Idosos são maioria dos que desistiram do mercado de trabalho na pandemia
Emanuel de Jesus Sousa Oliveira, 70, perdeu o emprego de faturista em uma clínica em novembro de 2021. O morador da capital paulista relata que até gostaria de voltar a prestar algum serviço para complementar a renda da aposentadoria, mas uma combinação de fatores travou a busca por vagas neste momento.
Desânimo com as oportunidades disponíveis para os mais velhos e incertezas sanitárias ainda relacionadas à pandemia fazem parte dessa lista.
“O mercado de trabalho para quem tem 60 anos ou mais é muito restrito. Achei melhor nem procurar nada no momento”, conta o aposentado, que trabalhava de casa no último emprego e teria interesse em ocupar outra vaga remota.
O caso de Oliveira não é isolado. Idosos formam a maioria dos brasileiros que saíram do mercado de trabalho durante a pandemia e não retornaram, indicam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) compilados pela LCA Consultores.
O levantamento tem foco na população fora da força de trabalho. Esse grupo reúne pessoas de 14 anos ou mais que não estão ocupadas nem procurando emprego –formal ou informal.
No quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, a população fora da força somava quase 61,6 milhões de pessoas no país.
No primeiro trimestre de 2022, com a Covid-19 em curso, o grupo era em torno de 6% maior, estimado em 65,5 milhões.
Ou seja, houve acréscimo de quase 3,9 milhões de pessoas ao longo da crise sanitária. O número é mais elevado do que a população projetada pelo IBGE para um estado como Mato Grosso (3,6 milhões).
Os dados do instituto trazem recortes por idade e sinalizam que os trabalhadores com 60 anos ou mais puxaram esse crescimento.
Na faixa etária mais velha, a parcela que não estava trabalhando nem buscando emprego pulou de quase 22,4 milhões para 24,9 milhões entre o quarto trimestre de 2019 e os três meses iniciais de 2022.
O acréscimo foi de cerca de 2,6 milhões de pessoas, o equivalente a uma alta de 11,6%.
Também houve avanço nas duas camadas imediatamente anteriores durante a pandemia: de 40 a 59 anos (elevação de 9,4% ou 1,3 milhão a mais) e de 25 a 39 anos (aumento de 7,3% ou 628 mil pessoas a mais).
Segundo analistas, a renda obtida com aposentadorias é um dos fatores que explicam o fato de a população fora da força ser tradicionalmente maior entre os idosos. Mas, com os riscos associados à pandemia, a volta ao mercado ficou mais complicada para aqueles que desejavam complementar o rendimento.
É possível que uma parte não retorne à força de trabalho em definitivo, aponta o economista da LCA Consultores Bruno Imaizumi, responsável pelo levantamento.
“Esse movimento não é exclusivo do Brasil. A pandemia fez com que muitas pessoas repensassem a vida. O medo de pegar Covid pode ter feito com que parte dos idosos não voltasse para o mercado de trabalho”, diz.
“Além disso, ainda há um preconceito em relação a trabalhadores mais velhos preenchendo vagas”, acrescenta.
Descontente com o mercado de trabalho, Dionísio José da Silva, 72, conta que pediu para deixar a vaga de motorista em uma empresa em São Paulo em fevereiro deste ano.
Aposentado, ele afirma que precisaria fazer “algum biquinho” para complementar a renda. Porém, a busca por esse tipo de atividade foi afetada por motivos de saúde nos últimos meses.
Silva diz que foi infectado pelo coronavírus e também pegou pneumonia. “Isso atrasou o meu lado”, relata.
O economista Fábio Pesavento, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) em Porto Alegre, argumenta que parte das atividades econômicas que vêm gerando empregos no Brasil busca prioritariamente profissionais mais jovens. Ele cita o caso da construção civil.
O envelhecimento da população, acrescenta, também contribui para o aumento de idosos na parcela fora da força de trabalho.
“Aí surge um ponto importante: com a reforma da Previdência, as pessoas têm de trabalhar por mais tempo. Se ela não consegue uma ocupação, o que vai fazer?”, questiona.
MULHERES SÃO MAIORIA FORA DA FORÇA
A população fora da força de trabalho é formada majoritariamente por mulheres.
Às vésperas da pandemia, no quarto trimestre de 2019, a parcela feminina nessa situação era de quase 39,9 milhões. No primeiro trimestre de 2022, o número ficou em 42,3 milhões, uma alta de 6,1%.
