PT teme que ação do STF contra emendas de relator prejudique aproximação com Lira

A equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), avalia que uma eventual decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) contra as emendas de relator ainda neste ano poderá atrapalhar a construção de apoio político do petista no Congresso Nacional.

Aliados de Lula com trânsito no Supremo afirmam que houve uma mudança na tendência do julgamento da ação que questiona o uso dessas emendas —recursos que são distribuídos por critérios políticos e que permitem aos congressistas mais influentes bancarem projetos e obras em seus redutos eleitorais.

A expectativa inicial era que o STF analisaria o caso em novembro.

Como mostrou a Folha, membros do PT e articuladores no Congresso passaram a admitir a continuidade das emendas de relator no Orçamento, mas com mudanças nas regras. Durante a campanha, Lula fez críticas ao uso das emendas de relator e defendeu o fim delas, citando entre outros pontos a falta de transparência do mecanismo.

“O Orçamento é chamado de secreto porque o destino desses recursos é mantido em segredo. Mas todo mundo sabe para onde esse dinheiro vai: fraudes e desvios de verbas”, disse um dos programas de TV do petista.

Agora eleito, Lula mudou o tom do discurso contra as emendas de relator e tem feito acenos à cúpula do Congresso, que controla a destinação desses recursos.

Em setembro, em meio à campanha eleitoral, a expectativa de que o Supremo poderia colocar um fim nessas emendas chegou aos principais articuladores do Legislativo e a membros do alto escalão do governo Jair Bolsonaro (PL). A avaliação era que, em caso de vitória de Lula, aumentariam as chances de o STF declarar o mecanismo inconstitucional.

O cenário mudou. Aliados de Lula e integrantes de partidos não alinhados ao petista dizem haver uma avaliação consensual no meio político de que o STF irá postergar o julgamento da ação contra as emendas de relator enquanto o novo governo e o Congresso tentam buscar uma saída política para o tema.

Auxiliares de Lula já falam na possibilidade de essas emendas passarem por ajustes, mas não serem extintas.

Parlamentares próximos a Lula sinalizaram à cúpula da Câmara e do Senado, por exemplo, que pode haver uma coordenação entre Executivo e Legislativo para priorizar programas nas áreas de habitação e saúde que podem atender a demandas das bases eleitorais dos parlamentares.

As emendas de relator somam R$ 16,5 bilhões no Orçamento deste ano. Elas foram a principal ferramenta para garantir apoio político para o presidente Bolsonaro no Legislativo e para fortalecer os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Os chefes das duas casas legislativas têm poder sobre a liberação dessa verba, uma vez que a distribuição dos recursos depende de acordos costurados entre eles.

Lula esteve em Brasília nesta semana e fez acenos a Lira, que se aliou a Bolsonaro quando o governo atual passou a liberar emendas e cargos a partidos políticos. Lira tenta se reeleger ao comando da Câmara e promete uma postura independente —e não de oposição— a Lula.

Aliados de Lira reconhecem que, sem as emendas, o presidente da Câmara ficaria enfraquecido para a campanha à reeleição para o cargo. Mas entre petistas cresce a avaliação de que em qualquer cenário Lira é um adversário competitivo e que não vale a pena correr o risco de iniciar o novo governo com o presidente da Câmara como inimigo.

As ações no STF que pedem o fim das emendas são relatadas pela presidente do tribunal, ministra Rosa Weber. Em 2021, ela chegou a determinar a suspensão do uso dessa verba.

Rosa recuou da decisão um mês depois, após o Congresso apresentar uma série de medidas para dar mais transparência às emendas.

Em setembro, Rosa sinalizou que deveria levar o caso à análise do Supremo logo após as eleições. No entanto, a avaliação de petistas é que esse cenário mudou com a costura de acordos políticos entre a equipe de Lula e o Congresso.

O presidente Lula teve um encontro com dez dos 11 ministros do Supremo na quarta (9). O ministro Luís Roberto Barroso foi o único que não esteve presente, por estar participando da reunião global do clima da ONU —a COP27— no Egito.

Na campanha, Lula falou que a emenda de relator era a “maior bandidagem já feita em 200 anos de República [da Independência]” e que o Parlamento nunca “esteve tão deformado como está agora” —chamou inclusive de pior Congresso da história do Brasil.

Antes da eleição, Lula também disse que há um excesso de poder nas mãos de Lira.

Thiago Resende e Julia Chaib / Folha de São Paulo

Em 24 horas, país registra 18.622 casos e 49 mortes por covid-19

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (11) mostram que o Brasil registrou, desde o início da pandemia, 688.656 mortes por covid-19. Segundo o boletim epidemiológico, número total de casos confirmados da doença é de 34.889.576.

Em 24 horas, foram registrados 18.622 novos casos. No mesmo período, foram confirmadas 49 mortes de vítimas do vírus. Ainda segundo o boletim, 34.115.188 pessoas se recuperaram da doença e 104.354 casos estão em acompanhamento.
Estados

De acordo com os dados divulgados, São Paulo lidera o número de casos, com 6,16 milhões, seguido por Minas Gerais (3,88 milhões) e Paraná (2,75 milhões). O menor número de casos é registrado no Acre (150 mil). Em seguida, aparece Roraima (175,9 mil) e Amapá (178,7 mil).

Em relação às mortes, de acordo com os dados mais recentes, São Paulo apresenta o maior número (175.825), seguido de Rio de Janeiro (75.908) e Minas Gerais (63.897). O menor número de mortes está no Acre (2.029), Amapá (2.164) e Roraima (2.175).
Vacinação

Até hoje, foram aplicadas 488,7 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, sendo 180,3 milhões com a primeira dose e 162,8 milhões com a segunda dose. A dose única foi aplicada em mais de 5 milhões de pessoas.

