Com fim da limitação de público em eventos, prefeitos já pensam em organizar festejos juninos
O decreto que põe fim à limitação de público em eventos no estado da Bahia, publicado neste sábado (19) no Diário Oficial, possibilita às prefeituras iniciar os preparativos para os festejos juninos no interior. A União dos Municípios da Bahia (UPB) havia enviado esta semana o segundo ofício ao governador Rui Costa (PT) pedindo uma posição para que as prefeituras pudessem começar o planejamento das festas de largo. A medida é vista pelos gestores com entusiasmo e confiança em manter a tradição dos festejos aos santos juninos nas cidades do interior do estado.
“Tivemos uma reunião com prefeitos essa semana e a gente entendia que enquanto o decreto anterior vigorasse não era possível planejar. Temos municípios onde a economia que circula em torno da festa movimenta milhões e depois de dois anos sem o São João, a expectativa era grande. Avançamos muito na vacinação e acredito que com essa nova flexibilização já seja possível programar os festejos, com segurança”, comemora o presidente da UPB, Zé Cocá, que é prefeito de Jequié, no Sudoeste baiano, onde o São João é tradicional.
O último ofício enviado na quinta-feira (17) ao governo do estado foi subscrito pelos prefeitos Júlio Pinheiro, de Amargosa; Genival Souza, de Santo Antônio de Jesus; Marcos Galvão, de Ibicuí; Laércio Muniz, de Senhor do Bonfim; Cristiano Cardoso, de Rio de Contas, e Ednaldo Ribeiro, de Cruz das Almas.
Bahia registra 1.698 casos ativos de Covid-19 e mais 16 óbitos
O boletim epidemiológico deste sábado (19) registra 1.698 casos ativos de Covid-19 na Bahia. Nas últimas 24 horas, foram registrados 947 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,06%), 1.126 recuperados (+0,08%) e mais 16 óbitos. Dos 1.524.423 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.493.143 já são considerados recuperados e 29.582 tiveram óbito confirmado.
Os dados ainda podem sofrer alterações devido à instabilidade do sistema do Ministério da Saúde. A base ministerial tem, eventualmente, disponibilizado informações inconsistentes ou incompletas.
O boletim epidemiológico contabiliza ainda 1.792.229 casos descartados e 326.350 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica em Saúde da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas deste sábado. Na Bahia, 62.755 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.
Vacinação
Até o momento temos 11.419.936 pessoas vacinadas com a primeira dose, 10.454.372 com a segunda dose ou dose única e 4.441.791 com a dose de reforço. Do público de 5 a 11 anos, 744.071 crianças já foram imunizadas com a primeira dose e 69.824 já tomaram também a segunda dose.
Lula ataca Lira, fala no pior Congresso da história e prevê luta difícil nas eleições BRASIL
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao Congresso e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, durante evento com apoiadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná.
“O Congresso Nacional nunca esteve tão deformado como está agora. Nunca esteve tão antipovo, tão submisso aos interesses antinacionais. É talvez o pior Congresso que já tivemos na história do Brasil”, afirmou na tarde deste sábado (19) em visita ao assentamento Eli Vive, em Londrina.
Lula disse que há um excesso de poder nas mãos de Lira e criticou o grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara para discutir o modelo de semipresidencialismo no país. O ex-presidente também alertou para os problemas do orçamento secreto (as emendas de relator), chamado por ele de “orçamento lesa-pátria”.
“Não conseguiram aprovar o parlamentarismo com dois plebiscitos, então vão tentar uma mudança na Constituição para criar o semipresidencialismo. Você elege um presidente, pensa que vai governar, mas quem vai governar é a Câmara, com orçamento secreto para comprar o voto dos deputados, para fazer todas as desgraceiras que estão fazendo.”
Nesta sexta, a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou pedido do Congresso para estender por mais 90 dias o prazo para informar o nome de todos os parlamentares beneficiados em 2020 e 2021 pelas emendas de relator. Conhecidas pelo código RP9, essas verbas são utilizadas como moeda de negociação política pelo governo Jair Bolsonaro (PL).
A magistrada já havia ampliado, em dezembro, de 30 para 90 dias o prazo para que essas informações fossem apresentadas pelo Legislativo. Nesta tarde, Lula reforçou mais de uma vez a necessidade de eleger deputados e senadores, uma das prioridades do PT para dar sustentabilidade a um eventual novo mandato do petista. “Durante as eleições eu vou pedir voto para deputado. Vocês tratem de lançar candidato. Nós precisamos de pelo menos metade de deputados bons. Se não, não consegue aprovar, fazer as coisas”, disse.
O ex-presidente afirmou, também, que “a luta vai ser difícil”. “Estamos lutando contra o que tem de pior na política brasileira. Estamos brigando contra pessoas com pensamento fascista”, disse. Lula aproveitou para atacar dois de seus principais adversários no próximo pleito —o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), responsável pela sua prisão.
“Não sei como uma figura grotesca como o Moro se mete a ser candidato a presidente. O que ele entende de povo? De pobreza? Do mundo do trabalho? Nada. Ele mal e porcamente aprendeu a ler e decorar o Código Penal”, afirmou. O petista disse, ainda, que existe no país uma “fábrica de mentiras” e acusou Bolsonaro de contar “sete mentiras todo santo dia”.
“Quando ele não está mentindo, está fazendo desgraça, vendendo, quebrando o país. Esse cara não visitou uma família que morreu de Covid, não teve uma palavra de afeto, desrespeitou a ciência. Montou uma verdadeira quadrilha no Ministério da Saúde, com o Pazuello [ex-ministro], para comprar vacina, mesmo negando a vacina.”
A visita do ex-presidente neste sábado foi organizada pelo MST e se deu no assentamento situado em Lerroville, um dos oito distritos rurais do município, distante cerca de 57 km da área urbana. Criado há 13 anos, no segundo mandato de Lula, o Eli Vive tem 7.500 hectares de extensão e abriga 501 famílias assentadas, com cerca de 3.000 moradores.