Já o total de homens fora da força estava em 21,7 milhões no final de 2019. O contingente ficou em 23,1 milhões no início deste ano, um avanço de 6,6%.
A versão da Pnad com trimestres móveis até traz resultados mais recentes sobre o mercado de trabalho. Porém, não permite um detalhamento tão grande, o que é possível na pesquisa com trimestres tradicionais.
Na Pnad com trimestres móveis, a população de brasileiros fora da força de trabalho foi estimada em 64,8 milhões até maio deste ano, período mais recente com estatísticas disponíveis.
O resultado representa cerca de 2,8 milhões a mais do que no intervalo até fevereiro de 2020 (62 milhões), às vésperas da pandemia.
NA CONTRAMÃO, JOVENS INGRESSAM NO MERCADO
Os dados do IBGE analisados por Imaizumi integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) com trimestres tradicionais –janeiro a março, abril a junho, julho a setembro e outubro a dezembro.
A pesquisa também mostra diferenças entre os trabalhadores mais velhos e os jovens. No segundo caso, a população fora da força já é menor do que no pré-pandemia.
O número de brasileiros de 14 a 17 anos sem trabalhar e sem procurar emprego teve redução de 325 mil pessoas entre o quarto trimestre de 2019 e o primeiro de 2022. A baixa foi de 3,2% (de 10,1 milhões para 9,8 milhões).
Na faixa de 18 a 24 anos, a queda foi de 3,7%. Houve saída de 267 mil pessoas da população fora da força, que recuou de 7,1 milhões para 6,9 milhões.
“A necessidade de recomposição da renda das famílias pode ter impactado. Mais jovens podem ter ido para o mercado por conta disso”, diz Imaizumi.
O economista Vitor Hugo Miro, professor da UFC (Universidade Federal do Ceará), vai na mesma linha.
“Mais jovens podem ter sentido a necessidade de complementar a renda. A gente vê aumento na taxa de participação deles”, afirma o professor.
A taxa de participação corresponde ao percentual de trabalhadores inseridos na força de trabalho (ocupados ou desempregados) em relação ao total de pessoas na mesma faixa etária.
Do quarto trimestre de 2019 para o primeiro de 2022, esse percentual aumentou de 18,7% para 19,4% na camada de 14 a 17 anos.
Enquanto isso, a taxa de participação caiu de 24% para 22% entre os mais velhos, com 60 anos ou mais. Os números também são da Pnad Contínua e foram compilados por Miro.
“Ter outra fonte de renda, como uma aposentadoria, ajuda a pessoa a não ter de procurar um emprego”, aponta.
Leonardo Vieceli/Folhapress
Bahia registra 1.351 casos de Covid-19 e dois óbitos nas últimas 24 horas
Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 1.351 casos de Covid-19 e dois óbitos. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), de 1.611.691 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.559.929 são considerados recuperados, 21.683 encontram-se ativos e 30.079 pessoas foram a óbito.
Segundo a Sesab, o boletim epidemiológico deste domingo (10) contabiliza ainda 1.919.715 casos descartados e 351.272 em investigação. Na Bahia, 66.081 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.
Vacinação
A secretaria ainda informa que a Bahia contabiliza 11.624.841 pessoas vacinadas com a primeira dose, 10.720.271 com a segunda ou dose única, 6.445.627 com a de reforço e 906.889 com o segundo reforço. Do público de 5 a 11 anos, 983.085 crianças foram imunizadas com a primeira dose e 572.376 tomaram também a segunda dose.
Em evento, Elon Musk fala de Marte e taxas de natalidade, mas se cala sobre Twitter
Elon Musk evitou discutir o fracasso do acordo com o Twitter ao se dirigir a uma plateia de magnatas no sábado em Sun Valley, disseram à Reuters duas fontes que participaram da conferência.
Em uma entrevista de grande alcance, Musk passou a maior parte do tempo falando sobre colonizar Marte e exaltando as virtudes de aumentar as taxas de natalidade na Terra, disseram as fontes.
Musk, presidente executivo da Tesla Inc e da empresa de foguetes Space X, há muito defende o estabelecimento de uma civilização no planeta vermelho.
Musk disse na semana passada que fará o possível para ajudar o que chamou de “crise da subpopulação”, após uma reportagem da mídia segundo a qual ele é pai de gêmeos de uma executiva do alto escalão de sua startup de chips Neuralink.
