Bahia registra 3.070 novos casos de Covid-19 e mais 42 óbitos pela doença

Foto: Josué Damascena/Fiocruz
A Bahia ultrapassou a marca de 1 milhão de recuperados da Covid-19. Com os 3.318 (+0,3%) das últimas 24, são 1.000.142 recuperados no estado. No entanto, os números da pandemia ainda se encontram elevados. Nas últimas 24 horas, foram registrados 3.070 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,3%). O boletim epidemiológico deste domingo (6) também registra 42 óbitos. A queda no número de registro de óbitos deve-se a uma instabilidade no sistema do Ministério da Saúde. Apesar de as mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram realizados hoje. Dos 1.035.524 casos confirmados desde o início da pandemia, além dos recuperados, 13.633 encontram-se ativos e 21.749 tiveram óbito confirmado.

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 1.296.166 casos descartados e 233.905 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica em Saúde da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas deste sábado. Na Bahia, 49.501 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui ou acesse o Business Intelligence.

O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 21.749, representando uma letalidade de 2,10%. Dentre os óbitos, 55,74% ocorreram no sexo masculino e 44,26% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,79% corresponderam a parda, seguidos por branca com 22,13%, preta com 15,47%, amarela com 0,43%, indígena com 0,13% e não há informação em 7,06% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 61,96%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (73,25%).

A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

Polícia Militar prende homem suspeito de pratica de tráfico de entorpecentes em Ibirataia

Foto: Divulgação/PM
Por volta das 20h, dessa sexta-feira (04/06/21), a guarnição da 55ª CIPM/Ibirataia realizava rondas ostensivas na Praça Juscelino Kubitschek (Praça da quadra pole esportiva), local de várias denuncias de tráfico de drogas, quando avistou um homem que, ao perceber a aproximação da guarnição, tentou empreender fuga e arremessou um objeto no chão.

Foi constatado que dentro de uma pequena sacola plástica arremessada continha 2 papelotes de substância aparentando ser cocaína, 3 buchas de substância esverdeada semelhante a maconha, e mais algumas gramas desta mesma substância esverdeada em outro recipiente.

O suspeito foi alcançado pelos policiais militares, resistindo à prisão, sendo necessário o uso da força moderada para imobiliza-lo e algema-lo.

Autor: P. V. F. C. L., Nasc. 28/01/1997.

Material apreendido: 02 papelotes de substância semelhante a cocaína; 03 buchas de substância esverdeada semelhante a maconha;10g de substância esverdeada semelhante a maconha; 01 smartphone LG de cor preta.

O infrator foi conduzido ao Plantão Central, na delegacia de Ipiaú, juntamente com o material apreendido.
Informações: Ascom/55ª CIPM/PMBA, uma Força a serviço do cidadão!

Pessoas a partir de 45 anos serão vacinadas contra Covid-19 nesta semana em Ipiaú

Foto: Divulgação/Prefeitura de Ipiaú/Dircom
A Prefeitura de Ipiaú divulgou neste domingo a programação de vacinação contra a Covid-19 até a próxima quarta-feira (09). Na segunda-feira(07), será aplicada a primeira dose da vacina nas pessoas a partir de 52 anos, na terça-feira (08), será a vez da população com idade acima de 50 anos e na quarta-feira (09), pessoas de 45 a 49 anos.

Para se vacinar deve ser apresentado os seguintes documentos: cartão do SUS, CPF, cartão de vacinação, comprovante de residência ou cartão família. Pessoas acamadas ou com mobilidade reduzida recebem a vacina em casa. A solicitação deve ser realizada por um responsável, na Unidade Básica mais próxima do seu domicílio.

Foram aplicadas em Ipiaú o total de 15.377 mil doses até a última sexta-feira(04), sendo 10.387 mil referentes a primeira dose e 4.990 referentes a dose de reforço.

Prefeitura de Ipiaú/Dircom

Boletim Covid/ 06 de junho, confirma que 02 pacientes testaram positivos para a covid-19 em Ipiaú.

A Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 06 de junho, tivemos 9921 casos registrados como suspeitos, sendo 2.852 casos confirmados, dentre estes, são 2.775 pessoas RECUPERADAS, 05 estão em isolamento social, 06 estão internadas e 67 foram a óbito. 7030 casos foram descartados e 39 pessoas aguardam resultado de exame. Nesse momento, temos 11 casos ativos.

O uso da máscara é indispensável, evite aglomerações, use álcool 70% e lave as mãos com água e sabão sempre que puder.

Prefeitura de Ipiaú/Dircom

Polícia Militar encerra festa de cavalgada na região da serra verde Zona Rural de Itagibá

Foto: Divulgação Ascom/55ª CIPM
Por volta das 15h30min, deste domingo (06/06/21), a guarnição da 55ª CIPM/Itagibá recebeu uma denúncia anônima de que na Fazenda Ribeirão do Meio, na região da Serra Verde, zona rural de Itagibá, estaria acontecendo um evento de cavalgada, onde havia grande aglomeração de pessoas.
Foto: Divulgação Ascom/55ª CIPM
Foram deslocadas três guarnições da 55ª CIPM para encerrar o evento e dispersar a aglomeração, fazendo cumprir o decreto estadual de combate a proliferação do COVID 19.

Ao chegarem no local, os policiais militares constataram a situação absurda de aglomeração, conforme a denúncia.

Foi mantido contato com o senhor Matheus (dono do bar), que informou que estava em casa (bar), quando chegaram várias pessoas montadas em cavalos vindos da região do Machadinho e que ele não sabia informar quem teria organizado a cavalgada.

Os policiais militares encerraram o evento e orientaram para que as pessoas presentes deixassem o local e voltassem as suas residências.

Informações: Ascom/55ª CIPM/PMBA, uma Força a serviço do cidadão!

Delegado diz que dinheiro de madeira ilegal vai para grupos criminosos que financiam políticos

Foto: Reprodução/TV Globo/Alexandre Saraiva
O delegado Alexandre Saraiva afirmou em uma videoconferência no Instituto Federal do Piauí que a riqueza gerada na exploração de madeira ilegal abastece organizações criminosas que financiam políticos.

“Vai gerar [a madeira] muita riqueza para organização criminosa que vai fazer o quê? Financiar campanhas de políticos. Por que tem tanto parlamentar defendendo madeireiro?”, disse o delegado.