Lula esteve acompanhado do ex-governador do Paraná Roberto Requião, que se filiou ao PT para disputar o quarto mandato; da presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann; da chef de cozinha Bela Gil, que estuda se candidatar a deputada estadual ou federal por São Paulo; do fundador do MST, João Pedro Stedile; e de sua noiva, a socióloga Rosangela da Silva, a Janja.
O encontro marcou o lançamento dos Comitês Populares, que atuarão na organização da campanha eleitoral de Lula no estado. Segundo Stedile, o objetivo desses grupos é fazer “propaganda da necessidade da mudança com Lula presidente” e debater com o povo quais as mudanças prioritárias para o país.
A estimativa é criar 5.000 comitês em todo o Paraná, de acordo com a organização do evento. Lula voltou a Curitiba nesta sexta-feira (18), dois anos e quatro meses depois de deixar a carceragem da Polícia Federal, onde permaneceu preso por 580 dias. Em busca de apoio político nos estados para a eleição presidencial de 2022, ele participou da solenidade de filiação de Requião ao PT.
A presença do ex-governador nas eleições estaduais garantirá palanque para Lula no estado, onde foi alta a rejeição ao Partido dos Trabalhadores no último pleito presidencial. Em discurso no assentamento, Lula afirmou que está feliz com a entrada de Requião no partido “depois de muita teimosia”. “Requião é aquela coisa mais ou menos como o Stedile. Não precisa falar bem da gente para a gente gostar dele. Me faz gostar dele pelo gesto”, disse.
Ana Luiza Albuquerque / Folhapress
Incêndio atinge prédio anexo do Palácio do Planalto
Um incêndio atingiu na tarde deste sábado (19) um prédio anexo do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília. Não há informações sobre feridos.
Fogo e fumaça preta podiam ser vistos no local por volta das 15h30. O corpo de Bombeiros do Distrito Federal não tinha informações sobre a ocorrência por volta das 16h.
Questionado no mesmo horário, o Palácio do Planalto ainda não tinha informações sobre o local atingido.
O presidente Jair Bolsonaro passa o final de semana no Palácio da Alvorada, a residência oficial.
Paulo Saldaña / Folhapress
Governo quer acabar com contribuição única na aposentadoria do INSS
O governo federal trabalha, no Congresso, para derrubar uma brecha legal aprovada na reforma da Previdência de 2019: a possibilidade de usar uma única contribuição, em valor alto, no cálculo da aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e se aposentar com um benefício maior.
O fim da chamada aposentadoria com contribuição única está no projeto de lei 4.491/2021, aprovado pela Câmara na terça-feira (15). De autoria do senador Sérgio Petecão (PSD/AC), a proposta resolve um impasse nacional sobre as perícias médicas do INSS na Justiça, paradas por falta de pagamento.
Desde setembro do ano passado, o Executivo deixou de custear os exames periciais nos processos contra o INSS na Justiça Federal, conforme determina a lei 13.876, de 2019. Com isso, muitas ações que pedem concessão ou revisão de benefícios por incapacidade estão paradas.
O projeto aprovado pelo Senado prorrogava a vigência da lei 3.876, determinando que o governo federal deveria custear as perícias até o dia 31 de dezembro de 2024. Na Câmara, porém, a proposta sofreu modificações. Os deputados aprovaram pagamento de perícia por parte do segurado que perder a ação na Justiça contra o INSS e incluíram o “jabuti” contra a contribuição única na lei. Com isso, o projeto volta para o Senado.
Segundo o artigo 135-A incluído no projeto de lei, haverá divisor mínimo de 108 meses no cálculo da a aposentadoria dos segurados filiados à Previdência Social até julho de 1994. A regra não valerá para a a aposentadoria por incapacidade permanente, antiga aposentadoria por invalidez.
“Para o segurado filiado à Previdência Social até julho de 1994, no cálculo do salário de benefício das aposentadorias, exceto a aposentadoria por incapacidade permanente, o divisor considerado no cálculo da média dos salários de contribuição não poderá ser inferior a 108 (cento e oito) meses”, diz o artigo.
De acordo com o advogado Rômulo Saraiva, especialista em Previdência e colunista da Folha, o discurso do governo é de que a brecha da contribuição única seria uma “invenção” dos advogados para poder burlar o sistema. “Na realidade, existe uma literalidade da própria emenda 103, houve uma técnica, uma redação. Eles [legisladores] colocaram essa responsabilidade nos advogados, mas o texto da emenda 103 é de uma clareza significativa. Agora, querem fazer esse ‘remédio’ por meio desse projeto de lei”, diz.
Roberto de Carvalho Santos, presidente do Ieprev (Instituto de Estudos Previdenciários), explica que o que vai ocorrer é a volta do divisor mínimo, que até 13 de novembro de 2019 era utilizado no cálculo de quem tinha poucos pagamentos a partir de julho de 1994. “Não se trata de algo ilegal [o uso da contribuição única], mas não é algo que dê sustentabilidade para o sistema”, afirma o advogado, sobre o projeto atual.
O divisor considerava a quantidade de meses existentes entre julho de 1994 e a data do pedido da aposentadoria. Quem tinha poucos pagamentos em reais poderia acabar recebendo o salário mínimo. Para Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), a contribuição única foi um erro da emenda 103. “Não tem nada ilegal, está lá, na lei, mas fere a questão da solidariedade. Não dá para a gente defender que a contribuição única estaria certa”, diz.
Como funciona a contribuição única?
A reforma da Previdência de 2019 criou a possibilidade de o trabalhador descartar, no cálculo da aposentadoria, quantas contribuições sejam necessárias para a ampliação da média salarial sobre a qual o benefício será calculado. Isso só ocorre, porém, se o segurado tiver o número mínimo de pagamentos exigidos para pedir o benefício, que é de 180 contribuições, e desde que as contribuições descartadas não sejam utilizadas nem no INSS nem em outro regime previdenciário.
