A Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 20 de junho, tivemos 04 novos pacientes que testaram positivo para o covid-19

A Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 20 de junho, tivemos 10.538 casos registrados como suspeitos, sendo 2.932 casos confirmados, dentre estes, são 2.839 pessoas RECUPERADAS, 15 estão em isolamento social, 05 estão internadas e 73 foram a óbito. 7562 casos foram descartados e 44 pessoas aguardam resultado de exame. Nesse momento, temos 20 casos ativos.
O uso da máscara é indispensável, evite aglomerações, use álcool 70% e lave as mãos com água e sabão sempre que puder.

Prefeitura de Ipiaú/Dircom

Saúde distribui mais 7,6 milhões de doses da vacina da AstraZeneca

Foto: Raquel Portugal/FioCruz
Imunizante é para completar vacinação de grupos prioritários

O Ministério da Saúde começou a distribuir hoje (20) 7,6 milhões de doses da vacina da AstraZeneca para estados e o Distrito Federal. Produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as doses serão destinadas para completar a imunização de grupos prioritários com a segunda dose do imunizante contra a covid-19. O intervalo entre as duas doses é de 3 meses.

Segundo o ministério, a doses vão imunizar idosos entre 60 e 64 anos e profissionais que atuam na linha de frente de combate à pandemia, como trabalhadores da área da saúde eagentes de forças de segurança e das Forças Armadas. O envio deve ser concluído amanhã (21).

Com a remessa do novo carregamento, o ministério chega à marca de 120 milhões de doses enviadas aos estados. Mais de 86 milhões já foram aplicadas.
Agência Brasil

“João Roma é o futuro da Bahia com toda certeza”, diz Bolsonaro

Foto: Divulgação/Ministro da Cidadania, João Roma

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (20) que o ministro da Cidadania, João Roma, “é o futuro da Bahia com toda certeza”. Bolsonaro participou de uma chamada de vídeo com Roma, que promoveu um encontro com lideranças políticas em Amargosa, e falou para os participantes.

“Meus amigos da Bahia, um grande abraço a todos vocês. Parabéns pela liderança aí do João Roma. Queremos o melhor do Brasil. Ninguém melhor do que eu para expressar o que não gostaríamos que acontecesse com a nossa Bahia. Esse estado que é um país. Quem sabe na próxima oportunidade eu me faça presente para conversar com vocês aí. Mas o João Roma é o cara, é o futuro da Bahia com toda certeza”, disse o presidente.

Antes da fala de Bolsonaro, os participantes gritavam “mito, mito, mito”, saudação que é uma marca dos bolsonaristas para o capitão reformado. Na chamada, Roma apresentou os participantes do encontro ao presidente, entre prefeitos e lideranças.
Por: Política Livre

Governo Bolsonaro defende que civis sejam julgados pela Justiça Militar em caso de ofensa às Forças Armadas

Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O governo de Jair Bolsonaro defende que civis sejam julgados e punidos pela Justiça Militar por supostas ofensas a instituições militares e às Forças Armadas.

A defesa foi feita em um parecer assinado pelo advogado-geral da União substituto, Fabrício da Soller, e protocolado no STF (Supremo Tribunal Federal) na quinta-feira (17).

A posição da AGU (Advocacia-Geral da União) se baseou em pareceres elaborados pelas áreas jurídicas do Ministério da Defesa, de Exército, Aeronáutica e Marinha e da Secretaria-Geral da Presidência da República.

A manifestação do governo se deu no curso de uma ação, chamada ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), movida no Supremo pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Na ação, a ABI aponta um silenciamento de jornalistas e ativistas por meio de ameaças, hostilização, instauração de procedimentos de responsabilização criminal, censura via decisões judiciais, indenizações desproporcionais determinadas pela Justiça e ajuizamento de múltiplas ações de reparação de danos contra um mesmo jornalista ou um mesmo veículo de imprensa.

A ABI pede na ação que seja considerada inconstitucional a aplicação de artigos da lei no sentido de coibir a publicação de informações referentes a servidores públicos, pessoas públicas, candidatos a cargos eleitorais, militares e instituições militares.

No caso dos militares, a previsão existe no Código Penal Militar, um lei decretada em 1969, no auge da ditadura militar (1964-1985).

Segundo o código, civis podem ser julgados e punidos por crimes militares, em casos de ofensas e ataques a instituições militares e às Forças Armadas. Esse entendimento vale para os chamados crimes contra a honra.

Para a ABI, “apesar da interpretação restritiva que predomina no STF”, critérios assentados em expressões como “afetar as instituições militares” e “atingir as Forças Armadas” abrem amplo espaço para aplicação do Código Penal Militar e para a definição da Justiça Militar como foro para julgamento desses civis.

“A submissão à Justiça castrense e a aplicação do Código Penal Militar produzem efeito resfriador sobre todos aqueles que desejam publicar notícias sobre as Forças Armadas”, cita a ação.

O governo Bolsonaro discordou do entendimento e do pedido da ABI.

“Se houver cometimento de ilícitos penais, mediante dolo ou ausência do dever de cuidado objetivo, deve haver sanção penal, (…) sob pena de conferir-se (…) um salvo conduto para o cometimento de crimes contra a honra de militares, políticos e agentes públicos”, cita um parecer da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência.