Nesta sexta-feira, o ministério informou que mais de 68 milhões de pessoas ainda não tomaram a dose de reforço contra a covid-19. Ainda segundo a pasta, 32,8 milhões de pessoas poderiam ter recebido a segunda dose de reforço contra a doença, mas ainda não se vacinaram. Os imunizantes estão disponíveis em mais de 38 mil postos de vacinação em todo o país. Estudos mostram que a estratégia de reforçar o calendário vacinal contra o novo coronavírus aumenta em mais de cinco vezes a proteção contra casos graves e óbitos pela covid-19.

Edição: Maria Claudia
Por Agência Brasil - Brasília

Mais de 69 milhões não tomaram 1ª dose de reforço contra covid-19

Mais de 69 milhões de brasileiros ainda não voltaram aos postos para receber a primeira dose de reforço da vacina contra covid-19, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). De acordo com Ministério da Saúde, 32,8 milhões de pessoas poderiam ter recebido a segunda dose de reforço contra a doença, mas ainda não se vacinaram. Os imunizantes estão disponíveis em mais de 38 mil postos de vacinação em todo o país. 

Segundo a pasta, estudos mostram que a estratégia de reforçar o calendário vacinal contra o novo coronavírus aumenta em mais de cinco vezes a proteção contra casos graves e óbitos pela covid-19.
Doses de reforço

A primeira dose de reforço é recomendada para pessoas com mais de 12 anos de idade e deve ser aplicada quatro meses depois da segunda dose ou dose única. No momento, a segunda dose de reforço é recomendada para a população acima de 40 anos de idade e trabalhadores da saúde, independentemente da idade.
Imunizantes

As vacinas recomendadas para as doses de reforço são dos fabricantes Pfizer, AstraZeneca ou Janssen, que podem ser utilizadas para pessoas com 18 anos de idade ou mais. Para os adolescentes entre 12 e 17 anos, preferencialmente deve ser utilizada a vacina Pfizer. Caso não esteja disponível, pode ser utilizada a vacina CoronaVac na dose de reforço.

Para quem começou o esquema vacinal com a dose única da Janssen, a recomendação é diferente das demais, com três reforços para pessoas com idade igual ou maior que 40 anos e dois reforços para pessoas de 18 a 39 anos.

O primeiro reforço é aplicado dois meses após o início do ciclo; e os outros devem obedecer ao intervalo de quatro meses. A orientação é que também sejam utilizadas as vacinas AstraZeneca, Pfizer ou a própria Janssen para as doses de reforço.

Edição: Maria Claudia
Por Agência Brasil - Brasília

Uso de receita extra para investimento pode elevar gasto fora do teto a R$ 198 bi

Foto: Caio Guatelli/AFP
A proposta de usar receitas não recorrentes para bancar investimentos fora do teto de gastos pode elevar a fatura da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição para R$ 198 bilhões em 2023.

A possibilidade de destinar essa fatia da arrecadação ao financiamento de investimentos, até o limite de 2% da RCL (receita corrente líquida), foi divulgada na noite de quinta-feira (10) pelo relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), após reunião sobre a PEC na residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A receita corrente prevista na proposta orçamentária é de R$ 1,15 trilhão. Um percentual de 2% seria equivalente a R$ 23 bilhões.

O valor se somaria aos R$ 175 bilhões necessários para manter o benefício mínimo de R$ 600 do Auxílio Brasil (que deve voltar a se chamar Bolsa Família), mais a parcela de R$ 150 por criança até seis anos. Essa despesa ficaria fora do teto de gastos —regra fiscal que limita o crescimento das despesas à variação da inflação.

A proposta de uso dos 2% da receita corrente líquida para investimentos foi incluída na minuta da PEC da Transição que está em negociação entre os parlamentares, assim como a retirada permanente do Bolsa Família do alcance do limite de gastos.

Interlocutores ouvidos pela Folha avaliam que essa versão ainda não é definitiva e pode mudar nos próximos dias. Nesta sexta-feira (11), o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), representante do novo governo nas tratativas do Orçamento, divulgou nota informando que a apresentação formal da proposta deve ocorrer só na quarta-feira (16).

“Após as agendas de ontem [quinta], dado algumas sugestões apresentadas pela Câmara e Senado, sentimos a necessidade de voltar a conversar com o presidente Lula”, afirmou Dias.

A expectativa agora é que novas negociações sejam feitas entre a equipe de transição e as lideranças do Congresso.

A própria ideia de usar receitas extraordinárias para bancar investimentos não é consenso. No entanto, ela tem sido defendida por parte dos parlamentares para impulsionar obras e também despesas desse tipo em áreas como saúde, educação e pesquisa.

Um dos argumentos dessa ala é que o gasto extra teria uma espécie de lastro fiscal, isto é, seria realizada mediante o ingresso, no ano anterior, de alguma receita não recorrente —como um bônus de assinatura de contratos de exploração de petróleo.

Pela lógica em discussão, a arrecadação desse tipo observada em 2022, por exemplo, liberaria espaço para despesas no ano que vem, até o limite de R$ 23 bilhões. Caso não haja esse lastro fiscal, o gasto adicional não poderia ser realizado.

“Há uma ideia também, é preciso que a gente veja o texto como vem, de excepcionalizar 2% de receitas extraordinárias. Mas é um valor não tão expressivo”, disse Castro na quinta-feira. “[Os 2%] Seriam permanentes também, pelo menos é o que estou entendendo. Tem que ver como isso virá escrito na PEC. Gastar até 2% da receita corrente líquida.”