Desde abril do ano passado, nota técnica do INSS orienta que não sejam concedidas aposentadorias utilizando a regra da contribuição mínima, que consta na lei. No documento interno, o órgão recomenda a suspensão dos benefícios até que haja manifestação da procuradoria federal. Na época, o instituto afirmou na nota que a concessão de benefícios nessas circunstâncias viola princípios do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário, caracterizando abuso de direito e enriquecimento sem causa.
Para os especialistas, porém, a lei deve ser respeitada até que seja modificada. “Enquanto o projeto de lei não passar a ter sua vigência –ele precisa ser ratificado no Senado e precisa efetivamente adentrar no mundo jurídico– existe a possibilidade de as pessoas pagarem suas contribuições e ter oportunidade de se aposentar com essa regra”, afirma Saraiva.
“O INSS demonstrou, com a nota técnica, que não estaria respeitando essa ‘brecha’. A recomendação é que a pessoa pague, se quiser, valor maior, peça o benefício, o INSS certamente vai conceder um valor menor e, posteriormente, busque uma revisão por ter exercido seu direito na vigência da lei”, orienta.
Quem pode se aposentar com a regra
Um exemplo de aposentadoria com uma única contribuição seria a do trabalhador que tenha completado 15 anos de contribuição antes de julho de 1994 e atualmente já tenha atingido a idade mínima exigida. Se ele tiver mais seis contribuições pagas em reais, com valores menores, e uma contribuição pelo teto do INSS (R$ 6.433,57 em 2021), poderia descartar esses seis pagamentos e usar como referência para o cálculo só a contribuição pelo teto.
O perfil que se encaixa seria de segurados que recolheram contribuições antes de julho de 1994, já têm os 15 anos de carência e não têm muitos pagamentos depois do início do Plano Real.
Cristiane Gercina / Folhapress
AGU recorre contra decisão de Alexandre de Moraes que suspendeu Telegram BRASIL
A Advocacia-Geral da União lançou estratégia, na madrugada deste sábado, 19, para derrubar a decisão que suspendeu o aplicativo de mensagens Telegram no País – um dos principais canais utilizados pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. O órgão pede que o Supremo Tribunal Federal determine que as penalidades previstas no Marco Civil da Internet – norma que fundamentou a decisão de suspensão – não podem ser impostas por inobservância de ordem judicial – como ocorreu no caso do aplicativo russo.
O pedido de decisão cautelar, com posterior envio para referendo do Plenário da corte, foi direcionado ao gabinete da ministra Rosa Weber. Ela é relatora de uma ação em que o Partido da República questionava decisões de juízos de primeiro grau que determinaram a quebra de sigilo de mensagens de investigados no Whatsapp, e, depois da recusa do aplicativo em fornecer os conteúdos, determinaram a suspensão, por algumas horas, da plataforma em todo o território nacional.
Entre os principais argumentos da AGU está o de que as sanções previstas no Marco Civil da Internet são de natureza administrativa e não poderiam ser aplicadas em âmbito judicial. Além disso, o órgão sustentou que as penalidades de ‘suspensão temporária das atividades’ e ‘proibição de exercício das atividades’, previstas na lei, estão ligadas às infrações dos deveres de ‘garantir respeito aos direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros’.
“Daí porque sanções podem ser aplicadas a provedores de conexão ou aplicações de internet (como o Telegram e o Whatsapp) se eles não respeitarem o sigilo das comunicações, se fizerem uso indevido dos dados pessoais, mas não (pelo menos com fundamento no Marco Civil da Internet) por descumprirem uma ordem judicial”, sustenta o pedido assinado pelo chefe da pasta, Bruno Bianco.
Com relação à decisão de suspensão do Telegram, Bianco argumentou que ‘eventual conduta antijurídica’ que se imputa a investigados pela corte máxima ‘não pode reverberar automática e indistintamente em banimento de todos os demais usuários do serviço que se pretende suspender, sob pena de claros prejuízos’.
“Os consumidores/usuários de serviços de aplicativos de mensagens não podem experimentar efeitos negativos em procedimento do qual não foram partes. Pensar diferente, a um só tempo, ofenderia o devido processo legal, com antijurídica repercussão do comando judicial em face de terceiros, além de ofender, ao mesmo tempo, o princípio da individualização da pena. In casu, pois, inequívoca a desproporcionalidade da medida que, para alcançar poucos investigados, prejudica todos os milhões de usuários do serviço de mensagens”, registra trecho do pedido da AGU.
A decisão que suspensão o Telegram foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, a pedido da Polícia Federal, em razão do reiterado descumprimento da plataforma de decisões judiciais e dificuldade de comunicação com a empresa. No despacho de 18 páginas proferido nesta quinta-feira, 17, o ministro destaca que a empresa deixou de atender aos comandos, ‘em total desprezo à Justiça brasileira’. Alexandre argumenta que tal desrespeito ‘é circunstância completamente incompatível com a ordem constitucional vigente’ e contraria o Marco Legal da Internet.
Como mostrou o Estadão, para reverter a suspensão, o Telegram vai ter que cumprir uma série de despachos dados por Alexandre que, até o momento, foram ignorados pela plataforma. Entre as ordens descumpridas está a determinação para exclusão de uma publicação do presidente Jair Bolsonaro que ataca as urnas eletrônicas com alegações falsas e sem provas sobre supostas fraudes. Há também despachos com relação à contas do blogueiro bolsonarista foragido Allan dos Santos.
A empresa ainda precisará pagar as multas diárias fixadas em cada uma das decisões não cumpridas e indicar, em juízo, qual sua representação oficial no Brasil – um dos pontos centrais da decisão de Alexandre. O fundador do Telegram, Pavel Durov, pediu desculpas ao STF pelo que chamou de ‘negligência’ da empresa e solicitou um adiamento do bloqueio definitivo da plataforma, afirmando que vai ‘remediar a situação apontando um representante no Brasil’.