Segundo a AGU, o que a associação de imprensa pede representaria um afastamento do juiz natural da causa, mesmo se o suspeito for um civil e o suposto ofendido, um militar ou uma instituição militar.

“Os delitos praticados por civil contra instituição militar são considerados crimes militares e, portanto, de competência da Justiça Militar”, afirmou a AGU.

Para a AGU, a ação não deve ser aceita por inexistir “pertinência temática” e por não levar em conta o princípio de separação dos Poderes.

O governo sustenta que há compatibilidade entre a previsão de crimes contra a honra e o respeito à liberdade de expressão. E que, se civis ofendem instituições militares, devem ser julgados e punidos pela Justiça Militar. O relator da ação no Supremo é o ministro Gilmar Mendes.

Vinicius Sassine, Folhapress

Bahia registra 4.567 novos casos de Covid-19 e mais 73 óbitos pela doença

Foto: Werther Santana/Estadão

Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 4.567 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,4%) e 3.604 recuperados (+0,3%). O boletim epidemiológico deste domingo (20) também registra 73 óbitos. Apesar de as mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram realizados hoje. Dos 1.097.339 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.057.048 já são considerados recuperados, 17.114 encontram-se ativos e 23.177 tiveram óbito confirmado.

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 1.343.821 casos descartados e 231.880 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica em Saúde da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas deste domingo. Na Bahia, 50.384 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 23.177, representando uma letalidade de 2,11%. Dentre os óbitos, 55,81% ocorreram no sexo masculino e 44,19% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,97% corresponderam a parda, seguidos por branca com 22,22%, preta com 15,42%, amarela com 0,42%, indígena com 0,13% e não há informação em 6,83% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 61,10%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (73,05%).

A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

Situação da regulação de Covid-19

Às 12h deste domingo, 75 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 34 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia.

Vacinação

Com 4.403.003 vacinados contra o coronavírus (Covid-19), dos quais 1.700.360 receberam também a segunda dose, até as 12 horas deste domingo, a Bahia é um dos estados do País com o maior número de imunizados. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) realiza o contato diário com as equipes de cada município a fim de aferir o quantitativo de doses aplicadas e disponibiliza as informações detalhadas no painel https://bi.saude.ba.gov.br/vacinacao/.

Tem se observado volume excedente de doses nos frascos das vacinas contra a Covid-19, o que possibilita a utilização de 11 e até 12 doses em apenas um frasco, assim como acontece com outras vacinas multidoses. O Ministério da Saúde emitiu uma nota que autoriza a utilização do volume excedente, desde que seja possível aspirar uma dose completa de 0,5 ml de um único frasco-ampola. Desta forma, poderá ser observado que alguns municípios possuem taxa de vacinação superior a 100%.

Produtores temem que julgamento no TJ volte a beneficiar alvos da Operação Faroeste

Foto: Divulgação/Arquivo

O Tribunal de Justiça da Bahia marcou para esta segunda-feira (21) um julgamento que, segundo advogados, poderá entregar a posse de 366 mil hectares de terras na região Oeste do Estado para dois dos principais investigados na Operação Faroeste, que apura venda de decisões judiciais, corrupção e grilagem, entre outros crimes.

A Corte irá julgar um mandado de segurança contra a sentença da juíza Marivalda Moutinho, afastada de suas atividades por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). As supostas irregularidades estariam, segundo o Ministério Público Federal, na origem dos crimes investigados na Faroeste.

Em dezembro de 2018, a juíza deu sentença que transferia a posse dos 366 mil hectares ao borracheiro José Valter Dias, em prejuízo de mais de 200 agricultores, que estão na região há pelo menos duas décadas. A decisão teria beneficiado o grupo do falso cônsul Adailton Maturino, cuja esposa, segundo o MPF, criou uma holding para administrar as terras.

A propriedade equivale a cinco vezes o tamanho da cidade de Salvador. Inicialmente, o TJBA suspendeu os efeitos da sentença de Marivalda. Agora, a relatora do processo na 2ª Câmara Cível do TJBA, desembargadora Sílvia Zarif, propõe a anulação do processo como um todo.

Os agricultores temem, no entanto, que com a eventual anulação da sentença de Marivalda (assim como a decisão que suspendeu seus efeitos), pode voltar a valer uma liminar proferida pelo juiz Sérgio Humberto de Quadros Sampaio, também investigado e preso pela Faroeste.

A liminar determinava que os cerca de 200 agricultores deixassem suas terras, que seriam então tomadas pelo grupo de Adailton Maturino e José Valter Dias. A Associação dos Produtores da Chapada das Mangabeiras (Aprochama) chamou a atenção para essa consequência, mas, segundo eles, o voto da desembargadora não levou isso em consideração.

A associação congrega os agricultores que foram vítimas de alvos da Operação Faroeste. A esperança dos agricultores está nos próximos votos, uma vez que o julgamento foi suspenso e prosseguirá amanhã (21). A Aprochama pede ao TJBA que julgue o mérito da ação principal que discute com quem deve ficar a posse das terras.

