Descoberto exoplaneta que pode ser totalmente coberto por água

Uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Charles Cadieux, doutorando da Universidade de Montreal (Canadá) e membro do Institute for Research on Exoplanets (iREx), anunciou a descoberta do TOI-1452 b, um exoplaneta que orbita uma das duas pequenas estrelas de um sistema binário localizado na constelação de Draco, a cerca de 100 anos-luz da Terra. Em artigo que apresenta a descoberta, publicado na revista The Astronomical Journal, Cadieux e sua equipe descrevem as observações que elucidaram a natureza e as características desse exoplaneta único.


Ligeiramente maior em tamanho e massa do que a Terra, o exoplaneta está localizado a uma distância de sua estrela em que sua temperatura não seria nem muito quente nem muito fria para a existência de água líquida em sua superfície. Os astrônomos acreditam que poderia ser um “planeta oceânico”, um planeta completamente coberto por uma espessa camada de água, semelhante a algumas das luas de Júpiter e Saturno.

“Estou extremamente orgulhoso desta descoberta porque mostra o alto calibre de nossos pesquisadores e instrumentação”, disse René Doyon, professor da Universidade de Montreal e diretor do iREx e do Observatoire du Mont-Mégantic (OMM). “É graças ao OMM, um instrumento especial projetado em nossos laboratórios chamado SPIRou e um método analítico inovador desenvolvido por nossa equipe de pesquisa que conseguimos detectar esse exoplaneta único.”
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um exoplaneta que pode estar completamente coberto por água. Crédito: Benoit Gougeon, Universidade de Montreal

Papel crucial

Foi o telescópio espacial TESS, da Nasa, que examina todo o céu em busca de sistemas planetários próximos ao nosso, que colocou os pesquisadores no rastro desse exoplaneta. Com base no sinal do TESS, que mostrou uma ligeira diminuição no brilho a cada 11 dias, os astrônomos previram um planeta cerca de 70% maior que a Terra.

Charles Cadieux pertence a um grupo de astrônomos que faz observações de acompanhamento de candidatos identificados pelo TESS para confirmar seu tipo e características de planeta. Ele usa a PESTO, uma câmera instalada no telescópio do OMM desenvolvida pelo professor David Lafrenière, da Universidade de Montreal, e por seu doutorando François-René Lachapelle.

“O OMM desempenhou um papel crucial na confirmação da natureza desse sinal e na estimativa do raio do planeta”, explicou Cadieux. “Essa não foi uma verificação de rotina. Tivemos de ter certeza de que o sinal detectado pelo TESS era realmente causado por um exoplaneta orbitando TOI-1452, a maior das duas estrelas nesse sistema binário.”

Alta resolução

Muito menor que o nosso Sol, a estrela hospedeira TOI-1452 é uma das duas estrelas de tamanho similar no sistema binário. Essas estrelas orbitam uma à outra e estão separadas por uma distância tão pequena – 97 unidades astronômicas, ou cerca de duas vezes e meia a distância entre o Sol e Plutão – que o telescópio TESS as vê como um único ponto de luz. Mas a resolução do PESTO é alta o suficiente para distinguir os dois objetos, e as imagens mostraram que o exoplaneta orbita a TOI-1452, o que foi confirmado através de observações subsequentes de uma equipe japonesa.

Para determinar a massa do planeta, os pesquisadores observaram o sistema com o SPIRou, um instrumento instalado no Telescópio Canadá-França-Havaí no Havaí (EUA). Projetado em grande parte no Canadá, o SPIrou é ideal para estudar estrelas de baixa massa, como a TOI-1452, porque opera no espectro infravermelho, em que essas estrelas são mais brilhantes. Mesmo assim, foram necessárias mais de 50 horas de observação para estimar a massa do planeta, que se acredita ser quase cinco vezes a da Terra.
Um mundo aquático

O exoplaneta TOI-1452 b é provavelmente rochoso como a Terra, mas seu raio, massa e densidade sugerem um mundo muito diferente do nosso. A Terra é essencialmente um planeta muito seco; embora às vezes o chamemos de Planeta Azul porque cerca de 70% de sua superfície é coberta pelo oceano, a água na verdade representa apenas uma fração insignificante de sua massa – menos de 1%.

A água pode ser muito mais abundante em alguns exoplanetas. Nos últimos anos, os astrônomos identificaram e determinaram o raio e a massa de muitos exoplanetas com tamanho entre o da Terra e Netuno (cerca de 3,8 vezes maior que a Terra). Alguns desses planetas têm uma densidade que só pode ser explicada se uma grande fração de sua massa for composta de materiais mais leves do que aqueles que compõem a estrutura interna da Terra, como a água. Esses mundos hipotéticos foram apelidados de “planetas oceânicos”.

“O TOI-1452 b é um dos melhores candidatos a planeta oceânico que encontramos até hoje”, disse Cadieux. “Seu raio e massa sugerem uma densidade muito menor do que se esperaria para um planeta que é basicamente composto de metal e rocha, como a Terra.”

Mykhaylo Plotnykov e Diana Valencia, da Universidade de Toronto (Canadá), são especialistas em modelagem de interiores de exoplanetas. Sua análise do TOI-1452 b mostra que a água pode representar até 30% de sua massa, uma proporção semelhante à de alguns satélites naturais em nosso Sistema Solar, como as luas de Júpiter Ganimedes e Calisto, e as luas de Saturno Titã e Encélado.

Observações adicionais

Um exoplaneta como o TOI-1452 b é um candidato perfeito para observação adicional com o Telescópio Espacial James Webb. É um dos poucos planetas temperados conhecidos que exibem características consistentes com um planeta oceânico. Está perto o suficiente da Terra para que os pesquisadores possam estudar sua atmosfera e testar essa hipótese. E, por um golpe de sorte, está localizado em uma região do céu que o telescópio pode observar o ano todo.

“Nossas observações com o Telescópio Webb serão essenciais para uma melhor compreensão do TOI-1452 b”, disse René Doyon. “Assim que pudermos, reservaremos tempo no Webb para observar esse mundo estranho e maravilhoso.”
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Em 24 horas, Brasil tem 202 mortes e 18,2 mil novos casos de covid-19

Nas últimas 24 horas, foram registrados 18.277 novos casos de covid-19 no Brasil. No mesmo período, houve 202 mortes de vítimas do vírus. O país soma desde o início da pandemia 683.076 mortes por covid-19, segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje (24), em Brasília, pelo Ministério da Saúde. O número total de casos confirmados da doença é de 34.329.600.

Ainda segundo o boletim, 33.329.029 pessoas se recuperaram da doença e 317.495 casos estão em acompanhamento. No levantamento de hoje, não consta atualização dos dados de Mato Grosso do Sul.

Estados

Segundo informações disponíveis, São Paulo lidera o número de casos, com 6,01 milhões, seguido por Minas Gerais (3,87 milhões) e Paraná (2,73 milhões). O menor número de ocorrências tem-se no Acre (148,7 mil). Em seguida, aparecem Roraima (174,5 mil) e Amapá (178 mil).

Em relação às mortes, de acordo com os dados mais recentes disponíveis, São Paulo apresenta o maior número (173.995), seguido de Rio de Janeiro (75.341) e Minas Gerais (63.449). O menor total de mortes situa-se no Acre (2.027), Amapá (2.158) e Roraima (2.167).

Vacinação

Até hoje, foram aplicadas 475,02 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, sendo 179,03 milhões com a primeira dose e 160,22 milhões com a segunda dose. A dose única foi usada em 4,99 milhões de pessoas. Outras 105,89 milhões já receberam a primeira dose de reforço, e 20,02 milhões receberam a segunda dose de reforço.

