Em Ipiaú ,Jeronimo diz que fará um governo melhor que os de Rui e Wagner,

Ipiaú voltou a experimentar a vibração de uma multidão em favor da continuidade de um trabalho que vem proporcionando o pleno desenvolvimento da cidade e indicando a possibilidade de um crescimento bem maior.
No final da tarde do último sábado, 3, milhares de pessoas participaram de um ato político em favor do candidato a governador Jeronimo Rodrigues-PT- e demais membros da chapa majoritária que forma o time de com o de Lula na Bahia, inclusive o governador Rui Costa.
A caravana foi recebida pela prefeita Maria das Graças-PP- e com ela fez uma caminhada da Avenida Pensilvânia, no Bairro Popular, até as imediações do Ginásio de Esportes, na Avenida Getúlio Vargas.

Durante todo o percurso Jeronimo e seus companheiros receberam cumprimentos dos populares e responderam acenos dos eleitores que se aglomeravam nas portas e janelas das suas residências.
Prefeitos de municípios vizinhos, vice-prefeitos, vereadores, deputados e outras lideranças políticas, também participaram do evento. O ato teve continuidade com um comício, oportunidade em a prefeita de Ipiaú, o governador da Bahia, o senador Otto Alencar e Jeronimo Rodrigues se pronunciaram para a multidão.
Maria pontuou alguns dos inúmeros benefícios que Ipiaú tem recebido do Governo Estadual e expressou a gratidão da comunidade local ao governador por esta parceria tão produtiva.

Em sua fala Rui Costa destacou que a Bahia está há oito anos em segundo lugar entre os Estados com maiores investimentos públicos de forma geral, ficando atrás apenas de São Paulo, que arrecada sete vezes mais.

Contrariando o que diz seus adversários, na propaganda eleitoral, o governador citou importantes investimentos na saúde e na educação. Concluindo ele disse que o Estado precisa continuar sendo cuidado por quem gosta de gente.

Vale citar que somente no primeiro semestre de 2022, a Central Estadual de Regulação realizou mais de 151 mil atendimentos. Em 2021, esse total foi de mais de 312 mil. Demandas que contemplam avaliação com especialistas, exames, procedimentos cirúrgicos e vagas em unidades com maior complexidade, como UTI.

O senador Otto Alencar-PSD- que concorre à reeleição, adiantou que no próximo governo de Lula, Rui Costa será um dos principais ministros.
O candidato Jerônimo Rodrigues (PT) assegurou que será o governador da inclusão e se comprometeu em honrar todos os compromissos de Rui , com Ipiau e os demais municípios baianos. Ele disse que vencerá a eleição no primeiro turno.

Disse ainda que vai fazer mais que mais e melhor que o governador Rui Costa e o seu antecessor, Jaques Wagner. “O amadurecimento que Wagner e Rui trouxeram para a política baiana vai continuar, mas vou fazer mais e melhor que os dois, porque vou contar com o apoio do presidente Lula”, concluiu o candidato. ( José Américo Castro).

Ônibus da Viação Novo Horizonte pega fogo em Itapetinga

Um ônibus da Viação Novo Horizonte, que fazia a linha Goiânia a Porto Seguro, pegou fogo na Rodoviária de Itapetinga. O incidente aconteceu na manhã deste domingo (4).

De acordo com o Blog do Anderson, parceiro do Acorda Cidade, ninguém ficou ferido. Com as chamas, o veículo ficou completamente destruído. A Brigada de Incêndio da Azaleia foi acionada para debelar as chamas.

Não há informações sobre as causas deste incêndio

Litro da gasolina no Sudeste fecha agosto em R$ 5,59, diz pesquisa

Em patamar abaixo do restante do país, a região Sudeste fechou agosto com o litro da gasolina custando em média R$ 5,59, um recuo de quase 10% em relação a julho, segundo levantamento da empresa de gestão de frota Ticket Log.

Na média nacional, que ficou em R$ 5,75.

Em São Paulo, o etanol aparece como opção mais vantajosa. O biocombustível do estado é o mais barato do país, de acordo com o levantamento.

O preço do etanol também caiu quase 10% no Sudeste, com uma média de R$ 4,43 em agosto.

O diesel na região ficou acima dos R$ 7, mas abaixo da média nacional.
Joana Cunha/Folhapress

STF suspende piso nacional salarial para enfermeiros e técnicos em enfermagem BRASIL

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu neste domingo (4) o piso salarial nacional da enfermagem.

O magistrado determinou a suspensão da lei que estabeleceu uma remuneração mínima para enfermeiros e auxiliares e técnicos em enfermagem “até que seja esclarecido” o impacto financeiro da medida para estados e municípios e para os hospitais.

A norma fixou o salário mínimo de R$ 4.750 para os enfermeiros. Técnicos em enfermagem devem receber 70% desse valor, e auxiliares de enfermagem e parteiros, 50%.
Barroso deu 60 dias para que os entes da federação, entidades do setor e os ministérios do Trabalho e da Saúde se manifestem sobre a capacidade para que o piso seja cumprido. “A medida cautelar se manterá vigente até que a questão seja reapreciada à luz dos esclarecimentos prestados”, decidiu.