A Corregedoria das Comarcas do Interior do TJ-BA confirmou audiência que fará no dia 28 de junho com a Aprochama. Nos últimos dias, a questão fundiária no Oeste da Bahia ganhou novos contornos com o assassinato do produtor Paulo Grendene.
Política Livre

Polícia Militar prende homem no Centro de Ipiaú por descumprimento a prisão domiciliar

Foto/Divulgação
Por volta das 12h, deste domingo (20/06/21), a Central de Operações da 55ª CIPM recebeu uma ligação, através da linha de telefone 190, na qual denunciava que havia um homem na avenida Getúlio Vargas, Centro de Ipiaú, portando arma de fogo.

A guarnição do 1º PEL deslocou ao local. Fez rondas nas imediações, localizando o suspeito, de vulgo "Dhe". Os policiais militares realizaram a abordagem, não sendo encontrado nada de ilícito, porém, foi suspeitado que ele se encontrava em regime de prisão domiciliar.

O detento foi conduzido à delegacia de Ipiaú, onde foi constatado ele cumpre Prisão domiciliar com n° de processo 200143-41.2019.8.05.0141 pela Vara do Júri e Execuções Penais de Jequié.

A prisão convertida em domiciliar ocorreu em razão da pandemia.

Autor: Lázaro Souza Mendes

Informações: Ascom/55ª CIPM/PMBA, uma Força a serviço do cidadão!

Nise Yamaguchi processa Otto e Aziz e pede R$ 320 mil por danos morais

Oncologista diz ter sido alvo de "agressiva sanha" do senador, que a constrangeu ao indagá-la sobre a diferença entre vírus e protozoário

Senador Otto Alencar (PSDBA) durante a CPI da Covid (Imagem: Reprodução/TV Senado)

A médica oncologista Nise Yamaguchi decidiu processar o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), e o senador Otto Alencar (PSD-BA), também membro da comissão, por danos morais. Ela pede ao menos R$ 320 mil em indenização. A informação foi revelada neste sábado (19) pelo portal UOL.

Segundo a publicação, Nise considera que os senadores a humilharam e foram misóginos – preconceito contra a mulher — durante seu depoimento à comissão no Senado, em 1º de junho.

Na oitiva, a médica passou por uma “prova” de conhecimentos científicos ao ser interrogada por Otto, que também é médico. Insatisfeito com as respostas, o senador interrompeu Nise diversas vezes e chegou a classificá-la como “médica audiovisual”, em uma tentativa de expor suposto desconhecimento dela sobre temas ligados à pandemia.

“Eu tenho que colocar meu repúdio à situação que estou colocada ali, em um gabinete de exceção. Estou me sentindo aqui bastante agredida neste sentido porque eu estou como colaboradora eventual de várias ações de uma relação direta com a situação clinica dos nossos pacientes e eu gostaria de ter, portanto, senador, a necessária avaliação dessa posição”, declarou Nise, na ocasião.

Para Nise, Omar, como presidente da CPI, foi cúmplice por não ter impedido ou minimizado “a agressiva sanha de seu colega”. Na ação, seus advogados dizem que “a humilhação reverberou em milhões de visualizações no YouTube por todo o Brasil”.

Em nota ao UOL, Otto Alencar afirmou não ter sido notificado e que, assim que o for, seus advogados “responderão de acordo com a lei”. No entanto, disse que a Constituição “garante a senadores e deputados, o direito a manifestações, opiniões e votos no exercício de suas funções”.

“O senador Otto Alencar reforça que durante os seus questionamentos se referiu a médica Nise Yamaguchi, com respeito, sempre a tratando como doutora, senhora e Vossa Senhoria”, afirma o texto.

“Quanto à pergunta sobre vírus e protozoário, a médica não soube responder a indagação. O questionamento foi feito com o objetivo de indicar, como atestam cientistas e especialistas na área de saúde, que nenhuma medicação evita a contaminação pelo coronavírus e que o tratamento precoce, defendido por Nise Yamaguchi, não funciona e não é recomendado”, completou

Trem com soja descarrila e nove vagões são destruídos em MS

Apenas uma pessoa sofreu ferimentos leves - Reprodução | Jovem Sul News

Um trem carregado com farelo de soja descarrilhou e nove vagões ficaram destruídos na manhã deste último sábado (19) em uma área de difícil acesso próximo de Inocência, a 330 quilômentro de Campo Grande.

Apesar do cenário de destruição, a locomotiva não chegou a tombar, conforme trabalhadores. Um deles se feriu levemente. O trem seguia sentido Mato Grosso do Sul a São Paulo. No acidente pelo menos uma pessoa sofreu escoriações.
Nove vagões ficaram destruídos | Foto: Jovem Sul News
Equipes das empresas que prestam serviços de manutenção das cidades de Inocência, Aparecida do Taboado e de Chapadão do Sul partiram para o local e restabelecer do tráfego.
Segundo informações do jornal Jovem Sul News, não existem sinais de sabotagem no local do acidente.

Fonte: Midiamax

O MDB pode apoiar qualquer um, Wagner, Neto ou Roma, diz Lúcio com a sinceridade que é sua marca

Foto: Divulgação/Arquivo

Lúcio Vieira Lima tem um estilo de fazer política que surpreende pela sinceridade e pelo bom humor; pode-se dizer que é daqueles políticos que ainda dizem claramente como são as coisas no mundo da política. Uma delas foi explicada sem rodeios nessa entrevista concedida ao Política Livre na última quarta-feira (16): os partidos lançam candidaturas como maneira de negociar politicamente.