Edição: Kleber Sampaio
Por Agência Brasil - Brasília

Governador Rui Costa tem aprovação de 80% dos eleitores baianos, diz Datafolha

A gestão do governador Rui Costa (PT) à frente do Estado é aprovada por 80% dos eleitores baianos, segundo pesquisa encomendada ao Datafolha pela Rádio Metrópole e divulgada nesta quarta-feira (24). O instituto ouviu 1008 entrevistados em 63 municípios baianos, entre os dias 22 e 24 de agosto. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança na pesquisa é de 95%. A consulta está registrada no Tribunal Superior Eleitoral como os códigos BA-01548/2022 e BR-05675/2022.

Os números refletem os quase oito anos de gestão de Rui Costa que, além de dar continuidade aos projetos do antecessor, Jaques Wagner, como o Água para Todos, implementou soluções inovadoras, como a descentralização da gestão em importantes áreas, a exemplo da saúde e da infraestrutura. Na Saúde, foram entregues 15 hospitais regionais e os consórcios Inter federativos proporcionaram a implantação de 24 policlínicas, já em pleno funcionamento e oferecendo todos os exames solicitados pelo SUS. Outras duas policlínicas estão em obras em São Francisco do Conde e Ilhéus.

Infraestrutura

Na área de infraestrutura, os consórcios intermunicipais recebem do governo do Estado equipamentos para a recuperação de rodovias e estradas vicinais. Com a iniciativa, as prefeituras, que não teriam recursos para conseguir o maquinário, adquirem tratores, caminhões e miniusinas de asfalto e podem fazer obras, economizando tempo e dinheiro, garantindo a qualidade das estradas nas diversas regiões baianas.

Além da criação dos consórcios Inter federativos, de 2015 até agosto de 2022, foram investidos pelo Estado mais de R$ 3,7 bilhões na recuperação e pavimentação de rodovias e pontes em todas a Bahia. São mais de 8,9 mil km de rodovias concluídas e/ou em andamento. Outros mais de 2.100 km estão com processo licitatório em andamento.

A gestão se destaca ainda pela implantação e expansão do Metrô, a Via Barradão e a Linha Azul, em Salvador; a Via Metropolitana, na Região Metropolitana da capital, as pontes Ilhéus-Pontal e Barra-Xique-Xique, além da construção de grandes barragens. Uma delas é a Barragem do Catolé, em Barra do Choça, que levará água aos baianos que vivem na região sudoeste.

Educação
O Programa Baiano de Educação Integral investe recursos da ordem de R$ 4 bilhões aplicados na construção de novas escolas, ampliação e reforma dos centros educacionais, além da implantação de complexos culturais e esportivos. São 600 intervenções que possibilitam a geração de 12 mil empregos.

Só em Salvador, o Governo da Bahia viabilizou 19 obras. Oito delas são novas escolas de tempo integral de grande porte nos bairros da Vila Canária, Sussuarana, Imbui, Jardim Cajazeiras, São Cristóvão, Lobato, Paripe e Cabula. Outros 11 colégios estaduais e centros educacionais da capital baiana foram contemplados.

Contenção de encostas

O investimento na contenção de encostas chega a R$ 300 milhões na capital e no interior, o maior já realizado na Bahia. Só na capital, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder) já fez intervenções em 100 áreas, com estruturas que asseguram a estabilidade da encosta e garantem a segurança para a população que mora no seu entorno. Já no interior, após o mapeamento dos estragos provocados pelas fortes chuvas em 22 municípios do sul e extremo sul do estado, já foram iniciadas as obras de contenção em Cachoeira, Mutuípe e Ibirapitanga, Candeias, Itamari, Teolândia, Ubaíra e Catu.

Saiba como ajudar o Martagão neste sábado (27) a manter seu programa de Transplante de Medula Óssea

Neste sábado, 27 de agosto, ocorre o Dia D do McDia Feliz 2022. O Martagão Gesteira é um dos hospitais de todo o país beneficiados com a iniciativa. Toda a renda obtida com a campanha será revertida para a manutenção do Programa de Transplante de Medula Óssea do Hospital. Para participar, basta pedir um Big Mac nesse dia, seja no balcão da loja, no drive ou no delivery.
Exclusivamente pediátrico, o Martagão foi responsável, em 2021, por 43% dos tratamentos oncológicos do SUS, na Bahia. Com o programa de TMO, inaugurado em 2020, 13 crianças que necessitavam do procedimento não precisaram se deslocar para outros estados para viabilizar o tratamento. Outras sete já estão na fila de espera cadastrada pelo Martagão.

No entanto, cada TMO custa, em média, R$ 80 mil, sendo R$ 30 mil provenientes do SUS e o restante é obtido por meio de parcerias e doações. A continuidade do programa é motivo de preocupação para os diretores da Instituição.

“Há sete anos o McDia Feliz tem apoiado o Martagão para garantir que crianças de todo o estado tenham acesso à saúde de qualidade. Neste sábado, contamos com o apoio também dos baianos que, com certeza, vão comprar o sanduíche e ajudar o Hospital a arrecadar recurso para a manutenção de um programa tão importante como o do TMO”, destaca o presidente do conselho da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil (mantenedora do Martagão), Maurício Martins.

Para ajudar o Martagão, os baianos podem comprar o Big Mac nos 22 restaurantes da rede McDonald das cidades de Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas. Mas a ação só é válida para o Big Mac. Não pode ser outro tipo de sanduíche. Para aqueles que já adquiriram o tíquete antecipadamente, poderão efetuar a troca nos mesmos locais.

Os baianos podem ajudar também por meio da aquisição dos produtos da campanha, na Loja Martagão (na unidade do Shopping Paralela, no próprio Hospital ou pelo site - www.lojinha.martagaogesteira.org.br. Estão disponíveis camisetas e copos, entre outros itens.

Ação - Realizado pelo Instituto Ronald McDonald, o McDia Feliz é uma das principais campanhas de arrecadação do país em prol de crianças e adolescentes. Em todo o país, a ação, que está na 34ª edição, beneficiará mais de 60 projetos de mais de 50 instituições no Brasil.

Anderson Sotero: Assessor de Imprensa
Hospital Martagão Gesteira/Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil
71 991132370

Ciro Gomes alcança 2ª maior audiência do ano no Jornal Nacional

A edição do Jornal Nacional em que Renata Vasconcellos e William Bonner sabatinaram Ciro Gomes (PDT), candidato à presidência da República, nesta terça-feira (23), foi a segunda maior audiência do ano no maior noticiário da TV.

A audiência da vez perde apenas para a edição de segunda-feira (22), dia em que foi ao ar a sabatina com Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, que chegou a 33 pontos de média na Grande São Paulo e no Painel Nacional de TV (PNT), segundo dados da Kantar Ibope Media.

Com Ciro, o JN teve 29 pontos de média na Grande São Paulo e foi sintonizado por 43% dos televisores ligados na Grande São Paulo. O placar representa um crescimento de 21% (ou 5 pontos) sobre a média do JN em 2022.

Folhapress

Bahia tem mais dois registros de varíola dos macacos: total de casos confirmados ultrapassa 40

Nesta quarta-feira (24), Salvador registrou mais dois casos de varíola dos macacos (Monkeypox). De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), ao todo, são 42 casos confirmados da doença em todo o Estado, divididos assim: Salvador (33), Santo Antônio de Jesus (2), Cairu (1), Conceição do Jacuípe (1), Feira de Santana (1), Ilhéus (1), Juazeiro (1), Mutuípe (1) e Xique-Xique (1).

Ainda segundo a Sesab, a Bahia tem notificados 104 casos suspeitos que aguardam diagnóstico laboratorial.
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QUALIFICA IPIAÚ!!!! MAIS INFORMAÇOES: 35313387

Para ter oportunidades de emprego de qualidade a gente sabe que se qualificar é essencial. 