Em meio ao embate com Ricardo Salles (Meio Ambiente), Saraiva também disse que decisões judiciais podem, sim, ser criticadas. “Qualquer ato, de qualquer funcionário público está sujeito à opinião pública”, afirma.
Painel/Folhapress

Brasil registra 1.338 feminicídios na pandemia, com forte alta no Norte e no Centro-Oeste

Foto: Divulgação

O Brasil registrou oficialmente em 2020 a morte de 1.338 mulheres por sua condição de gênero, assassinatos praticados em sua maioria por companheiros, ex-companheiros ou pretensos companheiros, como o que na última quarta-feira (2) matou a facadas a estudante de enfermagem Vitórya Melissa Mota, 22, na praça de alimentação de um shopping center de Niterói (RJ).

Os dados consolidados do ano passado, que tiveram 10 de seus 12 meses sob o efeito da pandemia da Covid-19, foram colhidos pela Folha nas secretarias de Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal.

Em relação a 2019 houve uma alta de 2%, mas a violência contra as mulheres cresceu em níveis mais alarmantes no Centro-Oeste (14%) e no Norte (37%). Nordeste (+3) e Sudeste (-3) apresentaram pequenas variações. No Sul, houve queda de 14%.

Os números mostram que a violência contra a mulher tem trilhado uma trajetória de alta —o feminicídio cresceu 8% de 2018 para 2019, de acordo com dados atualizados—, apesar do endurecimento da legislação em anos recentes.

E o cenário pode ser ainda pior, já que não há padronização na coleta, análise e divulgação das informações por parte de alguns estados.

O Ceará, governador por Camilo Santana (PT), é um exemplo. O estado não discrimina em suas estatísticas públicas de criminalidade o feminicídio. Em resposta à Folha, a Secretaria de Segurança Pública disse ter registrado apenas 27 casos em 2020, o que colocaria o estado como o de menor incidência do crime, no país, em relação ao tamanho da população.

No entanto, a Rede de Observatórios da Segurança, que reúne órgãos acadêmicos e da sociedade civil de cinco estados, identificou 47 casos de feminicídio no Ceará em 2020, quase o dobro do que informam as autoridades estaduais.

Dossiê elaborado pelo Fórum Cearense de Mulheres e pela Articulação de Mulheres Brasileiras afirma que em 2018 o estado registrou apenas 5,6% dos assassinatos de mulheres como feminicídio, dados que “vão na contramão de todos os estudos sobre homicídio de mulheres”.

A Secretaria de Segurança Pública do Ceará afirmou que a razão pela qual diverge da maioria dos outros estados, que divulgam publicamente essas informações, diz respeito à proteção de dados pessoais sensíveis. Sobre a discrepância de registros, afirmou que a classificação de feminicídio cabe, baseada em critérios técnicos, ao delegado ou à delegada da Polícia Civil que investiga o assassinato.

Dos 13 estados que registraram aumento da violência contra as mulheres em 2020, 12 são do Norte, Centro-Oeste ou Nordeste. Apenas Minas Gerais (alta de 4%) está fora desse grupo.

Dos estados que historicamente têm grande número de feminicídios, o Mato Grosso, governado por Mauro Mendes (DEM), teve expressivo aumento em 2020, 59%. É também onde, proporcionalmente à sua população, mais mulheres são mortas por sua condição de gênero.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado afirmou acreditar que o isolamento social seja uma das explicações para o agravamento da situação, além da mudança cultural e da capacitação dos policiais para enquadrar os crimes como feminicídio. O órgão diz ainda ter havido queda nesse tipo de crime nos primeiros meses de 2021.

Sobre as ações preventivas e de combate, a secretaria afirmou ter uma câmara formada por várias entidades governamentais e da sociedade civil, além de equipe da Polícia Militar treinada para acompanhamento de mulheres sob risco (as patrulhas Maria da Penha) e serviços de WhatsApp em delegacias especializadas de defesa da mulher para denúncias e atendimento psicológico —em Cuiabá, (65) 99966-0611; em Várzea Grande, (65) 98408-7445, e em Rondonópolis, (66) 99937-5462.

Entre as unidades da federação onde houve redução dos registros, destaque para Distrito Federal (-47%), Rio Grande do Norte (-38) e Sergipe (-33%). Em relação ao tamanho da população, Ceará (com a ressalva descrita acima) e Rio Grande do Norte foram os que tiveram, em 2020, o menor índice de mulheres mortas a cada 100 mil habitantes.

No início de 2020, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, chegou a sinalizar que haveria a implantação de um sistema nacional de consolidação e divulgação de estatísticas de feminicídio.

Moro foi demitido em abril daquele ano. Até hoje, o governo não tem esse sistema. No programa nacional de divulgação das estatísticas de criminalidade, o Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), as mulheres mortas por sua condição de gênero entram no cômputo geral de homicídios dolosos.

O ministério afirmou, por meio da assessoria, que por falta de padronização entre os estados para a tipificação de feminicídio, a pasta criou um projeto denominado Portal Digital, que se encontra em desenvolvimento “para a formatação de uma ferramenta única, uniforme e confiável de dados de violência contra a mulher, incluindo aí, os feminicídios”.

O ministério disse ainda que enviou aos estados um protocolo nacional de investigação e perícias nos crimes de feminicídio.

Especialistas ouvidas pela Folha defendem, entre outros pontos, uma ação robusta e continuada da abordagem das questões de gênero nas escolas e o aperfeiçoamento do sistema de coleta de informações.

Elas afirmaram ainda haver indicativos de aumento do risco à mulher na pandemia, além do provável impacto negativo das políticas de afrouxamento das regras de controle de armas e munição patrocinadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Há muitos indícios e estudos em outros países que apontam para o agravamento da violência contra as mulheres em situação de crises, como tem sido na pandemia”, afirma Aline Yamamoto, especialista em Prevenção e Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da ONU Mulheres Brasil.

Em relação às armas, ela diz ser possível uma análise mais categórica. “Ter uma arma leva a uma probabilidade muito maior de haver vítima de assassinato em casa, que geralmente são mulheres e crianças.”

Ela defende a prevenção como medida prioritária, em uma mudança de comportamento que só ocorrerá pela correta abordagem das causas da violência nas escolas, passando pela efetiva punição dos agressores e pela educação da sociedade e autoridades no sentido de que não se repitam episódios em que as vítimas é que acabam sendo “julgadas”.

Alice Bianchini, vice-presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil, afirma que a igualdade entre homens e mulheres é um fator de diminuição da violência e defende a priorização de ações voltadas às crianças e adolescentes.