No mesmo dia dessa conversa, Lúcio reuniu-se, pela manhã, com Luiz Caetano, secretário estadual de Relações Institucionais do governador Rui Costa (PT), mas garante que pode apoiar qualquer um: o candidato do PT, Jaques Wagner, ou ex-prefeito ACM Neto (DEM) ou mesmo João Roma, ministro da Cidadania, hoje abrigado no Republicanos. O emedebista não nega que conversa com todo mundo.

E escancara: o que menos importa nessas conversas são projetos ou propostas, mas as facilidades que cada sigla pode oferecer para as eleições. O emedebista vê Roma, Neto e Wagner como os candidatos mais fortes ao governo estadual e não acredita no surgimento de uma terceira via que desfaça a polarização atual entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT).

Sobre o petista, fez um comentário no mínimo intrigante: “dar um microfone a Lula é como dar um fuzil a um marginal”. Na Bahia, Lúcio destaca o peso do MDB que, em sua avaliação, foi relevado nas últimas eleições municipais – quando elegeu os prefeitos de Feira de Santana e Vitória da Conquista – mas diz que o partido jogará como time pequeno: com o regulamento debaixo do braço e sem lançar nome ao Palácio de Ondina.

Lúcio não gosta de ser chamado de “deputado” – com jeito escrachado, indagou ao repórter, ainda quando era marcada a entrevista, se não tinha visto que ele perdeu as eleições em 2018 – e salienta que não será candidato a nada em 2022: as urnas mostraram que o povo não o quer mais com mandato, em sua avaliação. Afirmando ser um “desempregado”, disse ainda que faz comentários políticos, mas não profissionalmente.

Também dá conselhos a quem se dispõe a ouvi-los. Se ninguém os quiser ouvir, brinca, falará para si.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Desde que deixou de ser deputado federal, você tem se mostrado um comentarista político muito bom. Pretende se tornar comentarista?

Para fazer política, você não precisa estar com um mandato nas mãos. Faz política em casa, na escola, faz política no ônibus, e eu não disputarei nenhum cargo eletivo, pois submeti meu nome nas urnas e o povo não me quis eleito, não me quer como deputado federal. Eu perdi a eleição por uma única razão: não tive voto. Então eu disse que ia me dedicar a dar conselhos a quem quer, a quem acha que eu tenho conselhos para contribuir e eu iria me dedicar a fazer análise, não profissionalmente, mas por entender, por conhecer os meandros da política. Estou à disposição de quem quiser me ouvir; se ninguém quiser, eu falo para mim mesmo.

Hoje vi uma postagem em seu Instagram ao lado do presidente estadual do partido, o Alex Futuca. Como está a movimentação do MDB pela Bahia?

Na última eleição, todo mundo dizia que o MDB estava acabado quando, na verdade, o desgaste do partido é o desgaste mundial da política como um todo. Então o MDB disputou a eleição municipal sob a dúvida de se iria sobreviver ou não, mas no final, ao abrir as urnas, para surpresa dos outros, não minha, elegemos os prefeitos das duas maiores cidades do interior – Feira de Santana e Vitória da Conquista – saímos como o quinto maior partido em termo de votos, perdendo somente para o PT, que tinha o governo do Estado, o PSD, que tinha senador, para DEM, que tinha o prefeito da capital, e para o PP, que tinha o vice-governador. Nós fomos para a eleição sem nenhuma máquina, tínhamos apenas o 15, a legenda e nossa história. Em uma eleição de sobrevivência, fizemos uma eleição de manutenção.

Mas e hoje?

Hoje somos procurados também por diversos partidos, por diversos candidatos. Hoje pela manhã eu fui tomar café da manhã – e isso não é segredo porque uma coisa que eu não aceito é patrulhamento e todo mundo sabe de meu comportamento e de minha seriedade – eu fui tomar café a convite de Luiz Caetano [secretário de Relações Institucionais do governador Rui Costa], tomeu um belo de um café e conversamos por cerca de três horas. E isso quer dizer que vamos apoiar [o senador e pré-candidato do PT ao governo, Jaques] Wagner? Não. Isso quer dizer que podemos apoiar Wagner, que não tem nada que impeça; não tem intriga, não tem desavença, não tem nada. Como eu tenho conversado muito com João Roma [ministro da Cidadania que pode ser o candidato de Bolsonaro na Bahia em 2022]. Podemos apoiá-lo? Podemos. É um amigo com quem me dou muito bem, converso bem, e que está procurando fazer pela Bahia, por isso sou devedor a ele, pois está fazendo pelo meu estado. E, da mesma forma, podemos apoiar [o ex-prefeito de Salvador, ACM] Neto. Fazemos parte da base do prefeito Bruno Reis. Agora, falando como comentarista político, tem que parar com esse patrulhamento de achar que, quando é para um, pode; quando é para outro, não pode.

Nas conversas de agora já se avaliam todas essas possibilidades, inclusive de segundo turno? Pois todos dizem que só falam de eleição em 2022, mas as articulações já correm soltas.