Por isso, de acordo com a demanda de vagas de trabalho da região trazemos o Qualifica Ipiaú.  As inscrições começam no dia 05 setembro e vai até o dia 12, na Secretaria de Ação Social 

Veja os cursos e os documentos necessários para sua inscrição.

                                    As vagas são limitadas. Então se organize.
Prefeitura de Ipiaú/Cidade do Desenvolvimento

Moro e Deltan flertam com Bolsonaro e põem só Lula como inimigo

“Acorda, Lulinha, que hoje tem Lava Jato/Em Curitiba, você foi condenado/Sítio de Atibaia foi reformado.” A paródia da música “Acorda, Pedrinho”, da banda Jovem Dionísio, publicada no perfil do ex-juiz Sergio Moro no TikTok, é uma amostra do foco dele no discurso anti-PT, em sua tentativa de se eleger senador pelo Paraná na eleição deste ano.

Hoje no partido União Brasil, o ex-magistrado da Lava Jato tem concentrado críticas no ex-presidente Lula (PT), a quem condenou à prisão na época da operação, e acenado ao eleitorado do presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Justiça e com quem rompeu em 2020. É uma guinada no discurso em relação à sua mal-sucedida pré-candidatura a presidente, que manteve de novembro de 2021 até março deste ano.

Naqueles meses, ele distribuía de maneira mais equânime críticas ao PT e ao bolsonarismo, tentando pavimentar o caminho da chamada terceira via. Assim como Moro, sua esposa Rosângela e o ex-chefe da força-tarefa Deltan Dallagnol também tentam alavancar suas candidaturas com ataques a Lula, de olho no eleitorado antipetista. A mulher do ex-juiz é candidata à Câmara pela União Brasil em São Paulo. O ex-procurador também busca uma cadeira de deputado, mas pelo Podemos no Paraná.

Em comum, os três buscam periodicamente nas redes sociais rechaçar qualquer possibilidade de apoio à candidatura de Lula, mesmo em segundo turno. O mesmo não é feito em relação a Bolsonaro.

Os três também passaram ao largo da mobilização deflagrada a partir de carta em defesa da democracia elaborada na Faculdade de Direito da USP no fim de julho. “Jamais estarei ao lado do PT e do Lula. Você pode escrever na pedra”, diz Moro, em gravação nas suas redes sociais. Ele acrescentou na ocasião: “Em relação ao Bolsonaro, uma coisa eu posso dizer: nós temos o mesmo adversário”.

A União Brasil, porém, andou flertando no plano nacional com o PT antes do término do prazo de registro de candidaturas, há duas semanas. O presidente do partido, Luciano Bivar, já sinalizou oposição a Bolsonaro em eventual segundo turno.

A sigla acabou lançando como candidata a presidente da República a senadora Soraya Thronicke, de Mato Grosso do Sul. A estratégia de Moro e de Deltan é surfar na forte rejeição ao PT no Paraná. No estado, o grande favorito ao governo é Ratinho Junior (PSD), apoiado por Bolsonaro e pela União Brasil. Lá, em 2018 o atual presidente fez 68% dos votos válidos no segundo turno. No Tiktok, rede social que faz mais sucesso entre jovens e adolescentes, Moro, além da já citada paródia, tem publicado ironias em série contra Lula.

Há um vídeo curto com imitação da voz do petista em deboche sobre a promessa de ter “cerveja e picanha” em 2023 e paródia de videogame em que o vilão são “fantasmas de corrupção do PT” e “condenações anuladas”. Moro também publicou trechos da discussão entre os dois em depoimento prestado em Curitiba em 2017 com a legenda: “E vocês, vão jantar o quê?” À época, eram juiz e réu.

No ano passado, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o ex-magistrado foi parcial na condução dos casos de Lula na Lava Jato e anulou condenações do ex-presidente, o que permite que o petista seja candidato hoje. Moro chama o episódio de “erro do Judiciário”. O candidato ao Senado ainda publicou vídeo falando sobre “traição”, rótulo que bolsonaristas costumam dar ao rompimento com o atual presidente, em 2020. Deltan Dallagnol tem investido na campanha em uma certa nostalgia da Lava Jato —a força-tarefa da operação foi encerrada em 2021— e também tem sinalizado aos eleitores de Bolsonaro.

Um de seus assuntos mais recorrentes é a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal), a quem culpa pelo fim das investigações iniciadas em Curitiba. “Vi o trabalho da minha vida sendo destruído e aprendi que a mudança só acontecerá por meio da política. Porque é a política que escolhe os ministros do Supremo e que faz as leis.” Já na pré-campanha, Deltan apoiou o decreto de indulto de Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que tinha sido condenado à prisão em abril por ofender e ameaçar os ministros do STF.

Mais recentemente, o ex-chefe da força-tarefa tem defendido a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no contexto de críticas feitas pela esquerda a manifestações públicas de tom religioso. O ex-procurador também usa a imagem de Lula para rememorar ao eleitor sua atuação na Lava Jato. Em julho, fez uma live especial sobre os cinco anos da condenação do ex-presidente, em julho. Sobre eventual apoio no segundo turno, costuma usar o bordão de que o mais importante é impedir o PT “de voltar à cena do crime”. O Podemos, formalmente, apoia a presidenciável Simone Tebet, do MDB.

Na semana passada, Deltan fez publicação insinuando omissão na declaração de patrimônio entregue por Lula.

O ex-procurador distorceu notícia publicada em 2018 sobre o valor a ser bloqueado nas contas do petista —R$ 16 milhões à época— e comparou com o valor declarado na atual candidatura: R$ 7,4 milhões.

Os R$ 16 milhões, porém, eram o teto do bloqueio imposto na Lava Jato, não o que foi efetivamente encontrado nas contas do ex-presidente. Também na última semana, Deltan gravou vídeo com elogios ao senador Alvaro Dias, seu correligionário, mas adversário de Moro na disputa pelo Senado. Em pesquisa do instituto Ipec divulgada nesta terça-feira (23), Dias apareceu na liderança, com 35% das intenções de voto ante 24% de Moro. Outra candidatura do lavajatismo na eleição deste ano, a de Rosângela Moro, também tem poupado o atual governo de ataques e questionamentos.

Em suas redes, Rosângela, que adotou o apelido de “conja”, no máximo critica o que chama de “polarização” ou extremismo. Ela obteve apoio de um grupo chamado 200+, que é ligado ao movimento Vem Pra Rua, que defende candidatos com uma pauta anticorrupção. No início do mês, gravou um vídeo para desmentir uma montagem que ligava Moro à candidatura de Lula. “Uma coisa tão absurda. Sergio Moro nunca vai estar no mesmo palanque que o Lula. Eu, Rosângela, nunca vou estar no mesmo palanque que Lula. Podem ficar tranquilos, [é] fake news!”

Felipe Bächtold, Folhapress

Moraes recebe comandantes das PMs e ouve que tropas não devem tumultuar as eleições

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, recebeu nesta quarta-feira (24) comandantes das polícias militares e discutiu com eles a seguranças das eleições. Após o encontro, o comandante da PM de Rondônia, coronel James Padilha, disse que os presentes afastaram a tese de que policiais podem atrapalhar o pleito por alinhamento a algum candidato.

“Cada um dos comandantes foi enfático e uníssono em externar que as tropas estão sob controle. Temos tropas ordeiras e disciplinadas”, disse o militar. “Tem sim militares concorrendo, mas isso não tem afetado a gestão e a tranquilidade dentro da corporação sobre o pleito eleitoral”, afirmou ainda Padilha.

A maioria dos comandantes ainda teria dito que não espera dificuldades para manter a ordem nas eleições.

Há entre integrantes do TSE receio sobre a radicalização de policiais alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), mas este tema não entrou na pauta da reunião. A PM tradicionalmente participa das operações de segurança nos dias de eleições. Alguns estados também pedem ajuda das forças federais de segurança. O TSE ainda não avaliou os pedidos deste ano.