Mais cedo, Dias também havia confirmado a discussão sobre o uso das receitas extraordinárias.

“Essa proposta não foi da equipe de transição, surgiu na Câmara e no Senado. Pedimos um esforço sobre destinação de emendas, para uma parte significativa ser priorizada como ’emendas para investimentos’, para ajudar a integrar e ampliar investimentos privados, com melhores resultados na economia social e fiscal”, afirmou.

Segundo o senador eleito, a meta é impulsionar os investimentos a 1% do PIB (Produto Interno Bruto), equivalente a cerca de R$ 100 bilhões.

Ao retirar o Bolsa Família do teto de gastos, o novo governo prevê liberar os R$ 105,7 bilhões hoje reservados ao programa na proposta orçamentária. O dinheiro pode ser redistribuído para ações com poucos recursos para 2023, como Farmácia Popular, aumento real do salário mínimo, ações de saúde, educação e obras públicas.

A PEC também deve prever uma exceção ao cumprimento da meta de resultado primário, que autoriza déficit de até R$ 65,9 bilhões em 2023. Mas essa medida valeria apenas no ano que vem.

A partir de 2024, o novo governo precisará incorporar o gasto com o programa na meta fiscal —o que forçará a exposição do déficit ou a adoção de medidas para contê-lo.

Outra excepcionalidade que valerá apenas para 2023 é a que alcança as regras da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). A PEC vai permitir à equipe de Lula criar uma nova despesa permanente sem necessidade de compensação, mas só no ano que vem.

Caso a nova administração queira, a partir de 2024, ampliar o valor para além dos atuais R$ 600, o aumento permanente do gasto precisará ser compensado pelo corte de despesas ou por alta na carga tributária do país, como exige a LRF.

Esse ponto tem sido considerado relevante diante de temores no mercado financeiro de que a retirada do programa do teto de gastos sirva como uma espécie de autorização para o futuro governo Lula elevar significativamente o valor do benefício.

O tamanho da fatura total da PEC também tem preocupado investidores, e contribuiu para o mau humor que se disseminou após o discurso do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta.

“Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos?”, disse Lula.

As falas do petista foram mal recebidas pelo mercado financeiro, que teme um descontrole das contas públicas e do endividamento na esteira do aumento das despesas.

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), reagiu a essas críticas. “Se há alguém que teve responsabilidade fiscal, foi o governo Lula”, afirmou. Aliados de Lula, por sua vez, avaliam que o mercado exagerou na reação negativa após o discurso do petista, mas uma ala admite que deve haver uma cautela maior por parte dele nas falas sobre economia.

Idiana Tomazelli / Folha de São Paulo

Argentina congelará preços de 1.500 bens de consumo em meio a inflação galopante

Foto: Mariana Nedelcu/Reuters
O governo argentino anunciou nesta sexta-feira (11) um acordo com supermercados e fornecedores de bens de consumo de massa para congelar ou regular os preços de cerca de 1.500 produtos, na tentativa de conter uma inflação que deve chegar a 100% este ano.

O governo peronista de centro-esquerda está lutando contra uma queda na popularidade e protestos de rua, enquanto os preços em espiral minam o poder de compra dos consumidores, mesmo conforme um déficit acentuado e reservas em moeda estrangeira cada vez menores criam riscos para a economia.

O Ministério da Economia disse em um decreto formal que um novo programa de “Preços Justos”, abrangendo bens de consumo de alimentos e bebidas a produtos de limpeza, ajudará a “estabilizar os preços dos produtos em favor do consumidor”.

Alguns itens terão alta de 4% antes de entrarem no esquema de congelamento de preços por quatro meses, enquanto outros iniciarão o programa nos valores atuais, mas poderão aumentar em até 4% ao mês.

Antes das eleições do próximo ano, a insatisfação tem começado a crescer, com os níveis de pobreza perto de 40%. Milhares protestaram na quinta-feira contra o governo e o FMI (Fundo Monetário Internacional), que emprestou bilhões de dólares ao país latino-americano.

“Temos inflação de três dígitos. O aumento dos preços dos alimentos é bárbaro e estamos diante de um dezembro brutal”, disse a manifestante Monica Sulle.

Nicolás Misculin / Folha de São Paulo

Se Lula não atender rápido a anseios da população, governo vai por água abaixo, diz Mantega

Foto: Marcus Leoni/Folhapress
Integrante do governo de transição na área de Planejamento e Orçamento, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirma que as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionando exigências fiscais nesta semana foram dadas porque o presidente eleito precisa dar prioridade máxima à população mais pobre para o governo não se enfraquecer.

“Ele não quer começar o governo com as mãos amarradas. Porque, se não, ele não vai longe. Se ele não conseguir atender rapidamente os anseios dessa população, o governo vai por água abaixo”, afirma à Folha.

O mais longevo ministro da Fazenda do Brasil diz que Lula sempre pediu ao então titular da pasta preocupação com as contas públicas e que não existe antagonismo entre fiscal e social. No entanto, ele ressalta que é necessário gastos emergenciais e que é preciso elevar a taxa de crescimento do país.

Ele afirma que o governo vai precisar de uma licença de R$ 150 bilhões a R$ 200 bilhões fora do teto em 2023 e que o mercado já aceitou isso. Na sequência, durante o ano que vem, deve ser discutida a nova âncora fiscal do país para guiar as expectativas de médio e longo prazo.