Isso [não revelar as articulações que já ocorrem] é fruto do desgaste da política e dos partidos. Um país com 36 partidos aptos para disputar eleição, vamos convir que não há ideologia. Então os partidos viraram máquinas que têm tempo de TV, fundo eleitoral, e hoje o que menos importa são as propostas e projetos, mas as facilidades para disputar as eleições. Na hora de decidir qual candidato vai apoiar, tem que levar em conta a questão do legislativo, pois há candidatos que não querem ir para partidos que já têm deputados, pois acham que não se elegem assim. Nessa eleição haverá uma grande vantagem do MDB, pois, diferente dos partidos com candidatos a governador que têm já deputados, poderá jogar com o regulamento debaixo do braço e se comportar como partido pequeno. Não preciso ser atacante nem defensor, posso ser meio-campista.

A questão nacional é levada em conta também. Correto?

Para decidir aqui, vai precisar aguardar as decisões nacionais, pois os partidos estão agora muito mais dependentes de suas direções partidárias, que ganharam muito mais força.

Você acredita numa terceira via? Parece que haverá um cenário de polarização entre petismo e bolsonarismo.

Pode ter terceira, quarta, quinta, mas você acha que fora da polarização Lula e Bolsonaro poderá surgir um nome viável com possibilidade de vitória? Eu acho difícil arrumar um candidato que tenha viabilidade para disputar e ganhar a eleição. Primeiro porque o radicalismo imperou aqui no país, então se faz mais a política de paixão. As pessoas querem defender Bolsonaro ou defender Lula sem saber por que defendem ou por que atacam. Virou time, virou paixão e acho difícil furar essa polarização. E a eleição passada demonstrou que essa história de muitos partidos, tempo de televisão e palanque já não influencia tanto o voto.

O MDB nacionalmente também não demonstra se apoia ou não Bolsonaro. Tem, por exemplo, a liderança do governo no Senado, mas senadores do partido atacam a gestão do governo na pandemia como se vê na CPI da Covid.

Hoje, quando chega lá no parlamento, está todo mundo se colocando como terceira via para se valorizar com os dois lados. Então tem que aguardar, pois ninguém vai se definir agora. O próprio Neto gravou um vídeo no Instagram dele em que diz que não pode nem se declarar como pré-candidato. O Lula até pouco tempo não podia nem ser candidato, mas agora pode ser candidato e sai de até 15% nas pesquisas e vai para mais de 50% e mostra que pode ganhar no primeiro e no segundo turno.

O MDB e o PSL estavam conversando aqui na Bahia sobre formar um bloco. Com a entrada do deputado Elmar Nascimento no PSL, que também presidirá a sigla, como fica isso?

Tudo o que acertamos com o PSL foi quando o partido era presidido pela deputada Dayane Pimentel. Então o que conversei antes termina não valendo agora.

Ciro Gomes esteve aqui na semana passada e disse que esse cenário de polarização e crescimento do Lula é algo artificial e gerado pela própria decisão do STF que tornou Lula elegível de novo. Você concorda?

Com a avaliação dele eu concordo; com a avaliação do cenário, não. Se ele é candidato, é óbvio que ele vai dizer que é artificial. Se for dizer que não há polarização, que não há terceira via, que vai se manter assim, então ele não é candidato. Eu concordo com o discurso dele, Ciro, para ele: é o discurso que ele precisa fazer, que é o que todo candidato faz quando está atrás nas pesquisas.

Você cravou como certa a candidatura do João Roma. Ela é fruto de inabilidade de Neto, de necessidade do Bolsonaro ou de ambição política mesmo do ministro?

Eu sou amigo de João Roma como sou amigo de todos. Sempre trato a todos como muito respeito. [A candidatura de João Roma] não é fruto de inabilidade de Neto, não é fruto de ambição do ministro, não é fruto de Bolsonaro. É fruto da conjuntura política atual. Qual foi a inabilidade de Neto? Dizer que ele estava contra João Roma ser ministro? Eu não posso dizer que o sujeito estava certo ou errado, mas Neto teve razões naquele momento, principalmente por conta da política de Brasília, quando quiseram carimbá-lo como alguém que tivesse feito uma negociata. Então ele precisava desse gesto, na ótica dele, para mostrar que ele não fez negociata nenhuma. Podia ter feito de outra forma? Poderia ter feito da forma que fosse, mas ser engenheiro de obra pronta é muito fácil. O que não se pode dizer é que Neto é um político inábil. Mas João Roma mostrou também grande qualidade, crescendo dentro de seu partido, o Republicanos, e chega a ser ministro em seu primeiro mandato – ele demonstrou o seu valor. E o fato desse valor ter se manifestado logo cedo, permitindo que ele galgasse algo, isso não é ambição. Isso é mérito. Quando eu cravei que ele é candidato, é porque política também tem lógica. João Roma hoje é ministro, e parece que a esposa dele já se coloca como candidata a deputada federal. Se ele sai a governador e a Roberta a deputada, se ele perde, ele continua com o mesmo espaço. Na eleição, o que ele tem a perder? Ele corre o risco de ganhar. Se der tudo errado, ele pode ganhar a eleição. É a brincadeira que se faz. Ele se torna uma nova liderança. Ele não tem nada a perder, e alavancado por Bolsonaro, mesmo que perca, não vai ter um desempenho pífio que venha a desmoralizá-lo.

Então você aponta três candidaturas definidas.