A lei foi aprovada pelo Congresso após grande pressão da categoria. O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a legislação, que agora está suspensa, em 4 de agosto.

A decisão foi dada em ação apresentada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços. O ministro afirmou que a entidade apresentou “alegações plausíveis” de possíveis “demissões em massa” com a nova lei.

“Embora ainda não haja dados oficiais sobre as demissões no setor, tendo em vista que a lei sequer completou seu primeiro mês de vigência, as entidades representativas do setor são unânimes em afirmar que a dispensa de funcionários será necessária para o equacionamento dos custos”, afirmou.

Segundo o magistrado, “a previsão parece guardar coerência com o impacto estimado pela Câmara dos Deputados para o setor privado hospitalar, que é de R$ 10,5 bilhões, considerando as entidades com e sem fins lucrativo”.

Além disso, ele também citou possível “prejuízo à manutenção da oferta de leitos e demais serviços hospitalares, inclusive no SUS (Sistema Único de Saúde).”

Em nota, a Confederação Nacional dos Municípios comemorou a decisão de Barroso. Ela alega que o piso custa R$ 9,4 bilhões para os cofres municipais, sem que o governo ou o Congresso apresentem uma fonte para custear a medida.

“A Confederação destaca que a medida é fundamental para corrigir a situação atual, tendo em vista que, passados 31 dias desde a promulgação da medida que implementou o piso, o Congresso Nacional não resolveu, até o momento, qual será a fonte de custeio para o mesmo, apesar de [os parlamentares terem] se comprometido com isso no momento da votação”, completa.

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), disse discordar da decisão tomada por Barroso.

“Respeito as decisões judiciais, mas não concordo com o mérito em relação ao piso salarial dos enfermeiros. São profissionais que têm direito ao piso e podem contar comigo para continuarmos na luta pela manutenção do que foi decidido em Plenário”, afirmou, em mensagem publicada nas redes sociais.

Matheus Teixeira e Cézar Feitosa/Folhapress

Quem são e o que projetam os economistas que destoam do mercado

Apesar do predominante pessimismo com o desempenho da economia brasileira em 2023, alguns analistas têm apresentado prognósticos otimistas para o primeiro ano do próximo governo.

A Folha ouviu alguns dos economistas que estão com projeções distantes do chamado “consenso de mercado”, representado pela mediana (a estimativa que está no meio da amostra) da pesquisa Focus do Banco Central.

Eles têm em comum a expectativa de que o vencedor das eleições manterá os gastos públicos sob controle e não pedirá uma licença para gastar sem limites. Também esperam queda dos juros e da inflação e descartam a hipótese de recessão global.

Nesses cenários, o PIB (Produto Interno Bruto) pode crescer até 2,5%, com o BC cumprindo (ou quase) a meta de inflação e cortando os juros para até 9% no final do próximo ano.

“Acho muito difícil um cenário de PIB próximo a zero. Se o Lula for responsável fiscalmente, tenho muita convicção de que o cenário vai ser mais construtivo. Se for irresponsável, tenho certeza de que o PIB vai cair”, afirma Alexandre de Ázara, economista chefe do UBS BB, banco de investimento que é uma parceria entre as duas instituições financeiras.

Com projeção de crescimento de 1,7% para o próximo ano, ele afirma que o mesmo raciocínio vale para o caso de reeleição do atual mandatário: o cenário mais positivo depende de o país ter uma regra fiscal crível, seja ela ou não o teto de gastos.

“A liberdade que gostariam de ter [para gastar sem limites] não será dada. Não com um resultado bom”, diz Ázara, que projeta queda da inflação para 4%, abrindo espaço para os juros caírem dos atuais 13,75% para 9,25% ao ano no fim de 2023.

Rafaela Vitória, do banco Inter, também espera juros de um dígito (9,5% ao ano), com o BC entregando uma inflação abaixo do limite da meta (4,7%). A projeção de crescimento de 0,7% é o dobro da mediana do Focus, e ela deve rever o número para cima, com base nos bons resultados vistos nos investimentos e no mercado de trabalho recentemente.

Um cenário mais positivo, afirma a economista, depende da questão fiscal, mais do que do ritmo de desaceleração da economia global.

“O ponto de atenção é o que o governo vai fazer. Pode dar uma atrapalhada, com mais risco fiscal, dólar e juros piorando o cenário. Ou a gente pode ter mais previsibilidade no fiscal, o que permite até que o investimento cresça mais.”

Fernando Rocha, economista-chefe da gestora de recursos independente JGP, afirma que os cálculos realizados pelos modelos de projeção tradicionais apontam para uma economia fraca em 2023, com PIB próximo de zero, dado o nível de juros ainda elevado no próximo ano.

Uma análise que vá além dos modelos matemáticos, no entanto, leva a resultados melhores, mesmo com sua previsão de juros de 10,25% no final de 2023.

Ele projeta crescimento de 1,5%, considerando continuidade de recuperação dos serviços, uma normalização das cadeias produtivas que ajude a indústria, e um ano sem problemas climáticos para a agropecuária.