Mantega diz que seu trabalho na transição terá como objetivo remontar o antigo Ministério do Planejamento, inclusive para receber novamente a Secretaria de Orçamento Federal (hoje sob o guarda-chuva da Economia). Descarta ser ministro nem da área e nem de qualquer outra.

Ele elogiou os economistas escolhidos para a área da Economia e concorda com a afirmação de um deles, Persio Arida, de que o governo não pode errar na largada.

“Acho que é bastante salutar essa ideia. Não se pode queimar a largada”, diz. “Mas também não se pode mergulhar na estagnação que o Bolsonaro deixou”.

Fábio Pupo / Folha de São Paulo

É preciso olho para o social e para o equilíbrio fiscal para evitar incerteza, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (11) que é preciso ter um olho no social e outro no equilíbrio das contas públicas para o país não retornar para um cenário de incerteza.

Segundo o chefe da autoridade monetária, a camada mais vulnerável da população seria a mais afetada em caso de irresponsabilidade fiscal, o que geraria impacto negativo no setor produtivo e na geração de empregos.

“A gente precisa ter, de um lado, olho para social, a gente entende que a pandemia deixou muitas cicatrizes, mas precisa ter também um olho para o equilíbrio fiscal”, afirmou Campos Neto em evento da CFA Society Brazil sobre o cenário econômico.

“No final das contas, se a gente não tiver equilíbrio fiscal, a gente volta para mundo de incerteza, onde a expectativa inflação sobe, você desorganiza o setor produtivo em termos de investimento e, no final, quem sofre mais com isso é exatamente a população que você quer ajudar, porque você machuca a geração de emprego”, continuou.

Campos Neto disse também que o mercado financeiro começou a entender que uma parcela dos programas que foram concebidos como temporários devem se tornar permanentes, aumentando os gastos públicos. A incerteza em relação ao arcabouço fiscal também provocou uma piora na percepção dos economistas sobre a economia brasileira.

Na quinta-feira (10), o descontentamento de investidores após discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contribuiu para a queda de 4% do Ibovespa, índice referência da Bolsa de Valores brasileira, aos 108.964 pontos. O dólar comercial à vista disparou 4,08% e fechou cotado a R$ 5,3960, na venda.

Para Campos Neto, é “normal” que se aumente o ruído no período de transição do governo. “A gente tem de esperar e ver como vai ser a consolidação disso, aí a gente vai trabalhar. O Banco Central está aberto para trabalhar com o governo novo. Tenho conversado com algumas pessoas, mas ainda muito incipiente. Acho que a gente precisa esperar”, disse.

O presidente do BC contou que ainda não teve muito contato com a equipe de transição, mas que tem conversado “de tempos em tempos” com Persio Arida, um dos pais do Plano Real e um dos coordenadores do grupo técnico de economia, ao lado André Lara Resende, Nelson Barbosa e Guilherme Mello.

Na quinta, em Brasília, Lula ironizou a reação negativa do mercado financeiro a suas críticas ao teto de gastos e à política de austeridade fiscal. Ele afirmou nunca ter visto um mercado “tão sensível” como o brasileiro.

“O mercado fica nervoso à toa. Nunca vi o mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso em quatro anos de [Jair] Bolsonaro (PL)”, respondeu.

Mais cedo, em seu discurso, o presidente eleito questionou “por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país?”. “Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos? Por que a gente não estabelece um novo paradigma?”, completou.

Nathalia Garcia, Folhapress

Gleisi reage a comandantes militares e diz que não cabe a eles opinar sobre processo político

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, reagiu nesta sexta-feira (11) à nota dos comandantes das Forças Armadas em que mandam uma série de recados ao Poder Judiciário.

“Não é papel dos comandantes militares opinar sobre o processo político, muito menos s/ a atuação das instituições republicanas. O direito de manifestação não se aplica a atos contra a democracia, q devem ser tratados pelo nome: golpismo. E combatidos, ñ são pacíficos nem ordeiros”, escreveu em rede social.

Em nota conjunta nesta sexta-feira (11), os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica trataram dos atos antidemocráticos pelo país que pedem um golpe militar após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. A nota, porém, é recheada de recados indiretos ao Judiciário.

“São condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade”, afirmam em nota.

A nota é assinada pelo almirante Almir Garnier Santos (Marinha), pelo general Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e pelo tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica).

Na nota, não fica claro a quem eles se referem quando condenam “restrições a direitos por parte de agentes públicos”. Bolsonaristas e setores militares têm se incomodado e tratado como censura recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Apoiadores do presidente de Bolsonaro estão reunidos em frente a quartéis desde o fim do segundo turno, em protesto contra a vitória de Lula. Os atos antidemocráticos pedem intervenção das Forças Armadas contra o resultado eleitoral.

“A solução a possíveis controvérsias no seio da sociedade deve valer-se dos instrumentos legais do estado democrático de direito.”

Os comandantes indicam novo recado a Moraes.

“Como forma essencial para o restabelecimento e a manutenção da paz social, cabe às autoridades da República, instituídas pelo Povo, o exercício do poder que ‘Dele’ emana, a imediata atenção a todas as demandas legais e legítimas da população, bem como a estrita observância das atribuições e dos limites de suas competências, nos termos da Constituição Federal e da legislação.”

A nota ainda faz um apelo ao Legislativo, o que de novo pode ser lido como um pedido para impedir as seguidas interferências do Judiciário em outros Poderes.

“Da mesma forma, reiteramos a crença na importância da independência dos Poderes, em particular do Legislativo, Casa do Povo, destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa sociedade, qual seja, a sua Liberdade.”