Moraes tem feito encontros com autoridades dos Três Poderes desde que assumiu, no último dia 16, o comando do TSE.

Ele recebeu na segunda-feira (22) o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

No dia seguinte, teve encontros com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e com o diretor-geral da PF (Polícia Federal), Márcio Nunes de Oliveira. Na reunião com Nogueira, Moraes confirmou que o TSE reabriu discussões sobre as propostas das Forças Armadas para as eleições, mas não prometeu acatar as mudanças.

Como mostrou a Folha, técnicos do TSE consideram que há pouca margem para mudar o formato do teste de integridade das urnas que é feito no dia das eleições, principal pedido dos militares.

Participaram da reunião desta quarta-feira representantes das polícias de todos os estados e do Distrito Federal. Moraes também recebeu o presidente em exercício do TCU (Tribunal de Conta da União), Bruno Dantas, que entregou ao magistrado documentos de auditorias sobre o processo eleitoral.

Em julho, o TCU aprovou relatório afirmando que não havia identificado riscos relevantes à realização das eleições de 2022.

Mateus Vargas, Folhapress

Disparos sobre plano para barrar Bolsonaro crescem e indicam nova investida contra TSE

Uma mensagem que cita um trio de pessoas em Brasília que deseja impugnar a chapa de Jair Bolsonaro (PL) e uma pesquisa “interna não falsa” dizendo que o ex-presidente Lula (PT) tem só 17% dos votos foi enviada mais de 92 mil vezes a grupos de WhatsApp em um período de 20 dias.

Ela inclui ainda a convocação para atos no 7 de Setembro, data usada por Bolsonaro e apoiadores no ano passado para atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e ir às ruas pedir o que chamam de “voto auditável”, iniciativa que deve se repetir neste ano pelo presidente e por seus aliados.

O envio massivo dessa mensagem sobre uma possível impugnação da chapa indica que parte do bolsonarismo busca, por meio dos militares, afastar o discurso de fraude na urna eletrônica.

Mas isso sem diminuir a desconfiança a membros do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), já que o Judiciário tem sido a principal barreira aos retrocessos empreendidos por Bolsonaro ao longo de seu mandato.

A viralização foi detectada pelo Observador Folha/Quaest, que monitora 1.218 grupos públicos de WhatsApp e que atualmente tem na amostra 42% dos grupos ligados à direita, 14% à esquerda e 44% indeterminados.

Há indicativo de envio coordenado dessa mensagem. Ao todo, o texto foi enviado para 228 grupos e teve um alcance estimado, apenas dentro do universo pesquisado, de 42,6 mil integrantes —com base na média de 187 usuários por grupo. Nos cinco grupos em que a mensagem mais foi compartilhada, ela apareceu cerca de 900 vezes.

A narrativa disseminada diz que Bolsonaro tem 62% dos votos e ganharia no primeiro turno da eleição, o que é falso, já que pesquisas recentes mostra Lula ao menos dez pontos à frente de Bolsonaro.

Ainda segundo essa conspiração, haveria apenas dois caminhos para reverter esse cenário: “Matar Bolsonaro ou impugnar a chapa”. As Forças Armadas também são lembradas no texto: “Roubar na apuração está difícil porque as FFAA estão em cima”.

A primeira mensagem foi identificada em 3 de agosto, estendendo-se até 22 de agosto, último dia da análise. Na primeira versão que circulou nos grupos, não havia menção aos atos de 7 de Setembro ou ao comunismo. Ela foi sofrendo pequenas alterações e chegou a circular em ao menos 13 formatos.

A metodologia da Quaest inclui grupos de conversa alinhados a todos os espectros. Os links dos convites públicos de WhatsApp foram obtidos em rede sociais como Twitter, Instagram, Facebook, Reddit e Gettr.

A maioria dos compartilhamentos foi em grupos bolsonaristas (91%), contra 3% em grupos lulistas e 6% em grupos classificados como indeterminados.

Apesar do compartilhamento massivo, a quantidade de telefones responsável por fazer a mensagem circular não é tão alto. Ao todo foram 540 números diferentes, um deles foi responsável por 438 envios, o segundo número com mais disparos enviou a mensagem 385 vezes.

Não parece, contudo, que a narrativa seja homogênea, já que em parte dos grupos bolsonaristas monitorados a mensagem não apareceu.

Desde antes de ser eleito, Bolsonaro fomenta a desconfiança nas urnas em discursos recheados de mentiras. Ele já chegou a colocar a própria realização do pleito em dúvida.

Em entrevista ao Jornal Nacional nesta segunda (22), o presidente foi cobrado pelos apresentadores a assumir um compromisso de que respeitará o resultado das eleições.

Bolsonaro, entretanto, colocou como condição que elas “sejam limpas” e na sequência citou o envolvimento dos militares como determinante. “E quem vai decidir essa questão de transparência ou não serão, em parte, as Forças Armadas, que foram convidadas a participar da comissão de transparência eleitoral.”

O Ministério da Defesa foi chamado pelo TSE para participar de uma comissão de transparência das eleições e tem questionado a corte em alinhamento ao discurso do presidente.

No fim de julho, a pasta designou dez militares das três Forças para participar da fiscalização das eleições. Recentemente pediram, com carimbo de “urgentíssimo”, para inspecionar o código-fonte da urna que estava disponível para análise desde outubro do ano passado.

Os militares insistem em mudanças no processo eleitoral e nesta terça-feira (23), o ministro da Defesa teve uma reunião com o atual presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

“BOMBA EM BRASÍLIA: O TRIO QUER IMPUGNAR A CHAPA DE BOLSONARO” é o início da mensagem disparada nos grupos. As três pessoas à frente de tal estratégia não são explicitadas nominalmente. De acordo com o texto, elas estariam sendo pressionadas por “Lula, Zé Dirceu e PCC”.

Também no Telegram e em grupos de Facebook a narrativa de que haveria um movimento para impedir Bolsonaro de concorrer foi compartilhada em diferentes variações desde o dia 4 de agosto.

Em parte delas o trio é nomeado “O TRIO (FACHIN, BARROSO E XANDINHO DO PCC) QUER IMPUGNAR A CHAPA DE BOLSONARO”, conforme postagens em grupos públicos no Facebook.

Além de Moraes, que estará à frente da corte durante a eleição, seus antecessores, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso se tornaram alvos preferenciais de Bolsonaro em seus discursos de cunho golpista contra as urnas eletrônicas e de questionamento da Justiça Eleitoral.

Em sua posse na corte, no último dia 16, a que Bolsonaro esteve presente, o ministro deu fortes recados ao chefe do Executivo, assim como fez na sessão em que foi julgada a cassação da chapa Bolsonaro Mourão.

Nessas eleições, o PDT move dois processos para impugnar a chapa de Bolsonaro e Braga Netto, usando como motivação o evento com embaixadores em que o presidente atacou as urnas e ainda por conta de uma live do presidente com pedido de votos a aliados.

Já o PT não chegou a apresentar nenhuma ação com pedido de derrubada da chapa da campanha atual. Por outro lado, nesta semana, o partido recorreu ao TSE em ação sobre disparos em massa no WhatsApp na campanha de 2018.

Os advogados apontam que haveria contradições no julgamento feito pelo TSE e solicitam que presidente fique inelegível. Embora o julgamento tenha sido concluído em 2021, os acórdãos, documentos que contêm o teor da decisão e os votos do plenário da corte, só foram publicados na semana passada.

No texto viralizado no WhatsApp, também a construção do temor do que relacionam como “Bloco Comunista da América Latina” é utilizado para mobilizar apoiadores do presidente a comparecerem às manifestações de 7 de Setembro, que foram convocada por Bolsonaro.