“Hoje a situação é um reflexo dessa falta de políticas públicas de discutir questões de gênero dentro das escolas”, afirma. Bianchini sugere que as campanhas de conscientização envolvam os homens, lembrando que um dos pontos não implantados da Lei Maria da Penha (de 2006) é a criação de centros de educação e reabilitação para agressores.

“As campanhas que a gente tem são: mulher que sofre violência, denuncie. Mas 62% têm medo de denunciar por medo de vingança do agressor. Um discurso que eu acho importante é: se você conhece um homem que pratica violência com mulher, converse com familiares desse homem, eles precisam saber o que está acontecendo.”

Para ela, o aumento de registro de armas no país, que quase dobrou em 2020, é um fator que aumenta a vulnerabilidade das mulheres.

“Existe uma alerta internacional em relação ao Brasil feito pela ONU, chamando atenção para esse fato. Há duas questões importantes quando se usa arma: uma é o índice de letalidade, muito grande. A segunda é o quanto a arma de fogo facilita a prática do crime porque é um tipo de crime que se pratica sem sujar as mãos de sangue. Aponta-se a arma e dispara o gatilho.”

A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, diz que é preciso multiplicar ações de prevenção, como a expansão das patrulhas Maria da Penha, a possibilidade de registro online de violência doméstica e campanhas como a que possibilita a mulheres ameaçadas pedir ajuda por meio de códigos (um xis vermelho escrito na palma mão ou em um pedaço de papel).

“É importante atacar a violência contra a mulher antes de virar feminicídio. Quando mais eficiente a gente é para lidar com as agressões prévias, menor é o risco”, diz.

Avanços na legislação de proteção à mulher

2006 – Lei Maria da Penha – Um marco na legislação, é a base do atual arcabouço policial, legal e jurídico para prevenção e punição da violência contra a mulher
2009 – Endurecimento da legislação de estupro – Lei passou a considerar como estupro qualquer ato de sentido sexual praticado sem consentimento
2015 – Lei do Feminicídio – Inclui o ato como agravante do crime de homicídio
2018 – Lei da Importunação Sexual – Prática de ato libidinoso (masturbação, por exemplo) na presença de alguém, sem que essa pessoa dê consentimento
2021 – STF declara inconstitucional tese da legítima defesa da honra – Argumento era usado como base para absolvição de feminicidas
Folhapress

Servidores pedem para se afastar de secretário indicado de Aleluia por rituais

Foto: Divulgação/André Porciúncula e Alexandre Aleluia
Servidores do Ministério do Turismo pediram para se afastar do secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciuncula (indicado pelo vereador Alexandre Aleluia), responsável pela Lei Rouanet, por não gostarem de rituais religiosos praticados pelo secretário. A informação é do colunista Guilherme Amado, do site “Metrópoles”.

Funcionários que trabalham com Porciuncula já flagraram o secretário executando rituais no ministério e pediram para trabalhar em outro andar por considerarem a prática inadequada para o ambiente de trabalho. Os servidores incluem garçons, secretariado e terceirizados que afirmam serem cristãos e se mostraram incomodados com o que consideram “práticas ocultistas”.

De acordo com a publicação, servidores religiosos também afirmam que Porciuncula é ‘hipócrita’ por se declarar cristão, mas praticar rituais de outras religiões no ministério.

Papa pede reconciliação e cura sobre a descoberta da escola do Canadá

Foto:Reuters/Remo Cassilli/D.R
O papa Francisco disse neste domingo (6) que ficou magoado com a descoberta dos restos mortais de 215 crianças em uma antiga escola católica para estudantes indígenas no Canadá e pediu respeito aos direitos e culturas dos povos nativos.
No entanto, Francisco não realizou o pedido de desculpas direto que alguns canadenses haviam exigido. Há dois dias, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau disse que a Igreja Católica deve assumir a responsabilidade por seu papel na administração de muitas das escolas.

Falando aos peregrinos e turistas na Praça de São Pedro para sua bênção semanal, Francisco exortou os líderes religiosos católicos e políticos canadenses a "cooperar com determinação" para lançar luz sobre a descoberta e buscar reconciliação e cura.

Francisco disse que se sentiu próximo "do povo canadense, que ficou traumatizado com a notícia chocante".

As escolas residenciais operaram entre 1831 e 1996 e eram administradas por várias denominações cristãs em nome do governo. A maioria era dirigida pela Igreja Católica.

A descoberta no mês passado dos restos mortais das crianças na Kamloops Indian Residential School, na Colúmbia Britânica, que fechou em 1978, reabriu velhas feridas e está alimentando a indignação no Canadá sobre a falta de informação e responsabilidade.

"A triste descoberta aumenta ainda mais a compreensão da dor e do sofrimento do passado", disse Francisco.

“Estes momentos difíceis representam um forte lembrete para todos nós de nos distanciarmos do modelo de colonizador... e de caminharmos lado a lado no diálogo e no respeito mútuo no reconhecimento dos direitos e valores culturais de todos os filhos e filhas do Canadá", disse ele.

Francisco, que foi eleito papa 17 anos após o fechamento das últimas escolas, já se desculpou pelo papel da Igreja no colonialismo nas Américas.

Mas ele preferiu pedir desculpas diretas ao visitar países e conversar com os povos nativos. Nenhuma visita papal ao Canadá está programada.

Por Philip Pullella - Reuters - Cidade do Vaticano

Chegou a hora de o PT dar uma ‘vezinha’ (na cabeça de chapa), diz João Leão

Foto: Divulgação/Arquivo

O vice-governador João Leão (PP) não parece muito contente com o fato de o PT já ter anunciado a pré-candidatura do senador Jaques Wagner ao governo da Bahia, em 2022, sem consultar os demais partidos que compõem o grupo político que dá sustentação ao governo petista há 14 anos. Repetindo uma proposta que ganha corpo entre seu partido e o PSD, do senador Otto Alencar, ele defende que o nome para o governo deve sair de um dos partidos, mas exclui a possibilidade da ausência do PT na chapa.

Leão admite o interesse em ser governador do Estado para atender, segundo ele, a um clamor dos baianos. Também aponta que a sua história com mandatos parlamentares durante 20 anos em Brasília dá a ele um trânsito no atual governo federal para conseguir recursos e projetos para a Bahia. O secretário do Planejamento ressalta que, “sai governo, entra governo”, as pessoas são sempre as mesmas na capital federal – ressalta, inclusive, o bom relacionamento com os atuais ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Ambos são conhecidos dele desde que era deputado federal. O vice-governador diz ainda que o apoio dado pelo PP ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não macularia uma candidatura dele ao governo estadual; ressalta, para isso, a independência de que gozam as lideranças estaduais da sigla diante das deliberações nacionais – Em 2018, lembra, o PP indicou a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), mas não apoiou o tucano na Bahia.