Ele falou sobre como as taxas de natalidade estão diminuindo nos países ricos, assunto que ele explorou extensivamente no Twitter.
O empresário bilionário subiu ao palco na Allen & Co Sun Valley Conference, um encontro anual de executivos de mídia e tecnologia em Idaho, menos de 24 horas depois de anunciar que estava encerrando seu acordo de 44 bilhões de dólares para comprar o Twitter Inc.
Fred se despede do futebol com vitória e nos braços da torcida
Foram 417 gols em 827 partidas como jogador profissional de futebol. Aos 38 anos, Frederico Guedes Chaves encerrou a carreira do mesmo jeito que a começou: vencendo. Foi assim em 26 de janeiro de 2003, quando estreou pelo América-MG, contra o Guarani-MG, em Divinópolis (MG), pelo Campeonato Mineiro.
E não foi diferente no último sábado (9), no Maracanã, no Rio de Janeiro. Como há 19 anos, Fred saiu do banco de reservas e celebrou um triunfo - 2x1 - após o apito final. Desta vez, sobre o Ceará, pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O contexto emocional deixou em segundo plano o fato de o tricolor carioca ter atingido a quinta vitória seguida e assumido, provisoriamente, a vice-liderança da competição, com 27 pontos, dois a menos que o Palmeiras. O Ceará, que não perdia há 11 jogos no Brasileirão, segue com 18 pontos, em 16º, podendo encerrar o fim de semana na zona de rebaixamento se o Atlético-GO pontuar ou se o Cuiabá vencer na rodada.
Fred foi chamado pelo técnico Fernando Diniz aos 30 minutos do segundo tempo, entrando em campo dois minutos depois, para explosão dos mais de 63 mil torcedores no Maracanã - muitos deles com máscaras alusivas ao ídolo, aos gritos de "O Fred vai te pegar".
O Fluminense já vencia por 2x0, com homenagens à estrela da noite nos dois gols. O primeiro foi de Germán Cano, justamente quem deu lugar a Fred na etapa final. O segundo gol saiu dos pés do também atacante Matheus Martins.
Aos 37 minutos, usando a braçadeira de capitão, Fred brigou pela bola na esquerda, mas a tentativa de cruzamento explodiu na defesa. Dois minutos depois, o veterano reclamou, em tom de brincadeira, com o atacante Caio Paulista, que bateu cruzado rente à meta do Ceará. Aos 40, o centroavante apareceu na própria área para ajudar a zaga a afastar o escanteio batido pelo meia Vina. A todo instante, os companheiros buscavam o ídolo para ajudá-lo a se despedir com gol, o que não aconteceu.
Festa e emoção no fim do jogo
Nos acréscimos, o zagueiro Luís Otávio ainda descontou para o Ceará: 2x1. Nada, porém, que interferisse na festa. O apito final do árbitro Luiz Flávio de Oliveira deu início às homenagens. Primeiro, Fred subiu em uma bicicleta para dar uma volta olímpica no Maracanã, em referência à volta dele ao Fluminense, em 2020, quando pedalou de Belo Horizonte (ele defendia o Cruzeiro) até o Rio de Janeiro. Em seguida, colocou os pés na calçada da fama do estádio e assistiu a vídeos com mensagens de jogadores e funcionários do clube.
"Em 2009 [quando o Fluminense escapou da queda à Série B do Brasileiro], foi como um título para a gente. Todos nos deram como rebaixados. Vocês [torcedores] lotaram o Maracanã e nos reergueram. Formamos o time campeão de 2010, vice em 2011 e campeão em 2012. [Vocês me] deram a oportunidade de ser campeão com a Seleção Brasileira nesse estádio [em 2013, na Copa das Confederações]. Em 2014 [após a Copa do Mundo no Brasil], foi o momento profissional mais difícil da minha vida. Todos falaram que eu estava acabado, menos vocês. Em 2019, estava com a decisão de parar. Tinha engordado oito quilos. Só vocês me escolheram de novo", declarou Fred, no gramado, antes de enaltecer o elenco tricolor.
"Tenho certeza que esse time será campeão esse ano. Não falo pelo que estamos jogando, mas pelo tanto que vocês [jogadores] trabalham, guerreiros. Fernando [Diniz, técnico do Flu], obrigado por tudo que você está fazendo, todos os jogadores", completou o ídolo do Fluminense, que foi para os braços da torcida ao final da homenagem.