Rocha não descarta um crescimento de até 2,5% com um cenário externo sem recessão e efeitos da normalização pós-pandemia que durem por mais tempo.

“Eu estou fora do consenso. O pessoal está achando que o juro alto vai ter um efeito maior. Outra possibilidade é o mercado financeiro reagir mal às políticas do próximo governo, seja ele quem for, e as condições financeiras piorarem: juro sobe, Bolsa cai, gera efeito riqueza negativo, falta de confiança nas empresas e nas pessoas e pode puxar a atividade mais para baixo”, afirma.

Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, está entre os economistas que esperam um impacto forte do aperto monetário do próximo ano. Na outra ponta das projeções do Focus, ela estima retração do PIB de 0,7%, apesar de estar alinhada com o “consenso de mercado” em relação a juros (11%) e inflação (5,2%).

A economista afirma que os principais fatores que empurram o crescimento de 2022 para algo próximo de 3% -Victal sempre esteve entre os mais otimistas em relação ao ano corrente- não vão ajudar no ano que vem. Apenas um mercado de trabalho que continue surpreendendo para cima pode levar a uma queda menor do PIB.

“O grande motivador da maior cautela com 2023 é a política monetária muito mais restritiva, mas tem esse vetor que pode ajudar um pouco no ano que vem, que é o mercado de trabalho.”

Sobre o fiscal, ela coloca na conta a continuidade dos R$ 600 no Auxílio Brasil e das desonerações de PIS/Cofins e do ICMS nos combustíveis, mas com alguma regra que limite outros gastos. “Se a gente começar a discutir ausência de modelo fiscal, aí é outro jogo.”

Eduardo Cucolo/Folhapress

Estatuto prevê prisão para quem oferece serviço de segurança clandestino

Multa de até R$ 90 mil para infrações cometida por vigilantes envolvendo discriminação como de origem, sexo ou cor. Detenção de 1 a 3 anos de quem explorar serviço de segurança armada irregular. Punição para pessoa física ou jurídica que contratar empresas clandestinas.

Essas são algumas das mudanças previstas no projeto de lei que cria o Estatuto da Segurança Privada e da Segurança das Instituições Financeiras que, após tramitar por cerca de cinco anos no Senado, poderá ser posto em votação com o fim de divergências entre representantes do setor.

Esse novo marco legal é apontado por especialistas como o principal instrumento para se combater a clandestinidade na área, que avança país afora, ao dar instrumento à PF (Polícia Federal) para punir empresas clandestinas com multa e indiciamento de pessoas envolvidas em exploração irregular de serviços.

A legislação atual, publicada há quase 40 anos, não concede tais ferramentas de controle.

Conforme reportagem da Folha, o mercado de segurança clandestina no país tem, atualmente, um exército estimado em mais de 600 mil pessoas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ou mais de 1 milhão, segundo estimativa de representantes das empresas (Fenavist) e dos empregados (CNTV).

Além de garantir ferramentas de controle à PF, o novo estatuto é considerado importante por regulamentar oito atividades de segurança privada. Entre elas, as guardas de muralhas em estabelecimentos prisionais e, ainda, empresas especializadas em monitoramento eletrônico.

A nova lei abre, ainda, a possibilidade de os vigilantes usarem armas mais modernas, como pistolas e fuzis.

O acordo entre todos os principais representantes do setor foi selado, segundo o presidente da ABTV (Associação Brasileira de Transporte de Valores), Ruben Schechter, com uma carta enviada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), no final de junho deste ano. Nela, há um pedido conjunto para a “aprovação imediata de um regime de urgência para votação deste parecer em plenário”.

Em seu corpo, a carta menciona uma nota técnica, aprovada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em março deste ano, fruto de um grupo de estudo, na qual cobra uma maior celeridade do Congresso na aprovação dessa lei, por ser de interesse também da PF.

“A celeridade na apreciação do mencionado projeto de lei representa medida oportuna e de extrema relevância para o adequado controle e fiscalização do segmento da segurança privada, armada ou desarmada, regular ou irregular, e, por conseguinte, para a eliminação de todas as formas de discriminação, com a promoção do respeito aos direitos humanos no exercício da atividade”, diz voto do conselheiro Mário Guerreiro, aprovado por maioria no conselho.

O presidente da ABTV diz que tem expectativa de uma possível votação ainda neste ano.

“Chegamos a um acordo formalizado entre as partes nesse sentido. Então, agora, estamos aguardando o Congresso. Qual é a nossa expectativa? Que passadas as eleições, que é um período mais delicado no Congresso, a gente converse com o presidente Rodrigo Pacheco para ver se ele consegue, eventualmente, avocar esse processo, por meio de um acordo de lideranças, para ser votado em plenário”, diz Schechter.

Uma divergência entre as empresas de transporte de valores e os bancos era apontada, por especialistas ouvidos pela Folha, como o único entrave para que esse projeto não fosse posto em votação. Ele foi aprovado pela Câmara no final de 2016 e, deste então, tramita no Senado.