Ao comentar sobre o campo de oposição no Estado, o vice-governador diz que faltou maturidade ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), ao romper politicamente com o ministro João Roma (Cidadania). Para Leão, Neto deveria seguir o exemplo do senador ACM, que era ‘carinhoso’ com os amigos. O progressista diz que Neto ‘jogou uma pedra na cabeça de Roma’ e prevê uma outra briga do democrata com o deputado Elmar Nascimento (DEM), que deseja disputar o Senado e está de malas prontas para desembarcar no PSL.

Confira a entrevista abaixo:

Política Livre – Muito se tem especulado sobre quem será o candidato ao governo pelo grupo que está na base do governador Rui Costa. O PT já lançou a pré-candidatura do senador Jaques Wagner. Mas e o senhor? Almeja ser governador da Bahia?

João Leão – O único que não pode [se candidatar] no grupo nesse momento é Rui Costa, que não pode ser candidato à re-reeleição. Você tem o senador Otto Alencar que quer e pode; tem o senador Jaques Wagner, que quer e pode; tem o senador Angelo Coronel, que quer e pode; tem a deputada Lí,dice da Mata, que quer e pode e você tem João Leão que quer e pode.

– O senador Angelo Coronel defendeu que deveria haver uma chapa encabeçada por PP ou PSD para haver uma oxigenação no cenário político baiano polarizado há muito por DEM e PT. O senhor seria esse nome para oxigenar a política baiana?

Primeiro eu não concordo muito, concordo até certo ponto com o senador Angelo Coronel, mas eu acho que não temos que deixar o PT de fora. O PT tem que fazer parte efetiva do nosso futuro governo. Então nós estamos há 14 anos juntos e agora vamos nos separar? Por quê? Apoiamos o PT com Jaques Wagner, apoiamos o PT com Rui Costa e agora, nesse ponto, o senador Angelo Coronel tem razão: chegou a hora de o PT dar uma “vezinha”. Não pode ser exclusivamente “venha a nós”; nós somos parceiros. Mas eu só quero tratar disso após 2022. Então vamos sentar o PP, o PT, o PSD, o PSB, o PCdoB, toda a nossa base aliada.

– Havia algum fundo de verdade na hipótese de o senhor ser candidato a deputado estadual com acordo para presidir a Assembleia? O deputado Cacá Leão já havia dito que essa história não tinha fundamento e que quer ver o senhor candidato ao governo. Vai fazer a vontade de Cacá?

Isso de ser candidato a deputado estadual não existe. Mas eu não quero atender ao pedido do deputado Cacá Leão (para ser candidato ao governo), mas do povo da Bahia.

– O PT, em outros Estados, tem uma orientação de ceder a cabeça de chapa para candidaturas mais viáveis. Mas na Bahia a tendência parece não ser essa. A insistência dos petistas pode ocasionar que, em 2022, ocorra uma fragmentação de candidaturas como houve nas disputa pela Prefeitura de Salvador?

De maneira nenhuma, não existe a mínima possibilidade. O que pode acontecer é o companheiro Jaques Wagner abrir (a cabeça de chapa).

– O senhor não tem sido um vice-governador decorativo. Pelo contrário, como secretário do governo Rui Costa, agora à frente do Planejamento, tem se movimentado por investimentos para a Bahia e, nesta semana, teve encontros com ministros em Brasília com este propósito. Pertencer ao PP, que nacionalmente está na base do presidente Jair Bolsonaro, facilita esse trânsito?

O transito lá em Brasília não é de partido nenhum, é uma história que eu tenho com todos os ministros. Grande parte dos ministros de Bolsonaro foram meus colegas de parlamento. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, nós trabalhamos juntos, e ele era técnico, na Comissão Mista de Orçamento. Ele é um ministro excepcional, é uma figura maravilhosa, com um mandato à frente do ministério excepcional. O presidente Bolsonaro tinha que colocá-lo no Ministério da Saúde; pois um técnico, quando é bom, conserta tudo. O ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, trabalhou comigo na Câmara dos Deputados, quando era assessor parlamentar da Aeronáutica. Tive a honra de receber todas honras da Aeronáutica, do Exército e da Marinha. Então Brasília, entra governo, sai governo, as pessoas são as mesmas. E eu fiz muitas amizades em 20 anos como parlamentar. No TCU, quem liberou a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL) foi um tal de João Leão, e Tarcísio sabe disso. Essa minha história faz com que eu tenha facilidade para resolver isso.

– No início de maio, o senhor enviou aos presidentes da Câmara e do Senado, ao ministro da Infraestrutura e também à bancada baiana uma sugestão para que Bahia, Sergipe e Alagoas fiquem fora da renovação da concessão da Ferrovia Centro Atlântica.

Precisamos licitar isso porque a atual concessionária, ligada à Valec, só fez acabar com a ferrovia na Bahia.

– O senhor até lembrou que, de 1996 para cá, a malha ferroviária baiana reduziu em quase 400 quilômetros. Já houve alguma resposta a esse pleito para a não renovação?

Estive lá essa semana com a equipe do ministro da Infraestrututa, da Valec, que é quem dá a concessão, tratando disso. Estamos fazendo um trabalho [incluindo a busca por ampliar a malha ferroviária no Estado] para aumentar a receita do Estado da Bahia. Até abril desse ano, nós arrecadados R$ 17,9 bilhões de ICMS; no ano passado, foram R$ 11,7 bilhões. Nós temos uma arrecadação a mais de R$ 6 bilhões no mesmo período.

– A base parlamentar que dá apoio ao governo na Bahia vinha reclamando de falta de atenção de Rui. A chegada de Luiz Caetano à Serin pode mudar esse cenário?

Primeiro, deixa eu defender o governador. O governador da Bahia, ele não pode atender todo dia prefeito, deputado, isso e aquilo, porque ele tem uma política macro no Estado da Bahia que ele precisa atender. Ele tira um dia por semana para atender aos deputados e aos prefeitos. O problema é que deputado quer ser atendido todo dia, e o prefeito chega aqui com ele. Então o deputado quer chegar com o prefeito e colocar ele de frente com o governador e não pode ser assim. Por isso que o governador tem uma rede de secretários que fazem esse trabalho, e eu, modéstia à parte, faço isso muito bem. Atendo a deputados e prefeitos de todos os partidos políticos, mas, sendo governador, não vou ter tempo de fazer o que eu faço hoje. Deputado comigo não precisa marcar audiência: ele chegou lá com o prefeito, ele é o próximo. Mas com o governador não pode ser assim.