Fred em números
A camisa grená é a que Fred mais vestiu. O jogo com o Ceará foi o 382º pelo Fluminense, clube pelo qual marcou 199 gols e do qual é o maior artilheiro em partidas oficiais, além de ser o segundo na história - Waldo, atacante dos anos 50, balançou as redes 319 vezes. Foram duas passagens pelas Laranjeiras. Na primeira, entre 2009 e 2016, além dos títulos nacionais, ele foi campeão carioca em 2012. O retorno se deu em 2020, com o troféu do Estadual deste ano sendo o último da carreira.
Revelado pelo América-MG, em 2003, Fred também defendeu Cruzeiro, Atlético-MG e Lyon (França). No Cruzeiro, ele foi bicampeão mineiro (2018 e 2019) e venceu a Copa do Brasil de 2018, todos na segunda passagem pelo clube celeste (a primeira foi entre 2004 e 2005). No Galo, obteve o título estadual de 2017. Na Europa, foi três vezes campeão francês (2005/06, 2006/07 e 2007/08) e ergueu o troféu da Copa da França de 2008.
Fred encerrou a carreira como o maior artilheiro do Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos (desde 2003) e o segundo na história da competição, com 158 gols, atrás somente de Roberto Dinamite, do Vasco (190). Ele é, também, o goleador máximo da Copa do Brasil, com 37 gols, um a mais que Romário.
Pela Seleção Brasileira, Fred fez 40 partidas e 18 gols. Três estão entre os mais marcantes da carreira. Um deles decidiu a vitória – 2x0 - sobre a Austrália, na primeira fase da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Os outros dois foram anotados na final da Copa das Confederações – 3x0 - sobre a Espanha, no Maracanã.
Goiás vence o Athletico-PR
Em outra partida de sábado pelo Brasileirão, o Goiás venceu o Athletico-PR no estádio da Serrinha, em Goiânia, por 2 a 1. Os atacantes Pedro Raul e Nícolas balançaram as redes para o time goiano, enquanto o meia David Terans marcou para o Furacão, que perdeu a chance de assumir a liderança provisória e voltou a ser derrotado após quase dois meses invicto.
Os paranaenses caíram para o terceiro lugar, com os mesmos 27 pontos do Fluminense, ficando atrás pelo saldo de gols e ainda podem ser ultrapassados por Atlético-MG, Corinthians e Internacional na sequência da rodada. A equipe goiana avançou seis posições na classificação e aparece em 11º, com 20 pontos, afastando-se da zona de rebaixamento.
Edição: Kleber Sampaio
Por Lincoln Chaves - Repórter da EBC - São Paulo - São Paulo
‘Dei ao Senado o que tenho de melhor na minha vida, meu filho Cacá’, diz João Leão
O vice-governador e pré-candidato a deputado federal João Leão disse no sábado (9), na cidade de Itaberaba, que Cacá Leão será o melhor senador da história da Bahia.
“Eu dei ao Senado Federal o que tenho de melhor em minha vida, o meu filho Cacá Leão. Como pai eu tenho muito orgulho dos meus filhos Cacá e Felipão. Eu vou ajudar Cacá a ser o melhor Senador que está Bahia já teve”, ressaltou Leão.
Leão participou do lançamento da pré-candidatura a deputado estadual de Davi Anjos, vice-prefeito de Itaberaba.
“Itaberaba é uma importante cidade do estado da Bahia e merece ter um deputado filho da terra. O povo de Itaberaba terá um deputado estadual pra chamar de seu, assim como terá o melhor governador da história da Bahia que será ACM Neto”, disse Leão.
Protestos antigoverno na Argentina põem nas ruas grupos de esquerda e oposição
Manifestações de rua estão longe de ser incomuns na Argentina, onde semanalmente os mais variados grupos políticos se reúnem em grandes cidades. Neste sábado (9), feriado nacional pelo dia da Independência, não foi diferente —mas os atos convocados contra o governo, que indicam uma escalada da crise, contaram com um elemento distinto.
Os protestos, em várias cidades, criticaram a degradação política e econômica do país, em meio ao cansaço com os desentendimentos entre o presidente Alberto Fernández e sua vice e madrinha política, Cristina Kirchner —a querela teve como desdobramento mais recente a saída do ministro mais importante do gabinete, Martín Guzmán (Economia).