Atrás nas pesquisas e com um cenário desfavorável na economia, Bolsonaro tem reembalado, ao longo do ano, a imagem de que o pleito seria uma “luta do bem contra o mal”.

“POVO NAS RUAS DIA 7 DE SETEMBRO EM MASSA!!!”, diz o fim do texto compartilhado. “Será a nossa decisão de sermos a próxima Argentina, Venezuela, Cuba, etc…Ou não…O futuro dos nossos filhos e famílias está nas nossas mãos!!!”

Como primeiro ato oficial de campanha, Bolsonaro voltou a Juiz de Fora (MG), cidade onde sofreu um atentado em 2018, e associou governos anteriores ao socialismo.

“O Brasil estava à beira de um colapso, com problemas éticos, morais e econômicos, e marchava, sim, a passos largos para o socialismo”, afirmou na ocasião.


Renata Galf e Paula Soprana/FolhapressBRASIL



Uma mensagem que cita um trio de pessoas em Brasília que deseja impugnar a chapa de Jair Bolsonaro (PL) e uma pesquisa “interna não falsa” dizendo que o ex-presidente Lula (PT) tem só 17% dos votos foi enviada mais de 92 mil vezes a grupos de WhatsApp em um período de 20 dias.

Ela inclui ainda a convocação para atos no 7 de Setembro, data usada por Bolsonaro e apoiadores no ano passado para atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e ir às ruas pedir o que chamam de “voto auditável”, iniciativa que deve se repetir neste ano pelo presidente e por seus aliados.

O envio massivo dessa mensagem sobre uma possível impugnação da chapa indica que parte do bolsonarismo busca, por meio dos militares, afastar o discurso de fraude na urna eletrônica.

Mas isso sem diminuir a desconfiança a membros do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), já que o Judiciário tem sido a principal barreira aos retrocessos empreendidos por Bolsonaro ao longo de seu mandato.

A viralização foi detectada pelo Observador Folha/Quaest, que monitora 1.218 grupos públicos de WhatsApp e que atualmente tem na amostra 42% dos grupos ligados à direita, 14% à esquerda e 44% indeterminados.

Há indicativo de envio coordenado dessa mensagem. Ao todo, o texto foi enviado para 228 grupos e teve um alcance estimado, apenas dentro do universo pesquisado, de 42,6 mil integrantes —com base na média de 187 usuários por grupo. Nos cinco grupos em que a mensagem mais foi compartilhada, ela apareceu cerca de 900 vezes.

A narrativa disseminada diz que Bolsonaro tem 62% dos votos e ganharia no primeiro turno da eleição, o que é falso, já que pesquisas recentes mostra Lula ao menos dez pontos à frente de Bolsonaro.

Ainda segundo essa conspiração, haveria apenas dois caminhos para reverter esse cenário: “Matar Bolsonaro ou impugnar a chapa”. As Forças Armadas também são lembradas no texto: “Roubar na apuração está difícil porque as FFAA estão em cima”.

A primeira mensagem foi identificada em 3 de agosto, estendendo-se até 22 de agosto, último dia da análise. Na primeira versão que circulou nos grupos, não havia menção aos atos de 7 de Setembro ou ao comunismo. Ela foi sofrendo pequenas alterações e chegou a circular em ao menos 13 formatos.

A metodologia da Quaest inclui grupos de conversa alinhados a todos os espectros. Os links dos convites públicos de WhatsApp foram obtidos em rede sociais como Twitter, Instagram, Facebook, Reddit e Gettr.

A maioria dos compartilhamentos foi em grupos bolsonaristas (91%), contra 3% em grupos lulistas e 6% em grupos classificados como indeterminados.

Apesar do compartilhamento massivo, a quantidade de telefones responsável por fazer a mensagem circular não é tão alto. Ao todo foram 540 números diferentes, um deles foi responsável por 438 envios, o segundo número com mais disparos enviou a mensagem 385 vezes.

Não parece, contudo, que a narrativa seja homogênea, já que em parte dos grupos bolsonaristas monitorados a mensagem não apareceu.

Desde antes de ser eleito, Bolsonaro fomenta a desconfiança nas urnas em discursos recheados de mentiras. Ele já chegou a colocar a própria realização do pleito em dúvida.

Em entrevista ao Jornal Nacional nesta segunda (22), o presidente foi cobrado pelos apresentadores a assumir um compromisso de que respeitará o resultado das eleições.

Bolsonaro, entretanto, colocou como condição que elas “sejam limpas” e na sequência citou o envolvimento dos militares como determinante. “E quem vai decidir essa questão de transparência ou não serão, em parte, as Forças Armadas, que foram convidadas a participar da comissão de transparência eleitoral.”

O Ministério da Defesa foi chamado pelo TSE para participar de uma comissão de transparência das eleições e tem questionado a corte em alinhamento ao discurso do presidente.

No fim de julho, a pasta designou dez militares das três Forças para participar da fiscalização das eleições. Recentemente pediram, com carimbo de “urgentíssimo”, para inspecionar o código-fonte da urna que estava disponível para análise desde outubro do ano passado.

Os militares insistem em mudanças no processo eleitoral e nesta terça-feira (23), o ministro da Defesa teve uma reunião com o atual presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

“BOMBA EM BRASÍLIA: O TRIO QUER IMPUGNAR A CHAPA DE BOLSONARO” é o início da mensagem disparada nos grupos. As três pessoas à frente de tal estratégia não são explicitadas nominalmente. De acordo com o texto, elas estariam sendo pressionadas por “Lula, Zé Dirceu e PCC”.

Também no Telegram e em grupos de Facebook a narrativa de que haveria um movimento para impedir Bolsonaro de concorrer foi compartilhada em diferentes variações desde o dia 4 de agosto.

Em parte delas o trio é nomeado “O TRIO (FACHIN, BARROSO E XANDINHO DO PCC) QUER IMPUGNAR A CHAPA DE BOLSONARO”, conforme postagens em grupos públicos no Facebook.

Além de Moraes, que estará à frente da corte durante a eleição, seus antecessores, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso se tornaram alvos preferenciais de Bolsonaro em seus discursos de cunho golpista contra as urnas eletrônicas e de questionamento da Justiça Eleitoral.

Em sua posse na corte, no último dia 16, a que Bolsonaro esteve presente, o ministro deu fortes recados ao chefe do Executivo, assim como fez na sessão em que foi julgada a cassação da chapa Bolsonaro Mourão.

Nessas eleições, o PDT move dois processos para impugnar a chapa de Bolsonaro e Braga Netto, usando como motivação o evento com embaixadores em que o presidente atacou as urnas e ainda por conta de uma live do presidente com pedido de votos a aliados.

Já o PT não chegou a apresentar nenhuma ação com pedido de derrubada da chapa da campanha atual. Por outro lado, nesta semana, o partido recorreu ao TSE em ação sobre disparos em massa no WhatsApp na campanha de 2018.

Os advogados apontam que haveria contradições no julgamento feito pelo TSE e solicitam que presidente fique inelegível. Embora o julgamento tenha sido concluído em 2021, os acórdãos, documentos que contêm o teor da decisão e os votos do plenário da corte, só foram publicados na semana passada.

No texto viralizado no WhatsApp, também a construção do temor do que relacionam como “Bloco Comunista da América Latina” é utilizado para mobilizar apoiadores do presidente a comparecerem às manifestações de 7 de Setembro, que foram convocada por Bolsonaro.

Atrás nas pesquisas e com um cenário desfavorável na economia, Bolsonaro tem reembalado, ao longo do ano, a imagem de que o pleito seria uma “luta do bem contra o mal”.