O aplicativo deixou de responder comunicações não só do Supremo, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, mas também do Tribunal Superior Eleitoral, que desenvolve uma série de estratégias para combater a desinformação nas eleições 2022. Tanto a corte eleitoral quanto a Procuradoria ensaiavam medidas mais duras contra o Telegram, em razão da falta de respostas da plataforma, mas decisão de bloqueio acabou vindo de Alexandre, que vai comandar o TSE no próximo pleito.
Pepita Ortega / Estadão
Conheça a primeira mulher a comandar uma Cipe da Polícia Militar
Marco na história e referência para as colegas. A major Carina Fernanda da Silva Cunha, 42 anos, primeira mulher a liderar uma Companhia Independente de Policiamento especializado(Cipe) da PM entra para a história da corporação depois de assumir, na última segunda-feira (12), o comando da Cipe Litoral Norte, sediada na cidade de Esplanada.
Carina ingressou na corporação em 1998 e em 2001 entrou para a turma de oficiais. Viveu a maior parte da vida em contato com a PM. Em 1994, quando tinha 15 anos, passou a ser estudante do Colégio da Polícia Militar (CPM), em Salvador, onde fez parte de uma das primeiras turmas da instituição de ensino a ter garotas.
Gerir uma tropa especializada é, para a oficial, mais um, de tantos outros desafios enfrentados na carreira. “A sensação agora é de responsabilidade e de honrar esse compromisso. Eu sei que fiz uma trajetória muito digna para chegar até aqui. Reconheço o meu empenho. Falar de mim é mesmo é difícil, mas a minha trajetória diz tudo”, recordou a comandante.
Como policial, Carina acumula passagens pela 42ª Companhia Independente da PM (CIPM/Lençóis), pelos subcomandos das 55ª e 81ª CIPMs (Ipiaú e Itinga, respectivamente), Batalhão de Polícia Rodoviário (Itabuna), Batalhão de Guardas, 10ª CIPM, além de também já ter atuado como ajudante de ordens, na fiscalização e gestão de contratos e na coordenação de recursos humanos.
Por trás da farda, também existe a Carina Fernanda graduada em enfermagem pela Universidade Católica de Salvador, especialista em emergência e UTI pela Faculdade Social da Bahia, a faixa roxa de judô pela Federação Baiana de Judô e a praticante de atividades físicas.
“Às vezes, nós mulheres nos privamos de enfrentar tantas coisas devido a questionamentos e dúvidas sobre a nossa capacidade. Mas porque a gente seria incapaz de fazer determinada coisa? De verdade, não é fácil para nós, mas sou aguerrida e, desde sempre, estou quebrando paradigmas”, declarou Carina sobre o marco de tornar-se a primeira mulher a ocupar esse posto.
Foco na missão
A oficial já tem planos traçados para a primeira semana de integração na Cipe Litoral Norte e, segundo ela, uma das prioridades será a atenção para o efetivo. “Pretendo nesse momento cuidar da tropa, pois ela é o nosso maior recurso. Dar também continuidade ao trabalho incrível que o major Cis fez e seguir em busca do melhor para os policial", continuou.
Conhecer de perto as necessidades dos 63 municípios que são de responsabilidade da unidade também está na relação de compromissos prioritários da comandante que pretende visitá-los de forma gradativa. “Quero já visitar algumas cidades, conhecer a região, os crimes que mais acontecem e quais as necessidades que a tropa tem para treinar e definir a melhor forma de combater esses delitos”, finalizou Fernanda.
Fonte: Ascom | Silvânia Nascimento
Três episódios e um discurso que opuseram Rui e Wagner e podem ter levado ao desfecho ‘com Jerônimo sem PP’
Os conflitos teriam tido sua parcela de contribuição na surpreendente decisão de Wagner de desistir de concorrer ao governo, abrindo a crise que levou o PP a romper com o PT e, na sequência, apoiar o candidato adversário, ACM Neto (DEM), ao governo.
O primeiro enfrentamento sério entre os dois ocorreu quando Rui fechou, sozinho, no início do ano passado, uma negociação com o PP para que o vice-governador João Leão assumisse a Casa Civil. Ali, naquele momento, nos bastidores, ele já lançava o plano para disputar o Senado e preparar o vice para assumir o governo em seu lugar.
Percebendo a intenção do governador, de que no PT todos sabiam que ele discordava, Wagner peitou Rui e impediu que o acordo se concretizasse. Para evitar um conflito maior, o mandatário assumiu a responsabilidade pelo recuo e entregou a Leão a pasta do Planejamento, aumentando de duas para três o número de secretarias do PP no governo.
No princípio do ano, no episódio de exoneração do secretário de Administração Penitenciária do governo, Nestor Duarte Neto, Wagner também forçou Rui a promover o desligamento do auxiliar. O senador petista andava irritadíssimo com o deputado federal Marcelo Nilo (sem partido), que, 11 anos antes, bancara a nomeação de Nestor.
Na noite de Reveillon, Wagner, de casa, passou a mão no telefone e ligou para o secretário, que, ao identificá-lo, imaginou que receberia uma manifestação de Boas Festas. Mas Wagner começou a atacar Nilo, dizendo que o deputado tinha passado de todos os limites com suas críticas constantes a ele, a Rui e ao governo.
Em seguida, afirmou que a briga ‘sobraria’ para o secretário, uma gíria para dizer que ele poderia ser demitido, e, aparentando ainda muita irritação, encerrou a ligação. Dias depois, Nestor seria exonerado, ao que se comenta, também contra a vontade de Rui.
Mas o episódio que aprofundou a discórdia entre os dois petistas ocorreu ainda em novembro do ano passado, quando Wagner, muito pressionado por aliados queixosos de um alegado baixo interesse seu na campanha, resolveu que era hora de sacodir a poeira e iniciar pessoalmente as negociações para disputar o governo.