Até aqui, as marchas antigoverno vinham sendo lideradas apenas pela oposição. Neste sábado, se somaram a ela nas ruas grupos ligados a movimentos sociais de esquerda e ao líder comunitário Juan Grabois, que tem como principal reivindicação um salário mínimo universal a todos os argentinos.
De muita popularidade, ele sempre foi um importante apoio para Cristina e o movimento La Cámpora, ala mais radical do peronismo. Mas, nos últimos tempos, vem cobrando que a vice pressione o presidente para aumentar o gasto social para os setores mais pobres.
Em Buenos Aires, a polícia montou uma estrutura —liberada no final da tarde— para isolar o espaço que dá acesso à praça de Maio, onde se concentraram os manifestantes de esquerda. Os atos convocados pela direita abraçaram o Obelisco com uma faixa com as cores da Argentina e depois começaram uma caminhada em direção à Casa Rosada.
“Já bati panela em 2001, já me roubaram naquela época, agora vejo que tudo está voltando e não está bem”, disse Julia, 72, sem revelar o sobrenome à reportagem. “Também sou contra o que estão gritando ali”, completou, apontando para a barreira de policiais. “É feio, são argentinos contra argentinos”.
De um lado, vinham xingamentos chamando os manifestantes da direita de privilegiados, “chetos” (termo pejorativo para definir alguém rico, como playboy) e “mantidos pelos pais”. Do outro, os impropérios dirigidos aos militantes de esquerda eram muitas vezes racistas, na linha de “vão trabalhar, vagabundos” para baixo.
Havia, ainda, jovens de preto usando bandeiras do libertário Javier Milei e camisetas com um símbolo da extrema direita americana, uma cobra estampada em amarelo e os dizeres “Don’t tread on me”.
Em ritmo crescente, os protestos se dão num momento em que a economia argentina está debilitada, com inflação de quase 60% ao ano, e o dólar paralelo, o que rege a economia popular, disparando a mais que o dobro do oficial.
Guzmán saiu do governo porque se viu entre duas visões discordantes com relação à condução de sua pasta. Cristina, que o bancou no começo da gestão, passou a criticá-lo duramente depois do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para reestruturar uma dívida de US$ 44 bilhões do país com a entidade.
Guzmán considerava necessário um ajuste na forma de aumentos na conta de energia, que hoje tem subsídios. Fernández acredita na necessidade de um compromisso para pagar a dívida, para que a Argentina não fique ainda mais afastada do mercado internacional, mas se opõe à manutenção do nível de emissão de moeda realizado durante a pandemia, para não alimentar a inflação.
Cristina, que quando era presidente desdenhava da alta de preços e colocava ênfase no gasto social, continua defendendo essa bandeira e a de segurar aumentos à força —algo que Guzmán considerava inaplicável.
Depois de um jantar na noite do domingo passado (3), a primeira vez em que conversaram a sós nos últimos sete meses, presidente e vice chegaram a certa trégua, esperando que a nomeação de Silvina Batakis acalmasse a maré negativa.
Isso não ocorreu. Houve altas do dólar paralelo durante toda a semana, a remarcação de preços foi uma constante e chegou a haver desabastecimento em mercados e falta de peças importadas.
Sylvia Colombo/Folhapress
Suprema Corte dos EUA decidirá sobre controle das regras eleitorais.
Brett Kavanaugh foi jantar no Morton’s, famoso restaurante de carnes, na quarta (6), mas precisou sair pelos fundos. Ao receber a informação de que um dos juízes conservadores da Suprema Corte estava lá, um grupo de ativistas pró-direito ao aborto foi até a porta do local, a quatro quadras da Casa Branca, para protestar.
Kavanaugh não teria ouvido os manifestantes, mas partiu antes da sobremesa. O Morton’s divulgou uma ácida nota contra o protesto. “A política não deve destruir a liberdade de jantar. Há tempo e hora para tudo. Atrapalhar a refeição dos nossos clientes foi um ato de egoísmo, um vazio de decência”.
Como o período de decisões polêmicas da Suprema Corte parece longe de acabar, outros jantares devem ser perturbados. Após concluir um ano jurídico no qual suspendeu o direito constitucional ao aborto, expandiu o direito a portar armas em público e reduziu o poder federal para frear emissões de poluentes, os juízes anunciaram que mexerão em outro tema importante na volta das férias, em outubro: as eleições.