Sim. Temos três candidaturas fortes definidas: a de Wagner ancorado em Lula, a de João Roma ancorado em Bolsonaro e a de Neto ancorado em Ciro Gomes e nele mesmo. Ele [Neto] vai se ancorar em mostrar o trabalho que ele fez na prefeitura de Salvador. Vai trabalhar para que não se federalize as eleições.

O senhor cravou a candidatura de Wagner, mas Leão quer ser candidato, Otto quer ser candidato. O senhor acha que Leão e Otto podem tomar outro caminho que não seja apoiar Wagner?

Todo mundo tem o direito e torço que todo partido possa apresentar uma candidatura. Mas na política tem um ditado: “é muito mais fácil retirar uma candidatura do que colocar”. Agora está na hora de todo mundo colocar candidatura. Todo mundo é candidato. Isso é um movimento natural da política: todo mundo apresenta para que possa negociar politicamente. Mas essa entrada de Lula fortalece muito o PT, e os outros candidatos [do grupo que hoje governa a Bahia] ficam mais enfraquecidos. Temos uma vaga para o Senado que, historicamente, também é feito pela chapa que vence [na disputa] ao governo. Então fica muito difícil: vai formar a chapa como? Sai Otto, João Leão, Wagner, Neto, Lídice, João Roma, mas como é que vai fazer para formar chapas? Não tem nome com densidade para formar tantas chapas. Mas o MDB pode apoiar A, B, C ou D porque se dá com todos.

A polarização que vemos hoje entre petistas e bolsonaristas tem sua origem apontada com a Lava Jato, com as prisões – inclusive do irmão do senhor, Geddel – mas surgiram decisões do STF que põem em dúvida ações de procuradores, do então juiz Sérgio Moro. Pode-se dizer que o lavajatismo caiu em desgraça?

Permita-me, primeiro, discordar [sobre a polarização]. Isso não começou com a Lava Jato, mas lá atrás com o mensalão, que também terminou prendendo gente, mas a economia estava funcionando. Estava o povo todo comprando carro, com o filho na faculdade, todo mundo tinha sua motocicleta, seu apartamento. A economia estava bombando em função da alta das commodities. Ali, o Lula, acabou se reelegendo e reelegeu a Dilma.

Então o senhor acha que foi questão econômica, não meramente política.

O que quero dizer é que, naquele momento, o combate à corrupção influenciou pouco nas eleições porque, basicamente, o que decide as eleições não só no Brasil e nos Estados Unidos também… houve presidentes até competentes que perderam as eleições porque a economia estava mal. A radicalização não foi questão de Lava Jato; no impeachment da Dilma, teve uma nova leva de complicação [na economia]. Aí na Lava Jato surgem aquelas famosas gravações conseguidas por hackers com Sérgio Moro, etc, que demonstraram certos excessos, o que não quer dizer que não foi um trabalho importante. Mas uns são presos por um motivo e outros não são presos, algo é considerado crime para um e não é crime para outro – começam essas interpretações que não cabem a mim discutir, mas ao Judiciário ou ao Ministério Público. No caso do Lula, com a saída de Lula, os petistas saíram com energia nova porque dar um microfone ao Lula é como dar um fuzil a um marginal. Um microfone na mão de Lula é uma bomba atômica. Então Lula e o PT estão com um discurso de que Lula é inocente, que foi injustiçado.

Embora ele não tenha sido inocentado, pois o processo foi encaminhado para outra vara federal …

Foi o que acabei de falar. É o discurso, não falei que foi inocentado, mas é a leitura que passa para a população. E os petistas, por sua vez, adquiriram uma alma nova para ir a campo. Então vai ser uma campanha muito dura, muito radicalizada, onde a justiça eleitoral vai ter que funcionar muito. Sobre a questão se o lavajatismo acabou, tudo na vida tem seus momentos mais fortes e momentos mais fracos. É igual ao homem: quando está na juventude, está forte; quando está na meia idade, mais maduro, mais tranquilo; quando fica idoso, fica mais tranquilo em tudo. O lavajatismo teve seu auge. Se foi feito com excessos ou não, a história serve para condenar ou inocentar. A história dirá quem está certo e quem está errado.

Davi Lemos/Política Livre

Fundo de investimento compra OAS por R$ 4,5 bilhões

Valor equivale à dívida total da empreiteira, um dos alvos da Lava Jato

reprodução/Facebook/
A construtora foi fundada em Salvador, na Bahia, em dezembro de 1976 e atua em diversos países. Sua sede é em São Paulo

A empreiteira OAS foi vendida para um fundo de investimentos por R$ 4,5 bilhões. Os detalhes da negociação (inclusive o nome do fundo) devem ser divulgados em breve.

A empresa chegou a ser considerada uma das maiores do ramo no Brasil. Mas decaiu a partir das investigações da Operação Lava Jato, que descobriu seus mecanismos de corrupção a altos funcionários da Petrobras e de lavagem de dinheiro.

O valor do negócio equivale aproximadamente a toda a dívida acumulada pela OAS nos últimos anos. Sobretudo, a partir do momento em que a empresa se empresa se enredou na operação Lava Jato. A OAS caiu em inadimplência no início de 2015.

Os donos da OAS são a família Mata Pires, da Bahia, e Léo Pinheiro , que detém 10% da empresa. Pinheiro foi condenado em 5 ações penais pela Justiça Federal do Paraná e passou longo período preso por corrupção. A empresa concordou em pagar R$ 45 milhões em multas e reparação de danos.