Numa reunião, ele fechou o apoio do MDB à sua campanha. Em troca, o partido, hoje na base de Neto, indicaria, por meio do ex-secretário Fábio Villas Boas, na época em processo de negociação para filiar-se à legenda, o novo titular da secretaria da Saúde.
Em outra frente, Wagner encaminhava as tratativas para obter o apoio do Solidariedade, cuja contrapartida seria também ocupar uma posição no governo. Mas Rui desconsiderou a indicação do MDB, movendo repentinamente para o lugar de Villas Boas, que estava vago há meses, a secretária de Ciência e Tecnologia, Adelia Pinheiro.
Em seguida, engavetou o pedido do outro partido. Assim, deu as costas para o fato de que a situação desmoralizaria Wagner, enfraquecendo seu projeto eleitoral.
Naquele momento, se diz no comando do PT, o senador teve a primeira certeza de que não teria condições de enfrentar uma campanha com um governador que, ao que parecia, não se manifestava mais como um aliado fechado com seus planos, mas como um correligionário com outras intenções, no qual sua confiança se esvaíra.
Como era esperado, representantes dos dois partidos que tinham participado das conversas acabaram concluindo que Wagner não mandava em nada, muito menos na articulação política de sua pré-campanha, decidindo que prosseguir as discussões com ele poderia ser arriscado por causa, inclusive, do relacionamento que já possuíam com o candidato adversário, ACM Neto (DEM), com quem o Solidariedade acabou fechando e o MDB ainda negocia.
Para emoldurar o cenário de afastamento entre Wagner e Rui em que a escolha do cabeça da chapa governista, o petista Jerônimo Rodrigues, se daria, um acontecimento meses antes, num evento no interior, passara a consumir a cabeça de Wagner com as suspeitas de que o exercício do poder alterara a percepção que Rui fazia do seu papel no grupo político.
Na inauguração de uma policlínica em Itaberaba, ao discursar e pretensamente com o objetivo de elogiar o desprendimento do antecessor, Rui lembrou que Wagner, durante todo o seu governo, jamais lhe havia feito um pedido, deixando-o atuar com absoluta liberdade.
E a pretexto de enfatizar a postura republicana do senador, soltou uma pérola: “A única coisa que Wagner me pediu foi que fosse um governador melhor do que ele. E eu fui”.
A plateia aplaudiu, pelo visto sem atentar exatamente para o conteúdo da mensagem, mas ela atingiu em cheio o coração do senador. Desapontado, Wagner fechou a cara, desceu do palanque, entrou num boteco e pediu uma cerveja gelada, que sorveu sozinho.
Amigos de Wagner contam que não foram duas nem três vezes apenas em que, antes de assumir o controle do PT, em 2019, o senador teria alertado Rui expressamente para a necessidade de preparar a própria sucessão. Os apelos teriam sido feitos pelo menos durante três anos em todos os eventos mais fechados de que participavam, sempre com a presença de testemunhas próximas dos dois lados.
Foi ao perceber que o assunto não fazia parte das preocupações de Rui que Wagner tomou a iniciativa, inédita para seus padrões, de organizar a disputa pelo controle do partido, elegendo um assessor para a direção da sigla. Era um esforço também para mostrar a Rui quem ia mandar no pedaço a partir daquele momento e ao mesmo tempo, no caso de se sentir obrigado a disputar de novo o governo para impedir a implosão do grupo, poder planejar a campanha sem contratempos.
Entretanto, a insistência do governador em concorrer ao Senado e entregar o governo a Leão teria levado Wagner a desistir de concorrer, empurrando o senador Otto Alencar (PSD) para a disputa, na expectativa de que Leão se contentasse em disputar o Senado e o PT escolhesse o vice. Mas a saída não convenceu, Otto não topou o desafio, o jogo foi integralmente desarrumado e ele foi obrigado a dar um freio de arrumação, chamando para si o PT ao dizer que Rui ficaria no governo até o fim e o partido apresentaria o candidato a governador.
Política Livre
Governo libera eventos sem limite de público na Bahia
Está publicada no Diário Oficial do Estado, edição deste sábado (19), a autorização para a realização de eventos sem limite de público em todo o território baiano. Isso inclui atividades como cerimônias de casamento, eventos urbanos e rurais em logradouros públicos ou privados, eventos exclusivamente científicos e profissionais, circos, parques de exposições, solenidades de formatura, feiras, passeatas, parques de diversões, espaços culturais, teatros, cinemas, museus, espaços congêneres e afins.
Ficam permitidas ainda as atividades 100% presenciais em escolas, faculdades e universidades públicas e privadas, além de academias e outros estabelecimentos voltados à realização de atividades físicas. Em todos os casos, é necessário o respeito aos protocolos sanitários (a exemplo do uso de máscara e do distanciamento social). Será exigida também a comprovação de vacinação contra a Covid-19, com apresentação do documento fornecido no momento da imunização ou do Certificado COVID, obtido através do aplicativo “CONECT SUS” do Ministério da Saúde.
Os eventos esportivos coletivos profissionais, com a presença de público, devem ter acesso condicionado à comprovação da vacinação, contingenciamento de público nas regiões adjacentes, de modo a evitar aglomerações; controle dos fluxos de entrada e saída nas dependências do local e o respeito aos protocolos sanitários estabelecidos.
Está autorizada a presença de crianças não alcançadas pela Campanha de Imunização contra a COVID-19 nos eventos esportivos coletivos profissionais, nos espaços culturais como cinemas e teatros, bem como em museus, parques de exposições e espaços congêneres, desde que acompanhadas por mãe, pai ou responsável legal que atenda os requisitos estabelecidos.
Os atos religiosos litúrgicos poderão ocorrer, desde que haja controle dos fluxos de entrada e saída nas dependências do local, de modo a evitar aglomerações; ocorram em instalações físicas amplas, que permitam ventilação natural cruzada; haja respeito aos protocolos sanitários estabelecidos, especialmente o distanciamento social adequado, e o uso de máscaras.