O impasse, segundo a ABTV, era porque as empresas de transporte não queriam que os bancos fossem controladores de empresas de segurança, principalmente de transporte de valores, porque essa participação seria prejudicial a uma saudável concorrência.

Os bancos teriam, ainda segundo ele, aceitado esse pedido e, assim, colocou-se fim à celeuma.

“As instituições entenderam que não tinha sentido continuar dessa forma”, diz Schechter.

Atualmente, ainda segundo o presidente da ABTV, os bancos são acionistas de uma firma de transporte. “O problema não é a existência da empresa, mas o dono dela. Não queremos acabar com a empresa. Queremos acabar com o oligopsônio que as instituições financeiras exercem nesse mercado, regulando ele por intermédio de uma empresa. A empresa pode continuar existindo, mas com novos donos, novos sócios”, diz.

Procurada, a Febraban afirma que o projeto de lei, em sua versão atual, expressa o entendimento de todos os segmentos afetados diretamente pela nova proposta de lei. “Ao mudar o marco legal da segurança privada, o texto terá impacto na segurança da estrutura física das agências bancárias, na logística de guarda e transporte do numerário e na integridade dos clientes”, diz nota.

Sobre o acordo feito com os representantes das empresas de transporte de valores, a Febraban afirma que “apesar de ter reservas em relação a alguns pontos, a exemplo da restrição aos acionistas das empresas de transporte de valores”, o texto “traz mais avanços do que inconvenientes, sobretudo na modernização da segurança física das agências e na adoção de novas tecnologias”.

Para o professor Cleber Lopes, coordenador do LEGS (Laboratório de Estudos sobre Governança da Segurança), da Universidade Estadual de Londrina, o atual texto do projeto de lei da segurança privada traz mudanças importantes nessa área, mas deixa de lado um tema relevante.

“Lamento que essa versão final não traga nenhum mecanismo para aumentar a punição quando o prestador de serviço irregular é policial. Isso foi retirado das versões iniciais. Sabemos que os policiais estão amplamente nesse mercado e seria uma maneira de tentar inibir a presença deles. Como uma punição maior, a empresa pensaria melhor sobre isso. Seria um avanço”, afirma o pesquisador.

Para o vice-presidente jurídico da Fenavist (Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores), Jacymar Daffini Dalcamini, o impasse entre esses dois setores, único entrave para a votação do projeto, causava um desconforto por tratar-se de uma questão importante para ambos os lados, mas que prejudicava toda a categoria com 600 mil trabalhadores e de 2.500 empresas.

O advogado afirma estar otimista com a possibilidade votação, mas não tanto quanto Schechter.

“Eu tenho uma expectativa muito grande de que possamos votá-lo ainda no primeiro semestre de 2023. Eu, diria, que não vai mais do que três meses após a instalação da nova Mesa e vamos ter esse projeto no plenário do Senado para ser votado. Porque tem o apelo de muita gente.”

O presidente da CNTV (Confederação Nacional dos Vigilantes e Prestadores de Serviço), José Boaventura Santos, diz que a aprovação da lei é importante para reduzir clandestinidade, na qual há uma exploração muito grande dos trabalhadores.

“Esse é um projeto que nós, as empresas, a Polícia Federal, todo mundo defende a aprovação. Nós estamos dependendo da aprovação desse projeto, que é consensual. A única coisa que não é consensual é a questão do transporte de valores”, afirma ele.

Por meio de sua assessoria, o presidente do Senado não antecipa se atenderá o pedido feito do setor de segurança privada. Afirma que vai definir a pauta apenas após as eleições.

“Vamos identificar as prioridades das bancadas, em reunião de líderes que deve ocorrer logo após a realização das eleições, para definirmos a pauta com os projetos que serão apreciados”, diz nota.


ESTATUTO DA SEGURANÇA PRIVADA
O que é?

Projeto de lei que, se aprovado, altera o marco legal da segurança privada no país e traz uma série de novidades.

De quando é legislação atual?

A principal legislação que regulamenta o setor é a 7.102, de 1983.

Publicada há quase 40 anos, ela é tida como frágil para combater segurança clandestina porque, entre outros motivos, não prevê mecanismos efetivos para a PF controlar as empresas clandestinas.

Há muitas empresas clandestinas?

Atualmente, estima-se que mais de 600 mil pessoas trabalhem irregularmente como seguranças no país. O número de empresas clandestina gira em torno de 5.000, segundo sindicatos.

Quais as principais mudanças previstas na nova lei?

Crime

– Torna crime, passível de detenção de 1 a 3 anos (e multa), proprietário ou sócio de empresa que, sem autorização de funcionamento, “organizar, prestar ou oferecer serviços de segurança privada, com a utilização de armas de fogo”.

Como é hoje: não é crime a exploração de segurança clandestina, armada ou não.

Multa

– Torna passíveis de multa empresas que “oferecerem ou contratarem” serviço de segurança privada clandestina, sem arma.

Como é hoje: a PF não tem instrumento para multar empresas irregulares.

IMPORTANTE: Pessoas físicas ou jurídicas que contratarem serviços de segurança privada clandestina poderão sofrer as mesmas penas previstas contra a empresa de segurança infratora.