Três oficiais-generais consultados pela Folha afirmaram que o objetivo da nota conjunta era mostrar à população que as Forças Armadas não agirão fora da legalidade e, às instituições, que é preciso se debruçar sobre as preocupações apresentadas pela sociedade.

Há um consenso na caserna de que as manifestações, por mais que se façam pedidos antidemocráticos de intervenção militar, não são golpistas.

O entendimento é de que uma parcela da população está insatisfeita com o Judiciário e a forma como se deu o processo eleitoral, com a retirada de perfis das redes sociais.

Para o generalato, a manifestação nos QGs traz um pedido ilegítimo para uma insatisfação legítima.

Folhapress

Elinaldo sofre tentativa de assalto ao trafegar na Via Parafuso, em Camaçari; bandidos estavam armados

O prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (União Brasil), sofreu uma tentativa de assalto na noite desta quinta-feira (10) quando trafegava pela Via Parafuso (BA-535). O caso aconteceu por volta das 19h40 e teve boletim de ocorrência registrado pelo prefeito na 18ª Delegacia Territorial no município. O assalto foi impedido por seguranças do prefeito, que evitaram a ação criminosa.

A ação criminosa teve início quando Elinaldo seguia no sentido Camaçari quando um veículo prata, com três bandidos armados, se aproximou do carro em que estava o prefeito. Os criminosos bateram na lateral esquerda do automóvel de Elinaldo e um deles anunciou o assalto. O bandido, que estava no banco da frente do passageiro, mandou o motorista do prefeito parar o carro e descer do veículo.

Diante da negativa do condutor, os assaltantes começaram a atirar contra o carro do prefeito. Seguranças do prefeito, então, reagiram à tentativa de assalto e passaram efetuar disparos contra o veículo em que estavam os bandidos. Diante disso, os criminosos desistiram da ação e fugiram.

Não há, ainda, informações sobre o veículo – um Jeep Renegade de cor prata – em que estavam os criminosos nem sobre a identidade dos assaltantes.

Lucro dos grandes bancos cresce 7,6% e alcança R$ 24,8 bilhões no 3º trimestre

O lucro dos quatro grandes bancos brasileiros —Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil— somou R$ 24,8 bilhões no terceiro trimestre de 2022, o que corresponde a um aumento de 7,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Enquanto Santander e Bradesco foram os destaques negativos, com quedas acima de 20% do lucro reportado de julho a setembro, o BB despontou na ponta contrária, com um aumento de quase 63% do lucro no período.

O banco estatal lucrou R$ 8,4 bilhões no terceiro trimestre, alta de 62,7% em bases anuais, com um crescimento de 19% da carteira de crédito ampliada, embora com um aumento de 0,5 ponto percentual da inadimplência, para 2,34% em setembro.

“Cada vez mais, utilizamos a inteligência de dados para subsidiar nossas decisões estratégicas. Isso tem permitido que possamos construir um relacionamento sustentável com nossos diversos perfis de clientes. Como resultado, nossa inadimplência segue abaixo da apresentada pela média do sistema financeiro [de 2,80%] “, afirmou Fausto Ribeiro, presidente do BB.

Segundo Marco Barbosa, analista da Mirae Asset Wealth Management, o banco estatal apresentou um “excelente desempenho”, com resultados recordes e rentabilidade acima dos pares privados.

“Reiteramos nossa recomendação de compra para as ações BBAS3, fazendo ressalvas apenas a possíveis decisões da nova equipe econômica que venham a mudar as diretrizes chaves do banco no sentido de prezar por operações que combinem boa rentabilidade sem elevado risco, inovação tecnológica e continuidade do bom controle de custos e despesas”, aponta o analista da Mirae Asset.

Último dos grandes bancos a divulgar os resultados, os números do Itaú conhecidos nesta quinta-feira (10) também foram bem recebidos pelos investidores, com um crescimento de cerca de 20% do lucro no terceiro trimestre, para R$ 8,1 bilhões.

“O Itaú apresentou um bom resultado, em linha com nossas estimativas. Com a divulgação de resultados ruins de seus pares privados, havia preocupações do mercado quanto a uma possível surpresa negativa do banco. Porém, não foi o que ocorreu”, destacam os analistas da Ativa Investimentos em relatório.

Os especialistas assinalam que a inadimplência, indicador que vinha sendo o terror desse trimestre para o setor, subiu apenas 0,12 ponto percentual em bases trimestrais, chegando a 2,82%. “O Itaú mostrou o diferencial na gestão e na qualidade da sua carteira frente ao cenário adverso para todo o setor bancário.”

Já entre os resultados que decepcionaram os analistas, o Bradesco viu as ações desabarem 17,4%, maior queda desde setembro de 1998, após o banco surpreender o mercado com uma queda de 23% no lucro do terceiro trimestre, para R$ 5,22 bilhões.

Presidente executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Junior afirmou que o cenário econômico, com a inflação e os juros elevados, afetou a capacidade de pagamento dos clientes.

“Entramos agora em um momento de aumento de provisões, tendência que deve se manter até parte de 2023. A inadimplência cresceu no segmento massificado, para pessoas físicas e micro e pequenas empresas”, disse Lazari.

Os analistas da Guide avaliam que o banco entregou uma “piora expressiva” dos números referentes ao terceiro trimestre, com um crescimento acelerado da inadimplência e da carteira renegociada que pode resultar no contínuo avanço da provisão para devedores duvidosos.

“Por esse movimento, acreditamos que o Bradesco continuará registrando piora dos seus indicadores.”