Os bares, restaurantes, lanchonetes e demais estabelecimentos similares funcionarão com acesso condicionado ao atendimento da exigência de vacinação e respeito aos protocolos. A fiscalização ficará a cargo das prefeituras. A lotação máxima permitida em cada estabelecimento comercial, de serviços e financeiro, como mercados e afins, bancos e lotéricas, deverá ser definida também por cada município, bem como a fiscalização dos protocolos.
O acesso a todo e qualquer prédio público da administração estadual segue condicionado à comprovação de vacinação contra a Covid. Isso inclui o SAC, o Detran, delegacias, visitas a hospitais e presídios e outras unidades de atendimento. O uso da máscara segue obrigatório no transporte público intermunicipal.
Mega-Sena sorteia hoje prêmio de R$ 190 milhões
O Concurso 2.464 da Mega-Sena, que será realizado hoje (19) à noite em São Paulo, pagará o prêmio de R$ 190 milhões a quem acertar as seis dezenas. O sorteio será às 20h no Espaço Loterias Caixa, no Terminal Rodoviário do Tietê.
O concurso anterior, quarta-feira (16), não teve acertador das seis dezenas e o prêmio ficou acumulado.
As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio, em qualquer lotérica do país ou pela internet, no site da Caixa Econômica Federal. A aposta simples, com seis dezenas, custa R$ 4,50.
Governo Bolsonaro impulsiona Telegram em órgãos oficiais e deixa riscos
O governo de Jair Bolsonaro (PL) impulsionou o acesso da população ao Telegram por meio de órgãos oficiais. Ministérios e instituições públicas oferecem o aplicativo como um canal para serviços. A estratégia é questionada por especialistas da área de tecnologia, que identificam riscos para quem aderir a esses serviços pelo aplicativo.
Nesta sexta-feira (18), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a suspensão do aplicativo a pedido da Polícia Federal, em decisão classificada por Bolsonaro como “inadmissível”.
Nos lances mais recentes de adesão pública à plataforma, a Defesa Civil Nacional anunciou em fevereiro que passaria a enviar alertas de desastres pelo Telegram. Em março, o Ministério das Relações Exteriores divulgou que informações sobre atendimento consular na Ucrânia poderiam ser obtidas por telefone, Facebook e Telegram.
Mas o avanço ocorreu nos últimos dois anos, quando parte dos organismos criou canais para divulgar informações, a título de ampliar opção aos já utilizados Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e LinkedIn. Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério do Desenvolvimento Regional e Polícia Rodoviária Federal são exemplos. Outros foram além. Adotaram o Telegram para fazer atendimentos via bot, nome em inglês para robô.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos tem cinco serviços com bots. É possível denunciar violência contra mulher e violação de direitos humanos, por exemplo. A Receita Federal tem um atendimento remoto para consulta e solução de problemas com o CPF. A CGU (Controladoria-Geral da União) estendeu ao bot do Telegram a seu sistema de ouvidoria.
No caso do Portal da Transparência, da mesma CGU, o aplicativo tem ainda outra função. Existem apenas duas maneiras de receber notificações desse serviço, por email ou Telegram. Quem acompanha a área de tecnologia afirma que não é possível dissociar esse avanço do fato de o Telegram ser o aplicativo para onde Bolsonaro migrou em janeiro de 2021, convocando a sua militância.
Na ocasião, outras plataformas começarem a restringir conteúdos considerados falsos ou que instigassem a violência. O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, por exemplo, teve a conta suspensa pelo Twitter. De lá para cá, o aplicativo passou a ser usado em 60% dos smartphones do Brasil, contra 99% no caso do WhatsApp. Bolsonaro atraiu mais de 1 milhão de seguidores e as redes bolsonaristas aumentaram de forma exponencial.
O Laboratório de Humanidades Digitais, da UFBA (Universidade Federal da Bahia) pode dar uma dimensão do contingente. Ele acompanha mais de 500 grupos de extrema direita no Telegram. Um grupo pode ter até 250 mil integrantes, e uma boa parte deles tem 80 mil em média. O coordenador desse estudo, professor Leonardo Nascimento, que atua no novo campo da sociologia digital, se declarou “abismado” quando viu os canais com bots do governo federal.
“Estão colocando o cidadão para dentro da estrutura de desinformação da direita”, afirma. “É como se você desse de presente um aparelho de TV para que as pessoas pudessem ver os programas que você vai produzir.” Segundo Nascimento, apesar de o sistema de bots do Telegram ser muito eficiente, tudo que é oferecido pelo governo no aplicativo poderia ser desenvolvido pelo Estado. “Mas por alguma razão, que precisam explicar, preferem mandar as pessoas para o Telegram”, diz ele.
Nascimento e outros especialistas são unânimes em afirmar que o Telegram não é seguro para a prestação de serviços públicos por questões técnicas.
O Telegram é híbrido. Envia mensagens e tem o seu sistema de armazenamento em nuvem. Tudo que é postado fica nos servidores, ainda que seja posteriormente apagado. Não é como no WhatsApp, onde os dados são criptografados. Para piorar, não existe clareza sobre como essa massa de informações é resguardada ou utilizada e o aplicativo não faz moderação de nada que é publicado.
“Diferentemente do WhatsApp, o Telegram não é só um serviço de mensagens, é também um serviço de armazenamento em nuvem, e qualquer uso de plataforma privada para a prestação de serviço público é complicado”, diz Ronaldo Lemos, diretor do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade) do Rio de Janeiro e colunista da Folha.
“Ele também não tem sede no Brasil e consistentemente se nega a obedecer a ordens judiciais. Outros aplicativos, por mais problemas que possam apresentar, têm representação no Brasil”, afirma. Paulo Rená, professor da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da UniCEUB, em Brasília, e integrante da Coalizão Direitos na Rede, lembra que o Telegram é quase uma deep web. Tráfico de armas e de drogas, pedofilia, pornografia, grupos neonazista e muita informação falsa passam por lá. Por isso, ele afirma que o governo precisa deixar claro qual o nível de segurança para quem acessa o aplicativo. Ele acionou alguns e identificou deficiências.