– Mas o senhor acha que o Caetano pode ajudar?

Caetano é um animal político. E Caetano vai fazer. Pois quem estava fazendo isso aqui era eu. Agora quando vêm me procurar, eu pergunto: “já conversou com Caetano?”. Se diz que não, então eu digo para ir primeiro falar com Caetano. Se Caetano não resolver, digo para vir resolver comigo.

– Esse apoio nacional do PP a Bolsonaro pode de alguma forma “manchar” uma candidatura do senhor ao governo?

Na eleição passada [de 2018], nós fizemos uma aliança com o PSDB a nível nacional e lançamos a candidata a vice-presidente, a senadora Ana Amélia. Nem o senador Ciro Nogueira, que é presidente nacional do partido, nem eu apoiamos a aliança nacional. Eu sou vice-presidente nacional. O PP tem uma grande vantagem: cada Estado é independente.

– O desempenho do senador Otto Alencar na CPI da Covid vem sendo bastante elogiado. Isso catapulta uma candidatura do PSD ao governo?

Otto pode ser candidato naquilo que ele quiser. É um grande quadro.

– Olhando agora para o terreno do vizinho, o senhor entende que essa briga entre o ex-prefeito ACM Neto e o ministro João Roma pode multiplicar as candidaturas de oposição ao grupo do governador Rui Costa?

O Neto – eu não gosto de falar mal das pessoas – mas, como analista político que eu também sou, todo mundo acha que ele errou muito. Ele precisava ter mais maturidade para aceitar a ida do João Roma para ser ministro lá: ficava na dele, não brigava com João, que tem compromisso com Neto. Agora encerraram-se todos os compromissos de Roma com Neto. O ministro é um grande quadro. E você pega o cara e joga fora? É burrice. O deputado Elmar Nascimento daqui a pouco vai brigar com Neto também porque, no grupo de Neto, é o grupo do “eu sozinho”, coisa que Wagner não é. Otto diz aí que pode ser candidato a governador, a senador, e você não vê uma palavra de Wagner criticando Otto? Eu digo tudo o que digo, e você não vê uma palavra de Wagner me criticando? Mas, no grupo de Neto, você põe a cabeça do lado de fora, tome-lhe cacete, “vou ficar de mal”.

– O senhor acha que há similaridade com o estilo do senador ACM?

Ele precisava adquirir algumas qualidades do avô dele, que era carinhoso. Por exemplo, João Roma era amigo de Neto, e o senador não queria saber disso não: você vai ser ministro? Vá lá, mas cuide de mim. Era o que o senador faria. Pegaria João Roma, colocaria no colo e faria carinho. Neto jogou pedra na cabeça de João Roma.

– Um cenário também projetado é a possível multiplicação de candidaturas tanto na base de Rui quanto naquela que era a base de ACM Neto.

Não me arrume briga, pelo amor de Deus! Para mim não existe a menor possibilidade de não estarmos juntos. Agora com João Leão governador, ou com Otto governador, ou com Wagner governador. Tudo é possível desde que haja conversa. O que não pode ser é o PT decidir e vai ser. Aí Otto não aceita, João Leão não aceita, Lídice não aceita. Eles não consultaram ninguém. Está errado, bonitão!

Davi Lemos especial para o Política Livre

Sob Bolsonaro, militares vão de moderadores a controlados por presidente

Foto: Sergio Dutti/Agência Estado

Se no início do governo Jair Bolsonaro os militares espalhados pelo primeiro escalão serviam como um anteparo para conter o radicalismo gestado no gabinete do ódio e nos braços ideológicos da gestão federal, a situação mudou dois anos depois.

Há quem perdeu a força ou até mesmo o cargo, enquanto outros militares se aproximaram do bolsonarismo e do jogo político conduzido pelo presidente. Tanto que alguns ganharam de colegas de farda um apelido: “generais do centrão”.

O movimento permitiu que as Forças Armadas passassem a sofrer uma interferência política cada vez maior —evidenciando que quem manda é Bolsonaro— a despeito da hierarquia e das regras tão caras aos militares.

Na prática, essa plataforma impecavelmente conservadora não tem respaldo de um amplo setor do partido, e a crise de identidade contribui para o racha que a legenda vive no momento, com direito a disputa judicial.

O partido está em conflito entre seu presidente nacional, Adilson Barroso, e o vice, Ovasco Resende, que o acusa de manobrar internamente para permitir a filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ), na última segunda-feira (31).

A ala ligada a Resende diz que Barroso ignorou o estatuto partidário para aparelhar a convenção nacional com aliados. E vê com desconfiança o alinhamento total do Patriota ao bolsonarismo, por enxergar a sigla como sendo de centro.

O partido surgiu da junção do antigo PEN (Partido Ecológico Nacional), comandado por Barroso, com o PRP (Partido Republicano Progressista), de Resende. Na prática, as duas partes nem sempre tiveram relação harmoniosa, e as diferentes visões afloraram agora.

Em artigo publicado na revista do partido em abril de 2020, Resende criticou o fato de bolsonaristas e petistas buscarem criar um clima de extremismo no Brasil.

“Bolsonaristas de um lado e petistas do outro, em torno de mitos artificiais que disputam o poder com uma fome de leão, enquanto a grande maioria do povo brasileiro trabalha, sobrevive e sonha com dias melhores que são prometidos, mas que nunca chegam”, escreveu o vice-presidente da legenda.

À Folha ele afirmou que “estatutariamente o Patriota é um partido de centro”.

Secretário-geral do partido e aliado de Resende, Jorcelino Braga diz que o Patriota é um partido de centro, não conservador. “Eu entendo por centro tudo que tem equilíbrio, que tem bom senso. O presidente [Barroso] pode definir o partido como conservador, mas eu digo que sou de centro”, diz.

Braga é também presidente do diretório estadual de Goiás e foi um dos patrocinadores de uma representação enviada à Justiça Eleitoral contestando as alterações no partido feitas de forma unilateral por Barroso.

Na quarta-feira (2), o ministro Edson Fachin rejeitou a ação dizendo que ela deve ser encaminhada à Justiça comum, o que deve ocorrer nos próximos dias.

Braga afirma não ser contra a filiação do presidente em princípio, mas diz que é preciso discutir exatamente o espaço que os aliados de Bolsonaro teriam internamente.