O banco Santander Brasil, por sua vez, reportou lucro líquido de R$ 3,122 bilhões no terceiro trimestre de 2022, o que corresponde a uma queda de 28% na comparação com igual período do ano passado e de 23,5% ante o trimestre anterior, segundo balanço de resultados divulgado na manhã desta quarta-feira (26).

Segundo Mario Leão, CEO do Santander Brasil, o resultado ficou dentro das expectativas internas, à medida que, ainda ao final do ano passado, o banco anteviu uma deterioração no quadro macroeconômico do país, o que o levou a pisar no freio em 2022, com uma redução na concessão de crédito, especialmente para clientes pessoa física com pior avaliação de risco.

“O momento atual é mais desafiador e ele se reflete nos resultados, mas é parte de um ciclo conhecido, antecipado, calculado, e que, portanto, não nos surpreende”, disse Leão, durante conversa com jornalistas.

Analista da Suno Research, José Eduardo Daronco disse que o aumento da inadimplência da carteira de pessoa física foi a principal responsável pela redução da rentabilidade do banco.

“Como o Santander possui uma carteira de crédito bastante exposta ao cartão de crédito, financiamento de veículos e crédito pessoal, o aumento recente das taxas de juros acabam impactando diretamente, elevando a inadimplência e fazendo com que o banco aumente a sua provisão para crédito duvidoso”, explicou o analista, que espera que o banco continue com os resultados pressionados nos próximos trimestres, principalmente pela elevação das taxas de juros.

Lucas Bombana, Folhapress

Confiança do empresário industrial cai pelo segundo mês seguido

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou 8,5 pontos entre outubro e novembro de 2022 e está em 51,7 pontos. É o segundo mês consecutivo de piora da confiança, após sucessivos avanços de otimismo do setor industrial ao longo do ano. Os dados foram divulgados hoje (11) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Apesar da forte queda, os empresários da indústria seguem confiantes, pois o indicador permanece acima da linha divisória de 50 pontos, que separa um estado de confiança de um estado de falta de confiança.

Segundo a CNI, a piora foi mais intensa quando se avalia o futuro da economia nos próximos seis meses. O Índice de Expectativas, um dos dois componentes do Icei, caiu de 59,3 pontos para 45,9 pontos, atravessando a linha divisória dos 50 pontos. "Nesse caso, o setor industrial migrou do otimismo ao pessimismo", explica a CNI.
Economia

Já o Índice de Condições Atuais, outro componente do Icei, recuou 3,7 pontos para 53,2 pontos. Ao permanecer acima dos 50 pontos, o índice continua apontando melhora das condições atuais da economia brasileira e das empresas em relação aos seis meses anteriores.

“Na avaliação dos empresários, contudo, a percepção de melhora se mostra mais fraca e menos disseminada que no mês de outubro”, explicou a CNI, em comunicado.

Foram consultadas 1.578 empresas, entre 1º e 8 de novembro de 2022, sendo 620 de pequeno porte, 590 médias empresas e 368 de grande porte.

Matéria atualizada às 10h08

Edição: Kleber Sampaio
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília - Brasília
Atualizado em 11/11/2022 - 10:08

Comandantes militares criticam ‘excessos’ e ‘desarmonia’ de atos antidemocráticos

Em nota conjunta nesta sexta-feira (11), os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica trataram dos atos antidemocráticos pelo país que pedem um golpe militar após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

“São condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade”, afirmam em nota.

A nota é assinada pelo almirante Almir Garnier Santos (Marinha), pelo general Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e pelo tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica).

Apoiadores do presidente de Bolsonaro estão reunidos em frente a quartéis desde o fim do segundo turno, em protesto contra a vitória de Lula. Os atos antidemocráticos pedem intervenção das Forças Armadas contra o resultado eleitoral.

Nesta quinta (10), como mostrou a Folha de S.Paulo, o comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou aos generais da Força que as manifestações antidemocráticas em frente aos quartéis não devem ser reprimidas pelos batalhões.

Na avaliação da cúpula do Exército, os atos são permitidos pela Constituição e, por mais que possam gerar distúrbios nas regiões militares, não devem ser encerrados por força.

A orientação foi repassada durante uma reunião que o Exército tradicionalmente realiza para o encerramento do ano de instrução, na qual a análise das ações realizadas pela Força é repassada ao generalato.

As últimas horas têm sido acompanhadas com apreensão por generais da cúpula do Exército.

Em conversas reservadas, os oficiais têm argumentado que o relatório do Ministério da Defesa sobre o processo eleitoral trouxe conclusões técnicas, e não políticas.

O documento, entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na quarta (9), não aponta nenhum indício de fraude nas eleições, mas apresenta sugestões e pede a apuração sobre o momento da compilação dos códigos-fontes e a geração dos programas eleitorais.

Por outro lado, alguns generais consideraram inadequada a nota divulgada pela Defesa, nesta quinta, que diz não descartar a possibilidade de fraude nas eleições.

“Não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento”, escreveu a pasta.

A fiscalização do pleito feita pelo Ministério da Defesa foi usada por Bolsonaro para alimentar teorias da conspiração sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

No âmbito político, aliados de Bolsonaro aprovaram o comportamento do Ministério da Defesa de emitir a nota desta quinta e dizem acreditar que ela é importante para manter a mobilização bolsonarista pelo país.

Além disso, a análise é que o relatório fortalece Bolsonaro na oposição e indica que o presidente manterá mesmo fora do governo o discurso -sem provas- de que o sistema eletrônico de votação não é confiável.