No caso da Receita Federal, por exemplo, há cinco opções, e o usuário pode ser vítima de canais falsos. “Digitando ReceitaFederalOficial na busca do Telegram aparecem opções que parecem não ser oficiais e podem enganar pessoas menos atentas. Em um deles, ao menos 7.000 pessoas podem ter sido ludibriadas”, afirma.
No canal de denúncias do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, as declarações de vítimas de violência doméstica seguem para a nuvem da empresa com zero garantia de anonimato. No Telegram, uma conversa pode se privada, caso se recorra ao chat secreto, mas essa alternativa, porém, não está disponível no canal que a pasta disponibiliza no aplicativo.
Os especialistas também lembram o Telegram é um aplicativo excepcional no aspecto técnico —por isso é poderoso para o bem e para o mal. “Os recursos de automação são inúmeros”, afirma Carlos Affonso Souza, diretor do ITS e professor da Faculdade de Direito da UFRJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Os bots podem identificar o que um usuário leu e compartilhou, um refinamento que o WhatsApp não oferece. Reconhecem os temas mais sensíveis a cada usuário, e selecionam baterias de mensagens que possam envolvê-lo. Os canais abrigam um número realmente incontável de pessoas, e o administrador tem poder para decidir quem vai se manifestar.
Ninguém sabe se, como e quando o Telegram poderá ser desligado no Brasil, nem quanto tempo duraria o bloqueio, mas os especialistas visualizam mais radicalismo em seu interior. “É quase lugar-comum dizer que a polarização vai aumentar no segundo semestre”, diz ele. “Mas influenciadores estão preparando um caldeirão de desinformação partir do Telegram, e vai ser um desafio combater o que vem pela frente.”
Outro lado
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirmou, em nota, que o Telegram, pela abrangência, merecia ser incluído entre as opções do ministério, que ainda incluem atendimento telefônico, aplicativo próprio, o site da ouvidoria e o WhatsApp. “O foco é sempre a vítima, que pode ter apenas aquela ferramenta para um pedido de socorro”, diz o texto.
A Receita Federal, também destacou que o Telegram é um dos aplicativos mais utilizados no país. “Muitos órgãos públicos têm optado por essa solução por ela ser gratuita para utilização corporativa, e também por disponibilizar sem ônus um conjunto de API (interfaces para desenvolvimento de serviços informatizados) que permite a criação de aplicativos e bots para interação com cidadãos”, diz o texto.
A Receita considera o sistema de nuvens do Telegram tão seguro quanto o de outros sistemas. “Várias consultorias especializadas já se manifestaram que, quando eventualmente há um vazamento de dados em serviços em nuvem, a responsabilidade é normalmente do usuário ou do administrador do sistema cliente, e não do fornecedor dos serviços de computação em nuvem”, afirma o texto.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública destacou, também em nota, que o Telegram é uma das várias plataformas que utiliza para divulgar suas ações, inclusive seus cursos de capacitação, e que garante a segurança dos usuários.
“Nenhuma informação publicada no Telegram pelo ministério é sigilosa. Geralmente, os posts são informações replicadas do site e de outras mídias sociais”, afirma o texto. “Quanto a canais falsos, constantemente equipes realizam a checagem para verificar se existem outros canais utilizando de forma irregular o nome da pasta ou de seus órgãos vinculados”. Os demais órgãos e ministérios citados na reportagem não se manifestaram até a conclusão deste texto.
Alexa Salomão / Folhapress
Lula ataca Bolsonaro e Moro na volta a Curitiba e diz não crer em Paraná ‘conservador’ BRASIL
Dois anos e quatro meses depois de deixar a carceragem da PF em Curitiba, onde permaneceu preso por 580 dias após condenação na Lava Jato, o ex-presidente Lula voltou à capital do Paraná, nesta sexta-feira (18), e participou do evento de filiação ao PT do ex-governador e ex-senador Roberto Requião.
Em discurso, o petista atacou os principais oponentes na corrida eleitoral, Jair Bolsonaro e Sergio Moro, e disse não acreditar em um Paraná “conservador”. “O Paraná será aquilo que a gente tiver a disposição de conversar e convencer o povo, já tive vitórias memoráveis aqui. Possivelmente precisamos, quem sabe, modelar o nosso discurso para que a gente possa convencer a maioria desse povo”, afirmou.
O ex-presidente também criticou a criação por Arthur Lira (PP-AL) de uma comissão na Câmara Federal para discutir o modelo de semipresidencialismo para o país. “Só pode ser medo da nossa volta”, disse Lula, que também chamou o orçamento secreto do Congresso de “maior vergonha que o Brasil já teve”.
A maior parte do discurso do petista foi dedicado a propostas de governo opostas à atual gestão de Bolsonaro, a quem chamou de “psicopata”, citando principalmente a alta nos preços de produtos básicos, como alimentos e combustíveis. “Esse país tem que ser construído porque o destruíram moralmente”.
O ex-presidente também cutucou Moro, que, enquanto juiz, o condenou em processos da Lava Jato. “Tenho orgulho de estar falando da terra de onde Moro achou que era rei, mentindo para a sociedade brasileira e para a imprensa. Eles pensavam que eu estava destruído […], mas eu não podia dar o prazer para essa canalhada”.
A filiação de Requião contou com nomes de peso do PT, como o governador Wellington Dias (PI), o senador Jaques Wagner (BA), e a deputada federal e presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR). O evento começou por volta de 18 horas e só foi finalizado às 22h30, com discursos de vários dos presentes.