O tribunal analisará ao menos dois casos relacionados ao tema. Em Moore vs. Harper, deputados estaduais da Carolina do Norte questionam uma decisão da Suprema Corte estadual que suspendeu um redesenho dos distritos eleitorais que favorecia os republicanos, por considerá-lo tendencioso.
Se a Suprema Corte federal der ganho de causa aos deputados, pode abrir um precedente para que os tribunais do país não possam questionar ações tomadas por governantes locais, o que abriria espaço para mudanças heterodoxas das regras eleitorais e, no extremo, invalidação de resultados das urnas.
No processo, os deputados defendem uma teoria chamada ISL (Legislatura Estadual Independente, na sigla em inglês), segundo a qual só os estados podem decidir questões sobre o processo eleitoral. A base da ISL é o artigo 1º da Constituição, que diz que “o tempo, o lugar e o modo de realizar eleições para senadores e representantes devem ser prescritos em cada estado pela legislatura deles mesmos”. Assim, numa interpretação ao pé da letra, as decisões estaduais não poderiam ser questionadas.
Se a ISL for considerada válida pela Suprema Corte, a decisão também pode abrir caminho para que os governos estaduais tenham ainda mais poder nas eleições presidenciais. Nelas, cada estado registra os votos por conta própria e apenas envia os totais para a certificação do Congresso. Em 2020, Donald Trump tentou forçar autoridades locais a mudarem resultados para lhe darem a vitória. Não conseguiu, mas tentou até o último momento. Esse esforço teve como ápice a invasão do Congresso, em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do republicano tentaram impedir, à força, a confirmação da vitória de Biden.
O outro caso relacionado às eleições que a Suprema Corte analisará é Merrill vs. Milligan, no qual autoridades do Alabama foram processadas por desenharem distritos que não representavam a proporção racial do estado, o que, na prática, reduziu o poder dos eleitores negros de elegerem seus representantes.
A Voting Rights Act (VRA, Lei de Direito ao Voto), de 1965, determina que não deve haver barreiras para impedir o acesso de um determinado grupo ao voto. No entanto, a norma foi sendo enfraquecida por decisões da Suprema Corte na última década. Em julho de 2021, por exemplo, o tribunal deu aval a uma série de restrições do Arizona, por considerar que elas não violavam a VRA de forma significativa.
No fim de junho deste ano os magistrados enviaram outro sinal de que a corte pode estar propensa a enfraquecer a VRA. Os juízes autorizaram a Louisiana a usar, nas eleições legislativas de novembro, um mapa questionado na Justiça por reduzir o poder de voto dos eleitores negros. A Louisiana tem um terço de afro-americanos em sua população, mas eles são maioria em apenas um dos seis distritos.
O redesenho de mapas eleitorais para favorecer um partido, o “gerrymandering”, é uma tática antiga na política americana que vem sendo aprimorada com o uso de novos softwares e da grande quantidade de dados sobre as preferências dos eleitores. Nos EUA, cada distrito elege apenas um parlamentar, que faz campanha apenas naquela área, em vez de disputar votos no estado todo, como acontece no Brasil. Os distritos são divididos de acordo com os dados de população vindos do Censo. A cada dez anos, quando um novo censo é feito, pode-se refazer os mapas. E aí surge a oportunidade para o “gerrymandering”.
“Em vez de os eleitores escolherem seus representantes, o ‘gerrymandering’ dá poder aos políticos para escolherem seus eleitores”, afirma Julia Kirschenbaum, do Brennan Center, em um artigo. “Isso tende a ocorrer quando o desenho dos mapas é controlado por um só partido, o que tem ficado mais comum”.
Assim, a estratégia pode fazer com que um partido obtenha maiorias parlamentares mesmo que não tenha a maioria dos votos de um estado. O Brennan Center estima que o redesenho feito por republicanos após o Censo de 2010 deu vantagens de até 17 assentos na Câmara federal na década seguinte.
Os mapas eleitorais foram refeitos neste ano, com base nos dados do Censo de 2020. Uma análise do site FiveThirtyEight, especializado em estatísticas, aponta que os democratas passaram a contar com mais seis distritos onde são favoritos para obter assentos na Câmara em comparação com o mapa anterior. Por outro lado, estados republicanos passaram a ter mais distritos de maioria sólida. Assim, a tendência é que haja menos locais de disputas intensas entre os partidos, e a polarização seja reforçada no país.