“O que queremos saber é qual o projeto. O que querem? Querem o controle do partido? O Adilson prometeu o controle para eles? Somos uma executiva eleita até 2022”, diz.

Em entrevista à Folha na quinta (3), Barroso afirmou que o debate sobre a ocupação de espaços pelos bolsonaristas não entrou na pauta ainda, mas sinalizou que mudanças deverão ocorrer.

“Se tiver alguém em algum lugar que não tem habilidade para perseverar, para fazer o Patriota crescer, essa pessoa tem de deixar a vaga. E continua quem tem essa habilidade”, declarou o presidente do partido.

O Patriota tem, no comando de seus diretórios estaduais, políticos que nem sempre foram conservadores “puro-sangue”, o que poderia levar a um processo de expurgo com a entrada do presidente.

O comandante do Maranhão, por exemplo, é o deputado Marreca Filho, que é aliado do governador Flávio Dino, do PC do B.

Em Santa Catarina, quem chefia a legenda é Vanderson Soares, que já foi filiado ao PSB. Hoje, ele se diz conservador e afirma que defende a entrada de Bolsonaro, mas desde que de forma negociada.

“A gente quer uma construção, não quer nada de cima para baixo. Seria muito deselegante que o grupo do presidente entrasse no partido e assumisse todos os diretórios”, afirma.

Em Pernambuco, o atual presidente regional é o deputado federal Pastor Eurico, que também é egresso do PSB. “Se o presidente vier, é bem-vindo. Se não vier, o partido seguirá em frente. O presidente é uma pessoa, o partido é uma conjunção de pessoas”, afirma ele.

Segundo Eurico, a legenda tem de se preparar para um grande movimento de filiações caso a entrada de Bolsonaro se confirme.

“Claro que, com a vinda do presidente, teremos uma avalanche de gente, muitos virão de carona. É preciso ver quais diretrizes vão ser traçadas para isso”, diz.

Ao mesmo tempo, parte dos presidentes de diretórios estaduais não deve ter problemas para seguir em seus postos, por terem posições ideológicas que não se diferenciam muito do bolsonarismo.

Um exemplo é o chefe da legenda em Mato Grosso, o ex-deputado federal Victorio Galli Filho. Evangélico, ele ganhou destaque em 2017 por apresentar projeto de lei “rebaixando” Nossa Senhora Aparecida de padroeira do Brasil para padroeira apenas dos brasileiros católicos apostólicos romanos.

Ele também foi condenado a pagar R$ 100 mil por discurso homofóbico e disse que jamais levaria o filho para assistir a filmes da Disney, por enxergar que muitas das suas produções desvalorizam a família.

Já o presidente do diretório da Paraíba, delegado Walber Virgolino, cultiva a imagem de linha-dura, frequentemente aparecendo com chapéu de Lampião e peixeira na cintura.

“Sou bolsonarista antigo, de carteirinha. Acho que por isso o presidente vai me deixar [no comando estadual do partido], mas a gente sabe que em política só não vimos boi voar”, afirma.

Lideranças do partido preveem que será inevitável um expurgo de quadros mais centristas, que não se adaptarão à guinada bolsonarista da legenda.

Na última terça-feira (1º), o vereador Gabriel Azevedo, de Belo Horizonte, foi expulso por criticar a entrada do presidente na legenda.

O mesmo já havia acontecido em São Paulo com o vereador Fernando Holiday, quando o flerte de Bolsonaro com o Patriota ainda estava no início. Os próximos a saírem devem ser o também vereador paulistano Rubinho Nunes e o deputado estadual Arthur do Val, ambos ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre).

“É um partido que tem muitas pessoas que estão mais ao centro, outras passaram por partidos de esquerda. E um presidente [Barroso] que se diz conservador, mas que para mim é apenas bolsonarista mesmo”, diz Holiday, atualmente no Novo.

Adilson Barroso

Fundador e presidente do partido, principal avalista da entrada de Bolsonaro na legenda

Flávio Bolsonaro

Senador pelo Rio de Janeiro, acaba de anunciar filiação ao partido, abrindo caminho para a entrada do pai

Ovasco Resende

Vice-presidente do partido, acusa Barroso de ter dado golpe interno para facilitar a entrada dos bolsonaristas

Fred Costa

Líder da bancada na Câmara, o deputado federal mineiro é outro dos que questionam a maneira como o presidente está entrando na legenda

Arthur do Val (Mamãe Falei)

Deputado estadual em São Paulo e ligado ao MBL, deve deixar o partido por fazer oposição a Bolsonaro

Suéllen Rosim

Prefeita de Bauru (SP), é considerada uma estrela em ascensão e deve ganhar espaço na estrutura partidária

Folhapress

Lojista poderá registrar recebíveis de cartão a partir desta segunda

Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Depois de dois adiamentos, o Banco Central (BC) confirmou que, a partir desta segunda-feira (7), começará a funcionar o registro centralizado das receitas de lojistas com as vendas realizadas por cartão.

Segundo a instituição financeira, a medida deve beneficiar principalmente micro e pequenas empresas, que poderão ter acesso a créditos com juros mais baixos ao oferecerem parte do que têm a receber aos bancos.

Em nota, o BC informou que a medida aumentará a concorrência entre as instituições financeiras, permitindo a redução do spread bancário – diferença entre as taxas pagas pelas instituições para captarem recursos e as taxas cobradas dos clientes.

O comerciante poderá dividir as agendas de recebíveis, em lotes de dezenas ou centenas de transações, e negociar com várias instituições financeiras ao mesmo tempo, até conseguir o melhor empréstimo.

Os recebíveis valem tanto para as vendas com cartão de crédito e de débito. Como as empresas credenciadoras vão registrar essas transações, os comerciantes poderão conseguir empréstimos ao oferecer os recebíveis para cobrir eventuais inadimplências ou até revender as receitas que têm direito a receber nas vendas com maquininhas.

Atualmente, existem três empresas autorizadas a atuar como credenciadoras de recebíveis no país: CIP, Cerc e Tag. As companhias, no entanto, alegaram dificuldades na montagem dos sistemas e pediram ao Banco Central os adiamentos da entrada em vigor do registro.

Inicialmente prevista para 3 de novembro do ano passado, a data havia passado para 17 de fevereiro e foi novamente adiada para 7 de junho, data confirmada pelo BC.

Por causa do segundo adiamento, o BC multou uma das companhias em R$ 30 milhões e obrigou a empresa a assinar um termo de compromisso em que prometia resolver as dificuldades tecnológicas até o início de junho.