Racismo

– Triplica as multas aplicadas contra empresas “se a conduta do infrator [vigilante] envolver preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Valores podem ir de R$ 30 mil a R$ 90 mil

Como é hoje: não há essa previsão legal

Novas categorias

– A nova lei prevê a regulamentação de oito novos serviços de segurança privada, como guarda de muralha e empresas de monitoramento eletrônico.

Como é hoje: alguns serviços funcionam sem regulamentação, outros não existem.

Novas armas

– A nova lei prevê a autorização para compra de armas mais modernas, como o uso de fuzis para proteção de bases de valores. Atualmente, só há autorização para armas como revólver .38 e espingarda calibre 12

Fonte: Especialistas, representantes do setor e texto do projeto de substitutivo da Câmara nº 6, de 2016, ao projeto de lei do senado nº 135, de 2010

Rogério Pagnan/Folhapress

Prefeito de Milagres diz que Cacá vem para somar no Senado e ‘não persegue as pessoas’

Cacá Leão, candidato ao Senado, disse na noite de sábado (03), durante comício em Milagres, que o prefeito Cézar de Aderio (PP) vai contar com ele e ACM Neto (UB) para dar continuidade às transformações que o correligionário de partido já tem feito no município. O gestor, por sua vez, exaltou a experiência política de Cacá e disparou: “Você não persegue as pessoas”.

“Cézar é um prefeito retado, que está fazendo uma verdadeira transformação nessa cidade e que, a partir do ano que vem, vai poder contar com um governador e um senador retados, que vão trabalhar para ajudar a desenvolver ainda mais o município de Milagres”, disse Cacá Leão.

O prefeito questionou a multidão presente sobre o que mais observa na trajetória de Cacá ao Senado: “Sabem o que é mais importante quando acompanhamos um candidato a senador? É o coração dele. Do lado de lá, você percebe que o coração é de maldade, mas você, Cacá, vem para somar, para fazer a diferença na vida das pessoas. Você não se apega a coisas pequenas, você não persegue as pessoas. Tenho certeza que, com Neto, você fará a diferença naquele Senado”.

Jerônimo e Caravana de Lula na Bahia são recebidos por multidão em Gandu

Uma multidão de mais de 10 mil pessoas recebeu o candidato a governador Jerônimo Rodrigues (PT) e a Caravana de Lula na Bahia na noite deste sábado (3) em Gandu, no Baixo Sul baiano, após uma jornada de 180 quilômetros, passando por sete municípios da região. “Um dia desses, o (candidato) adversário esteve aqui, neste mesmo lugar, e não tinha quase ninguém na rua, eu vi as fotos e os vídeos”, disse o governador Rui Costa, presente ao evento. “Não tem como ele ganhar uma eleição colocando meia dúzia de pessoas na rua, enquanto a gente traz uma multidão como esta.”

O governador lembrou que viveu situação semelhante em sua própria eleição, em 2014. “Em agosto daquele ano, as pesquisas diziam que meu adversário ia ganhar, mas a gente ia às cidades, ia aos eventos, e via muito mais gente do que eles”, contou. “Nas urnas, veio a resposta.”

Acompanhado de 18 prefeitos da região, além de vice-prefeitos, deputados federais e estaduais, lideranças políticas, do senador e candidato à reeleição Otto Alencar e de Rui, Jerônimo disse que a presença maciça da população da região no evento reforça seu compromisso com a Bahia e com o Brasil.

“Tem gente na praça, tem coração na praça e estamos enchendo a praça para firmar um acordo pela Bahia e pelo Brasil: em 1º de janeiro, assim que o Lula assumir o Brasil e eu assumir a Bahia, nós vamos fazer um grande mutirão, para que ninguém mais no País passe fome”, garantiu Jerônimo. “Nós não podemos compactuar com isso, em um país rico como o Brasil, que ainda haja pessoas passando fome. A fome é a pior das humilhações.”

O candidato de Lula na Bahia também assegurou que, por conhecer bem a Bahia, vai manter a rotina ouvir democraticamente as demandas de todos os municípios. “Eu quero ouvir todos os prefeitos, todos os deputados, para que a gente siga construindo constantemente nossa agenda”, afirmou. “Aqui, por exemplo, vamos investir no hospital de Gandu, para ampliar o atendimento na região, e vamos conversar com as universidades estaduais e federais, para trazer opções de estudo mais perto da região, que são duas das demandas locais.”

PM que baleou fiel em igreja após briga política está arrependido, diz irmão de vítima

Um homem foi baleado por um policial militar dentro da igreja evangélica Congregação Cristã no Brasil (CCB) de Goiânia, na última quarta-feira (31), dias após desavenças políticas ocorridas entre o pastor e o irmão da vítima, segundo a família.

O bacharel em direito e assessor empresarial Davi Augusto de Souza, 40, foi atingido por um projétil que atravessou suas duas pernas e passou por uma cirurgia de seis horas para reconstruí-las. Ele está com muita dor, mas fora de perigo, contou à Folha seu irmão Daniel Augusto, 45.