“POVO NAS RUAS DIA 7 DE SETEMBRO EM MASSA!!!”, diz o fim do texto compartilhado. “Será a nossa decisão de sermos a próxima Argentina, Venezuela, Cuba, etc…Ou não…O futuro dos nossos filhos e famílias está nas nossas mãos!!!”

Como primeiro ato oficial de campanha, Bolsonaro voltou a Juiz de Fora (MG), cidade onde sofreu um atentado em 2018, e associou governos anteriores ao socialismo.

“O Brasil estava à beira de um colapso, com problemas éticos, morais e econômicos, e marchava, sim, a passos largos para o socialismo”, afirmou na ocasião.

Renata Galf e Paula Soprana/Folhapress

Aurelino Leal: Três suspeitos de homicídios e assaltos morrem em confronto contra a PM

Foto: Reprodução/Ubatã Notícias

Três suspeitos morreram em confronto contra guarnições da Polícia Militar da 61ª CIPM nesta terça-feira, 23, no bairro Humberto Barbosa, em Aurelino Leal. A operação foi batizada de Meridionalis, em alusão ao 20º aniversário do Comando Regional Sul. O trio morto em confronto é suspeito de homicídio, tráfico de drogas e assalto a veículos. Conforme informações da PM, as guarnições foram informadas de que homens estariam com armas em punho ameaçando a comunidade local. A PM se deslocou ao Humberto Barbosa e foi recebida a tiros pelos criminosos.

Foto: Reprodução/Ubatã Notícias

Houve revide e três suspeitos foram alvejados. Eles foram socorridos ao Hospital Municipal, mas não resistiram.  Os corpos foram encaminhados na sequência para o Departamento de Polícia Técnica (DPT). Os homens mortos em confronto, ainda de segundo a PM, acumulavam diversas passagens pela Polícia.  Com os criminosos foram apreendidos 02 revólveres calibre 38, 01 espingarda calibre 12, 01 espingarda de fabricação caseira, 02 balanças de precisão, 39 papelotes de cocaína, 296 pedras de crack, 01 tablete de maconha e documentos pessoais diversos. (Ubatã Notícias)

Criminosos invadem casa em Itamarati e executam mulher a tiros; alvo seria o companheiro dela

 


Foto: Reprodução/Ubatã Notícias

Uma mulher identificada como Kayala Rebeca Ribeiro da Silva, de 18 anos, foi morta na noite desta terça-feira, 23, em Itamarati, distrito de Ibirapitanga. Segundo informações da Polícia Militar, homens armados teriam chegado à residência e executado Kayala a tiros. A informação inicial é que o alvo dos criminosos seria o companheiro da vitima, que fugiu após a chegada dos bandidos. Não foi informado se Kayala tinha passagem pela policia, mas conforme fontes policiais, ela teria envolvimento com o tráfico de drogas. A Polícia Civil investigará o caso. Fonte: Ubatã noticias

Câmara fica ‘mais negra’ com registro de candidaturas de 2022

O número de parlamentares negros na Câmara dos Deputados aumentou mesmo antes da eleição. A atual composição da Casa contava com 122 deputados federais declarados pardos ou pretos (23,8%), quantidade que agora subiu para 134 (26,1%).

Isso porque 42 parlamentares eleitos como brancos em 2018, entre titulares e suplentes que assumiram o cargo durante a legislatura, fizeram essa alteração nos registros apresentados para o pleito deste ano.

Outros 29, por sua vez, foram eleitos como pretos ou pardos e, nesta edição, se registraram como brancos —há ainda um deputado que se considerava pardo e agora mudou a autodeclaração para indígena.

Ao todo, 77 dos atuais deputados alteraram a declaração de cor para concorrer neste ano. São 15,5% dos 497 parlamentares em exercício que tentam um novo mandato, independentemente do cargo a que concorrem agora.

A mudança ocorre às vésperas da primeira eleição nacional na qual haverá destinação de dinheiro do financiamento de campanha para candidaturas de pessoas negras.

Considerando todos os cargos em disputa, 1.342 postulantes mudaram a autodeclaração racial no novo pedido de candidatura, em relação à que haviam apresentado no pleito anterior. Isso representa 21,1% daqueles que concorreram em 2018 e voltaram a se candidatar neste ano.

A troca mais frequente foi de branca para parda (549).

Em dezembro de 2021, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou resolução que estabeleceu regras de distribuição dos recursos do fundo eleitoral para este ano.

As legendas precisam distribuir o dinheiro para financiamento de campanha de forma proporcional para candidatos negros e brancos, levando em consideração o número de postulantes em cada partido.

Além disso, a partir deste ano os votos dados a candidatas mulheres ou a candidatos negros para a Câmara dos Deputados serão contados em dobro na definição dos valores do fundo partidário e do fundo eleitoral distribuídos aos partidos políticos. A medida será válida até 2030.

Para o cálculo, o TSE considera candidaturas negras aquelas registradas pelos postulantes autodeclarados como pretos ou pardos.

A disputa por uma vaga na Câmara terá neste ano um recorde de participação de candidatos declarados negros. Foram inscritos 4.932 postulantes pardos ou pretos, o equivalente a 47,7% do total. No pleito anterior, eram 3.561 concorrentes negros, ou 41,7%.

Diante das novas regras, o Brasil registrou também um recorde no total de candidaturas de pessoas negras e de mulheres em uma eleição geral (49,6% e 33,4%, respectivamente).

Reportagem da Folha no mês de junho revelou que registros irregulares na identificação racial de políticos inflaram de maneira artificial a quantidade de negros entre os 513 membros da Câmara dos Deputados.

Segundo dados oficiais do TSE, foram eleitos 124 deputados negros em 2018. Levantamento da Folha, contudo, mostra que esse número era menor.

A reportagem procurou 38 deputados que se autodeclararam negros na época (como pretos ou pardos), mas que teriam dificuldade de passar por uma banca de heteroidentificação, como as que avaliam se uma pessoa pode se inscrever como cotista num vestibular.

Oito deles afirmaram que são brancos e que houve erro no registro da candidatura. Os demais não se manifestaram. Ou seja, de acordo com essas respostas, o total de negros diminuiria no mínimo para 116, mas poderia cair para até 86.

Desses oito, apenas a deputada Mariana Carvalho (Republicanos-RO) manteve a autodeclaração como parda neste ano. Jorge Solla (PT-BA), Fábio Mitidieri (PSD-SE), Luiz Lima (PL-RJ), Léo de Brito (PT-AC), Zé Carlos (PT-MA), Flávio Nogueira (PT-PI) e Ricardo Teobaldo (Podemos-PE) se registraram como brancos.

O MPE (Ministério Público Eleitoral) notificou os diretórios de todos os partidos políticos no estado de São Paulo e cobrou esclarecimentos sobre erros nos dados raciais no registro de candidatos a deputado federal.

Na ação, que teve como base o texto do jornal, o MPE solicita que as legendas retifiquem dados de parlamentares com mandato em curso e adotem medidas para evitar a inserção errada de novos dados.

Até o momento, pelo menos 29 desses deputados federais que estavam registrados como negros em 2018 corrigiram a autodeclaração e se registraram como brancos para o atual pleito.

A Folha fez um novo levantamento e entrou em contato com os 42 deputados em exercício que mudaram a autodeclaração de branco para negro nos registros para a eleição de 2022. Eles foram questionados sobre a mudança e se eles se sentiam aptos a receber a verba destinada a candidaturas negras. Até a publicação da reportagem, seis retornaram.

A maioria dos deputados que mudaram o registro de branco para negro em 2022 possivelmente teria dificuldades em passar por uma banca de heteroidentificação.

Embora a questão racial no Brasil seja autodeclaratória, órgãos que aplicam políticas afirmativas costumam utilizar esse tipo de banca para evitar que o benefício vá para pessoas que não são identificadas socialmente como negras.

