saccomani começou a fazer hemodiálise em julho do ano passado.

Segundo a família, o produtor estava em seu sítio em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Ele deixa a mulher e duas filhas. O corpo de Saccomani será velado no Cemitério Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, por volta das 10h.

Arnaldo Saccomani produziu discos de nomes como Tim Maia, Rita Lee, Ronnie Von, entre outros, além de ter sido jurado dos programas “Ídolos”, no SBT, e “Astros”. Ele também participou do “Programa do Ratinho”. Seu último trabalho foi a produção do disco “Além do Tempo”, de Larissa Manoela, lançado no ano passado.

Polícia Militar prende homem em Dário Meira, por desacato e agressão a companheira (Lei Maria da Penha

Foto: Divulgação
Por volta de 01h dessa quinta-feira (27/08/2020) a Guarnição da 55ª CIPM/Dário Meira foi solicitada por moradores da rua Quintino Basto, nº 12, bairro Centro, em Dário Meira, que informaram que uma de suas vizinhas estaria sendo agredida por seu companheiro DJalma Lopes dos Santos.

A guarnição, ao chegar ao local, manteve contato com a vítima, que confirmou a denúncia e autorizou a entrada na residência do casal. Contudo o suposto agressor ficou no interior do imóvel desacatando e ofendendo a guarnição, sendo necessário usar a força para abrir a porta do imóvel para conter o agressor. 

Em seguida o agressor e vítima foram conduzidos a delegacia de Dário Meira.

“55ª CIPM, braço forte da lei e da ordem no Médio Rio das Contas”

Fonte: ASCOM 55ª CIPM

Em atrito com Bolsonaro, Guedes propõe escalonar valor do Renda Brasil a partir de R$ 220

Paulo Guedes Ministro da Economia/Fotos Públicas

 Após crítica pública do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou a interlocutores que pretende permanecer no cargo e vai finalizar uma proposta alternativa para o Renda Brasil, programa elaborado pelo governo para substituir Bolsa Família.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a equipe de Guedes prepara um modelo no qual o novo benefício começaria a ser pago no ano que vem, podendo partir de R$ 220 ou R$ 230. O valor é próximo aos R$ 190 pagos hoje pelo Bolsa Famíla e inferior ao desejado por Bolsonaro, que pressiona por parcelas de ao menos R$ 300.

Como não há consenso no governo sobre os programas que seriam extintos para custear o Renda Brasil, o novo desenho de Guedes prevê que o programa comece a rodar em valor menor e os pagamentos seriam ampliados com o tempo.

Ainda de acordo com a Folha, isso dependeria de decisões futuras do governo e do Congresso sobre a extinção de outras ações.

Nesta quarta-feira (26), Bolsonaro disse que suspendeu a apresentação do novo programa social.

“A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim, não será enviada ao Parlamento, não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos”, afirmou em discurso, durante cerimônia em Ipatinga (MG).

A crítica pública foi vista no Planalto como uma tentativa de transferir ao ministro o desgaste de uma inevitável redução do auxílio aos mais pobres.

Judiciário lança programa para destravar processos de execuções fiscais

Foto: Daniel Rodrigues/GOVBA

Para acelerar a recuperação dos recursos públicos dos devedores da dívida ativa, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou o programa Resolve, com inovações tecnológicas para cobrança de dívidas judiciais, em especial nas execuções fiscais. As execuções fiscais são hoje um dos maiores gargalos do Judiciário, respondendo 39% do total de processos em tramitação.

O programa Resolve Execução Fiscal foi desenvolvido para implementar medidas de automação e governança, viabilizando a diminuição do tempo de tramitação processual das execuções fiscais e o aumento de sua efetividade. “Entendemos que garantir maior efetividade à satisfação do crédito fiscal significa resguardar parcela de receita destinada a suprir necessidades financeiras do Estado brasileiro no cumprimento do seu dever de promover o usufruto dos direitos básicos do cidadão”, enfatizou o presidente do CNJ, ministro Dias Toffoli, durante o lançamento. “Estamos falando de recursos públicos. Valores devidos ao erário, para a União, estados, Distrito Federal e municípios, com impacto enorme nos objetivos da nova carta da República.”

Dados do Justiça em Números 2020 mostram que esses processos representam 70% das execuções pendentes no Poder Judiciário, com taxa de congestionamento de 87%. Ou seja, de cada 100 processos de execução fiscal que tramitaram no ano de 2019, apenas 13 foram concluídos. O maior impacto das execuções fiscais está na Justiça Estadual, que concentra 85% dos processos. A Justiça Federal responde por 15%, a Justiça do Trabalho por 0,27% e a Justiça Eleitoral por 0,01%.

As dívidas fiscais chegam a juízo depois que as tentativas de recuperação do crédito tributário se frustraram na via administrativa, provocando sua inscrição na dívida ativa. Dessa forma, o processo judicial acaba por repetir etapas e providências de localização do devedor ou patrimônio capaz de satisfazer o crédito tributário já adotadas, sem sucesso, pela administração fazendária ou pelo conselho de fiscalização profissional. Com isso, acabam chegando ao Judiciário títulos de dívidas antigas e, por consequência, com menor probabilidade de recuperação.