O agressor é Vitor da Silva Lopes, 37, que estava de folga naquela noite e se apresentou espontaneamente à delegacia, onde o crime foi registrado como agressão por arma de fogo e lesão corporal culposa (não intencional), diz o boletim da ocorrência.

A reportagem ligou e mandou mensagem para o seu celular, mas não obteve resposta até o momento. Também tentou entrar em contato com a Congregação Cristã no Brasil desde sexta (2) e com o ancião responsável pela igreja em Goiás, sem sucesso.

Daniel diz que já conversou com o policial e não pretende cobrar uma punição. “Ele está muito arrependido, desesperado, dizendo que vai ajudar no que for preciso, que não sabe como aconteceu aquilo, que nunca passou pela cabeça dele, ainda mais dentro da igreja”, conta.

Ele afirma que as discordâncias com o pastor da unidade, Djalma Pereira Faustino, que é amigo do PM, começaram cerca de duas semanas antes porque o líder estava falando de política nos cultos. Seu irmão não estava envolvido, mas acabou sendo afetado.

Segundo ele, Davi foi tomar água no corredor da igreja e cumprimentou sem resposta o policial, que é primo de sua cunhada e seu colega de infância. A vítima perguntou “o que eu te fiz?”, sendo então xingada e atingida com o copo de água na cabeça.

Ainda de acordo com o irmão, que viu visto a cena, começou uma confusão e, enquanto outras pessoas chegaram para segurar o policial, Davi saiu andando de costas, atordoado. Foi quando o agente sacou a arma e deu um tiro em direção às suas pernas.

Para Daniel, não havia outra motivação para a agressão a não ser a política. “Eu não culpo ele, não guardo aquela mágoa. A culpa que eu coloco é mais nos pastores que ficam incentivando ódio dentro da igreja”, afirma ele, que frequenta a CCB desde que nasceu.

Dias antes, ele havia denunciado o pastor a um conselho da congregação por pregação política, exigindo uma retratação. Após o caso ser publicado por um jornal local, a igreja enviou um líder para fazer essa retratação na última quarta-feira, quando Davi foi baleado.

A primeira desavença entre Daniel e o pastor ocorreu cerca de duas semanas antes. “Ele falou no culto: ‘está chegando a eleição e esse povo que vota na bandeirinha vermelha, olha, o diabo está fazendo a festa’, então eu levantei a mão e falei: ‘irmão, não vamos falar de política’. Ele me mandou calar a boca”, afirma.

Ele diz que o pastor se referiu a ele como demônio, e a partir de então sua família começou a ser ameaçada e parou de ser cumprimentada por parte dos fiéis, tendo ele inclusive tomado empurrões dentro da igreja.

Daniel conta ainda que gravou um vídeo criticando o uso da política nos cultos que viralizou dias antes de seu irmão ser baleado. “No dia do fato ninguém falou sobre política, mas estavam falando do vídeo e do assunto nos grupos de WhatsApp.”

Em 11 de agosto, o site da Congregação publicou uma circular em seu site que diz: “Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos ou proponham a desconstrução das famílias no modelo instruído na palavra de Deus, isto é, casamento entre homem e mulher”.

Bacharel em direito como o irmão, ele afirma que é de uma família tradicional e bastante conhecida na igreja, por isso todos sabem que ele sempre defendeu pautas da esquerda, foi sindicalista e coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Depois do ocorrido, Daniel fez um vídeo mostrando que o culto continuou mesmo com Davi sendo socorrido no corredor. A família diz que não foi procurada pela igreja nem pela polícia até o momento.

No boletim de ocorrência, os policiais que atenderam a ocorrência relatam que houve uma discussão e dois indivíduos “tentaram entrar em luta corporal com o PM, que para desvencilhar-se de um deles efetuou disparo”. O irmão nega que eles tenham reagido.

Nesta sexta, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás informou apenas que “os fatos narrados por ambas as partes já estão sendo devidamente investigados”. Questionada neste sábado sobre por que as testemunhas ainda não foram ouvidas, a pasta não respondeu.

Já a Polícia Militar escreveu que “determinou a instauração de procedimento administrativo disciplinar para apurar as circunstâncias do fato” e que “o policial militar se apresentou de forma espontânea na delegacia para os procedimentos cabíveis”.

O caso remete a outro ocorrido em Foz do Iguaçu (PR) em 9 de julho, quando o policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho invadiu uma festa de aniversário e matou a tiros o guarda municipal e militante petista Marcelo Aloizio de Arruda.

Júlia Barbon/Folhapress

Veja a agenda dos candidatos à Presidência para este domingo (4)

Os presidenciáveis entram hoje (4) na quarta semana de campanha eleitoral. Confira as agendas dos candidatos para este domingo:

Ciro Gomes (PDT): faz caminhada em Alfenas (MG), com concentração, às 10h, na Praça Emílio da Silveira. À tarde, viaja para Uberlândia (MG), onde participa de um encontro com moradores da cidade na avenida Comendador Alexandrino Garcia, no bairro Marta Helena. À noite, já em São Paulo, participa da inauguração do comitê na cidade, às 18h.