A autarquia estima que os recebíveis de cartões têm potencial para movimentar até R$ 1,8 trilhão por ano, dos quais R$ 1 trilhão correspondem às transações com cartões de crédito e R$ 800 bilhões ao fluxo com cartão de débito.

O novo sistema também deve aumentar a segurança para as instituições financeiras. Atualmente, um mesmo recebível pode ser dado como garantia para mais de um banco. Com o registro centralizado, isso não será mais possível.
Edição: Aécio Amado
Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Luciano Huck: 'Não há vento bom para nau sem rumo, Brasil precisa de projeto de nação'

© Silvana Garzaro/Estadão

O que uma vencedora do prêmio Nobel de Economia tem a ver com a menina de nove anos que comoveu o Brasil ao ser fotografada trocando máscaras por alimento? Para Luciano Huck, tudo. O apresentador que desde 2020 vem conduzindo uma série de entrevistas no Estadão com intelectuais e lideranças de todo o planeta reuniu o conhecimento adquirido nesse ciclo de conversas no documentário 2021: O Ano que não Começou, que estreia nesta segunda-feira, 7, à meia-noite no GNT e na plataforma de streaming GloboPlay, aberto para não assinantes.

A palavra-chave do documentário, como Huck deixa claro logo de início, é conexão. Não apenas por causa das transformações provocadas pela internet, mas também no sentido de que, de acordo com o apresentador, o mundo nunca esteve tão conectado quanto hoje. Ele usa como exemplo a pandemia de covid-19 para demonstrar como um evento do outro lado do globo pode impactar as vidas dos mais de 7,6 bilhões de habitantes da Terra.

Huck mostra que a crise sanitária não alterou as tendências globais, mas acelerou fenômenos já em curso. A partir dessa constatação, o documentário explora assuntos delicados sem ficar em cima do muro, embasado pelas reflexões de intelectuais prestigiados, mas também pelo ponto de vista de pessoas humildes que vivem os problemas na pele. Em pouco mais de 40 minutos, Huck passeia por temas como desigualdade econômica, vulnerabilidade social, educação, mudanças climáticas e política, não se limitando a diagnosticar problemas, mas buscando oferecer propostas e soluções para cada uma dessas questões.

Huck respondeu às seguintes perguntas do Estadão:

O que você aprendeu com esse ciclo de entrevistas no Estadão?

É possível construir um futuro, encontrar saídas e retomar a esperança, mas isso só vai acontecer se a sociedade civil responder a um chamamento e se unir em torno do bem comum. Mesmo com toda dor, angústia e incertezas que a pandemia nos impõe, existem caminhos possíveis —ancorados na ciência, bom senso, escuta, diálogo, criatividade, iniciativa, capacidade de execução e boa liderança.

Há três décadas eu viajo o país todo e amplifico a voz dos brasileiros, uma população sofrida que enfrenta suas dificuldades com dignidade e determinação. Essa gente traz novos significados à ideia de empreendedorismo e sempre é motivo de inspiração. Pois os brasileiros, que deram tantas lições de solidariedade e resiliência na pandemia, infelizmente estão pagando um preço muito mais alto do que deviam em função do descaso e do negacionismo. Mas as saídas não vão cair do céu.

As conversas que publiquei aqui no Estadão foram uma tentativa de entender este mundo em processo de drástica mudança, mas também, e sobretudo, uma maneira de contribuir com a esfera coletiva, ajudando a pensar em soluções que nos façam atravessar este mar revolto e chegar a uma sociedade mais democrática, inclusiva e igualitária.

Quais são as tendências que você identificou a partir dessas entrevistas para o período pós-pandemia?

Vivemos um momento muito paradoxal. Estamos na melhor de todas as épocas, mas talvez também na mais cruel de todas. Por um lado, é inegável que fizemos avanços extraordinários nos últimos 30, 40 anos. A expectativa de vida aumentou, a pobreza extrema diminuiu, as pessoas são mais saudáveis. Mas a desigualdade também subiu muito. Desigualdade não é apenas sobre a diferença entre o mais rico mais pobre. É sobre a geração de oportunidades de maneira mais igualitária. É sobre romper com a loteria do CEP, na qual o lugar onde você nasce praticamente determina o seu destino. É sobre debater a terrível herança escravocrata que vivemos no Brasil e que até hoje não foi endereçada. Olhe à sua volta e pergunte quem do seu convívio ao longo da vida profissional respondeu hierarquicamente a um profissional negro?

A sociedade já vinha se transformando, e a pandemia serviu como uma grande acelerador. Decisões que levariam anos foram tomadas em horas, para o bem e para o mal. A digitalização da economia, a desintermediação de fluxos e processos, a colaboração global, a inteligência artificial, a pauta ESG, tudo isso aconteceu com mais intensidade e velocidade. Mas a desigualdade também acelerou. Os mais vulneráveis caíram no que a Nobel de economia Esther Duflo chama de armadilha da pobreza. E a desigualdade envenena a democracia e destrói a sociedade civil, como me disse o historiador holandês Rutger Bregman em uma das conversas que inspiraram o documentário.

Desde o dia zero da pandemia, eu quis amplificar minha atuação cidadã. Atuei na TV e nas minhas redes sociais produzindo e compartilhando informações responsáveis, me empenhando em ajudar pessoalmente quem mais precisava e articulando pontes em meio a uma sociedade partida. Ficou claro num determinado momento o tamanho da crise que vivíamos e o quanto a pandemia iria acentuar as desigualdades que vivemos. Eu não quis ser só reativo, quis dar uma contribuição estratégica.

Tenho o hábito de conversar e ouvir as pessoas. Sempre juntei gente para trocar ideia. Pensei, então, por que não ouvir as pessoas mais brilhantes do mundo nesse momento? Por que não juntar a vanguarda do pensamento mundial e tirar dela luzes que ajudem a entender o que está acontecendo e o que fazer sobre isso tudo? Materializar a inquietação que eu sentia, ouvindo e apontando um mundo melhor.

E busquei por fim pensar como essa curadoria do pensamento de vanguarda poderia ajudar a desenhar políticas públicas para enfrentar os problemas que as pessoas passam. Questões como saúde, educação, tecnologia, mudanças climáticas, produção e sustentabilidade. Propostas como renda básica universal, cadastro digital, potência verde, Estado necessário... E assim nasceu 2021: O Ano que NÃO Começou. Uma livre homenagem ao genial Zuenir Ventura – que a propósito completou 90 anos neste mês e foi o autor de um dos livros que marcou minha adolescência: 1968: O Ano que não Terminou.

Como a polarização política pode prejudicar o Brasil no combate à desigualdade e ao racismo?