Hoje o tempo de giro do acervo desses processos é de 6 anos e 7 meses. Mesmo que o Judiciário parasse de receber novas execuções fiscais, ainda seria necessário todo esse tempo para liquidar o acervo existente. A proposta do Resolve é reduzir esse prazo o máximo possível automatizando os processos e integrando o Processo Judicial Eletrônico (PJe) aos sistemas Sisbajud e Renajud e com os Correios.

Automação – O Resolve é fruto de grupo de trabalho criado pela Portaria n° 76/2019 e destinado a estudos, proposição de medidas e construção de fluxos automatizados no Processo Judicial Eletrônico (PJe) para otimizar a cobrança de dívidas ativas da Fazenda Pública. O grupo contou com a contribuição de membros da magistratura federal e estadual e representantes das Fazendas Públicas em todas suas esferas.

“Das proposições advindas dos especialistas, houve o desenvolvimento de ferramentas de automatização de tarefas e integração do PJe a sistemas informatizados outros indispensáveis ao trâmite dos executivos fiscais, que possuem natureza instrumental à satisfação dos créditos titularizados pela Fazenda Pública”, explicou Lívia Cristina Marques Peres, juíza auxiliar da presidência do CNJ.

“Tivemos a contribuição de vários tribunais e conseguimos chegar a um programa. Já até fizemos a capacitação dos servidores”, contou Braulio Gusmão, coordenador do Departamento da Tecnologia da Informação do CNJ. Ele citou o caso da triagem dos processos, que agora será feita pelos robôs do sistema. “Esse era um trabalho que demorava até um ano para ser feito pelos servidores. Mas agora demorará apenas dias com o uso do sistema.”


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Artistas que participaram do filme de Flordelis se dizem enganados

Foto: Divulgação/Gospel Produções / Pipoca Moderna

Os famosos que participaram do filme "Flordelis - Basta uma Palavra para Mudar" (2009) se arrependeram de ter se envolvido com a produção.

O filme era para ser um documentário sobre o trabalho social da cantora gospel que cresceu na favela e na época tinha adotado 44 crianças, mas acabou contando com um elenco estrelado, digno de novela das 21h da Globo. Bruna Marquezine, Cauã Reymond, Ana Furtado, Leticia Spiller, Alinne Moraes, Marcello Antony, Sergio Marone, Deborah Secco, Fernanda Lima, Rodrigo Hilbert, Reynaldo Gianecchini, Isabel Fillardis e Letícia Sabatella foram filmados recitando um roteiro de louvação à Flordelis, nesta semana indiciada pelo assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, junto com alguns dos filhos adotivos.

Todos os atores trabalharam de graça, acreditando que estavam ajudando uma causa social, quando na verdade se tratava de uma peça de propaganda, que ajudou mesmo foi a aspiração política de Flordelis. Ela só não foi presa nos últimos dias porque tem imunidade parlamentar como deputada federal.

Leticia Sabatella contou para o UOL que foi levada a participar do filme por seu empresário. "Todos fomos participar de uma ação beneficente. Foi muito rápido o contato com ela. A conheci no mesmo dia. Havia muitas crianças. Enfim, um engodo gigante…"

Ela diz ter tirado uma lição da experiência. "Um crime como este… Horrível. Aprendi com o tempo a ter mais cautela com quem ostenta tanto a sua autopromoção, beirando a divindade. Lamento demais pelas vítimas destes lobos em pele de cordeiro".

Outro ator do elenco, Thiago Martins, também desabafou sobre sua participação no projeto. "Fiquei muito triste e decepcionado. Espero que a justiça seja feita e que ela pague pelo seu erro, uma pena apagar toda admiração e respeito que tinha por ela".

Anteriormente, um dos responsáveis pela produção, o editor de moda Marco Antônio Ferraz, já tinha se "arrependido" de ter co-dirigido o filme.

"Me arrependo. Se fosse hoje, jamais teria feito esse filme. Não sou cineasta. Sou um contador de histórias e o que contei foi uma mentira diante dos fatos que conhecemos agora", disse Ferraz ao jornal Extra. "Estou dilacerado, me sinto enganado. É como se não pudesse confiar em ninguém".

Não é a primeira vez que obras de santificação de personalidades brasileiras se provam problemáticas, basta lembrar o documentário "João de Deus: O Silêncio é uma Prece", lançado um ano antes das denúncias de abuso de cerca de 100 mulheres contra o suposto médium.

Flordelis foi indiciada sob acusação de crime de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada.

O assassinato do pastor Anderson do Carmo aconteceu em 16 de junho de 2019, quando ele chegou em casa, em Niterói (RJ), e foi alvejado com vários tiros.
Veja abaixo o trailer do filme.
www.terra.com.b

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