Constituinte Eymael (DC): o candidato não divulgou sua agenda.

Felipe D’Ávila (Novo): em Novo Esteio (RS), visita, às 10h, a 45ª Expointer, no Parque de Exposições Assis Brasil. Às 12h, já em Porto Alegre, almoça no CTG Estância da Azenha. Encerra sua agenda com uma caminhada, às 16h, no Parque Jaime Lerner (Orla do Guaíba).

Jair Bolsonaro (PL): o candidato não divulgou sua agenda.

Léo Péricles (UP): o candidato não divulgou sua agenda.

Lula (PT): às 11h, se encontra com trabalhadoras domésticas, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).

Pablo Marçal (Pros): às 6h, às 12h e às 21h, participa da série diária Brasileiro Rico, com transmissão ao vivo pelo YouTube; às 15h, tem “adesivaço”, em Goiânia.

Simone Tebet (MDB): às 11h, a candidata encontra o arcebispo Dom Orlando Abrantes, no Convento Redentorista, em Aparecida (SP); às 12h, participa de missa na Basílica de Aparecida; às 16h grava programa de televisão para a propaganda eleitoral.

Sofia Manzano (PCB): às 8h, faz panfletagem na Feira da Ceilândia, no Distrito Federal; às 13h, concede entrevista virtual com o Partido Comunista Peruano; às 15h, participa de panfletagem na feira da Torre de TV, em Brasília.

Soraya Thronicke (União): candidata passa o dia em São Paulo, onde tem gravação do programa eleitoral gratuito, às 10h, e reunião com a equipe de Assessoria e Comunicação da campanha eleitoral, às 16h.

Vera Lucia (PSTU): 11h, participa de caminhada e almoço na Vila Esperança, em Osasco (SP).

Agência Brasil

Discurso de Lula sobre corrupção cambaleia após se ajustar a cada momento político

Os discursos e justificativas do ex-presidente Lula (PT) acerca dos dois principais escândalos dos governos petistas, o mensalão e o petrolão, se ajustaram ao longo dos anos e tiveram tons diversos de acordo com o momento político vivido.

Houve uma oscilação do petista entre uma negativa mais explícita de que tenha havido desvios em seus governos até um tom moderado de admitir problemas, sempre com a ressalva de que não sabia dos ilícitos que ocorriam.

No caso do mensalão, chegou a haver um pedido público de desculpas no auge da crise, em agosto de 2005.

No último dia 25, em entrevista ao Jornal Nacional marcada por acenos ao eleitorado de centro, o ex-presidente foi questionado sobre os dois temas. Sobre o mais recente, disse que não há como negar que tenha havido corrupção se os envolvidos no esquema confessaram.

Em relação ao caso nos anos 2000, desconversou e rebateu com uma comparação dos valores envolvidos com as emendas de relator do Orçamento pagas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

São novas abordagens para duas vidraças que afetam as candidaturas petistas há várias eleições presidenciais.

O mensalão foi um esquema ilegal de financiamento político voltado a corromper parlamentares e garantir apoio ao PT no primeiro mandato do então presidente (2003-2006). Foi revelado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) em entrevista à Folha.

Naquela época, Lula, primeiramente, insinuou em uma entrevista em Paris que o caixa dois eleitoral era disseminado entre partidos no país. “O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente.”

Semanas depois, pressionado, fez um pronunciamento ao lado de ministros dizendo que estava indignado com as “revelações que chocam o país”. A declaração foi dada após seu à época marqueteiro, Duda Mendonça, afirmar em CPI que havia recebido pagamento do PT via caixa dois no exterior.

“Eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento”, disse Lula na ocasião.

Com sua reeleição ameaçada pelo caso, adotou um discurso de que o PT havia errado, mas sem apontar um culpado específico.

Com o passar dos anos, mudou o tom. Em 2010, ainda como presidente, classificou a crise política vivida como uma “tentativa de golpe”.

O Supremo concluiu o julgamento do mensalão em 2013, condenando 25 pessoas, incluindo o ex-ministro José Dirceu, coordenador da vitoriosa campanha de 2002. Entre os condenados, também estavam dois líderes de partidos hoje ligados ao bolsonarismo: Jefferson, do PTB, e Valdemar Costa Neto (PL).

Após deixar o cargo, com as condenações de correligionários confirmadas no STF, Lula passou a dizer que foi julgado nas urnas, com a vitória de Dilma Rousseff na eleição de 2010.

Em 2018, em entrevista publicada no livro “A Verdade Vencerá”, foi além: “Na verdade, nunca acreditei na história do mensalão. Essa foi a grande descoberta do século 21: de como a mídia poderia ser utilizada para criminalizar as pessoas antes da Justiça. A mídia tomou a decisão de, ao invés de esperar a Justiça criminalizar, transformar alguns líderes do PT em bandidos”.

No caso das descobertas da Lava Jato, Lula e seus apoiadores ganharam mais fôlego para contestar a operação em 2021, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou sentenças e declarou que o ex-juiz Sergio Moro agiu de modo parcial contra o ex-presidente.