O executivo notabilizou-se também por suas duas denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A 1ª, de que o triplex do Guarujá era de propriedade de Lula – o que o levou à condenação e à prisão. Na outra, Pinheiro disse que a reforma do sítio de Atibaia, supostamente de Lula, fora realizada com recursos de uma conta de propina do PT.

O Poder360 

Em 8 eleições para presidente, nenhuma 3ª via deu certo no Brasil

Foto: Sergio Lima/Poder360/
Bolsonaro e Lula lideram as pesquisas de intenção de voto para 2022
Os resultados das 8 eleições presidenciais de 1989 para cá mostram que a ideia de uma 3ª via tem muito de wishful thinking –quando se confunde desejo com probabilidade real– e quase nada de conexão com a realidade do país. Nunca houve uma 3ª via para valer no Brasil, no sentido do que alguns partidos buscam hoje, com um candidato de centro e fora da polarização esquerda-direita.

O Poder360 compilou os resultados de todas essas eleições desde 1989 com dados do TSE e da página Políticos do Brasil. O resultado desse levantamento mostra um histórico desfavorável para que se tenha um 3º candidato competitivo representando forças do chamado centro político. A experiência recente indica ser improvável que surja um nome viável para tirar as vagas de Lula ou de Bolsonaro do 2º turno.

A eleição de 1989 foi a única com um 3º candidato competitivo desde a redemocratização. Mas aquele foi um pleito solteiro, só para presidente. Situação diferente da atual, quando candidatos a presidente, deputado federal, deputado estadual, senador e governador fazem campanha ao mesmo tempo e são votados no mesmo dia.

Em 1989, que teve a 1ª eleição direta para presidente depois da ditadura militar (1964-1985), houve uma clara polarização entre centro-direita, representada por Fernando Collor (PRN, à época) e esquerda, dividida em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Leonel Brizola (PDT). A 3ª via daquela disputa teria sido o tucano Mario Covas (1930-2001), mas ele fracassou e ficou mais atrás, em 4º lugar, sem nunca ter tido chances reais de vencer.

Brizola ficou em 3º, e fora do 2º turno, mas apenas 0,7 ponto percentual atrás de Lula. Seria incorreto dizer que o pedetista era a 3ª via em 1989. Brizola e Lula disputavam a mesma faixa do eleitorado de esquerda, que ficou dividido.

Não deixa de ser notável, entretanto, que a eleição de 1989 tenha sido a única das 8 disputas diretas pós-ditadura em que a diferença entre o 2º e o 3º candidatos ficou abaixo de 5 pontos percentuais. O quadro a seguir mostra a votação no 1º turno:
Na eleição seguinte, em 1994, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) surfava na popularidade do Plano Real, que reduziu a inflação no país. Foi eleito no 1º turno.

O ano de 1994 marcou o início para valer da polarização entre PT e PSDB, que perdurou na política brasileira até a disputa de 2014.

Em 1994, Lula ficou em 2º lugar, praticamente 20 pontos à frente do 3º colocado, Enéas Carneiro (Prona). Vale mencionar que Orestes Quercia (1938-2010), ex-governador de São Paulo e candidato do então poderoso PMDB, teve votação pífia: apenas 4,4% no 1º turno. Eis os números:

Em 1998, a 1ª disputa depois de ter sido aprovada a possibilidade de reeleição, Fernando Henrique venceu no 1º turno de novo. Lula outra vez ocupou a 2ª colocação. Ciro Gomes (PPS, à época) disputou sua 1ª eleição presidencial e terminou em 3º, mais de 20 pontos atrás do petista. Os resultados foram estes:
A eleição de 2002 selou a chegada do PT ao poder. Lula foi o mais votado no 1º turno, e, no 2º, derrotou José Serra (PSDB). O 3º colocado foi Anthony Garotinho (PSB, à época).
Garotinho, depois de Brizola, foi o 3º colocado que chegou mais perto do 2º turno. Ainda assim, ficou a mais de 5 pontos de Serra. O candidato do PSB em 2002 não emulava o espírito de 3ª via que alguns partidos hoje dizem perseguir. Personalidade controversa da política, Garotinho atuava mais como um líder popular com discurso às vezes pró-esquerda.
Já o tucano Serra arcava em 2002 com desgaste político daquilo que ficou conhecido como “crise do apagão“, no fim do governo de seu correligionário Fernando Henrique Cardoso: o Brasil passou por grave crise hídrica, houve racionamento de energia e falta de luz.
Além disso, afetado pela falta de energia, o país teve baixo crescimento econômico. Os efeitos positivos do Plano Real (de 1994) haviam ficado para trás. Era muito difícil para Serra, candidato de FHC, vencer. O infográfico a seguir mostra os números da eleição de 2002, que levou o PT ao Planalto:

Em 2006 a polarização entre PT e PSDB atingiu o auge.

O governo Lula vinha de forte desgaste por causa do escândalo do Mensalão, divulgado no ano anterior. Mesmo assim o petista ficou na frente no 1º turno e foi eleito no 2º turno –muito por conta da retomada do crescimento da economia e das alianças do PT para governar, abraçando partidos como o PMDB e outros antes considerados adversários.