Na crise de 2008, Warren Buffet disse que as grandes crises globais são como uma grande maré baixa que pega os banhistas desprevenidos, revelando quem está nadando de shorts e quem está pelado. A época, a analogia fazia referência aos sistema financeiro. Trazendo para a atualidade, em meio à terrível crise sanitária e econômica que estamos vivendo, a pandemia mostrou que boa parte da sociedade estava alheia a debates fundamentais que precisamos enfrentar.

Se não comprometermos a sociedade como um todo —inclusive o 1% da elite brasileira que sempre foi acusada de inação quando o tema é desigualdade e racismo— a buscar caminhos mais igualitários do ponto de vista econômico e racial, vamos colapsar. Até para ser rico é melhor ser rico em um país equalitário, em que as coisas funcionem melhor.

Enfrentar nossas desigualdades e gerar oportunidades independentemente de raça, cor ou credo são alicerces que deveriam voar acima da camada de turbulência ideológica e política. Mas não tem sido assim. O negacionismo, o tecnopopulismo e a miopia de objetivos unicamente eleitorais insistem em arrastar o debate para uma vala rasa. De certa forma, vivemos a apoteose das democracias iliberais —um monstro que se alimenta do isolacionismo e do nacionalismo econômico, da obsessiva tentativa de controlar a mídia, a polícia e a Justiça e, especialmente, do exercício constante do ódio. Algo muito alarmante. As consequências são terríveis para a vida das pessoas, das famílias, do povo. Não cabe chorar o leite derramado, mas convocar um reagrupamento político e instalar uma contranarrativa a fim de deter o obscurantismo e os extremos antidemocráticos. A sociedade precisa reagir, em defesa do direito de sonhar, de ter esperança. Num mundo mais conectado e rápido, a política binária não faz o menor sentido

Como a educação pode ser reinventada após a pandemia?

O Brasil não precisa de cimento e tijolo para qualificar a sua educação. Temos quase 200 mil escolas públicas e quase 50 milhões de crianças na escola. Mas, se já somos um país conectado, com mais chip de celulares ativos do que cidadãos, temos um governo e um sistema de educação ainda muito analógicos. É importante reconhecer os esforços de digitalização e acesso à educação espalhados pelo Brasil, mas eles ainda são raros e insuficientes.

A verdade é que nossas crianças mais pobres perderam dois anos letivos. A desigualdade digital e a não-priorização da educação ao longo da pandemia tiveram um impacto violentíssimo. Escolas estão até hoje fechadas. Os alunos em casa, desconectados há tanto tempo. Isso trará enormes consequências geracionais. Temos de organizar uma resposta à altura desse colapso humano, uma resposta que ao mesmo tempo valorize o professor e acelere a incorporação de novas tecnologias. Internet de qualidade para todos é um item de primeira necessidade, por exemplo. É preciso também pensar na educação como ferramenta de capacitação profissional. O trabalho está passando por uma verdadeira revolução. Temos de agir com prontidão para gerar empregos —e gerar empregos para os setores mais modernos da economia, apostando no ensino não só técnico, mas especialmente no ensino tecnológico.

A educação é a ferramenta mais poderosa de transformação social. Não existe desenvolvimento e mobilidade sem uma rede de educação inclusiva. Se a educação não for a prioridade número 1, 2 e 3 no Brasil, não vamos avançar.

O esforço global suscitado pela pandemia pode nos ajudar de alguma forma a lidar com o aquecimento global?

Infelizmente o Brasil hoje não tem a capacidade de liderar qualquer agenda global. Ao longo de todo o século XX, mesmo sendo um país pobre e em desenvolvimento, nós sempre fomos respeitados e reconhecidos pela nossa arte, arquitetura, música, cultura, esporte e agricultura. Na década de 50 fomos capazes de construir uma capital em 5 anos, tivemos a sensibilidade de encomendar uma cidade pelo olhos de gênios como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Fizemos o primeiro palácio aberto, horizontal, envidraçado, nivelado na altura “do povo”. Longe do estilo rococó que materializava “o poder” ao redor do planeta.

Este Brasil infelizmente sumiu. Foi sufocado por uma visão miope das potencialidades brasileiras e atropelado por quem adora fazer apologia da mediocridade.

Mas a pandemia foi só um aviso da natureza. Um alerta sobre os maus tratos que ela vem sofrendo principalmente nos últimos 100 anos. A mãe de todas as pandemias será a mudança climática. E esta não tem vacina que resolva.

A agenda da sustentabilidade vai se impor. Quer dizer, já está se impondo. Não só porque é a escolha moralmente correta, mas também porque é importante para o sucesso dos negócios. Regimes autoritários têm, pela sua natureza, problemas de sustentabilidade. Tenho fé de que as lideranças mundiais terão eventualmente que acolher uma visão ecossistêmica da realidade. O Brasil pós-2022 pode e deve liderar esta agenda verde, da agroindústria sustentável, da preservação, da floresta em pé, da proteção dos nossos povos ancestrais. Nosso país tem tudo para ser referência global nas áreas de alimentação, energia e meio ambiente.

Como o Brasil pode aproveitar seu potencial — econômico, social, ambiental — plenamente nos próximos anos?

Não há vento bom para uma nau sem rumo. O Brasil precisa de um projeto de nação. Um projeto de arquitetura, engenharia e construção. Tenho investido boa parte do meu tempo, em ouvir, ouvir e ouvir mais um pouco. Um ciclo intenso de escuta de muita gente que tem muito a dizer em áreas que acredito serem fundamentais para o salto de desenvolvimento social, economico e ambiental que o Brasil merece. E posso afirmar que não faltam boas ideias e principalmente gente capacitada para executá-las la em todas as áreas. .

Mas precisamos desconstruir a crença de que o nosso país é tão especial que vamos dar certo de qualquer jeito. Não é assim. Para finalmente sermos o país do futuro, que sempre acreditamos ser, vamos ter que colocar a mão na massa. Temos de juntar essas pessoas capacitadas e comprometidas e colocá-las para trabalhar na mesma direção. Vamos ter de definir nosso propósito e nossa missão. Quando você tem clareza sobre isso como nação, as oportunidades aparecem e o mundo vem até você. Nada virá por geração espontânea. Precisamos resgatar o respeito e a confiança internacional no país, formar novas lideranças, iniciar novos ciclos políticos e cuidar das nossas contas com responsabilidade para poder cuidar das nossas pessoas. Um esforço como nunca fizemos.
© Silvana Garzaro/Estadão

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