Para além das acusações contra ele, de que empreiteiras reformaram um sítio e um tríplex, a tese de autoridades da Operação Lava Jato, repetida em documentos judiciais até hoje, inclusive do Supremo, é a de que existia um cartel de construtoras na Petrobras no qual havia o pagamento de propina, sendo parte destinada aos partidos aos quais os então diretores da estatal eram ligados –PT, PP e MDB.

No fim de 2021, a companhia afirmou que o total recuperado em virtude de acordos de colaboração, leniência e repatriações da Lava Jato era de R$ 6,17 bilhões.

Em depoimentos prestados na operação, Lula afirmava que o presidente da República não tinha contato direto com os executivos de segundo escalão. Sobre as indicações dos diretores, dizia que os nomes eram definidos em acordos políticos que envolviam bancadas parlamentares, ministros e análises de órgãos internos.

Disse que, se tivesse conhecimento de pagamento de propina, os agentes da Petrobras e do PT teriam sido presos bem antes. Frisava que nem a polícia, nem o Ministério Público, nem a imprensa haviam divulgado suspeitas de irregularidades na companhia anteriormente e que não tinham como saber.

“Nenhum presidente da República se mete com obras específicas da Petrobras”, disse ele, em depoimento em 2018, quando estava preso.

Lula ficou preso por 580 dias, entre 2018 e 2019, em decorrência de condenação expedida pelo ex-juiz Moro no caso tríplex. Foi solto quando o Supremo passou a barrar a prisão de réus condenados em segunda instância e pôde aguardar a análise de recursos em liberdade.

Em março de 2021, teve sentenças anuladas. Antes disso, a revelação de diálogos de autoridades da operação no aplicativo Telegram, pelo site The Intercept Brasil e outros veículos, como a Folha, acirrou mais o discurso de Lula e de petistas contra a Lava Jato. As conversas mostraram, entre pontos, colaboração entre o então juiz Moro e os procuradores responsáveis pelas acusações.

Lula e seus advogados passaram a questionar com frequência a relação entre os investigadores da Lava Jato com o Departamento de Justiça do governo dos Estados Unidos.

“Cada dia surgem mais provas da interferência americana por interesses no petróleo brasileiro”, dizia vídeo divulgado em 2020 pelo ex-presidente em redes sociais.

Em viagem ao México neste ano e em outras situações, Lula afirmou que a descoberta do pré-sal, em seu governo, esteve por trás do impeachment de Dilma, em 2016, e da cassação de sua candidatura à Presidência em 2018.

Em 2021, o PT lançou um livro chamado “Memorial da Verdade”, acerca da Lava Jato, composto por uma espécie de manual de campanha para a militância.

A peça afirmava que não houve corrupção sistêmica na Petrobras, nem superfaturamento em contratos, contrariando o que afirmam o TCU (Tribunal de Contas da União) e a própria estatal.

Em coletiva em Brasília, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que “não houve desvio da Petrobras”.

Sobre os ex-diretores que tiveram bloqueadas contas no exterior usadas para receber propina, afirmou: “Quem praticou ilícitos e se autoincriminou que responda seus processos”.

“É muito engraçado dizer que na nossa época a Petrobras era um antro de corrupção. Mas, na nossa época, a gasolina era barata”, afirmou a deputada federal na ocasião.

Era um tom distinto também do adotado pelo então presidenciável petista de 2018, Fernando Haddad, que havia assumido a candidatura com a cassação do registro de Lula na Justiça Eleitoral.

Com o PT sob pressão nas pesquisas na campanha, Haddad chegou a ensaiar um discurso reconhecendo problemas.

Disse que faltou controle na Petrobras e que Moro tinha feito “um bom trabalho”, ainda que tivesse errado na condenação de Lula.

Aliados de Lula afirmam que hoje, após vitórias na Justiça, ele se sente mais confortável para falar sobre o caso.

Durante a tramitação dos processos, o petista se esquivava por orientação de seus advogados. Qualquer reconhecimento de desvios na Petrobras, argumentam, poderia ser erroneamente interpretado como uma confissão —o que contrariaria a estratégia de defesa.

Sobre a entrevista ao Jornal Nacional, afirmam que o fato de o apresentador William Bonner ter dito que Lula nada deve à Justiça favoreceu o diálogo.

Colaboradores do ex-presidente tentam minimizar, porém, a ideia de que Lula tenha mudado o discurso por conveniência eleitoral, argumentando que o reconhecimento de desvios de diretores da Petrobras já constava no livro “Memorial da Verdade”.

O comando da campanha de Lula não pretende levar a corrupção ao programa eleitoral. Como uma espécie de vacina, o tema será abordado em inserções exibidas ao longo da programação de rádio e TV. “A verdade apareceu: Lula venceu todos os processos e foi reconhecido no mundo inteiro, até pela ONU”, diz a peça.

O PT decidiu levar ao ar, também em inserções, imagens de reportagens sobre a evolução patrimonial da família de Bolsonaro, em especial a do UOL sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo.

Colaborou Catia Seabra, de São Paulo

Felipe Bächtold/Folhapress

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