Entre os políticos que responderam à reportagem, a assessoria do deputado Professor Israel Batista (PSB-DF) informou em nota que “a simples declaração do candidato como pardo no registro de sua candidatura não afeta a quantidade de recursos a ser destinada a ele pelo partido”.

Segundo o texto, a prova disso é que a “ata da convenção eleitoral do PSB-DF não inclui o professor entre os que se autodeclaram negros para fins da destinação de recursos”.

Outros dois parlamentares informaram que houve erro no preenchimento das informações e que já estavam providenciando uma petição para a alteração do registro. É o caso dos deputados Fernando Monteiro (PP-PE) e Christiane Yared (PP-PR).

A assessoria do deputado Luís Miranda (Republicanos-SP) informou em nota que o registro do parlamentar está correto. “Nas eleições de 2018, o formulário foi preenchido por terceiros e a informação passou desapercebida. Em 2022, por regulamentação do TSE, foi necessário observar com maior atenção o preenchimento desse dado.”

O deputado Denis Bezerra (PSB-CE) também confirmou a mudança no registro. “Entendi ser necessária a mudança para melhor retratar a minha cor/raça. Sou pardo”, disse. “Não há qualquer relação entre a recente mudança eleitoral citada com a minha declaração de cor, já que tendo ou não tendo verba destinada a candidaturas negras, continuarei sendo pardo.”

O candidato Da Vitória (PP-ES) informou que fez a mudança porque anteriormente o registro estava errado. “Sou pardo, como consta em minha certidão de nascimento. Não considero a cor como algo determinante para receber recurso público. Fui fiel à minha raça”, afirmou o parlamentar.

Além disso, 420 dos atuais deputados federais que são novamente candidatos não mudaram suas autodeclarações neste ano.

Entre eles estão parlamentares como Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Flávia Arruda (PL-DF), autodeclarados pardos. Assim, ambos também terão direito ao benefício destinado a pessoas negras.

Procurada, a assessoria do Arthur Lira informou que ele não comenta o assunto.

Tayguara Ribeiro, Priscila Camazano e Cristiano Martins/Folhapress

Lula promete a empresários retomar Minha Casa, Minha Vida

Em encontro com empresários da construção civil no início da noite desta terça (23), o candidato a presidente da República e ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que vai retomar o programa Minha Casa, Minha Vida se voltar ao mais alto cargo do Planalto.

“Se a gente ganhar as eleições, a primeira coisa que eu quero fazer e dizer para vocês é que o Minha Casa, Minha Vida vai voltar a ser um programa de governo”.

“Porque quem está sendo prejudicado neste momento é exatamente a parte de renda mais baixa, que é mais vulnerável e a que mais precisa de casa neste país”, afirmou em coletiva antes da reunião.

O programa habitacional foi uma das marcas do governo Lula e fazia parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que num eventual novo mandato do petista deverá ganhar um selo ambiental, com foco na descarbonização.

Dedicado a construções de casas para famílias de baixa renda que não alcançavam condições de financiar um imóvel próprio, o Minha Casa, Minha Vida reduziu prazos, alíquotas e criou novas linhas de financiamento.

Ele foi extinto no ano passado, quando o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, criou o programa substituto Casa Verde e Amarela.

Ao extinguir o Minha Casa, Minha Vida, o governo Bolsonaro acabou com as condições dadas à faixa 1 do antigo programa de marca petista. Esse segmento era para famílias com renda bruta de até R$ 1.800 por mês (valor usado em 2020), que poderiam assinar contratos com subsídio de até 90% do valor do imóvel, sem juros.

“O Estado precisa se cercar de possibilidade econômica e utilizar os seus bancos para ajudar, através do Orçamento da União ou através de financiamento garantir que as casas possam ser construídas”, disse Lula.

Lula disse ainda que, se ganhar a eleição, na primeira semana após a posse, quer se reunir com todos os governadores.

“Quero que cada governador indique quais são os três ou quatro projetos mais importantes de infraestrutura do seu estado. Possivelmente depois a gente se reúna com os prefeitos das capitais”, disse Lula.

O objetivo, afirmou o petista, é iniciar um grande programa de financiamento.

“Tem muitas obras que foram paralisadas depois que o PAC deixou de ser alimentado como uma política pensada e levada a cabo pelo governo. Vamos retomar todas as obras que tiverem condições de serem retomadas.”

Aloisio Mercadante, que acompanhou Lula no encontro junto ao vice da chapa, Geraldo Alckmin, disse ainda que um eventual novo governo federal petista irá reaquecer o FGTS (fundo de garantia), após os seguidos e recentes saques liberados aos trabalhados em caráter de emergência.

REFORMA TRIBUTÁRIA

Lula reafirmou o projeto de campanha de gerar empregos e reduzir impostos.

“Temos uma agenda de futuro que a gente pode discutir em termos de reforma tributária. Como ter uma estrutura mais simples, mais eficiente, que desburocratize a vida das empresas, reduza custos, reduza impostos sobre folha de pagamentos ao mesmo tempo, do nosso ponto de vista, que tenha progressividade”, disse Lula.

“Temos que reduzir impostos indiretos e aumentar impostos sobre a renda e a riqueza. Especialmente sobre a renda”, afirmou Mercadante antes de passar o microfone para Lula.

Ana Paula Branco/Folhapress

Datafolha: Eleitor de Bolsonaro não crê em nova ditadura e está mais otimista na economia

Os eleitores que pretendem votar no presidente Jair Bolsonaro (PL) não acreditam que há chances de ocorrer uma nova ditadura no país, mostra a última pesquisa Datafolha, realizada na semana passada.

Quase 8 em cada 10 deles acham que a democracia é a melhor forma de governo, seguindo o eleitorado em geral. Por outro lado, eles têm uma inclinação numericamente maior em achar que, em certas circunstâncias, uma ditadura seria melhor.

Os adeptos do presidente também se mostram mais otimistas quando questionados sobre o futuro da economia do Brasil e de sua própria situação financeira. Bolsonaro tem avançado entre quem recebe o Auxílio Brasil e outros benefícios, comparando com meses atrás.

Veja abaixo o que pensam as pessoas que têm o ex-presidente como primeira opção sobre esses dois temas (democracia e economia), incluídos na rodada mais recente do levantamento, contratado pela Folha e pela TV Globo e registrado sob o número BR-09404/2022.

Foram 5.744 entrevistados de 16 anos ou mais, incluindo 2.626 eleitores de Lula (PT), 1.799 eleitores de Bolsonaro e 460 eleitores de Ciro Gomes (PDT). Nesse último grupo, a margem de erro total de dois pontos percentuais sobe para cinco. A amostra dos demais candidatos é muito pequena para a análise.

DEMOCRACIA X DITADURA
A pesquisa aponta que 61% dos eleitores de Bolsonaro acreditam que não há nenhuma chance de haver uma nova ditadura no Brasil, contra 42% entre os apoiadores de Lula; outros 13% dos bolsonaristas veem muita chance e 19%, um pouco de chance de o regime ser instaurado.

Quanto à concordância com a democracia, eles seguem o eleitorado em geral: 77% acham que essa é a melhor forma de governo, ante 75% do total. Outros 10% pensam que “tanto faz”, um pouco abaixo dos 12% do total.

Os adeptos do presidente, porém, têm um índice maior dos que acreditam que “em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura” —9% concordam com a frase, contra 6% dos eleitores de Lula e 5% dos de Ciro, diferença que fica dentro das margens de erro.

ECONOMIA
A pesquisa aponta que 71% dos que pretendem votar em Bolsonaro acham que a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses, contra 48% do eleitorado em geral. Só 6% dizem acreditar que as coisas vão piorar, um terço dos 18% totais.