Apesar de o processo de redesenho ter sido concluído em junho, ao menos 15 estados ainda podem sofrer alterações, porque os mapas foram questionados na Justiça, o que aumenta o peso das decisões da Suprema Corte sobre o futuro da política americana. O tribunal tem hoje maioria conservadora, de 6 a 3, com três deles indicados por Trump, provável candidato presidencial em 2024.
Segundo o instituto Gallup, a aprovação da Suprema Corte atingiu em junho o menor nível desde o início da série histórica, nos anos 1970: só 25% confiam na instituição. Os juízes têm mandato vitalício para não precisarem se preocupar com isso, mas os protestos contra eles têm sido cada vez mais frequentes.
Em Washington, ativistas têm organizado manifestações em locais próximos às residências dos juízes. Mesmo em casa, eles podem acabar perdendo a vontade de provar a sobremesa.
Rafael Balago/Folhapress
Petista é assassinado no PR, e PT fala em crime de ódio por bolsonarista BRASIL
O militante petista Marcelo Arruda foi assassinado em Foz do Iguaçu, no Paraná, no sábado (9). O Partido dos Trabalhadores divulgou nota lamentando a morte e afirmando que ela se deu por crime de ódio por um bolsonarista.
Segundo nota do PT, Marcelo comemorava seu aniversário de 50 anos com familiares e amigos em uma festa na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu. O texto diz que ele foi vítima da “intolerância, do ódio e da violência política”.
Diz ainda que o bolsonarista, antes de cometer o crime, teria “interrompido a festa e ameaçado de armas na mão a todos os presentes”.
Marcelo foi candidato a vice-prefeito em Foz do Iguaçu nas eleições de 2020.
“As últimas imagens de sua vida, gravadas no momento em que cantavam o parabéns, registram sua alegria de viver, seu entusiasmo com a militância, seu compromisso de vida com o PT e o presidente Lula”, diz a nota do partido.
A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), divulgou nota e fotografias do militante em sua festa de aniversário em seu perfil no Twitter. Ele aparece posando ao lado de decorações temáticas em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao partido.
“Um policial penal, bolsonarista, tentou invadir a festa com arma. Trocaram tiros. Ambos morreram. Uma tragédia fruto da intolerância dessa turma”, escreveu Gleisi.
“Desde o começo do ano, quando lançou uma Campanha Nacional contra a Violência Política, o PT vem alertando a sociedade brasileira e as autoridades dos vários Poderes da República para a escalada de perseguição a parlamentares, filiados e filiadas, militantes de movimentos sociais e de outros partidos de esquerda e o crescimento da violência política no país”, diz a nota do partido.
O assassinato do militante ocorre em meio a alta de incidentes de violência e ameaças políticas na pré-campanha do ex-presidente Lula.
Assinar:
Postagens (Atom)
Destaques
Faça seu pedido: (73) 98108-8375
Ouça aqui: Web Radio Gospel Ipiaú
Web Rádio Gospel de Ipiaú
Siga-nos
Total de visualizações de página
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade.
Publicidade
Anucie aqui: (73) 991241546-9-82007563
Postagens mais visitadas
Arquivo do blog
- ► 2024 (5607)
- ► 2023 (4688)
-
▼
2022
(5535)
-
▼
julho
(432)
-
▼
jul. 10
(9)
- Idosos são maioria dos que desistiram do mercado d...
- Bahia registra 1.351 casos de Covid-19 e dois óbit...
- Em evento, Elon Musk fala de Marte e taxas de nata...
- z
- Fred se despede do futebol com vitória e nos braço...
- ‘Dei ao Senado o que tenho de melhor na minha vida...
- Protestos antigoverno na Argentina põem nas ruas g...
- Suprema Corte dos EUA decidirá sobre controle das ...
- Petista é assassinado no PR, e PT fala em crime de...
-
▼
jul. 10
(9)
-
▼
julho
(432)
- ► 2021 (5869)
- ► 2020 (4953)
- ► 2019 (3140)
- ► 2018 (711)
- ► 2016 (209)
- ► 2015 (162)
- ► 2014 (462)
- ► 2013 (1713)
- ► 2012 (1976)