Requião falou por mais de meia hora, exaltando ações de seus dois mandatos como governador do Paraná e criticando seu principal oponente na disputa de 2022 pelo Executivo, o atual governador Ratinho Jr (PSD). Ele prometeu retomar o que chamou de gestão “para os pobres”, com o retorno de diversos programas sociais.
Ele também cutucou membros do MDB, partido do qual fez parte por 40 anos, mas deixou em agosto do ano passado, após perder a presidência estadual da legenda. Hoje, a aglomeração está alinhada pela reeleição de Ratinho. “A causa nacional e a causa paranaense assim exigem, impõe que tomemos um lado”, disse.
O ato de filiação lotou uma plateia de cerca de 4 mil pessoas em um centro de eventos da capital. Do lado de fora, antes do início oficial do evento, um grupo de apoiadores de Bolsonaro se manifestou contra Lula em um carro de som. Membros de ambos os grupos chegaram a arremessar objetos uns contra os outros, mas a confusão foi controlada pela Polícia Militar, que reforçou a segurança no entorno do espaço.
Em grupos de WhatsApp, coordenadores de grupos de direita pediram que seus membros manifestassem com respeito às ordens das forças de segurança. O diretório do PT do Paraná também preparou um esquema especial de segurança para a visita do ex-presidente. Para entrar no evento, houve revista com detector de metais.
Requião já cumpriu três mandatos de governador e agora disputará novamente o cargo, desta vez pelo PT. Enquanto candidato, ele terá o desafio de enfrentar a tentativa de reeleição de Ratinho, que tem sido bem cotado nas sondagens. O PT nunca assumiu o Executivo do Paraná, estado conhecido pelo perfil conservador.
Apesar de alguns momentos de atritos com o partido – principalmente quando ocuparam espaços opostos no período eleitoral no Paraná – Requião sempre foi próximo ao PT. “Haverá divergência, tropeços, dificuldades, mas fundamentalmente estaremos de acordo com as táticas empregadas. O nosso objetivo único é um só: escorraçar a canalhada que se instalou no Paraná e no Brasil”, disse em discurso.
Mais cedo, Lula se reuniu com membros da vigília que o acompanhou durante os 580 dias em que ele ficou preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Ele descreveu o encontro como um dos “mais emocionantes da vida”. No sábado (19), o ex-presidente segue para Londrina, norte do estado, em uma visita organizada pelo MST ao assentamento Eli Vive, em Lerroville, um dos oito distritos rurais do município, a cerca de 57 km da área urbana.
Criado há 13 anos, o assentamento tem 7.500 hectares de extensão e abriga 501 famílias, com cerca de 3.000 moradores.
Katna Baran / Foto: Bruno Santos / Folhapress / ArquivoANP: preço médio do litro de gasolina no país é de R$ 7,26
O preço médio do litro da gasolina no país está em R$ 7,26, segundo os dados disponíveis na página da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), desta sexta-feira (18). O levantamento foi feito pela agência no último dia 13, logo após o aumento promovido pela Petrobras, no dia 10 deste mês.
Em uma semana, o aumento foi de 8,68%. No dia 6, o litro da gasolina era vendido, em média, a R$ 6,68.
No período de 12 meses, o litro do combustível no país passou de R$ 5,59, no dia 14 de março de 2021, para os atuais R$ 7,26. A elevação é de 29,8% em um ano.
Diesel
Logo após o aumento promovido pela Petrobras, o óleo diesel estava sendo vendido a R$ 6,75, no último dia 13. Uma semana antes, no dia 6, o valor era R$ 5,91, o que representou um aumento de14%.
No período de 12 meses, o litro médio do diesel no país saltou de R$ 4,33, em 14 de março de 2021, para R$ 6,75, o que representa um aumento de 55,8%.
GNV
Segundo levantamento da ANP, o metro cúbico do Gás Natural Veicular (GNV), na média nacional, era vendido a R$ 4,74 no último dia 13. Um ano antes, valia R$ 3,24. O aumento foi de 46%. O GNV é muito utilizado por motoristas de táxi e aplicativos, impactando diretamente na remuneração da categoria.
Os dados podem ser acessados na página da ANP na internet .
Edição: Claudia
Por Vladimir Platonow - Rio de Janeiro
Anúncios diretos: a Rússia ocupa a Ucrânia
Janes Lenarsik, comissária europeia para ajuda humanitária e gerenciamento de crises, disse que as forças russas na Ucrânia devem respeitar o direito internacional humanitário, proteger os civis e evitar danificar ou destruir a infraestrutura civil.
“O acesso é em muitos lugares, ocasional ou inexistente” e a Rússia “não fornece acesso irrestrito a suprimentos humanitários e pessoal humanitário”, disse Lenarčič a repórteres na quinta-feira.
Ele disse que as agências de ajuda da União Européia “têm dificuldade em alcançar algumas das cidades sitiadas”, acrescentando que “têm dificuldade em alcançar pessoas presas em zonas de conflito ativo”.
Ele culpou as forças russas por isso, dizendo que “não estavam cumprindo suas obrigações legais internacionais”.
Falando no Centro de Coordenação de Resposta a Emergências da UE (ERCC) em Bruxelas, ele disse que a UE está coordenando a entrega de assistência humanitária de todos os 27 países da UE. O mecanismo de resposta a catástrofes da UE foi estabelecido em 2001.
“Esta ocupação causou uma catástrofe humanitária que não víamos desde a Segunda Guerra Mundial. As necessidades do povo na Ucrânia são enormes”, disse ele.
A ERCC, que opera 24 horas por dia, está atualmente coordenando “alimentos, remédios, equipamentos médicos, ambulâncias, hospitais móveis, equipamentos de combate a incêndios, caminhões de bombeiros, combustível” a serem entregues à Ucrânia.
O comissário disse que espera que o número de refugiados continue aumentando se a invasão continuar.
“Agora temos um milhão de refugiados por semana. Então, se continuar por mais 10 semanas, sim, podemos alcançar 15 milhões de pessoas”, disse ele.
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