Quanto à sua própria condição financeira, os bolsonaristas são ainda mais otimistas: 76% acreditam que ela vá melhorar, ante 58% do total. Outros 19% preveem estabilidade e 2%, piora (abaixo da média geral de 8%).

Com a economia no topo das preocupações do eleitorado, o presidente tomou nos últimos meses medidas para conter a alta dos preços dos combustíveis, aumentar o valor do Auxílio Brasil e criar novos benefícios para os mais pobres.

O presidente tem avançado entre os beneficiários, mas os pagamentos ainda não parecem ter gerado os dividendos políticos esperados por Bolsonaro na tentativa de alcançar Lula —os que os recebem são 24% do seu eleitorado e 31% do eleitorado do petista.

Júlia Barbon/Folhapress

Ordem controversa do STF contra bolsonaristas acirra clima entre Poderes

A decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de autorizar buscas contra empresários bolsonaristas gerou nesta terça-feira (23) novos atritos entre o Planalto e o Judiciário a pouco mais de um mês das eleições.

Os alvos da operação pedida pela PF (Polícia Federal) e autorizada por Moraes foram empresários que, em um grupo de mensagens privadas no WhatsApp, defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Lula (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de outubro.

Além das buscas, Moraes determinou que os empresários sejam ouvidos pela PF e o bloqueio de suas respectivas redes sociais. A operação irritou o procurador-geral da República, Augusto Aras, e gerou questionamentos de advogados.

Entre os alvos estiveram Luciano Hang, da Havan, José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan, Ivan Wrobel, da Construtora W3, José Koury, do Barra World Shopping, André Tissot, do Grupo Sierra, Meyer Nigri, da Tecnisa, Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.

As conversas entre os empresários foram reveladas pelo site Metrópoles. Após a divulgação das mensagens, participantes do grupo negaram intenção golpista.

O próprio Bolsonaro se queixou nesta terça-feira (23) da medida adotada por Moraes. Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, o presidente, durante um almoço reservado em São Paulo, argumentou que as ações adotadas por Moraes foram desproporcionais.

“Vocês acham que é proporcional bloquear as contas bancárias dessas pessoas [empresários que defendem golpe]? Tem justificativa uma medida desse tamanho?”, disse Bolsonaro no encontro reservado, segundo relatos dos participantes.

De acordo com os mesmos relatos, Bolsonaro ainda questionou quem, afinal, é a favor da liberdade, se ele ou “os outros”. Aliados no Palácio do Planalto fizeram eco à retórica do presidente.

Em outro momento do encontro, de acordo com interlocutores, Bolsonaro disse aos presentes que não foi procurado por nenhum dos empresários envolvidos sobre a possibilidade de um golpe militar.

Ele evitou citar Moraes diretamente em suas críticas, disseram à Folha pessoas que acompanharam sua fala.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, disparou por sua vez críticas duras contra a determinação de Moraes. “Não podemos começar a achar normal a forma como as coisas vêm acontecendo no Brasil. A polícia entrando na casa das pessoas, Justiça bloqueando suas contas e quebrando seus sigilos bancários, por conta de elas estarem emitindo opiniões pessoais em um grupo fechado de WhatsApp. Isso beira o totalitarismo”, afirmou.

“Vocês já imaginaram se essa mesma lógica fosse usada para todos os que já ameaçaram abertamente o presidente Bolsonaro? Quantas pessoas já não estariam presas?”

O tom foi seguido pelo vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Para ele, a ação contra os empresários é “lamentável”, “autoritária” e “ilegal”.

As buscas contra os empresários foram autorizadas por Moraes e têm como base um pedido da PF, no âmbito do inquérito do STF sobre as milícias digitais, que mira uma suposta organização criminosa responsável pela disseminação de fake news e ataque às instituições.

Moraes também autorizou o bloqueio de contas nas redes sociais e quebras de sigilos bancário e telemático dos alvos. Os mandados foram cumpridos por agentes da PF no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

Em uma das mensagens reveladas pelo portal Metrópoles, o empresário José Koury diz preferir um golpe à volta do PT e que “ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil” caso o país vire uma ditadura.

André Tissot, do grupo Sierra, em outra postagem disse que “o golpe teria que te acontecido nos primeiros dias de governo. “[Em] 2019 teríamos ganhado outros dez anos a mais”, afirmou.

Koury, segundo o Metrópoles, também chegou a sugerir o pagamento de bônus a funcionários que votassem seguindo a indicação dos empresários. A possibilidade foi alvo de comentário de Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii, que lembrou a possibilidade de a proposta configurar compra de votos.

No pedido, a PF indica que as buscas têm como objetivo entender a atuação do grupo de empresários em uma possível tentativa de planejar e apoiar ações no sentido de ruptura do Estado democrático Direito.

O crime é previsto no artigo 359-L no Código Processo Penal. “Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”, diz trecho do artigo citado pela PF.

Outros interlocutores no governo classificaram a ordem como absurda e disseram que os atingidos pelas buscas da PF deveriam estar amparados pelo direito à liberdade de expressão.

Conselheiros de Bolsonaro da ala política trabalham, no entanto, para que a operação da Polícia Federal não inviabilize a trégua entre Bolsonaro e Moraes. Recentemente, ministros palacianos têm articulado uma aproximação com o novo presidente do TSE, ventilando o argumento de que o chefe do Executivo estaria disposto a reduzir o tom golpista de suas falas caso o tribunal aceite mudanças no sistema eletrônico de votação sugeridas pelas Forças Armadas.

Pessoas próximas a Moraes negam que ele tenha feito um acordo nesses termos.

Durante entrevista na segunda (22) no Jornal Nacional, da Rede Globo, Bolsonaro tratou de Moraes em tom elogioso.

“Hoje em dia, pelo que tudo indica, está pacificado. Espero que seja uma página virada. Até você deve ter visto, por ocasião da posse do senhor Alexandre de Moraes, um certo contato amistoso nosso lá; e, pelo que tudo indica, está pacificado”, disse o presidente na sabatina, ao ser questionado sobre seus ataques às urnas eletrônicas e sobre o relacionamento com o Judiciário.

Um dos argumentos citados por assessores de Bolsonaro de que a tentativa de aproximação não deve ser abandonada é o encontro, realizado nesta terça (23), entre Moraes e o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Em conversas reservadas, o procurador-geral da República, Augusto Aras, avaliou que o gesto de Moraes pode implodir os esforços de atores do Executivo e do Judiciário em busca de um acordo que faça Bolsonaro interromper os ataques contra integrantes de tribunais.

Aras indicou a interlocutores ter ficado indignado com o fato de a PGR (Procuradoria Geral da República) só ter sido intimada para acompanhar as ações contra os apoiadores de Bolsonaro na véspera da operação, com pouca margem para opinar a respeito das diligências que haviam sido autorizadas por Moraes.

Pela manhã, o procurador-geral já havia dito a pessoas próximas que não ter sido notificado da decisão ou ouvido sobre as ações que seriam tomadas. À tarde, em nota, o chefe da PGR afirmou que não houve intimação pessoal da ordem assinada por Moraes e que somente nesta terça tomou conhecimento do teor.

Houve, ainda segundo o comunicado, “apenas entrega —em procedimento não usual— de cópia da decisão [de Moraes], na tarde dessa segunda-feira (22), em sala situada nas dependências do STF, onde funciona unidade de apoio aos subprocuradores-gerais da República e ao PGR”.

Moraes rebateu a versão de Aras. Também em nota, o gabinete do ministro afirmou que a PGR foi intimada pessoalmente da decisão na segunda (22) às 14h41 e que pouco depois, às 15h35, o documento foi enviado para a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, tendo sido recebido às 16h40 pelo gabinete.

Fabio Serapião , Marcelo Rocha , Julia Chaib , Marianna Holanda , Mateus Vargas e Cézar Feitoza/Folhapress

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