LEIA ÍNTEGRA DA NOTA

“Às Instituições e ao Povo Brasileiro

Acerca das manifestações populares que vêm ocorrendo em inúmeros locais do País, a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira reafirmam seu compromisso irrestrito e inabalável com o Povo Brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil, ratificado pelos valores e pelas tradições das Forças Armadas, sempre presentes e moderadoras nos mais importantes momentos de nossa história.

A Constituição Federal estabelece os deveres e os direitos a serem observados por todos os brasileiros e que devem ser assegurados pelas Instituições, especialmente no que tange à livre manifestação do pensamento; à liberdade de reunião, pacificamente; e à liberdade de locomoção no território nacional.

Nesse aspecto, ao regulamentar disposições do texto constitucional, por meio da Lei nº 14.197, de 1º de setembro de 2021, o Parlamento Brasileiro foi bastante claro ao estabelecer que: ‘Não constitui crime […] a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais, por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais’.

Assim, são condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade.

A solução a possíveis controvérsias no seio da sociedade deve valer-se dos instrumentos legais do estado democrático de direito. Como forma essencial para o restabelecimento e a manutenção da paz social, cabe às autoridades da República, instituídas pelo Povo, o exercício do poder que ‘Dele’ emana, a imediata atenção a todas as demandas legais e legítimas da população, bem como a estrita observância das atribuições e dos limites de suas competências, nos termos da Constituição Federal e da legislação.

Da mesma forma, reiteramos a crença na importância da independência dos Poderes, em particular do Legislativo, Casa do Povo, destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa sociedade, qual seja, a sua Liberdade.

A construção da verdadeira Democracia pressupõe o culto à tolerância, à ordem e à paz social. As Forças Armadas permanecem vigilantes, atentas e focadas em seu papel constitucional na garantia de nossa Soberania, da Ordem e do Progresso, sempre em defesa de nosso Povo.

Assim, temos primado pela Legalidade, Legitimidade e Estabilidade, transmitindo a nossos subordinados serenidade, confiança na cadeia de comando, coesão e patriotismo. O foco continuará a ser mantido no incansável cumprimento das nobres missões de Soldados Brasileiros, tendo como pilares de nossas convicções a Fé no Brasil e em seu pacífico e admirável Povo.

Brasília/DF, 11 de novembro de 2022

Almirante de Esquadra ALMIR GARNIER SANTOS

Comandante da Marinha

General de Exército MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES

Comandante do Exército

Tenente-Brigadeiro do Ar CARLOS DE ALMEIDA BAPTISTA JUNIOR

Comandante da Aeronáutica”

Folhapress

Meirelles deseja sorte a investidores, se diz ‘pessimista’ e diz que Lula ‘dilmou’


O ex-presidente do Banco Central no governo dos dois mandatos de Lula, Henrique Meirelles, afirmou hoje em evento promovido pelo BTG Pactual para clientes do banco que o presidente eleito estava sem falar sobre economia para não desagradar. “Hoje, começou a falar. Aí, ele começou a sinalizar uma direção à Dilma”, disse.

De acordo com informações do site O Antagonista, Meirelles, que chegou a ser cotado para ocupar a Fazendo no novo ministério, criticou as falas de Lula nesta manhã a parlamentares e apoiadores.

“Estou pessimista, não tenha dúvida”, afirmou. “Só posso dizer uma coisa a todos vocês: boa sorte”.

O dia foi de estresse nos mercados com a repercussão das falas do petista e a confirmação do ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma, Guido Mantega, na equipe do Gabinete de Transição do governo.

Cidades vivem clima de tensão com grupos radicais e boicotes a eleitores de Lula

Cidades pequenas e médias do país enfrentam um clima de tensão com a atuação de grupos bolsonaristas radicais, o que inclui hostilidades, perseguição e boicotes que atingem tanto apoiadores convictos como eleitores ocasionais do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Listas organizadas pela ala mais extremista de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) circularam em cidades de ao menos 13 estados, além do Distrito Federal, segundo levantamento da Folha.

Elas atingem grandes empresas, pequenos prestadores de serviços, médicos e advogados e até mesmo uma unidade da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Os casos acenderam o alerta da Polícia Civil e de Promotorias estaduais, que instauraram inquéritos para apurar os boicotes.

No interior do Rio Grande do Sul, as listas feitas contra eleitores de Lula afetaram pequenos comércios, familiares de empresários, franqueados alheios à política e entidades.

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em Casca, município de 9.000 habitantes na região nordeste do estado, em que uma mensagem intimava petistas a colocarem uma estrela do PT na porta dos seus negócios. A prática motivou comparações com a ascensão no nazismo na Alemanha, em que comerciantes judeus foram obrigados a se identificar com a Estrela de Davi.

O Ministério Público investiga o episódio, que envolveu ainda uma lista de boicote e uma paralisação de 120 estabelecimentos após eleição —alguns, espontâneos, outros intimidados para aderir.

Em Caxias do Sul, a gerente de uma franquia de cosméticos conta que vem sendo hostilizada ao fazer ofertas em um aplicativo de mensagens.

A profissional, que preferiu não se identificar, diz receber respostas como “não vou mais comprar produtos dessa marca que financia político ladrão”. A empresa orientou a equipe a responder que o estatuto dela proíbe doações dos seus diretores a políticos e que, se eles se posicionaram politicamente, foi por iniciativa individual.

Em Ijuí, cidade de 85 mil habitantes, a presença do nome da Apae do município em uma lista de cerca de 50 empresas e entidades a serem boicotadas preocupou Avani Zwanziger, presidente da associação local.