A 2ª colocação ficou com o tucano Geraldo Alckmin, candidato que teve um feito curioso: registrou menos votos no 2º turno (39,18%) do que aqueles que havia obtido na 1ª etapa (41,64%). O Psol participou da eleição presidencial pela 1ª vez e teve seu melhor resultado, com Heloísa Helena. Ela ficou na 3ª posição, mas quase 35 pontos atrás de Alckmin. Eis os dados:

A eleição de 2010 foi a 1ª de Dilma Rousseff (PT), apresentada por Lula como a “mãe do PAC”, o programa de aceleração do crescimento (um conjunto de obras com forte injeção de dinheiro público). O PIB cresceu e Lula, no cargo, tinha mais de 80% de aprovação em várias pesquisas
Quando se olha em retrospecto, a impressão que se tem é que Lula teria conseguido eleger em 2010 qualquer político que desejasse indicar. Optou pela novata nas urnas Dilma Rousseff. Ela terminou o 1º turno na dianteira. Venceu também a etapa seguinte. O tucano José Serra ficou em 2º.
A 3ª colocada foi Marina Silva (PV, à época). O resultado consolidou Marina no cenário nacional, mas ela passou longe de chegar ao 2º turno. Serra teve vantagem de mais de 13 pontos, como mostra o infográfico:Dilma chegou a 2014 desgastada pelas manifestações que haviam tomado as ruas do país no ano anterior, mas conseguiu terminar o 1º turno na frente e vencer a disputa na etapa seguinte.

Seu principal adversário foi Aécio Neves (PSDB), que ficou em 2º.

Marina Silva (PSB, à época) era vice na chapa de Eduardo Campos (PSB) e assumiu a candidatura ao Planalto depois da morte do político em acidente aéreo. Ela era tentou se apresentar como uma eventual 3ª via, mas terminou a mais de 12 pontos de Aécio.

A rigor, a candidata do PV nunca conseguiu consolidar a imagem de alguém verdadeiramente de centro para furar a polarização PT-PSDB. Marina era vista por parte do eleitorado como uma “outsider” e defensora de ideias que ainda não haviam ganhado tração suficiente na sociedade –como a defesa intransigente de políticas a favor do meio ambiente.

Eis os números de 2014:

O atual presidente da República, Jair Bolsonaro, hoje sem partido (PSL, à época), ficou na frente no 1º turno em 2018 e derrotou Fernando Haddad (PT) na rodada seguinte. Bolsonaro soube capturar o Zeigeist (espírito do tempo) do período eleitoral. Apresentou-se como novidade, apesar de antes ter exercido mandatos de deputado federal por duas décadas e meia. Surfou na rejeição ao PT e na incapacidade do PSDB para renovar o discurso. Usou fortemente as redes sociais, algo que nenhum de seus adversários soube fazer.

Fernando Haddad assumiu a candidatura depois de Lula ser formalmente barrado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ex-presidente estava preso e foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Quem ficou em 3º foi Ciro Gomes (PDT), quase 17 pontos atrás de Haddad, pontuando 12,8%, patamar semelhante ao que havia atingido nas outras duas eleições presidenciais em que concorreu (1998 e 2002).

Leia os números de 2018:

Em 2021 o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou as condenações de Lula na operação Lava Jato. O Tribunal ainda declarou suspeito Sergio Moro, juiz federal que havia condenado o petista e depois integrado o governo de Jair Bolsonaro.

As decisões judiciais devolveram Lula à disputa pelo Planalto.

A pesquisa PoderData mais recente (7-9.jun.2021) mostra o ex-presidente empatado na margem de erro com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas intenções de voto para o 1º turno. Lula teve 31% das intenções de voto. Bolsonaro, 33%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. No eventual 2º turno, Lula venceria por ampla margem: 48% a 37%.

O 3º colocado no levantamento é Ciro Gomes (PDT). Ele, porém, está mais de 20 pontos atrás de Lula e Bolsonaro.

Uma das opções para representar a 3ª via desistiu de disputar a Presidência nesta semana. O apresentador de TV Luciano Huck anunciou que não concorrerá nas eleições de 2022, ainda que tenha deixado no ar que pretende atuar politicamente: “Isso não quer dizer que eu tô fora do debate público”. Ele aparecia com 4% no levantamento PoderData nas projeções de 1º turno, mas venceria Bolsonaro hoje num eventual 2º turno por 45% a 35%.

Eis o que diz a pesquisa PoderData realizada de 7 a 9 de junho de 2021 se a eleição presidencial fosse hoje:

Tudo considerado, se as 8 eleições passadas indicam algum padrão e se as pesquisas atuais sinalizam para alguma direção, a 3ª via no Brasil é algo ainda a ser construído. Nunca deu certo em 3 décadas de disputas diretas para presidente. E neste momento não há sinal claro de que possa vingar.

A 3ª via, tal como vem sendo proposta por alguns partidos, depende menos dos nomes que estão sendo apresentados e mais de algum “fator extra-campo“, como se diz no futebol, para que se abra um novo espaço a ser ocupado. Por exemplo, Jair Bolsonaro de fato ter de enfrentar um processo de impeachment (o que hoje parece improvável) ou Luiz Inácio Lula da Silva sofrer algum revés em seus processos na Justiça (algo também fora do radar). Fora disso, a polarização parece estar cada vez mais sólida.
O Poder360

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