Doadores regulares começaram a cancelar contribuições, causando prejuízo imediato de R$ 25 mil à entidade, o suficiente para comprometer a área de assistência social, que é toda bancada por donativos e ampara as famílias das 589 pessoas com deficiência atendidas.

Avani, que não faz ideia do motivo de ter entrado na lista, repudiou o boicote, destacou o caráter apartidário da entidade e busca novos doadores.

“Talvez alguém tenha visto um funcionário falando algo sobre política. Talvez tenha sido uma vingança pessoal. Vai saber. Mas é muito triste”, diz.

Em Palmeira das Missões, cidade de 33 mil habitantes, um empresário da construção civil que pediu para não se identificar também apareceu em uma lista. Mais do que os prejuízos econômicos, diz temer por desdobramentos do discurso de ódio exacerbado nas eleições.

Para ele, pessoas da região que falavam que Lula era o diabo não vão respeitar a vitória do petista. Enquanto busca medidas judiciais, o empresário diz temer pela filha pré-adolescente, que foi hostilizada na escola.

Listas de boicote a comerciantes circularam também em cidades do interior de São Paulo. Proprietário de uma livraria em Araras, Eduardo Pedreschi, 59, foi um dos alvos.

“É desagradável, triste, mas é uma atitude que não reflete a opinião dos moradores da cidade. Vejo mais como um comportamento de uma minoria que está, para dizer o mínimo, confusa”, afirma.

Pedreschi diz que não chegou a ser hostilizado e até recebeu manifestações de solidariedade. Mas diz lamentar um ataque orquestrado à única livraria da cidade: “Construí uma reputação a duras penas em 20 anos. Se não estivesse solidificado, poderia sofrer.”

Fernando da Fonseca, 57, proprietário de uma casa lotérica em Batatais (350 km da capital), também foi alvo de uma lista de boicotes. Ele afirma que, depois da eleição, passou a sentir falta de três ou quatro clientes bolsonaristas que costumavam ir à lotérica com frequência.

“É meio estranho quando uma pessoa está habituada a vir sempre no mesmo lugar e, de repente, para de vir. Mas acho que, quando as coisas esfriarem, eles vão voltar. Um deles já voltou essa semana”, afirma.

Fernando diz que não é exatamente um petista, mas votou em Lula nesta eleição. Diz que o que causou a fúria dos bolsonaristas mais radicais foi o fato de uma das funcionárias da lotérica ter participado de um vídeo em favor do petista nas redes sociais.

Em Barretos, norte do estado, a lista incluiu até mesmo advogados, o que motivou uma manifestação e repúdio da subseção local da OAB.

No Recife, circulou uma lista de médicos que apoiaram Lula. Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco disse que a lista “tem caráter constrangedor, intimidatório e discriminatório” e informou que acionaria a Justiça.

Em Cláudio, cidade de 30 mil habitantes no centro-oeste de Minas, foram ao menos três listas divulgadas em redes sociais, sendo que uma delas incluía ataques pessoais aos supostos eleitores do PT.

Uma prestadora de serviços estéticos recebeu a seguinte menção na lista bolsonarista: “vota em Lula porque tem muitos filhos sem saber quem é o pai e tem esperança em receber bolsa família”.

A pressão contra quem não votou em Bolsonaro, diz um dos empresários listados, vem das características econômicas da cidade, que possui fábricas do setor metalúrgico cujos donos apoiaram o presidente e exercem influência sobre os empregados.

Outra lista que circulou hostilizava membros da Câmara Municipal. O vereador Darley Lopes (Cidadania), que diz que em momento algum revelou em quem votaria, acionou a Justiça: “Sempre acreditei na democracia. Respeitar os princípios democráticos é o básico para se viver em sociedade.”

Caue Fonseca, João Pedro Pitombo e Leonardo Augusto/Folhapress

Estados pedem imunizantes contra covid-19 para bebês sem comorbidade

Os estados pediram hoje (10) que o Ministério da Saúde distribua doses da vacina pediátrica contra a covid-19 para todas as crianças entre 6 meses e 2 anos de idade. Em nota, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) fez um apelo para que a pasta amplie a recomendação do imunizante nessa faixa etária.

Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde começou a distribuir doses da vacina pediátrica Comirnaty, da Pfizer, para crianças com comorbidades entre 6 meses e 3 anos. Ao todo, 1 milhão de doses foram enviadas aos estados e ao Distrito Federal. No entanto, a vacinação para todas as pessoas da faixa etária está autorizada pela Anvisa desde 16 de setembro.

“O Conass defende a compra imediata de doses suficientes para vacinar toda a faixa etária incorporada e a vacinação seja oferecida para esse grupo sem restrições como a que está definida na Nota Técnica nº 114/2022 – DEIDT/SVS/MS, na qual incluiu somente as crianças com comorbidades”, pediram os secretários estaduais de Saúde, em nota assinada pelo presidente do Conass e secretário do Espírito Santo, Nésio Fernandes de Medeiros Júnior.

O texto citou o Boletim InfoGripe, publicado hoje pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que apontou que as crianças até 4 anos constituem atualmente o grupo com maior risco para a covid-19, considerando-se a população com até 60 anos de idade. Segundo o boletim, a doença está em expansão na população adulta em quatro estados: Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, com risco de disseminar-se para as crianças.

O presidente do Conass também destacou que a ampliação da imunização para todas as crianças da faixa etária também é defendida por entidades como a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), assim como por todas as unidades da Federação. “Essa posição institucional foi expressada em todos os fóruns com participação de representantes do Conass”, afirma.

Agência Brasil

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